quarta-feira, agosto 28, 2002

Nada como um dia após o outro. Por muito tempo andou-se divulgando por aí que as rádios piratas eram um risco à sociedade devido a interferência que elas causariam aos sistema de comunicação da polícia e dos aerportos. Isso pode acontecer, sim, mas apenas com transmissores caseiros de má qualidade. Se o equipamento estiver devidamente calibrado (o que é a regra geral), não há qualquer tipo de problema. Em 1996, uma campanha da Aesp (Associação das Emissoras de Rádio e Tv do Estado de São Paulo), procurou bater sistemáticamente nesta tecla do risco. Uma boa parcela da população acabou acreditando neste lado da história que se quis contar. O preconceito contra as rádios piratas aumentou por conta disto. Porém, várias dessas emissoras que posavam de boazinhas nesta história talvez devam rever sua posição. A matéria da Laura Mattos, na Folha de S. Paulo de hoje, mostra que muitas antenas de rádio e tv localizadas na região da Av Paulista geram fortes interferências eletromagnéticas. E agora?
No finalzinho do texto, Laura adverte que: "os donos das antenas instaladas na Paulista têm muito o que temer. Principalmente aqueles que montam _na cara dura_ transmissores potentes para levar rádios piratas ao ar." Não sei exatamente a que ela quis se referir, mas até onde sei, é praticamente impossível o sinal de uma rádio pirata sobreviver saindo da Paulista. Além do mais, seria um suícidio fazer isso, é pedir para que a fiscalização da Anatel caia em cima. Muitos piratas preferem transmitir de outra região alta da cidade de São Paulo, o Pico do Jaraguá (local que historicamente abrigava as antenas das emissoras de rádio e tv até os anos 80 quando aconteceu o processo de migração). De lá, o sinal se propaga sem problemas, atingindo boa parte da cidade. Um exemplo, é a Planeta 90 (90,9Mhz) de propriedade do falso padre Chico (rádio já citada aqui neste blog várias vezes).
Vale destacar aqui que Laura Mattos faz uma das melhores coberturas sobre o rádio atualmente na grande imprensa. O tema andou esquecido durante algum tempo, principalmente na Folha de S. Paulo. Graças à uma boa sacada do jornalista Daniel Castro, o assunto voltou a ocupar as páginas do jornal no final da década de 90. Pena que outros jornais não seguir o mesmo exemplo da Folha. Pelo fato de alguns pertencerem a grupos que possuem estações de rádio, a cobertura acaba sendo parcial demais. É só notar o que os jornais do Grupo Estado fazem com a Rádio Eldorado. Ah, para não dizer que tudo são flores na cobertura da Folha, deve-se lembrar que a campanha contra a obrigatoriedade da transmissão de "A Voz do Brasil" foi praticamente ignorada. Isto porque quem estava na linha de frente era a Eldorado.

 
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