quarta-feira, dezembro 12, 2007

Bonde do Rolê passa por reformulação forcada

2007 deve ter sido um ano intenso para os integrantes do Bonde do Rolê. Seus integrantes vivenciaram a consolidação do sucesso na cena independente internacional e passaram por fortes problemas internos. As desavenças fizeram uma baixa: a vocalista Marina Vello (antes, ela assinava como Ribatski) deixou o grupo de forma definitiva. Sites e blogs falam e uma feia discussão entre ela e Pedro D'Eyrot, logo após uma apresentação no Scala, em Londres.

O público que acompanha de fora não tem idéia do que teria sido a gota d'água. E o DJ Rodrigo Gorky também não fez questão de explicar, pelo menos até agora. Na comunidade oficial do agora ex-trio ele escreveu: "Não foi briga boba (por favor, nem tentem cavucar pra saber o que foi, pra preservar todo mundo preferimos não falar)".

Em sua manisfestação, Gorky fala sobre uma mudança de perfil: "o som deve mudar sim, mas nao eh aquela coisa do tipo "o bonde agora eh new rave", pq nao da, ne? digo que vai ser um passo a frente do primeiro, ainda mais que aprendemos com os erros do 1o, estamos um pouquinho mais 'ishpertos' com relacao as coisas".

A excursão que o Bonde faria na Austrália está definitivamente cancelada. Essa crise acontece bem no momento em que o EP com a faixa "Maria Gasolina" mais remixes feito.s por CSS, Laydtron, entre outros, sai nos EUA.

Uma dúvida que fica no ar: Marina Vello teria cacife para manter uma carreira solo no exterior?

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Fiz um texto sobre eles para o Jornal do Brasil. Nessa resenha de With Lasers destaquei que no meio de tanta baixarias existiam referências culturais a se prestar atenção. Bonde também é cultura. Depois da estrelinha, você pode ler a versão original que eu mandei à redação. Neste link, dá para ler a versão final (na verdade, não há muita diferença).

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Goste-se ou não, o Bonde do Rolê é um dos principais produtos brasileiros de exportação musical. A exótica mistura que uniu a sonoridade do funk carioca, o rock e a música eletrônica, caiu no gosto da mídia (e, principalmente, do público) do exterior. Ainda sem previsão para lançamento no Brasil, o CD With Lasers é uma seqüência natural da fórmula que fez esse trio virar uma celebridade no MySpace, ganhando fãs e alcançando as pessoas certas como Diplo. O DJ norte-americano gostou do que ouviu e fez questão de contratá-los para seu selo.

Não deixa de ser curioso pensar na reação diversa que With Lasers pode causar em dois tipos de público. Aqui, ele é o típico álbum que os adolescentes tocariam no volume máximo a fim de aborrecer os pais, por causa do conteúdo pornográfico das letras. Para os gringos, que apenas querem dançar, a temática não faz diferença.

No meio das baixarias, é possível encontrar algumas citações (conscientes ou não) a obras literárias ou cinematográficas, caso de Office Boy, que remete ao filme Dama do Lotação. Outra das músicas tem o nome de Tieta. James Bonde, por sua vez, só não toca explicitamente no nome do famoso agente secreto talvez para evitar problemas com os produtores da série. Aqui, ele é chamado de biba, além de outros adjetivos pouco lisonjeiros.

Como toda paródia, o Bonde do Rolê tem prazo de validade. Enquanto não expirar, trata-se do que há de mais interessante no atual panorama do showbizz. Diferente e transgressor, o funk proposto por eles é o novo punk.


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Publicado no Laboratório Pop

 
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