sexta-feira, janeiro 10, 2003

A seleção brasileira de futebol, enfim, tem um novo técnico e essa questão de Carlos Alberto Parreira ter dito em entrevistas recentes que não ocuparia mais esse posto a partir de agora é um assunto secundário. Interessa saber qual Parreira irá assumir de fato: o de 1994 ou o de 2002? É a grande dúvida que só irá se resolver depois dos primeiros jogos da seleção neste ano.
Em 1994, encontramos um Parreira que diza frases lapidares do tipo: "o gol é apenas um detalhe". Ele ganhou uma Copa do Mundo à frente da seleção, é verdade, mas depois de irritar meio mundo fazendo o Brasil apresentar um futebol tosco, ultra-hiper-defensivo, com pouquissima criação e dependente dos lampejos de craque de um Romário. Sete anos depois, um susto. Parreira nem parece o técnico da campanha do tetra e dirige um imbatível Corinthians, campeão de duas competições e vice em uma, no qual o destaque era o esquema com três (eu disse três) atacantes, como bem lembrou Alexandre Inagaki dia desses em seu blog.
Esse dilema de um técnico seguir uma linha de trabalho diferente na seleção da não é novo. Luxemburgo fracassou na seleção muito mais por não ter sido aquele técnico quase genial dos anos de 1993, 1994, 1996 (no Palmeiras) e 1998 (no Corinthians). Em vez disso, achou que era o rei da cocada preta e o resultado ele próprio sentiu na pele. Zagallo foi um treinador ousado e inovador em 1970 juntando craques que, segundo os críticos, não poderiam jogar juntos. Mas depois do Tri, também teve uma crise de personalidade, achou que era um semi-deus e perdeu duas copas: 1974 e 1998. Luiz Felipe Scolari não cometeu o mesmo erro. Foi fiel aos seus princípios, ao seu estilo e voltou da Coréia/Japão com o penta. Agora é a vez de Parreira mostrar que tipo de técnico será nessa sua nova fase na seleção. Tomara que ele seja o mesmo do ano passado, caso contrário o torcedor terá de ter uma paciência de Jó para acompanhar os jogos válidos pelas eliminatórias.

Não, não cansei de blogar.

 
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