sábado, abril 05, 2003

O Metrópolis, revista cultural da Rede Cultura, completou 15 anos de vida nessa semana e a emissora fez uma retrospectiva de sua história. Para começar, trata-se de um acontecimento importante. As emissoras de tv abertas não têm essa preocupação de cobrir com seriedade a área de artes e espetáculos, preferindo dar espaço para o jornalismo de celebridades (um exemplo é o TV Fama, da Rede TV!). Uma das poucas iniciativas de se fazer jornalismo cultural na televisão comercial aconteceu em 1983, com o Manchete Panorama, na extinta rede que pertencia ao Grupo Bloch.
Voltando a falar do Metrópolis, nessa semana comemorativa, alguns dos apresentadores antigos do programa foram convidados a participar da atração, concedendo depoimentos. Foi bacana ver novamente na tv depois de tanto tempo a jornalista Maria Amélia Rocha Lopes, que fazia parte da primeira equipe de apresentadores. Ela está um tanto rechonchuda depois de quinze anos. Outro destaque, foi ver Lorena Calábria entrevistando o cineasta Hector Babenco, sobre seu novo filme "Estação Carandiru". Alías, num determinado momento da entrevista, ela deu uma cruzada de pernas que fez muito marmanjão desmaiar. Cadão Volpato, que foi marido de Lorena na época em que apresentavam o programa, e Ricardo Soares, com sua indefectível língua presa, também participaram dessa semana festiva do Metrópolis. Que tenha vida longa.
Pelo jeito a Cultura anda passando em revista alguns aspectos de sua história. O Hora do Esporte também tem levado ex-profissionais da casa na área esportiva. Na última segunda-feira, o entrevistado foi José Carlos Cicarelli, locutor esportivo que atuou nas décadas de 70 e 80. Naquele período, a emissora dedicava muito mais espaço ao futebol, exibindo os tapes das partidas principais da rodada. Isso se deveu a um fato curioso. A toda-poderosa Globo não tinha um bom equipamento para transmissões externas, mas a Cultura, sim. Então, fez-se um acordo operacional mais que justo. A Cultura emprestava o equipamento para a Globo. Como retribuição, a primeira teve acesso a alguns eventos esportivos de ponta, como as copas de 74, 78 e 82, alguns GPs Brasil de F-1 e a olímpiada de 80. Quem acompanha futebol pela tv , certamente irá se lembrar do estilo de transmissões esportivas da emissora paulistana. Eram duas câmeras bem fechadas no campo, replay em câmera lenta e um relóginho que marcava o tempo de jogo. Tudo isso pode parecer ultrapassado hoje, mas na época era o que havia de melhor. Aliás, as transmissões esportivas melhoraram por aqui a partir da década de 90 e dois fatores contribuiram para isso. Um deles foi que a mesma Cultura passou a transmitir os jogos do Campeonato Alemão de futebol que tinham um alto padrão de imagens. A Premiere, emissora a cabo alemã que detinha os direitos e gerava as imagens, chamou vários cineastas para discutir que melhorias deveriam ser feitas. O resultado foi uma pequena revolução, que acompanhamos aqui comodamente em nossos sofás. O outro fator foi a entrada da extinta Jovem Pan TV (canal 16, em São Paulo), que também passou a cobrir jogos de futebol. Apesar de não ter dado certo, a emissora só durou dois anos, ela trouxe equipamentos importados para operar e fez, com isso, grandes transmissões dos jogos do Campeonato Paulista de 1991. Com isso, as outras emissoras tiveram que tirar a diferença. Quem assiste as transmissões da Globo nos dias de hoje nem imagina que no passado, ela não tinha estrutura nem para mostrar um GP Brasil de F-1
Para finalizar esse papo sobre a Cultura, acho que algo de errado acontece na produção do Vitrine. Os mais atentos devem se lembrar que no começo do ano parte da equipe foi demitida sob o pretexto de uma mudança na linha editorial. Pois bem, estamos no começo de abril, e reprises ainda estão sendo exibidas. Para agravar a situação, um mesmo programa (o de 30/10/2002) já foi exibido duas vezes nessa temporada que, em tese, seria de férias. Não há nenhuma pista de como seria esse novo Vitrine e, até a data em que eu escrevo, definição para a sua reestréia.

 
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