terça-feira, março 23, 2004

Reporduzo a seguir uma matéria da agência de notícias espanhola Efe que foi publicada no site Comunique-se.

EFE: Imprensa dos Estados Unidos está sob suspeita por casos de plágio

Eloy Guerrero

Miami (EUA), 23 mar (EFE).- Os recentes casos de plágio colocaram a imprensa americana sob suspeita depois do aumento do controle das informações e declarações recolhidas pelos jornalistas.

O "The Albuquerque Journal" é um dos muitos jornais dos Estados Unidos que começaram a perguntar às pessoas que foram citadas em suas páginas se foram realmente entrevistadas e se as entrevistas foram corretas.

Outros diretores começaram a utilizar o site de buscas Google para comprovar se as entrevistas de seus jornalistas são verdadeiras ou tiradas de outros jornais.

O uso da Internet possibilita também que os jornalistas encontrem em questão de segundos entrevistas ou comentários sobre um tema específico publicado em outros meios de comunicação.

Os últimos escândalos de jornalistas que inventaram ou plagiaram em suas reportagens criou um clima de alarme e suspeitas generalizadas na imprensa americana.

Estes oscilam entre a autoflagelação do "The New York Times" no ano passado pelo caso de Jayson Blair e a recente caça às bruxas no "USA Today", pela demissão de seu principal correspondente, Jack Kelley, por ter inventado entrevistas e depoimentos.

Blair inventou ou se apropriou do material de outros jornalistas em mais de 30 artigos em um ambiente favorecido por alguns executivos que queriam promover um jovem jornalista negro e que ignoraram os contínuos sinais de alarme.

Segundo "The New York Times", desde que o caso Blair foi revelado, mas de dez jornais confirmaram plágios entre seus próprios jornalistas e conclui que é difícil determinar se isto se deve a uma maior vigilância.

No caso Kelley, o jornal "USA Today" não ficou bem parado depois da renúncia forçada do que foi durante mais de 20 anos seu principal jornalista e o qual apresentou em várias ocasiões como candidato aos prêmios jornalísticos Pulitzer.

Alex Jones, uma analista de meios de comunicação da Universidade de Harvard, disse ao mesmo jornal que desmascarar Kelley foi um primeiro passo alentador, mas que essa empresa tem que questionar sua própria cultura editorial, "que permitiu que continuasse plagindo por tanto tempo".

John Hanchette, Prêmio Pulitzer de 1980 e correspondente da rede Gannet (proprietária da "USA Today"), criticou duramente sua antiga empresa quando escreveu o seguinte na publicação "Editors and Publisher":

"Parece pouco ingênuo que a empresa aplauda corporativamente um jornalista por duas décadas, promova-o publicamente e que o indique tantas vezes ao Pulitzer, basicamente por artigos que violam o código de ética da empresa e que agora o acusem de ser o único responsável por ignorar esses princípios".

Hanchette diz, em poucas palavras, que no "USA Today" os altos executivos jornalísticos que permitiram a ascensão de Kelley também deveriam ter renunciado, como Howell Raines Gerald Boyle fizeram no "The New York Times", envergonhados pelo caso Blair.

Na mesma linha, Tom Fiedler, diretor do jornal "The Miami Herald", disse que os culpados terão que se acusar se o "USA Today" quiser solucionar o assunto: "As pessoas têm que assumir suas responsabilidades, principalmente aqueles que estavam na posição de frear Kelley".

Bob Steele, professor de ética do Instituto Poynter de St. Petersburg (Flórida), vai mas além e diz que os erros de Blair e Kelley apontam para uma cultura nas redações que permite a existência dessas mentiras.

"No caso de Kelley, não é só um julgamento contra um jornalista, mas contra os erros cometidos por todo um sistema de controle de qualidade", disse Steele.

Finalmente, muitos executivos se mostraram céticos sobre as medidas de vigilância contra seus próprios jornalistas e duvidam que estas funcionem.

Dean Baquet, diretor dos "Los Angeles Times" disse ao "The New York Times" que esta é uma profissão baseada na confiança e que tem-se que acreditar ou não na palavra do repórter.


Já repararam que nossos jornais e sites noticiosos estão dando ampla cobertura aos casos norte-americanos e deixando de lado os exemplos domésticos?

 
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