sábado, agosto 31, 2002

O Charles Brito, em seu Nonstop, faz uma excelente análise comparativa da cobetura que os nossos grandes jornais fizeram a respeito do lançamento de "Eu Não Peço Desculpa", álbum de Caetano Veloso e Jorge Mautner. Sua conclusão? Bem, só conferindo mesmo, mas posso antecipar que não é das melhores. Há uma citação ao blog Onzenet, a respeito de um post sobre a influência (nefasta) de Gil e Caetano na imprensa cultural brasileira. A base para divulgar essa informação foi uma entrevista com o jornalista Claudio Tognolli à revista Caros Amigos. Eu queria muito reproduzir aqui na íntegra exatemente o que ele disse a respeito da Máfia do Dendê, mas não acho isso em nenhum site, nem mesmo no da Caros Amigos. No entanto, encontrei outros dois, nos quais ele dá pinceladas de leve sobre o assunto. Um deles é o "Profissão: Repórter". O outro é um site feito por alunos da ECA-USP, o Reescrita. Aqui, há um errinho chato. O sobrenome do crítico musical Luis Antonio Giron foi mudado para Zironda, mas o essencial não está comprometido por causa disso.
Tognolli tem um site pessoal na Internet no qual ele pendura seus textos: http://www.tognolli.hpg.ig.com.br/index.html

Blogueiro que se preza sabe o que é o Toplinks. Porém, como eu não falo aqui só para convertidos, vou tentar explicar: É uma ferramenta que cataloga os links disponibilizados (ops, não resisiti a usar essa palavra) nas últimas 24 horas em mais de 3000 weblogs em português. Se eu colocar aqui um link para qualquer outro blog ou outro site, os robôs adestrados pelo Cris Dias fazem o registro para automaticamente entrar na lista do Toplinks. Para entrar nessa listagem, o site atribui uma pontuação específica. Como explicou Dias no FAQ, trata-se "uma maneira fácil de saber os 'assuntos do dia' na Internet. Vou mais além. Graças ao Toplinks, é possível descobrir que os blogueiros em geral falam sempre das mesmas coisas (claro que cada um tem a sua abordagem). Por exemplo, na lista de hoje (31.08) o que está em primeiro lugar é um link para uma reportagem do UOL Música sobre o fato de Alanis Morrisette ter declarado que deseja que um de seus futuros filhos seja gay. Três blogs dedicaram links a esse assunto. Como o sistema é dinâmico, amanhã ou depois outro assunto pode estar no topo da lista. É uma ferramenta fundamental para blogueiros e curiosos em geral. O Onzenet está entre os blogs visitados pelos robôs do Toplinks.

sexta-feira, agosto 30, 2002

Mais uma rádio comuntiária é fechada:

A rádio Bicuda FM é uma das mais importantes emissoras comunitárias do país. Funciona na Zona da Leopoldina, subúrbio carioca com mais de um milhão de habitantes e se articula a partir de uma ONG ambientalista que luta pela preservação da única área verde da região. Mas, a Bicuda FM também é parceira da Fundação Oswaldo Cruz em programas de saúde, divulga a cultura local e ajuda na organização dos diversos movimentos sociais da Leopoldina.
Pois bem, neste dia 29, a polícia federal invadiu a emissora com diversos homens armados. As três pessoas que estavam no local foram impedidas de usar telefones. Uma moradora ainda tentou fotografar o que estava acontecendo, mas teve seu filme apreendido.
Uma casa foi invadida, sem mandato, na busca do transmissor. Pessoas foram ameaçadas. Mas, a polícia não lacrou o transmissor. Ela simplesmente roubou todos os equipamentos da emissora, muitos doados pelo próprio Ministério da Saúde, avaliados em mais de R$ 20 mil e possuidores de nota fiscal. Bem como, roubou também o acervo da programação da rádio, CDs virgens e até objetos pessoais.
Durante horas os três companheiros da rádio foram mantidos na polícia federal, apenas libertados sob fiança e agora terão que responder a processo.
O governo que fez isso é o mesmo que distribui concessões de emissoras educativas para políticos e que permitiu emissoras de TV paga funcionarem durante anos sem uma regulamentação para o setor (mesmo caso da radiodifusão comunitária que é tratada como criminosa).
O que está em jogo é muito mais do a defesa de uma importante emissora comunitária. Estamos vendo, dia após dia, a construção de uma democracia de fachada. Onde a população não é chamada para tomar as decisões mais importantes sobre o seu próprio destino. Onde o Poder Executivo arranca atribuições dos demais poderes. E, por último, onde o direito de expressão, a possibilidade de comunicar uns com os outros é reprimida com armas.


Enquanto isso a Rádio Planeta 90 (90,1MHz), aqui de São Paulo, pertencente ao falso padre Chico permanece operando.

Mexi na redação de alguns posts e consertei algumas coisinhas que não estavam legais (o post abaixo sobre rádio estava uma catástrofe, por exemplo). Se alguém aí perceber qualquer outro tipo de problema, me dê um toque eu resolvo a parada.

E o blog Onzenet está caminhando para a marca de 1000 visitas.

quarta-feira, agosto 28, 2002

Nada como um dia após o outro. Por muito tempo andou-se divulgando por aí que as rádios piratas eram um risco à sociedade devido a interferência que elas causariam aos sistema de comunicação da polícia e dos aerportos. Isso pode acontecer, sim, mas apenas com transmissores caseiros de má qualidade. Se o equipamento estiver devidamente calibrado (o que é a regra geral), não há qualquer tipo de problema. Em 1996, uma campanha da Aesp (Associação das Emissoras de Rádio e Tv do Estado de São Paulo), procurou bater sistemáticamente nesta tecla do risco. Uma boa parcela da população acabou acreditando neste lado da história que se quis contar. O preconceito contra as rádios piratas aumentou por conta disto. Porém, várias dessas emissoras que posavam de boazinhas nesta história talvez devam rever sua posição. A matéria da Laura Mattos, na Folha de S. Paulo de hoje, mostra que muitas antenas de rádio e tv localizadas na região da Av Paulista geram fortes interferências eletromagnéticas. E agora?
No finalzinho do texto, Laura adverte que: "os donos das antenas instaladas na Paulista têm muito o que temer. Principalmente aqueles que montam _na cara dura_ transmissores potentes para levar rádios piratas ao ar." Não sei exatamente a que ela quis se referir, mas até onde sei, é praticamente impossível o sinal de uma rádio pirata sobreviver saindo da Paulista. Além do mais, seria um suícidio fazer isso, é pedir para que a fiscalização da Anatel caia em cima. Muitos piratas preferem transmitir de outra região alta da cidade de São Paulo, o Pico do Jaraguá (local que historicamente abrigava as antenas das emissoras de rádio e tv até os anos 80 quando aconteceu o processo de migração). De lá, o sinal se propaga sem problemas, atingindo boa parte da cidade. Um exemplo, é a Planeta 90 (90,9Mhz) de propriedade do falso padre Chico (rádio já citada aqui neste blog várias vezes).
Vale destacar aqui que Laura Mattos faz uma das melhores coberturas sobre o rádio atualmente na grande imprensa. O tema andou esquecido durante algum tempo, principalmente na Folha de S. Paulo. Graças à uma boa sacada do jornalista Daniel Castro, o assunto voltou a ocupar as páginas do jornal no final da década de 90. Pena que outros jornais não seguir o mesmo exemplo da Folha. Pelo fato de alguns pertencerem a grupos que possuem estações de rádio, a cobertura acaba sendo parcial demais. É só notar o que os jornais do Grupo Estado fazem com a Rádio Eldorado. Ah, para não dizer que tudo são flores na cobertura da Folha, deve-se lembrar que a campanha contra a obrigatoriedade da transmissão de "A Voz do Brasil" foi praticamente ignorada. Isto porque quem estava na linha de frente era a Eldorado.

terça-feira, agosto 27, 2002

E finalmente está no ar a versão on line do zine Esquizofrenia. Sobre a sua versão impressa eu já falei aqui. É só dar um Crtl + F, digitar a palavra-chave esquizofrenia e procurar pelos posts abaixo. O Gilberto Custódio Jr. edita a versão do zine em papel desde 1994. Tava demorando para que ele entrasse na grande rede. Mas a espera valeu. O visual é de primeira. A idéia era que o site tivesse a cara de um zine impresso, como explica Gilberto em seu editorial. Quando um zine se lança na Internet a idéia é fazer um design específico para o meio. No caso do Esquizofrenia, procurou-se inverter essa lógica e o desafio foi vencido com grandes méritos.
Esse visual bacana serve como suporte para os textos apaixonados de Gilberto. Sua redação evoluiu muito nos últimos tempos O grande destaque fica por conta do perfil com o Dexy’s Midnight Runners . Ele consegue provar que o trabalho da banda não se resume apenas ao hit “Come On Eileen”. Vale a pena dar uma lida. Além desse tipo de artigo, o Esquizofrenia comporta também resenhas e entrevistas, como a de Marcelo Collares, do Cigarretes. O e-zine terá atualizações quase que diárias, portanto é bom ficar atento.
O Gilberto concedeu uma entrevista para o portal Entretenimento Eletrônico (ligado à revista Play) na qual ele fala um pouco mais do zine. O entrevistador deu algumas escorregadas, mas isso não compromente a pauta (perguntar se o Esquizofrenia tem reunião de pauta me pareceu um pouco demais; em geral, publicações desse tipo não trabalham assim). O resultado pode ser lido aqui.

segunda-feira, agosto 26, 2002

Quando uma gravadora solta uma coletânea de um determinado artista ou banda a primeira reação é torcer o nariz. "Oh, não lá vem mais um caça-níqueis", devem pensar muitos. Na grande maioria das vezes, esse tipo de reação é plenamente justificável. A principal intenção é ganhar ainda mais dinheiro juntando antigos sucessos, como é o famoso caso do CD com os grandes sucessos da Legião Urbana. Com isso, o seu principal objetivo, que é a de traçar um painel histórico através das músicas, acaba se perdendo. Não é o caso de 21 singles, que traz em retrospectiva a carreira de The Jesus and Mary Chain. A banda formada pelos irmãos Reid já não está na ativa há muito tempo. Culpa das eternas brigas inter-sanguineas. O legado que eles deixaram, no entanto, não é de se jogar fora. Eles trouxeram para os anos 80 toda o noise que o Velvet Underground fez com perfeição nos 60.
Como em todo lançamento dessa natureza, há perfeições e esquecimentos, mas o produto final será bastante agradável aos ouvintes e fãs. O Luciano Vianna, do London Burning diz que os 4 primeiros álbuns do Jesus deveriam fazer parte de qualquer discoteca básica. Creio que não seja necessário tanto. As obras-primas são realmente os dois primeiros, estes sim indispensáveis. "Psicocandy", de 1985, é onde está concentrado o maior nível de distorção encontrável em qualquer álbum da década. Em 1988, com "Darklands" quando todos esperavam mais barulho, eles surpreenderam. A música estava mais acessível e limpa, porém não menos impactante. As melhores faixas, aquelas que já estão no panteão dos clássicos são: "April Skies" e "Happy When It Rains", recentemente coverizada para um comercial brasieiro de uma conhecida marca automotiva.
Um dado interessante e pessoal: quem me emprestou Darklands para que eu o copiasse numa fita cassete em casa foi o Álvaro Pereira Jr. Acho que ele nem deve se lembrar mais disso. Naquela época ele era um sujeito bacana, não essa imitação de Mr. Burns (personagem dos Simpsons) que acompanhamos hoje.

sábado, agosto 24, 2002

Tem blog novo nos links aí do lado. É o da Tamine, agora com outro nome (cruz credo) e novo lay out. É o substituto do Blue Guitar. Ela enganou a todos dizendo que ia parar de fazer blog, mas tudo não passou de uma jogada de marketing..he he he. Sorte dos leitores.

Pois é, a volta da Fluminense parece não estar agradando a uma parcela do público rocker. A reclamação principal é pelo fato de constarem no play-list bandas como Guns n'Roses, como informa o Rádio Base. O jornalista Tom Leão, no seu blog, traz mais informações sobre a emissora. Segundo o diretor de programação José Roberto Mahr, a intenção é pegar leve com relação a programação musical nesse início para depois, com o passar do tempo, radicalizar. Se essa idéia der certo será a primeira vez que isso acontece na história do rádio brasileiro. A regra geral foi sempre o inverso: emissoras que começam com uma proposta legal, tocando sons alternativos, e depois, descambam pro pop. Uma coisa me chamou a antenção no texto de Leão, a saber:
ze disse q so daqui ha dois ou tres meses é q a flu vai comecar a entrar nos eixos, pois so ai chegara a pesquisa ibope do perido. e, amiguinhos, com ou sem rock, se a radio cair no ibope em relacao a jovem rio, ela dança de vez, ja q nada hoje em dia vive sem anunciantes. é a lei da selva... Ok, se existe essa pressão para a Flu FM dar certo no Ibope, porque então não tê-la deixado no AM, esperando a entrada da tecnologia digital?

Lá estou eu de novo no Observatório da Imprensa. Dessa vez, compareci com um artigo sobre rádios piratas.

Vou colocar mais uma vez um recadinho que eu postei aqui no dia 12 de maio:

Enfim, não sei se esse blog têm leitores fiéis, daqueles que passam por aqui com uma certa frequência, mas aconselho a esses a darem uma relida nos posts, caso tenham um tempinho. Sempre pode pintar alguma novidade.

É bom reiterar isso, pois eu dou uma mexida para corrigir certos problemas em alguns textos, como redundâncias, repetições de palavras, excesso dos pronomes "eu", "ele", e outras coisinhas mais...
Nunca é demais repetir: por mais que eu revise os posts quando eu termino de escrever, sempre passa batido alguma cagada.
Se alguém aí quiser dar uma de revisor, pode ficar a vontade.

No post abaixo, eu falei sobre o fim do Quadradinho. Porém, com uma agilidade impressionante, alguns de seus ex-integrantes já colocaram no ar outra revista eletrônica: Rabisco. A conferir.

quarta-feira, agosto 21, 2002

Confesso que não acompanhava muito o e-zine Quadradinho, recém-finado. Li alguma ou outra matéra, entre elas uma entrevista bacana com a jornalista Milly Lacombe. Porém, gostei mais ainda da entrevista com a Lara André, uma das responsáveis pelo site, publicada no portal Entretenimento Eletrônico. Obviamente, os motivos que colocaram fim à revista eletrônica são devidamente explorados por Lara, porém o ponto alto fica por conta de suas opiniões sobre os e-zines. Eis aqui uma amostra:
"Falar sobre as mesmas coisas não significa dar o mesmo enfoque, expressar a mesma opinião.", respondendo a velha provocação de que os e-zines se parecem demais uns com os outros.
"O jornalismo alternativo ganhou uma nova cara com a internet" , no que concordo com ela
"Eu acho que pessoas sem talento não sobrevivem em meio algum. Se você escrever e publicar um texto mal feito e de baixa qualidade, dificilmente alguém vai visitá-lo duas vezes" , aqui ela responde a outra provocação do entrevistador. A de que os e-zines abrem uma possibilidade para que pessoas sem talento possam publicar seus textos.
No mais, só lendo mesmo a entrevista, o que pode ser feito aqui.
É perfeitamente compreensível esse preconceito contra blogs e e-zines. O chato é que se utilizam de argumentos tão rasteiros para criticá-los. Gente sem talento existe em qualquer lugar, até mesmo nas redações dos maiores jornais e revistas do país. Em vez de se perceber isso, é mais fácil criticar iniciativas como as do povo que fez o Quadradinho, que faz o ScreamYell, o Ruidos e tantas outras net-publicações de qualidade.

terça-feira, agosto 20, 2002

Creio que a essa altura todos já devem estar por dentro do lançamento da versão brasileira do Blogger, com direito a vinda de Evan Williams, um de seus fundadores. A Globo está invetindo pesado no marketing e vai usar até a sua próxima novela das sete como forma de divulgar esse serviço. O personagem principal de "O Beijo do Vampiro"(oh, não, outra novela com essa temática. "Vamp" não bastou?), o tal do Bóris (?!), tem o seu blog.
Na prática, a curto prazo, isso poderá significar uma popularização ainda maior dos blogs por aqui, mas ainda é cedo para se falar alguma coisa. O que me incomoda é saber que Williams e Jason Shellen, criadores do Blogger, terem declarado "que vão estimular a migração desses usuários para o serviço em portugês", segundo informou o Info OnLine. Mas e se eu quiser manter o meu blog por aqui? Como seria esse tal "estímulo"? Alguém aí que também está no Blogger americano pensa em se transferir para a versão nacional? Valletta, Mimi, outros? Como veêm, tenho muitas interrogações.

Lembram daquele post que eu fiz sobre músicas que poderiam muito bem figurar na programação de algumas rádios? Pois bem, vocês podem escutá-las na minha estação na Usina do Som. É só procurar por Onzenet. A lista de músicas não fica só nas bandas que foram citadas aqui. Tem muito mais. É só conferir.

domingo, agosto 18, 2002

O sempre atento a este blog e participativo Marcelo Valletta quer saber a minha opinião sobre a revista Zero. Alguns de meus primeiros comentários neste blog foram dedicados a ela e continuo mantendo a impressão inicial. É uma publicação que não se preocupa em cobrir o "hard-news" da área musical. Quem cuida disso é a revista Frente . Em vez disso, a Zero dá destaque a perfis aprofundados de um determinado artista ou banda (Capital Inicial, por exemplo, que foi capa da segunda edição), entrevistas de fôlego, reportagens de turismo em lugares exóticos, entre outras coisas. Por outro lado, o forte da Frente são as críticas de shows, CDs e DVDs e ela procura estar em sintonia com o notíciário do mundo da música, uma tarefa complicada para uma publicação bimestral. Alías, com as duas se fundindo numa só teriamos A revista de música sucessora da finada Bizz.
Fazendo uma comparação grosseira até para tentar ajudar a deixar claro as diferenças, diria que a Zero seria a antiga Realidade, enquanto a Frente faz as vezes da Veja.
O que me intriga é o fato da terceira edição da Zero ainda não ter chegado às bancas. No blog, o editor Luis Cesar Pimentel informa que "a revista está atrasada porque...prepare-se para o jargão...queremos melhorá-la, sempre. No duro. Estamos acertando algumas parcerias, o que beneficiará o produto e você. Aguardem." Continuamos aguardando, pois.

sábado, agosto 17, 2002

Tou devendo um post pra Mimi sobre um amigo meu que é a cara do Lester Bangs, o crítico musical que está sendo "hypado" pelo pessoal da Zero. Eu conhecia o trabalho de Bangs, mas não tinha visto ainda a sua foto. Quando li a reportagem que saiu na primeira edição tomei um susto. Parecia que eu estava vendo meu grande amigo e parceiro de Rádio Onze, José Roberto Reder Borges.
Quem aí lembra de uns cartazes que volta e meia apareciam colados nas paredes de São Paulo com frases de efeito contra os políticos assinados por um certo Partido Abstrato Tropical Onírico (Pato)? Reder Borges, proprietário de uma modesta gráfica de lambes-lambes na Av. São João, era o responsável por eles. Dono de um senso de humor bastante apurado e com uma agilidade mental ímpar, ele preenchia os muros da cidade com a sua visão bastante peculiar das coisas. Anarquista convicto, ele encontrou nos cartazes uma forma de uma forma de protesto contra o então governo Collor, em 1991. A idéia deu tão certo que o amigo do PC Farias deixou de ser alvo preferencial e outros políticos de diferentes tendências também entraram na dança. Luiza Erundina, Orestes Quercia, Paulo Maluf, FHC, Itamar Franco, nenhum deles foi poupado pela irônia de Reder Borges. O forte estava nas frases de efeito: "O Brasil tá uma Mesbla" (citação ao estado falimentar da prestigaida loja de departamentos), "Adib, aqui Jatene imposto demais" (contra o Ipmf), "Itamar, a burrice ofusca" e "Votou no PT, tomou no IPTU". "Reder exerce sua cidadania através do riso", observou bem o jornalista Alceu Luis Castilho num perfil publicado no tradicional "O Estado de S. Paulo", em 21 de setembro de 1996.
Reder Borges fez parte do quadro de programadores da Rádio Onze e foi um de seus integrantes mais ativos. Levado para lá por Chico Lobo, conquistou a todos com sua simpatia. A sua parceiria com a Onze trouxe grandes frutos para ambas as partes. Ele quem deu a idéia de fazermos uma campanha contra a reabertura do Elevado Costa e Silva, o Minhocão, ao trafego noturno, isso em 1996. Na época, o então prefeito Paulo Maluf tinha desse desejo, o que causaria mais transtornos aos moradores do prédio que circundam o viaduto. A resposta veio através da campanha "Maluf, deixe-nos dormir em paz". Além dos cartazes de Reder, foram incluidas vinhetas na programação da Rádio Onze explicando o que queriamos e quais seriam os malefícios de tal decisão do prefeito.
Reder era o rei das terças-feiras da Rádio Onze, as 19h, o horário nobre da emissora. Em vez de transmitir "A Voz do Brasil", colocavamos no ar os programas de destaque. Em vez de ir para a faculdade, lá estava eu nos estúdios para ajuda-lo no comando do programa. Fazia a mesa de som e dava uns palpites também. Em meio a várias músicas de Led Zeppelin, Bread, Elton John, eu e Reder tentavamos analisar a conjuntura política do país, sempre com muito bom humor. Ele foi um dos que ficou na Onze até o seu final.
Hoje, Reder mora em Barueri e eu estou lhe devendo uma ligação telefônica. Ainda não tive a oportunidade de dizer que ele é a cara do Lester Bangs.
Ah, para conhecer um pouco mais do Pato, visite o espaço cedido a ele na página da Rádio Onze. Clique aqui.

Quanto mais o tempo passa, mas eu comprovo a indigência daqueles que tem o poder de decisão das músicas que tocam no rádio. Por exemplo, existe uma rádio aqui em São Paulo que se diz tocar a "nova música brasileira" Porém, a emissora até agora ignora o mais recente álbum do Fellini, já devida e exaustivamente analisado aqui neste blog. A faixa-título "Amanhã é Tarde" caberia muito bem na programação não apenas dessa, mas de qualquer outra rádio que tivesse um mínimo de consideração com seus ouvintes. Se o Lariú, da mmrecords, dispusesse da tal "verba de divulgação" as coisas seriam diferentes?
Outro caso interessante é o da banda Drugstore, da vocalista Isabel Monteiro. No ano passado, eles soltaram o ótimo "Songs from The Jet Set". O álbum ganhou ótimos elogios da crítica brasileira, tem faixas acessíveis a todos os gostos (ouça Flying Down To Rio), mas não toca nas nossas rádios ditas de rock. Nem o fato de Isabel ser brasileira, nascida em São Paulo, consipra a favor. Curioso notar que muito do hype do Strokes em terra brasilis se deve ao fato do seu bateirista ter nacionalidade brasileira. Para uns funciona, para outros, não, pelo jeito. Para fechar, pego uma música da banda Air. "You Make Me Easy" poderia estar em alta rotação na Alhpa e na Antena 1, mas elas preferem apenas lidar com músicas já conhecidas pelo público.
São apenas três exemplos entre vários. Imagino que todos têm uma lista de músicas que são injustamente excluídas do play-list das rádios.

segunda-feira, agosto 12, 2002

Pois é, a coluna do Álvaro Pereira Jr. desta segunda começou promissora, descrevendo o novo show da banda Oasis. Nosso herói foi até a Flórida e conferiu de perto a apresentação dos irmãos Gallagher. O texto, particularmente feliz, dava a dimensão exata do evento com uma tremenda riqueza de detalhes. É de deixar qualquer um com água na boca e ficar se lamentando por viver no terceiro mundo à margem dos grandes shows. Parecia que Álvaro tinha ouvido as preces de muitos e estava voltando a falar de coisas bacanas. Porém, na seção Brasas, tudo voltou ao normal. O mau-humor voltou a aflorar: "Escuta Aqui não tem muita paciência com fanzines e fanzineiros. Especialmente depois da internet, porque ficou ainda mais fácil qualquer um publicar algo sobre sua vida desinteressante." Não sei porque, mas eu acabei lembrando do Sandoval Quaresma, um personagem da extinta Escolinha do Professor Raimundo. Era o tipo do aluno que começava respondendo certo as perguntas formuladas, mas no final sempre cometia um erro fenômenal e colocava tudo a perder. Álvaro fez tudo certinho na primeira parte de sua coluna, mas cagou-se todo no fim. Sei não, mas começo a pensar que trata-se de um caso perdido. (leia mais no post do dia 08/08)

domingo, agosto 11, 2002

Tem blog novo na lista de links, o Suicide Blond. Confira. A foto do banheiro já vale uma visita.

quinta-feira, agosto 08, 2002

Acho que não preciso falar muito sobre quem é Álvaro Pereira Jr. O cara ocupa um dos espaços mais lidos no caderno Folhateen, da Folha de S. Paulo, e seus textos provocam reações de amor e ódio expressados em listas de discussões sobre música na Internet. Sentimentos semelhantes não eram provocados desde a épcoa em que Paulo Francis estava vivo.
Pois bem, acaba de ser publicada a crítica definitiva ao seu trabalho. O site é o ScreamYell, um dos e-zines mais interessantes da rede. O seu autor, Marcelo Costa, um de seus editores, em seu artigo, coloca o dedo na ferida: "Criticar a MPB brasileira é algo que contaminou alguns dos melhores jornalistas brasileiros, o que é uma pena, já que se não fossem eles falarem de Caetano e Gil, ninguém mais falaria (eu mesmo, nada tenho contra a MPB e até gosto). Ou seja, de modo contrário, estes jornalistas estão mantendo a MPB na mídia enquanto muita banda legal lança discos sensacionais que passam desapercebidos porque o espaço foi ocupado por alguma piadinha acerca de Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Titãs." Como está bem explicito no trecho, essa não é uma característica de Álvaro. Seus colegas do programa Garagem também acabam dando um precisoso espaço às avessas para os medalhões da MPB, com a quebra sumária de seus CDs. No começo, era engraçado, mas essa turma está há mais de três anos nessa toada e nos últimos tempos é possível verificar o cansaço desse discurso.
Pode parecer que a bronca dos ilustres jornalistas é puramente estética, mas não é. Algum dos leitores deve se lembrar da entrevista do também jornalista Cláudio Tognolli à revista Caros Amigos. Nela, ele explicava o funcionamento da Máfia do Dendê, captaneada por Caetano Veloso e Gilberto Gil. Segundo Tognolli, para se manter em evidência os dois compositores têm uma forte influência nas redações dos cadernos culturais dos principais jornais e revistas do país e chegam até e pedir cabeças de quem fala mal deles. Alguns jornalistas foram vítimas dessa máfia. Luis Antonio Giron é uma delas. Criou-se a partir daí um sentimento de revanche que não poderia ser brando. Eles usam de todos os espaços de que possuem na mída para detonar esses medalhões da MPB e seus agregados. Nesse conflito, quem sai perdendo e o lado dos jornalistas. Como bem observou Costa falando especificamente sobre a atuação de Álvaro Pereira Jr., as críticas, ainda que severas, servem apenas para mantê-los na mídia, no já manjado esquema "falem mal, mas falem da gente".
O artigo de Marcelo Costa (que pode ser lido aqui) não vai mudar o panorama, mas pelo menos serve como diagnóstico para o problema. É mais uma boa contribuição para esse debante sobre o estágio atual da crítica de música.

sexta-feira, agosto 02, 2002

"É fácil fazer uma capa bonita com uma foto da Catherine Denueve".
A frase acima está no editorial do zine Esquizofrenia, que chega a sua nona edição, depois de um atraso de seis anos. Gilberto Custódio Jr., o seu responsável, explica: "O número 9 estava 80% pronto. Muito texto, muito conteúdo. Mas eu não tinha mais saco para diagramar, editorar, revisar, xerocar, dobrar milhares de folhas, grampear, gravar fitas, distribuir, responder cartas, ir quase todos os dias ao correio e outras tarefas ingratas do zineiro". Esse fastio acabou fazendo com que ele jogasse tudo na lata do lixo. O tempo entre uma edição e outra talvez tenha sido suficente para que Gilberto retomasse o gosto pela coisa. Desta vez, o Esquizofrenia tem 12 páginas (contra as 48 da oitava edição) e está totalmente dedicado aos anos 80. Não espere textos sobre bandas já consagradas, mas se você não conhece 14 Ice Bears, The Siddeleys e Shop Assistants, não se preocupe. Primeiro porque os textos de Gilberto acabam sendo didáticos e esclarecedores. Depois, porque apesar dos pesares a troca de arquivos MP3 ainda é possível. Estão aí o Kazaa, Winmx e outros que não me deixam mentir. Mesmo assim, se você ficar com água na boca ao ler sobre as bandas e não conseguir sucesso na busca, é só escrever para o Giba que ele dá um jeito. (O endereço de correspondência está no final deste post).
Dando uma pausa na temática anos 80, outro destaque é uma entrevista com Thomas Pappon, do Fellini , falando bastante do CD "Amanhã é Tarde" e esgotando o assunto. O papo ocupa quatro páginas do zine.
Esse ano de 2002 está sendo marcado por retornos. O Esquizofreina é um belo exemplo disso. A grande questão é se haverá o número 10. Nem o próprio Gilberto sabe responder: Tudo pode acontecer. Pode ser que o #10 fique pronto no mês que vem. Pode ser que nunca fique pronto. Nunca espere nada dos fanzines. A maioria deles não tem a miníma periodicidade. O Esquizofrenia é assim."
Com o seu trabalho à frente do Esquizofrenia, Gilberto Custódio Jr. ajudou a chamar a atenção da grande imprensa novamente para os zines depois de um bom tempo no qual o tema ficou esquecido. Volta e meia a Folha de S. Paulo dava uma matéria sobre o assunto com um grande destaque para a publicação. André Forastieri e Álvaro Pereira Jr. em suas colunas no mesmo jornal foram só elogios. Com tudo isso e muito mais, o Esquizofrenia acabou por virar uma referência nacional. Creio que ele não deva ter aguentado a pressão em um determinado momento, daí o cansaço pessoal. Mesmo assim, essa sua contribuição já entrou para a história dos zines, sem dúvida alguma.
Como proceder para adiquirir o zine? Escreva para o Gilberto e mande camuflada 1 real de acordo com cada unidade desejada. Dica: use papel carbono para envolver a nota, pois isso ajuda a driblar a fiscalização dos Correios. O endereço é
Rua Heitor Ariente, 42
CEP: 05541-050
São Paulo - SP
Está prevista para entrar no ar a versão on line do zine, mas não há uma data deinida. De qualquer modo, o endereço já está reservado e você pode ir até ele clicando aqui.

quinta-feira, agosto 01, 2002

Mais um post sobre o Fellini. "Oh, não, de novo", podem estar pensando alguns, mas informo a esses que tem sido inevitável nesses últimos dias. A novidade de hoje, passada pelo Alexandre Inagaki, do SpamZine, é que a banda já tem um site na Internet.
É possível destacar, entre outras coisas, um guia de lojas onde os álbuns que fazem parte da discografia do Fellini podem ser comprados. Outro item que já está no ar é um clipping com links de algumas matérias publicadas por aí. Uma delas é de minha autoria e isso me deixa muito honrado. A escolha foi mais do que acertada. Fã de Carteirinha é um dos textos mais autobiográficos que já escrevi. Foi publicado na seção Trabalho Sujo, que o Alexandre Matias mantinha no jornal campineiro Diário do Povo. Saiu num domingo de carnaval, em 1999. Nele, conto como conheci a banda, falo da convivência pessoal que eu tive com Cadão Volpato durante alguns meses, mostro como é a vida difícil de um office-boy de jornal e ainda deu para alfinetar a Rádio 89 FM, daqui de São Paulo, e a extinta revista ShowBizz.
Ainda falta muita coisa para entrar no ar, como a biografia, por exemplo. Em compensação as letras compostas por Cadão e Thomas já estão disponíveis. A iniciativa é ótima. Já estava na hora de existir uma página dedicada totalmente ao Fellini
Ainda não tenho idéia se o site é coisa de fã ou se é algo oficial, com a aprovação de Thomas e Cadão. Vou descobrir isso e depois conto aqui.

 
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