quinta-feira, junho 19, 2003

Essa história levantada pelo Daniel Castro de que a Globo quer distribuir às rádios comunitárias os áudios de alguns dos seus programas merece entrar para o Febeapá da comunicação brasileira por dois motivos. Primeiro que programa de tv não funciona em rádio e uma prova disso é a experiência do Programa do Jô na CBN. Segundo, porque essa iniciativa vai totalmente contra a principal finalidade desse tipo de emissora que é falar para a comundade onde está fixada (cadê o MiniCom e a Anatel?). Em vez de mexer com as comunitárias, a Globo poderia muito bem usar uma de suas muitas emissoras de rádio para servir de linha auxiliar de sua rede de televisão.

Não sou muito fã dessa coluna de rádio que a Folha On Line publica aos sábados, mas ela trouxe uma importante informação na semana passada. Quase todas as emissoras paulistanas tiveram perda de ouvintes no último trimestre, segundo dados do Ibope. Pode ser um sinal de que o público está se cansado daquilo que ouve no rádio, seja no que diz respeito a qualidade musical ou mesmo ao formato estético de programação, mas é bom esperar o resultado da próxima pesquisa para verificar se essa tendência se confirma.

Pitacos (ainda que tardios) sobre a questão do jabá.
É perda de tempo criar uma lei para criminalizar essa prática. A comparação que eu vou fazer é grosseira, mas se a Lei Seca não foi levada a sério nos EUA, imaginem o que aconteceria caso uma lei anti-Jabá passasse a vigorar amanhã neste paraíso tupiniquim, mais conhecido como a terra do jeitinho? Uma saída poderia ser a criação de mecanismos que deixassem mais claro quando e onde a gravadora pagou para que determinado artista tocasse numa rádio.
Há alguns anos (em 1997, acho), saiu um artigo na Time (reproduzido aqui em português pela Folha de S. Paulo) dando conta que nos EUA algumas gravadoras estavam comprando espaços musicais em emissoras norte-americanas, mas de uma forma transparente, pois logo depois que uma determinada música era tocada ia ao ar uma vinheta informando a qual CD ela pertencia. Ou seja, era quase um comercial. Não sei dizer se essa prática vingou lá, mas por que não tentar copia-la aqui no Brasil? O ouvinte daqui deve ter o direito de saber aquilo que lhe estão empurrando goela ( ou ouvido) abaixo. Se ele gostar, que consuma, como acontece com qualquer outro bem de consumo.
No ano passado eu tive a oportunidade de entrevistar o radialista Roberto Maia, ex-diretor da Rádio Brasil 2000 FM. Seu pensamento sobre esse assunto vai na linha da transparência: "Se tudo fosse às claras, não existiria corrupção. "

 
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