Comprei a Zero dedicada ao filme Matrix Reloaded, a mesma que gerou todo um bafafá por causa de um texto chupinhado da Folha de S. Paulo escrito pelo Alex Maron, em 1999.
Creio que foi uma decisão ousada derrubar as seções normais da revista para torná-la uma edição monotemática. Ao mesmo tempo, trata-se de uma estratégia arriscada. Isso porque existem dois tipos de leitores: os inteligentes e os nem tanto. Alías, essa é uma característica da vida em geral. Existem pessoas para as quais nem é necessário explicar muita coisa. Meia palavra basta para os bons entendedores. Por outro lado, com outros tipos de pessoas, existe um trabalho maior quando vai se explicar certas coisas (é por isso que se deve ir com calma, principalmente quando algúem aparece com uma idéia nova "genial" e se justifica dizendo que não se pode subestimar a inteligência do leitor). Os leitores inteligentes certamente irão sacar que esta foi uma edição especial num momento excepcional. Já a tribo dos leitores nem tanto inteligentes talvez possa pensar que a Zero mudou de perfil, deixando a música de lado. Quem se decepionar com essa edição só com o filme talvez fique na dúvida se compra a próxima. Apesar de ser o hype do momento, não são todos que gostam da saga Matrix.
A questão do texto chupado (o box da página 39) infelizmente chamou muito mais a atenção do que o restante do conteúdo deste número da Zero. Os textos da Ana Maria Bahiana, uma de nossas melhores profissionais do jornalismo cultural, ficaram em segundo plano. Numa primeira olhada, não associei a hipotética autoria do box à frila que fez o texto principal (ele começa na página anterior), mas isso é uma questão interpretativa de cada leitor. Em alguns veículos a norma é a de que textos não-assinados são de autoria de alguém da redação. Mas esse é o problema: sei disso e consigo fazer essa diferenciação porque eu conheço mais ou menos as técnicas, manjo um pouco desse meio. O restante dos leitores não tem qualquer obrigação de conhecer os meandros da produção de uma revista ou jornal.
Eu torço para que a retratação prometida pelos manda-chuvas da revista possa colocar todas as coisas nos seus devidos lugares. Espero também que esse incidente não seja um empecilho na carreira da jornalista, que foi uma vítima nesse imbróglio todo.
quarta-feira, junho 11, 2003
Postado por Rodney Brocanelli às 1:06 AM 0 comentários
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