sexta-feira, agosto 30, 2002

Mais uma rádio comuntiária é fechada:

A rádio Bicuda FM é uma das mais importantes emissoras comunitárias do país. Funciona na Zona da Leopoldina, subúrbio carioca com mais de um milhão de habitantes e se articula a partir de uma ONG ambientalista que luta pela preservação da única área verde da região. Mas, a Bicuda FM também é parceira da Fundação Oswaldo Cruz em programas de saúde, divulga a cultura local e ajuda na organização dos diversos movimentos sociais da Leopoldina.
Pois bem, neste dia 29, a polícia federal invadiu a emissora com diversos homens armados. As três pessoas que estavam no local foram impedidas de usar telefones. Uma moradora ainda tentou fotografar o que estava acontecendo, mas teve seu filme apreendido.
Uma casa foi invadida, sem mandato, na busca do transmissor. Pessoas foram ameaçadas. Mas, a polícia não lacrou o transmissor. Ela simplesmente roubou todos os equipamentos da emissora, muitos doados pelo próprio Ministério da Saúde, avaliados em mais de R$ 20 mil e possuidores de nota fiscal. Bem como, roubou também o acervo da programação da rádio, CDs virgens e até objetos pessoais.
Durante horas os três companheiros da rádio foram mantidos na polícia federal, apenas libertados sob fiança e agora terão que responder a processo.
O governo que fez isso é o mesmo que distribui concessões de emissoras educativas para políticos e que permitiu emissoras de TV paga funcionarem durante anos sem uma regulamentação para o setor (mesmo caso da radiodifusão comunitária que é tratada como criminosa).
O que está em jogo é muito mais do a defesa de uma importante emissora comunitária. Estamos vendo, dia após dia, a construção de uma democracia de fachada. Onde a população não é chamada para tomar as decisões mais importantes sobre o seu próprio destino. Onde o Poder Executivo arranca atribuições dos demais poderes. E, por último, onde o direito de expressão, a possibilidade de comunicar uns com os outros é reprimida com armas.


Enquanto isso a Rádio Planeta 90 (90,1MHz), aqui de São Paulo, pertencente ao falso padre Chico permanece operando.

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