quarta-feira, março 05, 2003

Sempre que possível, eu comento aqui no blog Onzenet algo que saiu na coluna de rádio assinada pela Laura Mattos na Folha de S. Paulo. O tema dessa semana particularmente me interessou pois fala sobre a atual situação da Rádio Brasil 2000 FM. No título, uma palavra expressa muito bem o que acontece por lá: crise. No fim do túnel, uma possibilidade: um acordo com a Bandeirantes AM, que arrendaria o canal dos 107,3Mhz.
Esse estado atual da emissora nada mais é que um reflexo de uma decisão tomada em 2000, que foi o afastamento da dupla Tatola-Roberto Maia. Naquela época, mesmo com todos os problemas, a Brasil 2000 tinha uma identidade própria. É bem verdade que ela havia perdido muito da ousadia na que marcou sua programação musical no início da década de 90, abrindo espaço para coisas mais manjadas, como os "Smoke On The Water" da vida. Mesmo assim, era uma rádio que se deixava ouvir. Isso se devia ao fato de Roberto Maia ser um verdadeiro radiomaker, seja criando programas bacanas como "Clube das Muheres" ou com sensibilidade para dar abertura a projeitos diferenciados como o "Garagem". Talvez a maior prova de que Maia estava no caminho certo foi o fato de seu sucessor, Lélio Teixeira, ter mantido parte da estrutura de programação que encontrou quando assumiu. Teixeira deu o grande pulo do gato ao criar o Na Geral, programa de debates sobre futebol com um tempero bem-humorado, que se transformou no carro-chefe da emissora, tanto em faturamento como em audiência, embora não fosse o programa ideal para fazer com que o público se ligasse nos outros horários da rádio. Outro mérito seu, foi trazer de volta ao rádio Kid Vinil, com um programa diário todas as tardes.
Mesmo com várias atrações de peso, ainda existia o problema da falta de anunciantes, comum a outras emissoras de rádio, não apenas a Brasil 2000. Uma solução foi, como escreveu Laura Mattos, "dar uma 'uma nova cara' à programação, usando o marketing politicamente correto da cidadania para atrair novos anunciantes". Para tocar esse projeto, foi chamado o jornalista Gilberto Dimenstein, que iria tomar conta de um comitê a ditar diretrizes de programação, e um coordenador artístico, Juan Pastor, para trabalhar com Lélio Teixeira. Essa dobradinha não durou muito, pois Texeira levaria o seu Na Geral para a Bandeirantes AM, talvez insatisfeito por se transformar numa "rainha da Inglaterra".
A fase politicamente correta da Brasil 2000 marcou o fim do Garagem e a estréia do Blog do Tas, apresentado pelo ator Marcelo Tas. Porém, a perda do Na Geral fez cair ainda mais a receita da rádio e o programa de Tas foi retirado do ar na sexta que antecedeu ao carnaval devido aos seus altos custos. Agora, a emissora está com o pires na mão, tendo que recomeçar tudo do nada para não morrer.




 
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