Vou voltar a falar da Rádio Onze. Esse assunto é meio que inevitável na minha vida. Afinal, passei dois anos engajado no quadro de programadores da emissora e nos últimos tempos tenho dedicado parte de meu tempo livre para preservar a memória daquela fase da emissora. Algumas pessoas sempre me perguntam pessoalmente ou pelo mail sobre a atual situação da Onze e querem saber os motivos pelos quais ela saiu do ar naquela época, mesmo depois de um relativo sucesso.
Espero poder responder satisfatóriamente a todos neste post.
Tudo aconteceu no começo de 1998. A rádio vivia um momento ruim. Muita gente que estava participando ativamente do projeto resolveu tirar um pouco o pé do acelerador por vários motivos. Primeiro porque o trabalho na Onze era voluntário. Ninguém ganhava nenhum totsão, muito pelo contrário. Eu mesmo cansei de colocar dinheiro do meu bolso para certas coisas lá. Cada um de nós, salvo raras exceções, tinha seu emprego fixo. As responsabilidades de cada um que estava empregado naquela época foi aumentando. Ficou dificil de conciliar as duas atividades.
Então, depois de dois anos nos quais trabalhamos ativamente, o pique começou a cair. Além da questão colocada acima, outro motivo contribuiu para a queda: o ambiente interno não estava bom. Um episódio desgastou demais as pessoas. Era o debate sobre certos excessos de linguagem (traduzindo: palavrões) que alguns programadores estavam cometendo no ar. A Rádio Onze sempre primou pela liberdade estética, isso eu posso testemunhar. Mas não nos esqueçamos de que a emissora era uma rádio livre, sem concessão do governo para seu funcionamento, etc. Lembro de uma frase dita pelo Chico Lobo certa vez: "nós estamos sendo ouvidos pelos nossos amigos e pelos nossos inimigos também". Qualquer delize ou desatino poderia servir de munição para quem não gostasse da gente. O problema não era nem moral, muito menos estético. Era político mesmo. As pessoas que estavam envolvidas nessa história dos excessos não entenderam nossas argumentações. Em vez de jogar em favor do time, preferiram continuar atuando para a torcida, pensando em si mesmas. Deu no que deu. O desgaste foi aumentando cada vez mais e, aos poucos, pessoas que estavam ativamente ligadas aos destinos da Onze passaram a largar de mão do projeto aos poucos num sinal de desânimo.
Mas o pior estava por vir.
Diz um velho ditado que quando se está dividido, um exército é mais fácil de ser vencido. Como a Onze estava assim, o golpe que viriamos a sofrer foi mortal. O então diretor da Casa do Estudande (prédio residencial dos estudantes de direito da Fadusp e local onde estavamos) passou a nos criar uma série de problemas. O nome dele era Rodrigo. Como diretor, ele achava que a Onze era uma série de problemas vividos pela Casa, o que não era verdade. Ele dizia que a rádio era responsável pelo fato de pessoas "estranhas" tranistarem pelo prédio. Ele não definiu o que seria estranho para a Casa, que tipo de pessoa se encaixava nessa categoria. Quando a Onze estava em pleno funcionamento, recebiamos a visita de cantores, atores, escritores, músicos jornalistaspara divulgarem seus trablhos e participar dos programas. Recebemos lá para entrevistas ao vivo músicos como Kid Vinil e Maurício Pereira, entre outros. Quisera eu ter uma frequencia de gente estranha como essa em meu prédio. Voltando ao diretor da Casa, ok a função dele era essa mesma, apontar o que está certo e errado para propor soluções, mas ele acabou agindo com muito autoritarismo e se mostrou pouco afeito ao diálogo. O tal do Rodrigo chegou até a trocar as fechaduras da rádio, numa atitude extremista. O que o Minsitério das Comunicações, a Polícia Federal, a Anatel nao conseguiram fazer, uma só pessoa fez: nos tirar do ar.
Depoi se fizeram várias reuniões com ele e alguns intehrantes da rádio, um acordo acabou saindo, mas aí o estrago já estava feito. Com a Onze fora do ar, os programadores se desmobilizaram e não houve mais vontade das pessoas que faziam parte da emissora de se continuar a tocar o projeto. Foi aí a primeira morte da Rádio Onze.
segunda-feira, abril 15, 2002
Postado por Rodney Brocanelli às 12:42 AM 0 comentários
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