domingo, março 27, 2005

Uma das coisas que ando feito por aí é escrever para a revista eletrônica Bacana, do jornalista Abonico Ricardo Smith, radicado em Curitiba. Há uns dez anos, eu lia os textos dele na finada General. O tempo passou e hoje ele me chamou para participar do site dele. Estamos ficando velhos...he he he
Publiquei no Bacana dois textos, um, que está na edição mais atual, a 39, foi a entrevista com o também jornalista Guilherme Bryan, autor do livro-reportagem "Quem tem um sonho não dança", sobre a cultura pop dos anos 80.
Na minha estréia, ocorrida na edição 38, escrevi sobre o livro Fama e Anonimato, de Gay Talese, um dos inventores do new jouralism, e aproveitei para falar da onda de lançamentos de livros que tem o jornalismo como tema. Não percam.

terça-feira, março 22, 2005

Surge mais um caso de fraude jornalística no Brasil. Desta vez, a picaretagem não ocorreu em nenhum grande veículo de comunicação. O site do Jornal Laboratório, mantido pelo curso de Comunicação Social da IESB, no qual os alunos publicam seus trabalhos, trouxe uma reportagem sobre um caso raro de infecção no cérebro, resultado de uma aplicação de piercing. A "paciente" estaria internada num hospital da rede Unimed

A aluna responsável pelo texto, após a enorme repercussão da história, assumiu posteriormente que todas as informações contidas nela são falsas, desde o caso em si, até os nomes dos médicos. Depois da revelação, a reportagem foi retirada do site. Em nota oficial, a Coordenação do Curso de Comunicação Social fala que estuda a adoção de medidas disciplinares.

O blog Onzenet publica na íntegra a falsa reportagem a seguir. O texto foi obtido numa lista de discussão sobre jornalismo.

Saúde
Piercing na língua causa infecção cerebral em brasiliense
Primeiro caso no Brasil de infecção no cérebro provocado por piercing de língua
é registrado no Distrito Federal
Por Michelle Dias Piloto

O primeiro caso de infecção no cérebro provocada por um piercing de língua foi
registrado no Distrito Federal em 25 de fevereiro. É o primeiro no Brasil e o
segundo no mundo, segundo o neurocirurgião Marcelo Freitas, do Hospital Unimed,
onde está internada a paciente de 23 anos. A equipe médica informou que a
infecção está sob controle, a paciente está consciente e continua em observação,
mas só terá alta na próxima sexta-feira, dia 11. A jovem sentia fortes dores
de cabeça desde que colocou o piercing, há dois anos, segundo sua mãe, Maria do
Carmo de Souza. Um desmaio foi o que a levou ao hospital, onde os médicos
detectaram a infecção. Bactérias típicas da boca chegaram à corrente sanguínea e
alcançaram o cérebro. A paciente teve que retirar o piercing, foi submetida a
cirurgia e ficou em coma induzido por quatro dias. "Foi o primeiro piercing que
minha filha põs, nunca pensei que o adereço pudesse causar um dano tão grande à
saúde", conta Maria do Carmo.
O dermatologista Edil Ramos, da equipe que atende a jovem, lembra que a língua e
os genitais são as piores escolhas de quem quer usar o adereço. O especialista
recebe queixas freqüentes de dentes deslocados pelo contato com a peça e gengivas irritadas. Por serem regiões úmidas e muito vascularizadas, são vulneráveis a infecções. Em sua opinião, o melhor local para colocar o piercing é o lóbulo da orelha.
"Segundo a dentista Lidiane Britto, os problemas mais comuns na língua são a
halitose, a periodontite, dentes quebrados, dificuldade de fala e lesões no
palato por atrito. Mas também existe a possibilidade de transmissão de viroses,
como hepatite e AIDS.
O câncer bucal está relacionado a muitos fatores, como o fumo e o álcool, entre
outros. "Para quem fuma, bebe e usa piercing, as chances de câncer aumentam",
adverte a odontologista.
Apesar de tantos riscos, a adesão ao piercing de língua cresce entre os jovens.
Em São Paulo, uma lei estadual (lei nº 9.828/1997) proíbe a perfuração em
menores de idade mesmo com a autorização dos pais. Em Brasília, não há
regulamentação sobre o assunto. Para a adolescente Larissa Guedes, de 17 anos,
foi a melhor experiência de sua vida. A mãe foi com ela e as duas colocaram
piercing no umbigo. Ao contrário de Larissa, Débora Fontes, de 22 anos, foi
expulsa de casa por colocar cinco piercings.
A psicanalista Caroline Macedo relata que há casos em que adolescentes colocam
as peças para chamar a atenção dos adultos. Outros adeptos vivem um processo de
erotização da dor semelhante ao experimentado pelos sadomasoquistas. "A dor é
grande, mas para eles o prazer da perfuração é quase sexual", diz. Essa teoria
não explica a massificação do uso do piercing que, segundo a psicanalista, faz
parte de um conjunto de tendências estéticas que envolvem a manipulação do corpo
em busca da beleza, como é o caso das lipoaspirações e das próteses de silicone.
(publicado em 04/03/2005)

sábado, março 19, 2005

LABORATÓRIO POP DE VOLTA ÀS BANCAS COM O FILHO DO STING


Assim como o pai, ele adora corais búlgaros. E está na capa da terceira
edição da LABORATÓRIO POP, que está nas bancas. O pai em questão é Gordon
Sumner, gênio da música pop mais conhecido pela alcunha de Sting. O filho
pouca gente conhece, mas, seguindo sua ousada linha editorial e razão de
existir, a LABORATÓRIO POP o apresenta aos leitores brasileiros. Trata-se de
Joe Sumner, vocalista e guitarrista da ótima banda Fiction Plane, que
concedeu entrevista exclusiva e bem-humorada ao editor Mario Marques. A
melhor notícia: o avião do filho do Sting estará aportando em maio no
Brasil, mais especificamente em Natal, onde a banda será uma das principais
atrações do festival Mada, evento parceiro da publicação.

A LABORATÓRIO POP, lançada no final de 2003 em edição virtual
(www.laboratoriopop.com.br) e em junho de 2004 em edição impressa, recomeça
2005 com sua terceira edição. O desafio é manter a periodicidade mensal e
conservar a linha editorial que privilegia os novos nomes da música pop,
nacionais e internacionais. Tendo à frente da edição o jornalista Mario
Marques e o produtor cultural Jomardo Jomas, a revista e o site contam ainda
com um time de colaboradores que inclui os nomes de Antônio Carlos Miguel,
Luiz Cesar Pimentel, Bruno Gouveia, Dirley Fernandes e Mauro Sta Cecilia,
entre outros.

Além da matéria de capa, a LABORATÓRIO POP 3 conta ainda com uma reportagem
especial com os dez artistas mais chatos do pop nacional em 2004, eleitos
numa enquete que inclui depoimentos de dezenas de jornalistas
especializados, e-mails de leitores para o site e posts enviados para a
movimentada comunidade da LABORATÓRIO POP no Orkut. O campeão absoluto na
lembrança de jornalistas e leitores foi Humberto Gessinger, dos Engenheiros
do Hawaii, talvez como uma homenagem aos seus 20 anos de carreira. Nas
seções Laboratório Crítico e Display, mais de 50 lançamentos, entre CDs e
DVDs, são resenhados pelo time de críticos da revista. Entre e ouça.

Tem nego que escreve artigo de jornal falando mal do Orkut só porque as sacanagens que ele fez viraram tema de tópicos em algumsas comunidades...que coisa, não?

sexta-feira, março 18, 2005

Hunters falsos surgem no Brasil
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Em preparação a uma reportagem que fiz para a TV sobre o escritor americano Hunter S. Thompson, que se suicidou há três semanas, voltei a mergulhar no universo alucinado da figura. Reli livros, viajei numa excelente coletânea de cartas ("The Proud Highway"), peguei de novo duas biografias ("The Strange and Terrible Saga of Hunter S. Thompson", de Paul Perry, e "Hunter", de E. Jean Carroll). E, é claro, naveguei pela internet, onde acabei descobrindo muitos brasileiros "influenciados" por HST.
Essa suposta influência é, por um lado, positiva e não chega a ser incomum (nos países de língua inglesa, todo jornalista com aspirações literárias se abastece de idéias do arsenal de Hunter, assim como a geração de Hunter se espelhou em Ernest Hemingway, que também se suicidou com 60 e alguns anos).
Mas, voltando aos brasileiros, nessa pesquisa pela internet, fiquei sabendo que, até pouco tempo atrás, só um livro de Hunter tinha saído aqui: "Fear and Loathing in Las Vegas", com o nome de "Las Vegas na Cabeça". Já era difícil achar na época (anos 80), hoje nem se fala. Agora, a Conrad publica também "A Grande Caçada aos Tubarões" e "Hell's Angels, Medo e Delírio sobre Duas Rodas".
Com pouca coisa em português, será que Hunter pode mesmo ser tão influente no Brasil? Numa primeira impressão, sim. Afinal, existem até sites brasileiros de jornalismo gonzo (o estilo doidão de reportagem, inventado por HST). Mas um olhar um pouco mais atento escancara a farsa. Não quero dar nomes nem massacrar a carreira de ninguém -acredito sinceramente que, com o tempo, alguns desses gonzos brasileiros podem manifestar algum talento.
Mas o que vi na internet -blogs pessoais, contos, histórias curtas, trechos de romances já publicados (!!)- é apavorante. Textos primários, toscos, de gente cujo problema não é só nunca ter lido Hunter S. Thompon. É nunca ter lido nada, ponto final.
Em 1993, século passado, escrevi um longo texto sobre HST para a hoje extinta revista "General". A "General" foi para o jornalismo cultural brasileiro o que o Velvet Underground foi para o rock americano. Pouca gente leu, mas quem leu tomou uma atitude e se virou na vida.
Deve ser pretensão minha, mas realmente tenho a impressão de que esses gonzos brasileiros viram só a "General", aprenderam que Hunter era um bêbado e drogado e decidiram seguir a linha.
Só esqueceram uma coisa: com a mesma voracidade com que bebia e se drogava, Hunter lia.
E lia tanto e tão desesperadamente que chegou a redatilografar livros inteiros de seu ídolos, Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, só para reproduzir a sensação de escrever tão bem.
Nossos medíocres gonzos locais ainda têm de aprender essa lição. Quem não leu nada não pode escrever bem. Não se faz literatura de orelhada.


O artigo acima foi o segundo escrito por Álvaro Pereira Jr. a repeito de Hunter S. Thompon depois do anúnicio da morte do gonzo-jornalista. Não vou me ater à opinião de Álvaro, até porque opinião é opinião. Ponto. O que pegou foi uma informação que está no primeiro parágrafo do texto. Ele "descobriu" a influência exercida por HST em muitos jornalistas brasileiros. E pelo jeito, essa descoberta ocorreu totalmente por acaso. Se HST continuasse vivo, Álvaro talvez nem se desse conta desse fato.

O que seria pior: fazer literatura de orelhada, como diz Álvaro para alfinetar os gonzos brazucas, ou se mostrar alheio ao que acontece em seu próprio metier (o jornalismo)?

As primeiras linhas do texto aí de cima são a demonstração clara de vários defeitos comuns aos jornalistas em geral: achar que já se sabe de tudo; se importar apenas com o próprio umbigo; se esquecer que existe um mundo lá fora; não sujar os sapatos (para citar outro jornalista-literato que é Gay Talese), seja no sentido real ou figurativo.

Sobre a matéria no Fantástico a respeito do tempo em que HST viveu no Brasil, pode-se dizer que ela decepcionou e isso não é uma novidade. Uma das histórias mais importantes de HST no Brasil ficou de fora, que foi sua prisão. O próprio Álvaro a contou no texto da General: ele estava praticando tiro ao alvo em um local proíbido por aqui. Foi parar numa delegacia e estava quase se safando, após passar uma tremenda sabonetada no delegado. Porém, ao apoiar o pé numa mesa, várias balas que estavam em seu bolso cairam ao chão. Um tremendo mico. O Fantástico não trouxe isso.

Decepção semelhante ocorreu quando Álvaro fez uma reportagem para o mesmo programa a respeito da passagem de Kurt Cobain pelo Brasil. Histórias interessantes, daquelas que dão um molho bacana, como a entrevista que o cantor deu a um grupo de fanizeiros brasileiros, entre os quais estava, Rodrigo Lairú (comandante do selo midsummer madness), ficou de fora.

quinta-feira, março 17, 2005

Aviso do chapa Gilberto Custódio Jr.

Camaradas,

Quinta-feira, dia 17/03, será lançado o fanzine Esquizofrenia # 16. A festa vai
ser no Milo Garage, a partir das 22:00 hs. Vou discotecar no dia, naquele
esquema padrão de qualidade Generics e a banda Antebraço vai tocar ao vivo (uma
das melhores da cidade).

O zine tem 40 páginas e será vendido no local, na barraquinha da Peligro. O
conteúdo é imenso, não dá pra citar aqui, mas Esquizofrenia é para quem curte
literatura maldita e transgressora, música underground e doideiras em geral.

Sábado vou fazer o lançamento no Atari. O zine estará sendo vendido no caixa. A
banda Pic-Nic (RJ) vai tocar ao vivo e eu vou discotecar no começo da noite.

Milo Garage: Rua Minas Gerais, 203
Atari Club: Al. Lorena, 2155

 
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