sexta-feira, fevereiro 28, 2003

No Domingo
Quando o almoço acabar
lá pelas 3
e sorrindo
o seu velho girar
sobre os pés
caindo
deixa o sol rancar
como um rei

deixa o país inteiro
apagar

Quando, às 5
A coruja voar pelo céu
e ao vivo
o seu time tomar dois
ou três
caindo
deixa a noite
reinar de uma vez

deixa o país inteiro
apagar
deixa o país inteiro


Esse é mais um samba maluco da rapaziada do Fellini, como anunciou certa vez Osmar Santos em seu Balancê. "Samba das Luzes" está no disco "Amor Louco", de 1990 que só foi reeditado no formato CD dez anos depois. Em 1999, fiz um artigo para o extinto e-zine Buxixo sobre esse álbum. Como eu já tinha perdido as esperanças de um relançamento, usei um título um tanto desalentador: "O disco perdido do Fellini". Eis aqui alguns de seus trechos:

Há duas edições usei este espaço para falar do lançamento de “Eurosambas 1992-1998”, álbum de estréia do The Gilbertos, o novo projeto musical de Thomas Pappon. Falei de passagem da antiga banda de Thomas, o Fellini, uma das mais importantes bandas da cena independente brasileira dos anos 80. Não é segredo para ninguem que as duas bandas tem muito em comum. Uma é praticamente a continuidade da outra. E o próprio Thomas em suas entrevistas tem reiterado a conexão entre elas. O jornal “O Estado de S. Paulo”, ao publicar a crítica de “Eurosambas”, abriu um texto à parte apenas para rememorar o passado do Fellini. Sem exagero, pode-se dizer que a reboque do The Gilbertos está nascendo uma nova onda da “fellinimania”. Muita gente tem procurado nas lojas especializadas as reedições em CD dos antigos álbuns do Fellini.
(...)
Por um capricho do destino os novos fãs do Fellini não poderão ter acesso a discografia completa do grupo. Apenas os três primeiros álbuns tiveram reedição no formato CD. São eles: “O Adeus de Fellini” (1985), “Fellini só Vive Duas Vezes” (1986) e Três Lugares Diferentes (1987), todos pela Baratos Afins, uma tradicional loja de discos em São Paulo, que virou gravadora. Há um disco, cujo relançamento ainda está sendo aguardado: “Amor Louco” (1990). É o que podemos chamar de “o disco perdido do Fellini”.
(...)
Um pouco de história: “Amor Louco” foi lançado originariamente em LP pela Wop Bop, outra loja especializada em discos que também resolveu ter seu próprio selo. O projeto desse álbum chegou a ser oferecido a Luis Carlos Calanca, da Baratos Afins, mas foi recusado. Terminava assim um casamento que rendeu três grandes discos (ver item acima). Como a Wop Bop Discos começava a dar seus primeiros passos, um acerto entre a banda e Rene Ferri, seu dono, não foi difícil.
Alguns problemas atrasaram a finalização de “Amor Louco”. O produtor R.H. Jackson teve de viajar e as gravações ficaram paradas por alguns meses e o orçamento de produção acabou estourando. Resultado: o LP não foi lançado com a devida divulgação, ainda que tenham saido algumas resenhas nos grandes jornais (Folha e Estado) e na revista Showbizz. Apenas um show de lançamento foi realizado à época, em São Paulo, no finado Espaço Retrô. Era o final de um ciclo na carreira do Fellini. Depois, Thomas Pappon resolveu se mudar para a Europa e a banda encerrou suas atividades. Em 1995, Luis Calanca resolve reeditar os três primeiros discos do Fellini em CD. Mas nada de “Amor Louco”.
Em 1997, numa entrevista a Rádio Onze, Rene Ferri explicou que tem interesse em relançar esse álbum. Ele se dispõe a liberar as matrizes que estão em seu poder se alguma gravadora se interessar naquilo que ele chama de “parceiria”. Um exemplo disso foi a Cri Du Chat, responsavel pelas novas edições em CDs dos LPs da cantora May East e do conjunto Violeta de Outono, após um acordo com Ferri.
Seria legal que essa lacuna fosse preenchida. O Fellini está em negociações para lançar um quinto álbum e “Amor Louco” permanece esquecido, talvez por uma falta de visão dos homens de negócios das gravadoras. Felizes aqueles que na época compraram a bolacha. Hoje, ela virou um item raro de colecionador. No mercado negro, uma cópia não sai por menos de R$ 50,00.

(...)
Musicalemte, “Amor Louco”é um típico disco do Fellini. Todos os temas recorrentes tratados pela poesia de Cadão Volpato estão lá. Relacionamentos amorosos comparecem em “Chico Buarque Song” e na faixa que cede seu nome ao LP: “Amor Louco”. Uma certa politização pode ser notada em “Cittá Piu Bella”. Observações sobre a passagem do tempo são a marca registrada de “Clepsidra”. Há ainda um flerte com a dance music, “Love Till The Morning” e dois sambas “Você é Música” e "Samba das Ilusões". A única diferença é que tudo foi gravado em 16 canais e com qualidade digital, talvez as melhores condições já encontradas pela banda em sua história.
O destaque desse disco sem dúvida é “Chico Buarque Song”. Tudo nela funciona perfeitamente desse o arranjo até a letra em inglês. É bem verdade que nela há um pequenissimo escorregão. Em um trecho da letra em inglês Cadão Volpato canta “Do you still hear Chico Buarque at night”. O certo seria a palavra listen no lugar de hear, mas não é isso que vai tirar o brilho dessa canção.







quinta-feira, fevereiro 27, 2003

Ué, parece que não tinham fotos da Fernanda Lima pelada no 3am. Em compensação, tem uma entrevista que eu fiz com o jornalista Alexandre Matias, na qual ele fala um pouco mais sobre sua passagem (e saída) pela revista Play, que foi extinta no final do ano passado.

Não sei se meu puxão de orelhas deu certo, mas o fato é que o Ruídos está de volta, após uma longa espera. O quarto melhor e-zine do Indie Destaque 2002 traz na sexta edição a volta dos Paralamas, Sonic Youth, Neil Young, Wonkavision, Nação Zumbi, entre outros destaques. A minha contribuição está na entrevista que fiz com a Megssa Fernandes, vocalista da banda Magic Crayon e uma irriquieta menina super-poderosa multimídia. Saiba o porque dessa definição lendo o bate papo aqui.

terça-feira, fevereiro 25, 2003

E não é que a versão da dupla T.A.T.U. para "How Soon Is Now", clássico escrito pela dupla genial Morrissey/Marr, estourou nas paradas do Reino Unido? A regravação até que ficou bem produzida, mas não deixa de ser estranho ouvir versos como "Eu sou o filho e herdeiro de uma timidez criminosa de tão vulgar" cantados por uma voz quase infantil. Dá a impressão de que a intepretação está a cargo de um calouro-mirim do Raul Gil. De qualquer modo, essa cover pode servir para que o público-alvo (a galera cujo nível de testosterona quase empata com o Everest) das lesbo teens se interesse pelo trabalho dos Smiths. Não custa nada ser otimista, né? Em tempo: "All Things She Said" é a minha preferida.

Após vários adiamentos, finalmente está no no ar o e-zine 3am, do meu chapa Sig, conhecido também no cyberspace como Ludwig de Las Nieves. Ainda falta muita coisa para ser colocada no ar e as atualizações acontecerão com o tempo, mas já existem dois textos à disposição. Um deles traz uma série de sugestões sobre os caminhos que a MTV Brasil poderia seguir assim que terminar a sua programação de verão. Bem oportuno nesse momento em que a emissora anuncia mais uma mexida na sua grade de programação. Além disso, há uma entrevista com Gilberto Custódio Jr, do zine Esquizofrenia e um bônus: fotos da Fernanda Lima pelada...he he he

segunda-feira, fevereiro 24, 2003

O Fantástico de ontem exibiu uma reportagem sobre os dias que Kurt Cobain passou no Brasil. O vocalista e principal compositor do Nirvana esteve por aqui com seus companheiros em 1993 para fazer dois shows no extinto Hollywood Rock. Foram as apresentações mais lesadas de toda a breve carreira da banda e nem é necessário muita explicação sobre isso. O programa tentou reconstitiur a trajetória de Kurt por aqui, o que ele teria feito quando não estava tocando. A pauta estava na mão de uma pessoa que conhece bem o assunto, Álvaro Pereira Jr, e prometia. O resultado, porém, foi abaixo do esperado. Não se falou nada na reportagem que já não fosse de conhecimento público. O João Gordo, um dos personagens ouvidos, cansou de falar em entrevistas que foi ele quem levou Kurt para dançar no Der Temple, etc. O lance da Courtney com os travestis na Amaral Gurgel também foi devidamente contado e recontado por ele em outras oportunidades. Enfim, nada de novo. Outra pessoa convidada a dar seu depoimento estava com uma visivel má vontade de colaborar: Alê Briganti, ex-integrante do Pin Ups e namorada do Gordo naquela época que també participou de toda aquela folia.
Álvaro deixou uma história interessantíssima de lado. Hospedado no Hotel Intercontinental do Rio, Kurt Cobain surpreendeu e levou para seu quarto cerca de 20 jovens apenas bater papo. Entre eles, estavam Rodrigo Lariú, Dodô e Lívia Lázaro, que apresentavam o programa College Radio, na Fluminense FM. Rolou até uma entrevista (o que muitos jornalistas consagrados não conseguiram) na qual Kurt fez algumas interessantes revelações (leia um resumo aqui). Por que Álvaro não procurou esse trio? Não daria um molho mais interessante a reportagem?
Nem mesmo houve avanço na questão das gravações que aconteceram no Rio. Faltou uma pergunta fundamental ao técnico de som que participou de tudo aquilo: ele não teria pensado em copiar alguma das fitas? O rapaz não teve a visão histórica do que a estada do Nirvana naquele estúdio representava. Não é todo dia que uma banda de nível internacional vem para cá. Era como se os Beatles estivessem no Brasil em 1967, por exemplo.
Enfim, o Álvaro Pereira Jr. poderia ter feito melhor. E sabemos que ele pode.

sexta-feira, fevereiro 21, 2003

Comecei a escrever em blogs porque achava que eu tinha uma produção não-publicada que valia a pena mostrar. Há algum tempo que já não acho mais isso. Se não está publicado, tem um motivo pra isso, relacionado à qualidade do que é escrito. Não estava prestando nenhum serviço, não estava escrevendo matérias, nem falando da minha vida, que também não tem muito de interessante. Então pra que servia?

Cecília Gianetti fala a Alexandre Matias, do Trabalho Sujo, sobre o fim de seu blog, o Notas Gonzo.
Porém, o trecho que eu classificaria de mais perturbador desse depoimento é esse aqui:

E tem o lado pessoal nessa história também: ninguém valoriza blog e eu quero valorizar meu passe. (...) Eu quero valorizar meu passe porque eu sei que sou publicável, sou palatável pra um tipo de leitor que nunca ouviu falar de blog. Vou continuar escrevendo, quem quiser publicar me procura.

Apesar de lamentar a decisão, não tiro a razão de Cecília quando fala em "valorizar o passe". Escrever em blog hoje é sinônimo de passatempo, egotrip, narcisismo, falta do que fazer, cocação de saco ou qualter outro adjetivo pejorativo pertinente a essa situação. Tem o lado bacana que é fazer amigos virtuais, poder compartilhar com as outras pessoas certas experiências ou aquilo que se pensa sobre determinadas coisas e/ou situações, mas a angústia sobre a validade de uma proposta como essa sempre insiste em prevalecer. Vamos ver no que dá.

Não é segredo para ninguém que sou um apaixonado pelo rádio e ponto final. Tudo começou quando a minha mãe comprou um rádio-relógio e colocava para despertar na Rádio Bandeirantes AM. Por muitos anos, ela me arrumava para que eu fosse a escola ouvindo o "Pulo do Gato", jornalistico que está até hoje no ar (cuja marca sonora era um miado). Quando eu voltava para casa, sempre encontrava minha avó fazendo o almoço e ouvindo o programa do Hélio Ribeiro (da mesma emissora). Com essa série de estímulos, é claro que o rádio iria fazer parte de minha vida também. Até tentei passar para o outro lado do balcão, como se diz por aí, na Rádio Onze, mas essa é uma outra história.
Fiz essa introdução porquê depois de muitos anos, pude realizar um sonho de infância: estive nos estúdios da Rádio Bandeirantes para acompanhar o Na Geral, programa que fez muito sucesso na Brasil 2000 FM nos últimos anos. Como ninguém deve ser tão assim viciado em rádio como eu, explico a estrutura do programa. É um debate esportivo, com a participação de ouvintes. A diferença é que seus participantes assumem a paixão clubistica. O apresentador Lélio Teixeira é santista, o Zé Paulo da Glória é corinthiano. Faltam na mesa um palmeirense e um são-paulino para equilibrar um pouco as coisas, mas o programa é sucesso mesmo assim. Há ainda espaço para o humor, com as imitações de Beto Hora, que cria vários personagens e faz uma das melhores imitações de Cid Moreira que eu já ouvi. Os ouvintes podem participar pelo telefone. Alguns são sorteados para assistir o programa nos estúdios, após se inscreverem pela internet. Eu fui um deles e estive lá ontem.
Primeiro que eu fiquei meio no cagaço de chegar atrasado. A produção marcou de estar lá as 18h15. O trânsito de São Paulo é um lixo. Andar de ônibus pelo bairro de Pinheiros requer muita, mas muita paciência. Cheguei lá em cima da hora e os outros ouvintes selecionados estavam esperando na recepção para minha sorte. Nossa entrada foi autorizada em poucos instantes e fizemos um pequeno tour lá pelo edifício Radiantes, mas não sem antes encontrar com o Otávio Mesquita no estacionamento e falando ao celular.
No saguão, ficam os estúidos da Band News e da Band Sports, canais que são distribuidos pelas operadoras de tv a cabo. Dá para acompanhar toda a movimentação porque eles separaram tudo apenas com vidros. Depois, subimos um lance de escadas e atravessamos um andar onde fica a área adminstrativa. Mais outro lance de escadas e fomos parar nos estúdios do jornalismo da tv. É muito grande lá. Até tentei ver o Cabrini em ação (era o horário do Brasil Urgente), mas não deu. Após enfrentarmos mais alguns degraus, chegamos ao complexo de rádio. O AM e o FM ficam no mesmo local. Ficamos aguardando autorizarem nossa entrada no estúdio, o que não demorou muito.
O programa já estava no ar quando entramos e cada um de nós se acomodou numas cadeiras. Essa edição do Na Geral teve uma duração menor, pois a Bandeirantes iria trasmitir a partida do Santos, válida pela Libertadores que iria começar as 19h30. Ficou algo um tanto corrido, mas em pouco tempo, foi percetível que a alma do programa é mesmo o Beto Hora, cuidando da parte de humor. O Lélio funciona como um timoneiro, ele conduz a estrutura toda, atende os ouvintes pelo telefone e lê os mails, enquanto o Zé Paulo, além de defender o Corinthians, é responsável pelos testemunhais.
O programa fluiu bem tranquilo. Houve até espaço para um gracejo. Fora do ar, o Zé Paulo combinou conosco que aplaudissemos a repórter responsável pelo boletim de trânsito assim que ela entrasse no estúdio. No meio do intervalo, foi devidamente homeageada com as palmas. Pouco depois das 19h15, o Na Geral terminou. Após as despedidas, os integrantes foram apertar a mão de cada um dos que estavam no estúdio assistindo a apresentação. Ganhamos até uma lembrancinha, um chaveirinho com a logomarca da emissora. Nos pediram desculpas pela brevidade do programa e convidaram para que voltassemos lá novamente. Na saída, voltamos pelos mesmos lugares onde haviamos passado antes e ainda deu para ver lá nos estúdios da Band Sports o Sylvio Luiz apresentando seu talk show, ao lado da jornalista Barbara Gancia. Mesmo estando no ar, ele acenou para nós. E cada um seguiu seu rumo depois de um final de tarde muito agradável.

quarta-feira, fevereiro 19, 2003

A Laura Mattos informa em sua coluna de rádio publicada na Folha que a BBC (rede de rádio e tv estatal sediada na Inglaterra) está investindo pesado no serviço brasileiro de notícias, feito totalmente em português e veiculado em ondas curtas, internet e retransmitido por algumas emissoras de rádio daqui. Os investimentos não se limitam ao aumento do número de profissionais. A BBC Brasil quer alugar o horário nobre de qualquer FM brasileira disponível para veicular sua programação, que seria estruturada no seu já consagrado jornalsimo e em atrações músicais como bônus. Espero que nesse pacote estejam incluidos dois programas: o apresentado pelo venerando John Peel (com direito as Peel Sessions) e o Som de Londres, comandado pelo Thomas Pappon. Eles deixariam no chinelo qualquer rádio que se diz de rock, principalmente as que operam em São Paulo...

terça-feira, fevereiro 18, 2003

Confirmado: o Google comprou a Pyra Labs (obviamente, com o Blogger dentro do pacote).

domingo, fevereiro 16, 2003

Atenção: alguns blogs bacanas mudaram de endereço. Atualizem seus bookmarks. A Dani Bee agora atende aqui. E a Ket conta neste endereço as suas aventuras como estudante intercambista na Cidade do México.

Agora que o meu texto publicado no site da Rádio Brasil 2000 sobre o Metrô foi para o arquivo, é hora de fazer uma pequena autópisa nele. O artigo principal foi sobre a banda, mas dediquei um espaço para falar sobre a votação da revista Zero que determinou os 20 melhores álbuns do rock brasileiro (aliás, foi um post aqui do blog que eu apenas dei um "cut and paste"; não é preguiça, mas nem todos os que internautas fiéis da site da Brasil 2000 acompanham o Onzenet). Os mais atentos perceberam o errinho na abertura do tópico: "A revista na sua primeira edição de 2003..." Falta alguma coisa que dê sentido a essa frase. No original, eu escrevi o Zero. O webmaster amigo deve ter cochilado na hora de colocar o texto na página e ajeitar os links. Não creio que tenha sido algum tipo de pudor por falar de outro veículo, até porque, mais adiante, está lá o nome da publicação com todas as letras. O restante dos erros, e creio que eles devem existir, são da minha conta mesmo.

sábado, fevereiro 15, 2003

You ask me if I'm happy here,
No Doubt about it,
You ask me if my love is clear,
Want me to shout it.
Gave you the best years of my life, woman.
I know I failed to treat you right, but woman,
Don't let me out of here,
Oh, don't let me out of here.

I won't let you down, I won't let you down again.
I won't let you down, I won't let you down again.

You say our love is running one way,
Coming from your side,
No help from me to see it through,
To beat the high tide.
Take me and chain me if you please, woman
Don't help me dig deeper my grave, oh woman,
Don't let me out of here.
Oh, don't let me out of here.

I won't let you down, I won't let you down again.
I won't let you down, I won't let you down again.

I won't let you down, I won't let you down again.
I won't let you down, I won't let you down again.


Conforme o prometido, a letra deste final de semana é "I won't let you down", do PhD, esse sim um verdadeiro "one hit wonder". Deixou esse sucesso que até hoje toca nos programas de flash backs e na programação de muitas emissoras FM de perfil mais, digamos, adulto. A canção ficou em primeiro lugar na parada de singles da Ingaterra em maio de 1982 (vinte anos!!! parece que foi ontem), ficando à frente de "Ebony And Ivory", interpretada por dois monstros sagrados e hitmakers de mão cheia: Paul MacCartney e Stevie Wonder. Curiosamente, "I won't let you down" só viria a fazer sucesso por aqui no ano seguinte. Como bem lembrou o meu chapa não-diet Bruno Privatti, seu clip rodava direto no FM TV, da extinta Rede Manchete. Um de seus apresentadores era João Kleber (!) Creio que a MTV não deva ter uma cópia para exibição atual, o que é uma pena.
É até injusto analisar e tentar explicar a carreira do PhD por causa de uma música apenas, mas dá pra sacar que eles trabalhavam bastante com sintetizadores (na verdade um piano não-desplugado, se é que dá para definir assim), coisa um tanto comum em outras bandas daquele começo de anos 80, entre as quais podem ser citadas Depeche Mode, Utravox, etc.
Não existem muitas informações disponíveis sobre o PhD, mas dá para dizer que seu vocalista era o escocês Jim Diamond (que tem uma voz engraçada, segundo uma pessoa anônima que deixou uma mensagem aqui no sistema de comentários; realmente, seu jeito de cantar é um tanto incomum, cheio de falsetes e com uma certa afetação). Com o fim da banda, ele tentou uma carreira de cantor romântico com algum sucesso. Ele deixou pelo menos outros dois hits "I should have no better", que fez parte da trilha sonora da novela global "A Gata Comeu", e "Remeber i love you". Depois disso, Diamond sumiu. Pode ser que ele tenha prosseguido sua carreira, mas sem a mesma repercussão. Porém, quem compôs "I won't let you down", convenhamos, nem precisaria fazer mais nada na vida. Trata-se da música perfeita.
E antes de encerrar mais um dado: a jornalista Marília Gabriela gravou uma versão para o português cujo refrão ela cantava: "eu não vou ficar/chorando por você". Claro que nem ficou aos pés do original, principalmente pela interpretação. O lance de Gabi é mesmo entrevistar.

quinta-feira, fevereiro 13, 2003

Ora, ora, ora, vejam só quem ressurge de repente: o bom e velho Eliakim Araújo, excepcional apresentador que já passou pela Globo, Manchete e SBT, agora morando em Miami, mantém um site chamado Direto da Redação. Ele é um de seus articulistas prinicpais e em seu texto mais recente cutuca novamente numa ferida da imprensa. Dessa vez, é o caso do filho que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso teria (fora do casamento) com uma jornalista que trabalhou na Globo. Essa história já havia sido levantada pela Caros Amigos, tendo como foco principal o silêncio da imprensa sobre o caso. Eliakim mantém as críticas, mas relembra uma história que até hoje é um grande tabu para vários orgãos de imprensa. O único porém, é o tom moralista do texto. A certa altura, é lembrado que adultério é "um crime bastante comum, previsto no Código Penal Brasileiro", uma lembrança que embute um juízo de valor dispensável. Vale por trazer de volta um assunto que a imprensa varreu para debaixo do tapete.

terça-feira, fevereiro 11, 2003

E sairam os resultados do Prêmio Indie Destaque 2002, promovido pelo selo independente carioca midsummer madness. Os resultados completos estão aqui. Algumas das catergorias merecem uma análise mais detalhada:
-No quesito melhor blog houve um empate na primeira colocação: Sol Moras e Clarah Averbuck levaram a melhor. Porém a diferença que os dois abriram sobre o segundo colocado, o blog da Flávia Durante, foi de apenas um voto. Não custaria nada decretar um tríplice empate.
-Na categoria e-zine indie, o vencedor foi o Esquizofrenia, com muita justiça. Embora não role premiação em dinheiro ou ao menos um troféu, um prêmo é sempre um prêmio e se eu fosse o Gilberto Custódio Jr. esfregaria isso na cara do povo da hpG, por conta dos últimos acontecimentos (veja posts abaixo). Já disse aqui e repito: o Esquizofrenia é o melhor e-zine indie de língua portuguesa. Penso até que o Gilberto demorou muito para coloca-lo na net. Outra menção a ser feita é para a quarta colocação do Ruídos, colado no venerando London Burning e à frente de cobras como o B*Scene e o Bacana. Tomara que agora o Fábio Carbone tome um pouco de vergonha e seja mais ágil na sua atualização (é puxão de orelha em público mesmo).
-O fato Indie do ano é, segundo a premiação, o "surgimento das revistas Zero, Frente e Play". Para mim, há um erro na formulação do quesito. A Play foi lançada em de 2001, no final de outubro e começo de novembro, para ser mais exato. E também ficou dificil de entender o conceito subentendido no enunciado (pedante, não? Mas vai assim mesmo). A revista da editora Conrad não era propriamente musical, se dedicando mais a assuntos techie. Das três publicações citadas, apenas a Zero é que continua firme. A Play foi retirada do mercado e a Frente deu uma parada para voltar ainda em 2003 (leia mais nos posts abaixo). De qualquer forma, vale para perceber que existe uma demanda por publicações sobre música. Basta apenas que alguns editores respeitem um pouco mais o público, para que assim conquistem seu espaço no mercado.

domingo, fevereiro 09, 2003

Sou fã do Juca Kfouri e asumo que seu trabalho no jornalismo esportivo é uma grande influência para mim (ah, se existisse um Juca no jornalismo cultural...). Porém, não sou obrigado a concordar com todas as suas opiniões. Ele publicou recentemente um artigo no Lance! defendendo a idéia de um campeonato mundial de clubes. Até aí tudo bem, mas a sua defesa apaixonada pela idéia me fez encontrar alguns exageros. Senão vejamos:
Já imaginou que beleza, na copa dos clubes, ouvir a execução do hino do seu time?
Sem se dizer que quando o país da gente ganha, é difícil encontrar um estrangeiro rival para brincar, diferentemente do que ocorre quando um clube é campeão, que permite a gozação dentro de casa.
E, afora considerações meramente lúdicas (que, enfim, são o que motivam o futebol), sempre é bom lembrar que os clubes são a base de tudo e que neste mundo sem fronteiras faz sentido incrementar o intercâmbio entre eles.
Será que o torcedor do Mengo não prefere ver o Rubro-Negro ganhar dos merengues do Real Madrid a ver a Seleção ganhar da Espanha?

Respondendo a pergunta, eu prefiro ver o meu time ganhar do Real Madrid E a seleção brasileira derrotar a espanhola. Há espaço para os dois tipos de competições. Se o a paixão clubistica divide, o amor pela seleção une e esse é o grande barato de uma Copa do Mundo. Se uma competição prevalecer sobre a outra, o futebol é que perde com isso. Que se ache uma melhor fórmula para que os clubes não sejam punidos com as constantes convocações de jogadores.
Eu só temo que as considerações de Kfouri estejam contaminadas devido a sua eterna rivalidade com o presidente da CBF, o eterno Ricardo Teixeira. Se o comando do futebol brasileiro fosse outro, como seria?

sábado, fevereiro 08, 2003

My love and I, we work well together
But often we're apart
Absence makes the heart lose weight, yeah,
Till love breaks down, love breaks down

Oh my, oh my, have you seen the weather
The sweet september rain
Rain on me like no other
Until I drown, until I drown

When love breaks down
The things you do
To stop the truth from hurting you

When love breaks down
The lies we tell,
They only serve to fool ourselves,
When love breaks down
The things you do
To stop the truth from hurting you

When love breaks down
The things you do
To stop the truth from hurting you
When love breaks down,
Love breaks down

My love and I, we are boxing clever
She'll never crowd me out
Fall be free as old confetti
And paint the town, paint the town

When love breaks down
The things you do
To stop the truth from hurting you
When love breaks down

The lies we tell,
They only serve to fool ourselves,
When love breaks down
The things you do
To stop the truth from hurting you
When love breaks down
You join the wrecks
Who leave their hearts for easy sex

When love breaks down
When love breaks down


O Prefab Sprout é uma das muitas bandas injustiçadas por aqui. Na Inglaterra, seu país de origem, tem vários álbuns lançados desde 1984, mas só tem esse hit no Brasil, dando a falsa impressão de ela é do tipo "one hit wonders", termo designado para quem emplaca apenas um sucesso nas paradas e depois some sem deixar vestígios. Querem um exemplo? "I Won't Let You Down" , do PhD (alías, desafio alguém a lembrar dessa canção..rs).
"When Loves Breakes Down" é de 1985, mas soa perfeitamente atual. Ela conseguiu vencer a barreira do tempo, fator que acaba sendo implacável com muitas canções. Muitos críticos preferem colocar o PS no mesmo balaio que Style Concil e Everything But The Girl (na sua primeira fase), como representantes da New Bossa, que seria uma derivação da nossa Bossa Nova, mas talvez não seja o caso. A música em questão está muito mais para o perfect pop (preciso explicar do que se trata ou o próprio termo já está subentendido?)
Se você é um daqueles arqueólogos musicais que gosta de saber a fonte onde algumas consagradas bandas atuais beberam, como o Belle & Sebastian e o My Life Story (cujo trabalho ainda estranhamente não é conhecido por aqui), procure ouvir essa música. Ela faz parte de um álbum chamado "Steve MacQueen", que é o nome de um ator norte-americano conhecido por seus filmes de ação, morto vítima de um câncer no final da década de 70.
Aliás uma curiosidade sobre esse título. A família de MacQueen resolveu cobrar pelo uso do nome quando o álbum iria ser lançado nos EUA. Não houve acordo e a solução foi trocá-lo para: "Two Wheels Gold". Outra curiosidade é que a canção ganhou uma versão em português feita pelo Biquini Cavadão, no seu "Escuta Aqui", de 1999.
A notícia mais recente sobre o Prefab Sprout é de 2001. Nesse ano, a banda lançou um CD que trouxe uma proposta interessante: as letras são todas dedicadas à época do velho oeste norte-americano e se chama "The Gunman and The Other Stories". Paddy MaCallon, líder e compositor do PS, é um americanófilo de marca maior.
(Se você tiver paciência, pode ouvir "When Love Breakes Down" na rádio Onzenet, da Usina do Som. Você precisa estar cadastrado).

Jornalismo-gonzo, Hunter S. Thompson, Rolling Stones, Lester Bangs e Govre Vidal...as principais fontes de inspiração para uma parcela considerável de uma moçada que ainda vai chegar às redações de jornais estão devidamente dissecadas (e dissertadas) nesse projeto experimental que a gonzo-girl Cecília Giannetti acaba de publicar em seu blog. Leia antes que ela mude de idéia e resolva tirar do ar.

quinta-feira, fevereiro 06, 2003

O encerramento das atividades da Abril Music não chegou a surpreender. Quem vem acompanhado o blog do Léo Jaime sabe que a gravadora já havia colocado à venda o seu catálogo há um bom tempo. Embora a pirataria seja a justificativa para deixar o mercado seja a pirataria, nesses quatro anos o braço fonográfico do Grupo Abril cometeu uma serie de equivocos que podem ter influênciado para esse desfecho. O mais representativo deles foi o de boicotar o lançamento de um CD de um dos seus contratados. O álbum em questão é "O Bloco do Eu Sozinho", gravado por Los Hermanos. Na época, a direção esperava algo que reeditasse o sucesso de "Anna Júlia", mas a banda queria fugir disso. O resultado desse conflito de interesses não poderia ser mais desastroso: a Abril abandonou os caras à própria sorte e o álbum não passou das 20 mil cópias vendidas. Só mesmo no maravilhoso mundo da indústria fonográfica é que uma gravadora pode deixar de promover seu próprio produto. Isso que é gostar de jogar dinheiro pela janela.
Alías, o encerramento das atividades da Abril Music pega Los Hermanos bem na fase de gravação de seu terceiro álbum. Como ainda não se sabe o que vai acontecer com o catálogo, fica difícil de garantir se o CD saí ainda nesse primeiro semestre ou não, como estava prometido. Procurei alguma informação no site oficial deles e no blog do tecladista Bruno Medina, mas não havia nenhum update sobre o assunto.
Em tempo: certa vez ouvi de uma pessoa que a Abril Music teria sido uma das causas da venda da revista Showbizz à Editora Símbolo. A direção do grupo consideraria incompatível ter uma gravadora e uma revista que falasse de música. Isso poderia dar margem a comentários maldosos de que a publicação seria carro-chefe para alavancar as vendas. Alguém aí pode perguntar "E a MTV?", como aliás eu perguntei. No caso, a participação do Grupo Abril na emissora de tv é tão evidente assim.

Se você está interessando em conhecer histórinhas legais de bastidores do jornalismo recomendo uma visitinha ao blog do Gim Tones, repórter de um dos maiores jornais do país, "A Verdade Sangrenta". Não espere aquelas coisas (tipo revista Contigo) de "quem namora quem" ou "quem é mais fdp", etc. No lugar disso tudo, o leitor irá encontrar relatos sobre o dia-a-dia da atividade. Recomendando para quem considera que a vida de um jornalista seja glamurosa. Outro mérito do blog gimtônico é mostrar que os jornalistas também são seres humanos, ao contrário do que muita gente pensa por aí.

quarta-feira, fevereiro 05, 2003

Lembram daquele velho deitado? Pois é, dentre tantas coisas sábias que ele disse ao longo de sua vida, uma delas cabe bem ao episódio que eu vou comentar: "No Brasil, tudo acaba em samba". E não é que a Josiane passou a sua faixa de Miss Brasil para a Miss Santa Catarina (a segunda colocada) sem reclamar e num evento que teve direito até a coletiva de imprensa(?!) Que Josi ira perder sua coroa, isso estava certo, mas o desfecho do caso foi tão chinfrim e nem teve graça.
A coisa rolou exatamente como eu escrevi alguns posts abaixo: ela não tá nem aí com o Miss Brasil, tanto que foi lá pessoalmente entregar a faixa para a sucessora. É óbvio que o BBB tem uma importância muito maior a partir de agora, pois garante muito mais visibilidade (pelo menos nesse momento).

terça-feira, fevereiro 04, 2003

Acrescentei mais dois blogs para a lista aí do lado. Um é de contos e se chama O Livro Imaginário, alías, os blogs literários estão cada vez mais em alta. O outro é o Never Mind The Bollogs, de alguém que assina como The Unberable, mas que tem boas idéias e faz boas análises sobre música. Confiram.
Antes de terminar, um recado. Eu não sou o tipo de blogueiro que faz campanha por troca de links. também não tenho nada contra quem o faça, afinal um pouco de divulgação não faz mal a ninguém e penso que a intenção de cada um é ser lido pelo maior número possível de pessoas, o que é legitimo, mas desde que sem exageros. Se alguém aí gostar do meu blog e achar que deve fazer parte de sua lista de links, agradeço e fico muito honrado com isso. A única coisa que peço é que me avise, até para eu poder conhecer o trabalho de quem está me linkando e, se for o caso, retribuir a gentileza, ok?

De vítima a vilã. É assim que Joseane, a quase ex-Miss Brasil e participante do Big Brother Brasil 3, vem sendo tratada pela imprensa nos últimos dias. No caso de sua saída do programa (o lado vítima), o problema nem tanto foi seu comportamento e uma possível rejeição do público, como pensa o solerte colunista de TV do UOL. Ela pode agir da forma que bem entender, iniciar e terminar relacionamentos a hora que quiser. O que pegou mesmo foram as bobagens que Josi disse. Ela poderia ter sido bem mais elegante ao comentar sobre o beijo no Dilsinho, a partir daquela provocação de Pedro Bial. E também poderia ficar quieta em vez de soltar a grande pérola: "eu te fiz um favor", ao explicar para o Mad Max brazuca o que a fez ir trocar saliva com ele. Existem tantas justificativas para serem usadas num caso como esse: "olha, não rola...não tem química...não dá liga", qualquer uma delas estaria de bom tamanho, mas fazer o que...a moça preferiu falar a primeira coisa que lhe veio à cabeça. Como já dizia o velho deitado (e esse não fala bobagens): em boca fechada não entra mosquito.
Ah, mas a saga de Josiane não acabou. Agora, ela se transformou na inimiga pública número um do país por conta de ter fraudado sua inscrição no concurso de Miss Brasil, informando que era solteira, quando essa não é a sua real condição. A organização deverá tomar as devidas providências e o título deverá ser cassado, mas acho que isso nem deve estar tirando o sono de Josi. Afinal, mesmo não ganhando o prêmio máximo, ela participou de um outro concurso que garante uma visibilidade muito maior na mídia (ainda que por apenas algum tempo).
Para terminar, confesso que não fui muito com a cara da Josi. Ela tem um jeitão meio de quem se acha "a última bolacha do pacote" que não me agrada. Um pouquinho de humildade, as vezes, faz bem.

segunda-feira, fevereiro 03, 2003

Uma das primeiras boas notícias que recebi nesse ano foi a continuidade de minha colaboração com o site da Rádio Brasil 2000 FM (SP), na seção Coluna Vertebral.
A primeira coluna dessa nova série já está no ar, falando um pouco mais sobre a volta da banda Metrô. Confiram.

Uma polêmica tem agitado o movimento de rádios livres brasileiro. E ela se inicia numa expressão utilizada por Laura Mattos, da Folha de S. Paulo, numa de suas mais recentes colunas sobre rádio. O uso do termo "rádios do mal" não foi bem digerido por cetros setores, justamente aqueles mais à esquerda. Na verdade, foi uma tentativa da jornalista de mostrar que dentro do movimento existem os picaretas, aqueles que montam suas emissoras com duvidosas intenções.
Para quem não sabe, as rádios livres no Brasil começaram como uma diversão. Estudantes de eletrônica montavam transmissões caseiros a partir de esquemas que vinham de revistas estrangeiras. Com o passar dos anos, a coisa ganhou um caráter mais ideológico, principalmente com a entrada de estudantes que colocavam as suas emissoras como uma forma de protesto contra a situação sócio-econômica do país e também contra a política de concessões dos governos da época.
O caráter dessas emissoras era efêmero. As transmissões aconteciam quase sempre à noite, uma forma de driblar a fiscalização e de fugir de eventuais processos.
O divisor de águas do movimento de rádios livres no Brasil foi a absolvição do jornalista Léo Tomáz, que teve os equipamentos da sua Rádio Reversão apreendidos, isso em 1994. Foi aberto um processo contra ele com base na Lei de Telecomunicações. A sentença do juiz Casem Mazolum abriu um precentente histórico em processos desse tipo e isso fez com que o medo de se colocar uma rádio clandestina no ar diminuisse. Os riscos de apreensão e de um processo continuavam, mas as chances de sair livre cresceram.
O que se viu, a partir de então foi uma verdadeira explosão. O número de rádios piratas aumentou em proporções nunca vistas na história da radiodifusão mundial. Porém, como em tudo na vida, nem sempre quantidade signifca qualidade. Muitas estações bacanas foram colocadas no ar, assim como rádios de gente oportunista também.
Quem acompanha o trabalho de Laura Mattos com a devida atenção e sem aquele viés ideológico que caracteriza a esquerda radical percebe que ela tem procurado fazer essa diferenciação. É uma forma de mostrar ao público que existe o joio e o trigo e, como tal, devem devidamente ser separados. Muitos defensores das rádios livres, no entanto, preferem varrer para baixo do tapete todos esses problemas Querem pintar um quadro cor-de-rosa, quando isso não condiz com a realidade. O que se vê por aí são emissoras com um perfil cada vez mais comercial, reproduzindo o modelo vigente das emissoras oficiais e sufocando propostas interessantes. Afinal, o espéctro eletromagnético não comporta a todos.
O pior de tudo é o discurso desses setores de esquerda. Para eles, a grande mídia combate as rádios piratas, etc, quando na verdade não são todos os orgãos que fazem isso. A Folha procura ter uma cobertura equilibrada, postura que não é adotada pelo Estadão, por exemplo, até por causa das emissoras de rádio que pertencem ao grupo (e também pela própria linha do jornal, mais conservadora, etc), mas ninguém consegue enxergar isso (e vá se tentar explicar isso para algum deles...) A ideologia acaba distorcendo a visão dos fatos, infelizmente. Isso é que gera polêmicas como a gerada com Laura Mattos. É energia dispendida para o alvo errado. Na verdade, o que deveria ser combatido era a proliferação de gente oportunista dentro do movimento de rádios livres.

 
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