Tou devendo um post pra Mimi sobre um amigo meu que é a cara do Lester Bangs, o crítico musical que está sendo "hypado" pelo pessoal da Zero. Eu conhecia o trabalho de Bangs, mas não tinha visto ainda a sua foto. Quando li a reportagem que saiu na primeira edição tomei um susto. Parecia que eu estava vendo meu grande amigo e parceiro de Rádio Onze, José Roberto Reder Borges.
Quem aí lembra de uns cartazes que volta e meia apareciam colados nas paredes de São Paulo com frases de efeito contra os políticos assinados por um certo Partido Abstrato Tropical Onírico (Pato)? Reder Borges, proprietário de uma modesta gráfica de lambes-lambes na Av. São João, era o responsável por eles. Dono de um senso de humor bastante apurado e com uma agilidade mental ímpar, ele preenchia os muros da cidade com a sua visão bastante peculiar das coisas. Anarquista convicto, ele encontrou nos cartazes uma forma de uma forma de protesto contra o então governo Collor, em 1991. A idéia deu tão certo que o amigo do PC Farias deixou de ser alvo preferencial e outros políticos de diferentes tendências também entraram na dança. Luiza Erundina, Orestes Quercia, Paulo Maluf, FHC, Itamar Franco, nenhum deles foi poupado pela irônia de Reder Borges. O forte estava nas frases de efeito: "O Brasil tá uma Mesbla" (citação ao estado falimentar da prestigaida loja de departamentos), "Adib, aqui Jatene imposto demais" (contra o Ipmf), "Itamar, a burrice ofusca" e "Votou no PT, tomou no IPTU". "Reder exerce sua cidadania através do riso", observou bem o jornalista Alceu Luis Castilho num perfil publicado no tradicional "O Estado de S. Paulo", em 21 de setembro de 1996.
Reder Borges fez parte do quadro de programadores da Rádio Onze e foi um de seus integrantes mais ativos. Levado para lá por Chico Lobo, conquistou a todos com sua simpatia. A sua parceiria com a Onze trouxe grandes frutos para ambas as partes. Ele quem deu a idéia de fazermos uma campanha contra a reabertura do Elevado Costa e Silva, o Minhocão, ao trafego noturno, isso em 1996. Na época, o então prefeito Paulo Maluf tinha desse desejo, o que causaria mais transtornos aos moradores do prédio que circundam o viaduto. A resposta veio através da campanha "Maluf, deixe-nos dormir em paz". Além dos cartazes de Reder, foram incluidas vinhetas na programação da Rádio Onze explicando o que queriamos e quais seriam os malefícios de tal decisão do prefeito.
Reder era o rei das terças-feiras da Rádio Onze, as 19h, o horário nobre da emissora. Em vez de transmitir "A Voz do Brasil", colocavamos no ar os programas de destaque. Em vez de ir para a faculdade, lá estava eu nos estúdios para ajuda-lo no comando do programa. Fazia a mesa de som e dava uns palpites também. Em meio a várias músicas de Led Zeppelin, Bread, Elton John, eu e Reder tentavamos analisar a conjuntura política do país, sempre com muito bom humor. Ele foi um dos que ficou na Onze até o seu final.
Hoje, Reder mora em Barueri e eu estou lhe devendo uma ligação telefônica. Ainda não tive a oportunidade de dizer que ele é a cara do Lester Bangs.
Ah, para conhecer um pouco mais do Pato, visite o espaço cedido a ele na página da Rádio Onze. Clique aqui.
sábado, agosto 17, 2002
Postado por Rodney Brocanelli às 5:24 PM 0 comentários
Quanto mais o tempo passa, mas eu comprovo a indigência daqueles que tem o poder de decisão das músicas que tocam no rádio. Por exemplo, existe uma rádio aqui em São Paulo que se diz tocar a "nova música brasileira" Porém, a emissora até agora ignora o mais recente álbum do Fellini, já devida e exaustivamente analisado aqui neste blog. A faixa-título "Amanhã é Tarde" caberia muito bem na programação não apenas dessa, mas de qualquer outra rádio que tivesse um mínimo de consideração com seus ouvintes. Se o Lariú, da mmrecords, dispusesse da tal "verba de divulgação" as coisas seriam diferentes?
Outro caso interessante é o da banda Drugstore, da vocalista Isabel Monteiro. No ano passado, eles soltaram o ótimo "Songs from The Jet Set". O álbum ganhou ótimos elogios da crítica brasileira, tem faixas acessíveis a todos os gostos (ouça Flying Down To Rio), mas não toca nas nossas rádios ditas de rock. Nem o fato de Isabel ser brasileira, nascida em São Paulo, consipra a favor. Curioso notar que muito do hype do Strokes em terra brasilis se deve ao fato do seu bateirista ter nacionalidade brasileira. Para uns funciona, para outros, não, pelo jeito. Para fechar, pego uma música da banda Air. "You Make Me Easy" poderia estar em alta rotação na Alhpa e na Antena 1, mas elas preferem apenas lidar com músicas já conhecidas pelo público.
São apenas três exemplos entre vários. Imagino que todos têm uma lista de músicas que são injustamente excluídas do play-list das rádios.
Postado por Rodney Brocanelli às 12:50 AM 0 comentários