segunda-feira, setembro 30, 2002

O vestibular está chegando aí e acho que o momento é oportuno para desencavar um artigo que eu fiz para o Euqueromais analisando um pouco mais desse fantasma que tira o sono dos adolescentes (e de muito marmanjo por aí). Leia a íntegra a seguir

Alguns palpites sobre o vestibular

Antes de começar esse artigo, é interessante dar uma explicação. O vestibular pode e deve ser dividido em dois tipos: o exame de admissão das universidades públicas e o exame de admissão das universidades particulares. Feita essa explicação, dá para começar a falar dessa instituição controvertida, objeto de amplos debates.

O que tira o sono mesmo de pais e alunos é o vestibular das universidades públicas. Afinal, quem não sonha em entrar para uma Usp, Unesp ou Unicamp, só para citar algumas? O ensino é bom (o Provão está aí para não me deixar desmentir) e, o mais importante, gratuito. E como dinheiro não dá em árvores mesmo, todos, sem distinção de classes sócio-econômicas, concentram suas energias no ingresso a uma vaga numa universidade gratuita. Começam aí os problemas que todos já conhecem: pressão dos pais, da família, dos amigos, da sociedade, da namorada, do cachorro, a autopressão...Quem conseguir lidar melhor com elas, consegue sucesso no exame. Já quem não consegue... Uma frase de um professor de cursinho dizia que o vestibular não é para os inteligentes, mas para os espertos. E ele tem razão. O diferencial não é apenas se preparar bem, se matar de estudar, perder dias e noites decorando datas e fórmulas. É estar relaxado o suficiente para na hora da prova não pintar o famoso branco na cabeça. Eu, você, enfim todos nós, temos casos de amigos que são perfeitos CDFs, sabem tudo a respeito das matérias mais complicadas, mas sempre colecionam insucessos nos vestibulares por causa de uma má preparação mental.

Bom, mas nem tudo está perdido. Existe uma saída para aqueles que fracassam ao tentar entrar numa universidade pública...sim, elas mesmas, as universidades particulares!!! Tem uma em cada quarteirão, sempre disposta a acolher com muito carinho os alunos não aprovados pelas Usps, Unesps e Unicamps da vida. Mas não se impressione com isso...elas estão unicamente é de olho no bolso dos pais desses coitadinhos. Assim como os cursinhos pré-vestibulares, uma verdadeira mina de ouro na mão de certos educadores, mas essa é uma outra (e longa) história. Por essas e outras que o vestibular não vai acabar tão cedo. Claro que o ideal seria que as universidades admitissem os alunos através do seu desempenho no chamado ensino médio, mas é complicado. O vestibular é uma indústria que movimenta milhões de reais, oferece empregos e gera impostos (é nisso que o governo está de olho).

Entrar numa universidade, pública ou não, é legal, satisfaz o próprio ego (e principalmente dos pais), mas não resolve tudo na vida. O diploma em si no final do curso universitário não garante colocação no mercado de trabalho. A qualificação que uma faculdade oferece é importante, mas para se conseguir um emprego vale na hora H muito mais o QI (quem indica). É a velha história: sair do caldeirão (o vestibular) para cair no fogo (a falta de perspectiva de se arrumar um emprego na área escolhida).

Tá, é uma visão pessimista demais? É, mas alguém tem que falar isso, afinal a vida não é um mar de rosas. No mais, desejo meu boa sorte a você vestibulando.


É claro que esse artigo não chega aos pés de uma crônica escrita por Luis Fernando Veríssimo. Chama-se "O Flagelo do Vestibular". É, ao meu ver, o texto definitivo sobre o assunto.

 
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