sexta-feira, janeiro 31, 2003

Tava lendo o editorial do Esquizofrenia sobre o imbróglio todo do zine com a hpG. Foi um show de arrogância e prepotência por parte da empresa de hospedagem. Se o zine estava praticando spam, que pelo menos mostrem provas. Em vez disso, preferiram se esquivar com a seguinte afirmação: "O hpG possui um sistema automático de remoção de sites que detecta todas as "home pages" que não estão de acordo com o nosso Termo de Serviço". A confiança que a hpG demosntra na sua tecnologia é enorme, como bem atesta o pronunciamento oficial (será que não é um eufemismo para a palavra preguiça?), mas sistemas automáticos também são capazes de falhar.
Como eu disse há alguns posts, tudo não passou de um mal entendido que a falta de habilidade da hpG transformou num incidente chato. Pensando bem, por que cobrar um outro tipo de postura por parte deles? Afinal, a receita não vem das hospedagens, uma vez que elas são gratuiutas, mas sim de anunciantes. Aposto que se a treta fosse com um patrocinador, a coisa seria tratada com toda a diplomacia possível.

Alguém aí já reparou que de vez em quando sempre surge alguma novidade no que diz respeito a Beatles? Uma delas foi o pacote Anthology, com uma série de três CDs, um livro e uma série de televisão. A mais recente foi 1, CD que reuniu todos os sngles que foram primeiro lugar nas paradas de sucesso. Quando todos imaginavam que nenhum coelho iria mais sair dessa cartola, eis que surge a novidade: uma nova versão de Let It Be vai ser lançada ainda nesse ano. A grande novidade fica por conta da supressão dos arranjos feitos pelo produtor Phil Spector para três canções: "I Me Mine", "Across The Universe" e "The Long and Winding Road". No caso dessa última, a intevenção de Spector foi mais radical, colocando um arranjo orquestral por cima de uma belíssima balada (um quase blues) de Paul McCartney. Quem assistiu a série na tv sabe bem do que eu falo. Phil Spector era um gênio, isso todos devem reconhecer. Ele é responsável por uma série de sensacionais contribuições à música, mas errou a mão ao trabalhar com a maior banda de rock de todos os tempos.
Do ponto de vista artístico, essas mudanças são mais que bem-vindas, porém uma série de duvidas ficam em suspensão no ar a partir de agora: por que não decidiram lançar essa nova versão há mais tempo? Sera apenas mais um factóide para manter o interesse na banda e criar um novo item de consumo para seus fãs? O que pode vir mais por aí? Faixas inéditas que foram esquecidas em algum canto dos estúdios Abbey Road ou gravações inéditas feitas na Cavern Club? Eu nunca esqueço a manchete de um artigo públicado na Folha de S. Paulo e assinado por Paulo Francis logo após a morte de John Lennon: "Cinco tiros abrem novos negócios".

Oba, durou menos que se esperava o recesso da versão on line do Esquzofrenia. Por um motivo besta qualquer, a HPG acabou tirando o site mantido pelo Gilberto Custódio Jr. sem mais nem menos. Para quem tenta acessar a antiga URL, há a explicação que foi desrespeitado um dos termos de serviço. Só que a retirada foi arbitrária e não foi dada uma chance de Custódio para se defender (e tudo não deve ter passado de um mal-entendido) e ao menos tentar um acordo. Azar do HPG que perdeu um excelente site. Infelizmente, esses serviços gratuitos são assim mesmo. Seus mantenedores acham que podem fazer tudo e mais um pouco. Mas há males que vem para bem. Toda essa confusão fez com que o Esquizofrenia ganhasse um endereço próprio: http://www.esquizofreniazine.com.br Ainda faltam pequenos ajustes, é verdade, mas em breve tudo estará redondinho e o leitor poderá acompanhar um dos melhores zines de indie rock em língua portuguesa.

quinta-feira, janeiro 30, 2003

Essa notinha da coluna do Lúcio Ribeiro me fez pensar:

MAIS LITERATURA - Moda no new journalism tupiniquim, escrever textos literários sobre acontecimentos do nosso mundo pop virou mania na cena indie nacional. Estamos já na espera de pensatas sobre a Gisele vestida de homem no SP Fashion Week ou sobre a morte besta do talentoso rapper Sabotage.

Até onde eu sei, grande parte dos nossos jornalistas indies tem uma forte influência da escola Gonzo Journalism, cujo maior representante é o doidão de pedra Hunter S. Thompson. A grande diferença, pelo que li por aí, é que no gonzo, o repórter participa das ações e acaba interferindo na realidade. Já o new jornalism é uma mistura de jornalismo com lieteratura. Com isso, o qual o autor procura dar um molho a mais na narrativa. O maior expoente desse estilo é Gay Talese, que escreveu "O Poder e o Reino", contando histórias de bastidores do jornal "New York Times". Alías, já está mais do que na hora de alguém fazer algo semelhante por aqui. Quem se habilita?
Voltando a nota do Lúcio, será que ele trocou as bolas ou o gonzo é um estilo derivado do new journalism e o rótulo a essa nova tribo (os jornalistas indies) estaria certo? Esclarecimentos aqui no sistema de comentários deste blog.

Há uns cinco eu escrevia uns textos bem toscos e ingênuos. Não sei se alguma coisa mudou de lá para cá, mas deixo aqui para comparação e possível julgamento um artigo meu sobre rádios piratas publicado em 1997 na versão on line do Brujeria, zine do Bruno Privatti.

terça-feira, janeiro 28, 2003

Ué, o que aconteceu com o zine Esquizofrenia?

E eis um comunicado oficial da revista Frente:

“A Frente NÃO acabou. Ao menos não no sentido em que uma revista acaba: com o burocrata chamando os jornalistas em sua sala acarpetada e dizendo: ‘vamos descontinuar o título, porque as vendas... as entradas publicitárias... os anunciantes... etc etc etc’. Somos três jornalistas movidos pela idéia de que é possível fazer jornalismo de nível num veículo independente falando sobre nova música porque acreditamos que é aí que estão as pautas mais interessantes. Infelizmente, o número de bloggueiros e indie-kids que nos cobra o quarto número da Frente parece ser muito maior do que os que efetivamente compraram as três primeiras edições – um sinal de esperança aos tempos futuros, talvez? De qualquer forma, tínhamos um acordo de 3 edições coma Editora Ágata, que o cumpriu da maneira mais cavalheiresca, profissional e leal possível, mas que tem coisas mais urgentes com que se preocupar além da salvação do pop nacional. Assim, estamos repensando a Frente em toda sua abrangência: formato, concepção editorial, número de páginas, papel, etc, para adapta-la à realidade e interesses de possíveis novos parceiros. E, paralelamente, desenvolvendo novos projetos individualmente (como o meu livro, ‘Dias de Luta’, ou o festival virtual em Porto Alegre dirigido pelo Marcelo Ferla) ou como núcleo de criação. Aguardem novidades para breve.”

Só discordo de uma coisa: o número de compradores da Frente nas bancas deve ter sido bem maior que o das tribos citadas no comunicado. Creio que esse exagero se deva a algum tipo de mágoa por causa das cobranças de uma explicação oficial sobre o futuro da revista (algumas delas aqui no Onzenet). No mais, desejo que a revista volte firme e forte, aproveitando a boa experiência das três primeiras edições. Se eu fosse chamado a sugerir algo, diria apenas para mudar o título da publicação.

domingo, janeiro 26, 2003

Dica que eu estou surrupiando do blog de meu chapa Inagaki

Blogueiro profissional. Esta expressão, aparentementemente uma contradição em termos, pode vir a se tornar realidade. Quem está por trás dessa proposta é Sérgio Charlab, um dos primeiros jornalistas especialistas em Internet no Brasil. Ex-editor da revista Internet World, Charlab atualmente é editor-chefe da versão brasileira da revista Reader's Digest. Para concorrer a uma vaga de "blogueiro profissional", basta visitar o Professor Blog e seguir as instruções do post de 13 de janeiro. Faça como eu: inscreva-se e passe a notícia para frente!

Talvez o Charlab queria publicar na edição brasileira da Seleções alguma coisa bacana que tenha saido nos blogs, mas isso é um palpite. Vamos esperar para ver no que vai dar isso. Eu também já me inscrevi.

sábado, janeiro 25, 2003

Eu sempre fiquei com um pé atrás em relação aos números da audiência de televisão divulgados pelo Ibope. Mas o que eu li hoje me estarreceu. Como pode o SBT, transmitindo a mesma partida do Campeonato Paulista de futebol que a Globo, ficar apenas na quarta colocação do ranking, conforme publicado pelo Estadão? Segundo, os dados divulgados, o jogo entre Santo André x Santos no canal do sr. Sílvio Santos ficou na quarta colocação, atrás de uma reprise do programa Raul Gil (!), na Record, e do Sabadaço, da Bandeirantes, apresentado pelo Gilberto Barros.
A estranheza se torna maior ainda quando lembramos que há em curso uma guerra guerra entre Globo x SBT pelos direitos de transmissão do Paulistão-03. Nem vale a pena analisar o mérito da questão, mas outro ponto a se estranhar é o fato de Eduardo José Farah, o todo-poderoso presidente da Federação Paulista de Futebol, tirar licença do cargo bem no meio dessa confusão toda.

sexta-feira, janeiro 24, 2003

Se nada der errado, ainda neste primeiro trimestre do ano a discografia da banda Zero será relançada em CD pela EMI. A banda fez um enorme sucesso no ano de 1986 com os hits "Agora eu Sei", que conta com a participação nos vocais de Paulo Ricardo (RPM), e Formosa, extaídos do EP "Passos no Escuro", que aliás foi um de meus votos na eleição dos melhores álbuns do rock brazuca para a revista Zero. No ano seguinte, lançaram o injustiçado "Carne Humana", que traz "Quimeras" e "A Luta e o Prazer". Pouco depois a banda encerraria suas atividades, voltando no ano retrasado com o CD retrospectivo "Eletro-Acústico".
Na época, muita gente acusava o Zero de pegar carona no carisma de Paulo Ricardo, que naquela época era a coqueluche do momento. Outra tremenda injustiça. Uma das coisas que mais chamava a atenção no trabalho da banda era a qualidade das letras. "Vou trocar a meia-noite/Pela luz do teu olhar", da música "Passos no Escuro" é um belo exemplo disso. Quem sabe alguns baluartes do rock dos anos 90 e do ano zero também (a década cujos dois últimos algarismos terminam em zero) aprendam um pouquinho. Não se trata de um saudosismo barato, mas a verdade é que, excetuando Los Hermanos, a qualidade das letras e as temáticas escolhidas deixam muito a desejar, mas esse é um outro papo.

quinta-feira, janeiro 23, 2003

Eu ia fazer um post para elogiar a TV Cultura que estava com uma programação redondinha. Porém, lendo o Advillage descubro que o Musikaos irá sair do ar (um dos poucos programas que dava espaço para o rock independente nacional) e o Vitrine será reformulado, com uma mudança radical na equipe. Saem os repórteres Rodrigo Rodrigues e Fernanda Danelon. Marcelo Tas fica. No caso do Musikaos, a emissora alega que o próprio apresentador Gastão Moreira foi quem pediu para sair, pois está de mudança para Florianópolis (mas não daria para vir a São Paulo apenas para gravar o programa?). Mas o restante das mudanças se deve mesmo a probelmas orçamentários, o velho calcanhar-de-Aquiles da emissora, que conta com verbas do governo do Estado de São Paulo para sobrevivier.

Bom, eu tenho uma informação sobre a revista Frente, mas cansei de esperar um sinal verde para divulga-la. Se ela se confirmar ou não, só o tempo vai dizer. Na verdade, a revista não acabou, conforme foi alaerdeado em algumas listas de discussão da Internet (informação que eu publiquei aqui também). O que terminou foi o contrato da Editora REM, responsável pelo conteúdo, com a Editora Ágata, que era encarregada da infra-estrutura. Nele, estava previsto o lançamento de três edições da Frente, o que de fato aconteceu. O problema é que ainda não houve tempo das duas partes se reunirem para falar sobre um novo contrato. Os sócios da REM acabaram se enredando em outras atividades. O Ricardo Alexandre, por exemplo, esteve as voltas com o lançamento de seu livro sobre o rock nacional, "Dias de Luta". Mas isso não significa que o projeto da revista morreu. Se tudo der certo, ela pode ter continuidade na própria Ágata. Caso contrário, o jeito será procurar um outro parceiro.

Descoberta a verdadeira vocação do jornalista Alexandre Matias. Esqueçam o crítico musical. Agora ele mostra uma nova (e possívelmente bem-sucedida) faceta ao analisar a era FHC e a expectativa da era Lula no site Fraude.

Laura Mattos, em sua coluna de rádio na Folha de S. Paulo, fala um pouco mais da primeira apreensão de uma rádio pirata no governo Lula.

quarta-feira, janeiro 22, 2003

A Flávia Durante, em seu blog, traz num de seus posts recentes um "clap!" para esse texto da Xênia Bier. Aos desinformados de plantão, nos blogs em geral, esse clap singifica concordância com aquilo que foi escrito e linkado. No caso, Xênia desce o malho (com justiça) no cantor Latino, cujo esporte preferido na atualidade tem sido detonar em público a sua ex-esposa, Kelly Key.
Xênia tinha um programa de televisão muito prestigiado nos anos 70 e exibido pela TV Bandeirantes. Era bem diferente desses programas femininos que infestam a programação diurna das nossas emissoras. Primeiro, porque era calcado totalmente em cima do carisma da apresentadora, não um balcão de merchandisings e tinha muito mais conteúdo. A atração era um tanto arrojada para sua época (segunda metade da década), com Xênia entrevistando personalidades da área de saúde, como o Dr. José Angelo Gaiarsa (aliás, ele outro dia foi convidado pelo Provocações, da Cultura). Certa vez, Xênia entrevistou Caetano Veloso, mas não foi aquela coisa formal que se vê nos programas de hoje. A conversa aconteceu com os dois esparramados num monte de almofadas espalhadas pelo chão do estúdio (será que a Bandeirantes ainda tem essa fita?)
O programa saiu do ar em 1980, logo depois que Walter Clark assumiu a direção artística da emissora. Clark fez várias alterações na programação e sacou o programa de Xênia, numa atitude que, depois se mostrou desastrada, como todas as que tomou no comando da Bandeirantes, alías. Ela teve experiências em rádio comandando programas na Globo e Capital e passagens efêmeras em outras emissoras de televisão. A mais recente delas foi na Gazeta, no ano de 1998.
Fora da tv, Xênia conquistou mesmo seu espaço na imprensa escrita. Há algum tempo, mantém uma coluna na revista Contigo, onde faz críticas de televisão e fala também sobre comportamento. Ela não é muito bem-vista em algumas áreas do jornalismo intelectualóide, que a taxam como brega, ultrapassada e coisas do gênero, mas de qualquer forma, Xênia está aí firme e forte e a Abril está de parabéns por tê-la trazido de volta.

O Lúcio Ribeiro é um cara bacana e um dos melhores jornalistas de cultura pop da atualidade. Porém, confesso que a cada dia tem sido irritante tentar ler a sua coluna no canal Pensata, da Folha On Line, e se deparar com recados desse tipo. Se ele não tem mais tempo ou tesão de se dedicar a essa tarefa, que passe adiante. Muito melhor do que enrolar o leitor.
Antes que interpretem mal essa minha manifestação, quero deixar aqui o nome de dois possíveis substitutos para o Lúcio: Alex Antunes e Álvaro Pereira Jr.

terça-feira, janeiro 21, 2003

No apagar as luzes de 2002, a Polícia Federal finalmente conseguiu uma boa investida contra a Rádio Planeta 90 FM, que funciona sem concessão aqui em São Paulo. Foram apreendidos equipamentos, fitas contendo a programação da emissora e até armas ( ! ), segundo a notícia que saiu no Estadão. Porém, o Padre Francisco Silva é incansável e, enquanto eu escrevo essa nota, sua emissora sem concessão continua em funcionamento.
Ainda sobre as rádios piratas, aconteceu na semana passada a primeira apreensão do governo Lula. "A Polícia Federal e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) fecharam uma rádio que opearava ilegalmente em Itabaiana, interior da Paraíba. No dia 14 de janeiro, a emissora que se auto denominava Rádio Comunitária Vale do Paraíba FM teve seu equipamento confiscado, sob a alegação de que a operação da emissora era ilegal porque não tinham concessão para operar". Maiores detalhes no blog Rádio Base.
Para quem quiser entender um pouco mais desta polêmica, sugiro a leitura deste meu artigo publicado no Observatório da Imprensa.
Para terminar, fuçando na Internet, achei este site de ódio às rádios piratas.

sábado, janeiro 18, 2003

Mino Carta dá a sua visão sobre a crise financeria que assola as empresas do setor jornalístico. A entrevista foi publicada em maio de 2002, mas não está tão datada assim e ajuda a entender o caos que tem gerado inúmeras demissões de jornalistas. Só não concordo quanto às suas críticas em relação ao excesso de cores nos jornais. O público consumidor tem uma formação muito mais aúdio-visual que o europeu, eminentemente formado pelas letras (vou usar assim). Para o leitor brasileiro ficaria um pouco mais díficil de se digerir fotos em preto e branco e, quem sabe, os índices de vendas estariam num patamar muito abaixo da realidade atual. Mino acerta ao criticar os altos salários de muita gente que está em cargos de chefia.

quinta-feira, janeiro 16, 2003

Conheci a Marinilda Carvalho através de um aritgo que ela publicou no Observatório da Imprensa sobre desempenho da imprensa na cobertura da final da Copa de 1998. O jogador Ronaldo teve aquela famosa convulsão e, na época, a coisa pegou meio mundo de surpresa. Para Marinilda, a imprensa não teve um bom desempenho nesse assunto: "todos levaram bola nas costas". Segundo Marinilda, "Nossa imprensa tetracampeã está tão acostumada a cobrir a Copa de camarote que todo mundo falhou na primeira chance de verdadeiramente apurar um fato vital no Mundial de futebol. A poucos minutos do jogo, os repórteres dos outros países corriam como loucos às cabines das rádios e das TVs brasileiras para perguntar por que Edmundo estava escalado no lugar de Ronaldinho - e ninguém sabia a resposta". Algumas semanas depois, eu mandei um mail contra-argumentando. Disse que embora a imprensa tenha sido surpreendida pelos acontecimentos, ela teve uma boa capacidade de reação e, nos dias que se seguriam. foram exibidas e publicadas reportagens que ajudaram a entender um pouco mais o que aconteceu naquele dia. Apesar das visões opostas, o que poderia gerar uma polêmica raivosa, a diferença de opiniões gerou uma grande amizade virtual. Ela até me incentivou a escrever mais e minhas considerações volta e meia estavam lá no Caderno do Leitor. Nesse últimos anos, passei a colaborar regularmente através de textos de maior fôlego. Eu estou contando essa histórinha aqui para dizer que a Mari também está com o seu blog, o Marinildadas, com considerações sobre a política nacional e o jornalismo.

terça-feira, janeiro 14, 2003

A revista Zero na sua primeira edição de 2003 resolveu inovar. Em vez da tradicional votação de melhores do ano, decidiu-se apurar os melhores álbuns do rock brasileiro nos últimos 20 anos. O texto da reportagem diz que foi a maior votação do gênero já feita. O colégio eleitoral teve 177 votantes, entre músicos e jornalistas. O vencedor foi "Nós Vamos Invadir Sua Praia", do Ultraje a Rigor, seguido de "Cabeça Dinossauro", dos Titãs e "Dois", da Legião Urbana. Entre os cinco primeiros, a única banda que não não apareceu na década de 80 é Los Hermanos. "O Bloco do Eu Sozinho" ocupou a quarta colocação e "Vivendo e Não Aprendendo", do Ira! na quinta. O resultado completo está aqui, com a lista de todos os álbuns que foram votados, assim como seus eleitores, entre os quais este aqui que vos escreve. Uma de minhas escolhas que entrou na lista dos Top 10 foi "Afrociberdélia" do Chico Science, que ficou na sétima colocação. Alguns deverão reparar que eu votei em "Passos no Escuro", da banda Zero, aquela mesma do Guilherme Isnard, que conseguiu uma boa popularidade nos idos de 1986. Pode parecer brincadeira (o voto na banda Zero para a revista Zero), mas foi a sério mesmo. O Phillpe Seabra, do Plebe Rude, também lembrou dele. Se pudesse ter votado em mais álbuns, eu teria incuido "Suspeito", de Arrigo Barnabé e "Olhar", do Metrô. De qualquer forma, acho que a lista tá bem redonda, sem grandes injustiças, contemplando tanto o mainstream como o independente e isso é muito saudável.

segunda-feira, janeiro 13, 2003

Lendo o blog do Léo Jaime, lembrei de uma polêmica que aconteceu no final da década de 80. Ele havia passado a atuar como jornalista, escrevendo para jornais como O Globo e a Folha de S. Paulo. Na ocasião, o Sindicato dos Jornalistas do Rio protestou, alegando que ele estava ocupando o lugar de um profissional que tinha curso superior de jornalismo. Léo passou por cima de todos esses problemas e seguiu escrevendo para outros jornais e revistas, como a Capricho. Hoje, ele é comentarista do SBT, participando das transmissões dos jogos da seleção brasileira no campeonato sul-americano sub-20.
O Sindicato cumpriu seu papel, que é o de defender a classe. Mas se pessoas como Léo Jaime conseguem escrever bem, coordenar suas idéias de modo eficiente e conseguir ser compreendido por aqueles que o lêem, elas devem ter espaço em jornais e revistas. Vou mais longe. QUALQUER PESSOA, que tenha o diploma ou não, e que cumpra esses requisitos, deve ter o direito de atuar profissionalmente como jornalista.
Léo Jaime é um tremendo compositor. Eu gosto muito de "A Vida Não Presta", "Rock Estrela" e "A Fóruma do Amor. Pena que não exista uma rádio aqui no Brasil que seja dedicada a resgatar esse tipo de música. Pelo menos, faz muito tempo que não ouço "A Fórmula..." O Bloco de Notas do Léo é bacana, embora tenha alguns errinhos de revisão, mas qual não tem? (é só procurar aqui mesmo no Onzenet). Um de seus textos está causando furor e fala sobra a ditadura da estética.

sábado, janeiro 11, 2003

C'est la vie
Have your leaves all turned to brown
Will you scatter them around you
C'est la vie.

Do you love
And then how am I to know
If you don't let your love show for me
C'est la vie.

(Chorus) Oh, oh, c'est la vie.
Oh, oh, c'est la vie.
Who knows, who cares for me...
C'est la vie.

In the night
Do you light a lover's fire
Do the ashes of desire for you remain.

Like the sea
There's a love too deep to show
Took a storm before my love flowed for you
C'est la vie

(Chorus) Oh, oh, c'est la vie.
Oh, oh, c'est la vie.
Who knows, who cares for me...
C'est la vie.

Like a song
Out of tune and out of time
All I needed was a rhyme for you
C'est la vie.

Do you give
Do you live from day to day
Is there no song I can play for you
C'est la vie.

(Chorus) Oh, oh, c'est la vie.
Oh, oh, c'est la vie.
Who knows, who cares for me...
C'est la vie.


Minha mãe tinha uma definição curiosa para a segunda infância. Para ela, era a época em que as crianças "começavam a se entender por gente". Talvez seja porque elas não necessitem mais cuidados de bebê e já tenham alguma compreensão do certo e do errado. Bem, foi nessa época em que eu ganhei da minha avó de criação uma vitrola. Era uma Philips e tinha a cor vermelha. Como naquela época eu era meio metido a ser adulto, pedia que me comprassem trilhas sonoras de novelas. Não tava muito a fim de ter aqueles disquinhos com histórinhas infantis. Ninguém lá em casa achou estranho minha preferência e tive assim o meu primeiro contato mais estreito com a música.
Em 1977, a Globo estava exibindo uma novela chamada "Espelho Mágico". Se não estou enganado (e não tenho tempo para pesquisar), o tema era o universo da televisão, tanto que tinha "uma novela dentro da novela". Esse exercício metalinguistico foi uma sacada interessante. Não sei se teria espaço nas novelas produzidas em pelo século 21. Eu acabei comprando a sua trilha sonora internacional. Na verdade nem me lembro direito de todas as músicas, mas uma delas me chamou a atenção. Era "C'est La Vie", de Emerson, Lake and Palmer. O problema é que eu não cuidava muito bem dos meus vinis e essa foi a faixa que justamente começou a apresentar "pulos" contínuos, dificultando a audição. De qualquer forma, foi uma das músicas que, digamos, ficou e ela passou a ser constantemente executada nas nossas rádios de flash backs. E foi graças a esse tipo de emissora que reencontrei "C'est La Vie" depois de todos esses anos. É claro que a sensação foi diferente. Afinal, eu já não era mais uma criança. Dessa vez, foi possível aproveitar não só a sua delicada textura musical. A letra fala de um amor distante, impossível de ser consumado. Assim é a vida. Muitas vezes, não podemos estar perto da pessoa que gostariamos de ter ao lado. Daí, aquela sensação de abandono "Who knows, who cares, for me..."
"C'est La Vie" destoa do repertório tradicional de Emerson, Lake and Palmer. Comparem essa canção com o arranjo que fizeram para "Fanfarre For The Common Man". Quem não conhece, não vai achar que é a mesma banda. Eu estava pesquisando no Google para encontrar a letra de "C'est La Vie" e fui parar numa página em de um fã daqui do Brasil na qual ele classificava essa música de "criminosa". Na verdade, criminosa mesmo é a falta de sensibilidade musical de algumas pessoas...

sexta-feira, janeiro 10, 2003

A seleção brasileira de futebol, enfim, tem um novo técnico e essa questão de Carlos Alberto Parreira ter dito em entrevistas recentes que não ocuparia mais esse posto a partir de agora é um assunto secundário. Interessa saber qual Parreira irá assumir de fato: o de 1994 ou o de 2002? É a grande dúvida que só irá se resolver depois dos primeiros jogos da seleção neste ano.
Em 1994, encontramos um Parreira que diza frases lapidares do tipo: "o gol é apenas um detalhe". Ele ganhou uma Copa do Mundo à frente da seleção, é verdade, mas depois de irritar meio mundo fazendo o Brasil apresentar um futebol tosco, ultra-hiper-defensivo, com pouquissima criação e dependente dos lampejos de craque de um Romário. Sete anos depois, um susto. Parreira nem parece o técnico da campanha do tetra e dirige um imbatível Corinthians, campeão de duas competições e vice em uma, no qual o destaque era o esquema com três (eu disse três) atacantes, como bem lembrou Alexandre Inagaki dia desses em seu blog.
Esse dilema de um técnico seguir uma linha de trabalho diferente na seleção da não é novo. Luxemburgo fracassou na seleção muito mais por não ter sido aquele técnico quase genial dos anos de 1993, 1994, 1996 (no Palmeiras) e 1998 (no Corinthians). Em vez disso, achou que era o rei da cocada preta e o resultado ele próprio sentiu na pele. Zagallo foi um treinador ousado e inovador em 1970 juntando craques que, segundo os críticos, não poderiam jogar juntos. Mas depois do Tri, também teve uma crise de personalidade, achou que era um semi-deus e perdeu duas copas: 1974 e 1998. Luiz Felipe Scolari não cometeu o mesmo erro. Foi fiel aos seus princípios, ao seu estilo e voltou da Coréia/Japão com o penta. Agora é a vez de Parreira mostrar que tipo de técnico será nessa sua nova fase na seleção. Tomara que ele seja o mesmo do ano passado, caso contrário o torcedor terá de ter uma paciência de Jó para acompanhar os jogos válidos pelas eliminatórias.

Não, não cansei de blogar.

quinta-feira, janeiro 09, 2003

Uma de minhas matérias que fez mais sucesso em 2002 foi a entrevista que eu fiz com Roberto Maia, ex-diretor da Rádio Brasil 2000 FM (SP). Além de ser publicada originalmente no e-zine Ruídos (que um dia será atualizado, só não sei quando), ela também consta de um site dedicado a memória do rádio, o Radiohistoria. Agora, para minha surpresa e satisfação, o papo também consta da seção de Escritos Radiofônicos do portal Rádio Base.
É isso aí, nada é perecível na Internet.

segunda-feira, janeiro 06, 2003

"Cadê as Rádios Piratas?", pergunta meu amigo Gilberto Custódio Jr. na seção News do zine Esquizofrenia. Essa é uma curiosidade que eu também tenho. São Paulo está infestada por centenas de emissoras clandestinas, mas o perfil de 99,99% delas que está no ar é de dar pena. Algumas delas estão na mão de grupos religiosos, outras na mão de pessoas que querem ganhar um troco fácil vendendo anúncios e espaço de programação, mas sem se importar com a qualidade do conteúdo, copiando o modelo das emissoras de sucesso. Rádios como a Onze são cada vez mais raras.
O dial paulistano está sobrecarregado a cada dia que passa. Um dos motivos é a explosão das rádios clandestinas das quais eu falei. Outro, é o fenômeno das "rádios que andam", revelado pela jornalista Laura Matos, na Folha de S. Paulo. São emissoras cuja concessão pertence a cidades próxmas a de São Paulo, mas que, devido a um tipo de artifício jurídico, acabam vindo operar a partir daqui mesmo, de olho nas verbas do mercado publictário. Um exemplo é a veneranda Kiss FM, dedicada ao "classic rock". Oficialmente, ela é de Arujá, mas sua sede está localizada na Av. Paulista. Quem perde são os arujaenses Eles ficaram sem rádio que atenda aos seus interesses.

quinta-feira, janeiro 02, 2003

Dia de preguiça, resolvi juntar todos os textos que eu escrevi aqui para o Onzenet tratando sobre a Rádio Onze. Quem acompanha o blog sabe que nos seus primeiros dias de vida me dediquei muito a fazer algumas considerações sobre minha passagem por lá. É claro que se trata de uma visão bem particular daquilo que aconteceu entre 1995 e 1998. Uma coisa eu tenho sempre dito: a história da Onze precisa ser contada por mais e mais pessoas que não sejam eu. É uma emissora que tem uma importância enorme no movimento de rádios livres até por ser uma das poucas iniciativas de univeristários.
Os textos estão aqui. Usei o nome de Diário de Bordo para essa complicação. Foi mais porque eu usei a estrutura do blog que qualquer outra coisa. Não esperem nada do tipo: "...hoje eu acordei e fui para a rádio...", mas é aquela velha mistura de fatos, memória e opinião.

quarta-feira, janeiro 01, 2003

Se eu estiver errado que me corrijam, mas acho que nunca um presidente da República esteve tão exposto como Lula durante o trajeto percorrido da Granja do Torto até o Congresso Nacional. Andando num Rolls Royce conversível, ele se transformou num alvo fácil de atiradores de ovos, para dizer o mínimo. Está certo que trata-se de uma festa popular, afinal foi um presidente eleito em eleições diretas, mas alguns cuidados teriam que ser tomados. Um popular chegou a invadir o automóvel que levava Lula e seu vice-presidente para abraça-lo e quase o derrubou. Foi um inicidente sem maiores consquencias, ainda bem, mas que evidenciou o erro de estratégia.

 
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