terça-feira, maio 27, 2008

E se eu fosse presidente....

Levante a mão quem já fez no colégio a redação com o tema "E se eu fosse presidente da República". E o manjadsíssimo "Minhas férias"? Tive de fazer os dois a pedido das minhas queridas professoras do primário. Não sei bem o que uma criança de 7 ou 8 anos poderia propor de diferente ao país, mas lá estava eu gastando a tinta da caneta para entregar a redação logo e sair correndo a fim de curtir o recreio.

Mas passados tantos anos, ganhei uma certeza do que faria se um dia fosse presidente da Repúlica. Seria uma atitude apenas, talvez a suficiente para me eternizar na história. Não, eu não acabaria com a fome, nem melhoraria a distribuição de renda. Milagre é só na Igreja e essas coisas não dependem só do presidente.

Mas há outras que podem ser resolvidas com uma simples canetada. Meu primeiro e único decreto seria proibir a execução pública de qualquer faixa do disco "Brothers in arms", do Dire Stratis e da música "Sultans of swing".

Antes de mais nada, é lógico que sou contra qualquer tipo de censura, mas acho que a proibição cabe nesse caso.

Hoje de manhã, liguei o rádio bem na hora em que estavam tocando "Sultans of swing" pela enésima vez. E na semana que passou eu ouvi também "Walk of life", "So far away", "Your latest trick".... Há anos ouço essas músicas no rádio de São Paulo. Não tenho uma estatística para oferecer, mas esses hits listados são os campeões de repetição.

Infelizmente, nossos amigos programadores de rádio continuam se lembrando das mesmas coisas na hora de bolar a lista do que vai para o ar. Não há variedade. Não há ousadia. E só mesmo um decreto presidencial para ajuda-los a não recorrer mais a essas "muletas" musicais.

Para ninguém ficar triste, deixarei liberado o "On every street". "Calling Elvis", que abre esse álbum, é muito bacana. O meu medo é ter de voltar ao Planalto novamente só para proibir a overdose de execuções dessa faixa. Vida de presidente não é fácil...


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Publicado no site Laboratório Pop em 2005 ou 2006, acho. Olhando agora, acho que o título deveria ser "Se eu fosse presidente...", mas f***-se.

 
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