sexta-feira, setembro 20, 2002

Estranho, muito estranho. Nessa semana o Gilberto Custódio Jr. veiculou no seu Esquizofrenia uma entrevista com o Kid Vinil. Nela, o nosso homem multí-midia (radialista, vocalista, diretor de gravadora e jornalista) se mostrava satisfeito com seu programa de rádio na Brasil 2000 FM, apresentado entre 15h e 16h, na qual ele tocava sons bacanas. Pelas suas declarações, foi posível concluir que tudo corria bem e não havia perspectiva de mudanças imediatas. Hoje, porém, fui surpreendido com uma nota no blog Rádio Base. Dizia que esse seu espaço diário da tarde foi extinto assim sem mais nem menos. Hoje, sexta-feira, foi ao ar a última apresentação. Continuam na emissora apenas os drops espalhados ao longo da programação (as Dicas do Vinil), um horário aos sábados, e fica a promessa de que Kid vai assumir um novo horário noturno. É esperar para ver.

Você já ouviu falar de John Peel? Não? Pensa bem. Seu nome é muito citado por aqui nas revistas especializadas em música e nas seções de discos dos jornais. Ainda assim, não conseguiu lembrar? Tá bem, eu explico. Peel é um dos apresentadores de rádio mais populares da Inglaterra. Trabalha na BBC One, dedicada ao público jovem. O perfil da emissora é o mais pop possível e lá toca de tudo, desde o rock and roll básico até drum n'bass e quetais. Um dado curioso: a BBC One foi criada como uma resposta a Caroline, uma rádio pirata que atraiu a moçada na década de 50 tocando o emergente rock americano: Chuck Berry, Elvis, entre outros... John Peel é um de seus astros. São famosos os programas que ele comanda com apresentação de bandas ao vivo. Não ná ninguém no mundo do rock inglês que não tenha tocado nas "Peel Sessions". Algumas delas acabam ficando tão bacanas que são editadas comercialmente, depois de algum tempo. Um dos selos que se dedica a isso chama-se Strange Fruit (quem sabe um dia alguma coisa chega por aqui).
Além disso, Peel tem um outro espaço na BBC One no qual toca músicas do mundo todo. Muitos não devem saber, mas duas bandas brasileiras já fizeram parte dessa programação: Fellini e brincando de deus. Curioso notar que as ambas são independentes, não tinham uma estrutura de grandes gravadoras ajudando na divulgação. Foi tudo na cara e coragem mesmo. Pena que figurar no play-list de Peel não tenha servido de impulso as suas carreiras por aqui.
Apesar de ser muito citado pela imprensa musical brasileira, até hoje nenhum jornalista se aventurou a fazer uma entrevista ou escrever um perfil de John Peel (um vovô, segundo Tom Leão). O cara é um mito e deve ter muitas e muitas histórias para contar. Não creio que ele faça o gênero Dalton Trevisan. Por que então não se tenta preencher essa lacuna?

 
www.e-referrer.com