terça-feira, novembro 05, 2002

Grandes mudanças no misto de portal e provedor de acesso Universo On Line (UOL). O jornalista Caio Túlio Costa deixou a direção-geral da empresa e vai se dedicar a novos projetos, que ainda não se sabe quais são.
O currículo de Caio Túlio Costa é invejavel. Só na Folha de S. Paulo, onde passou a maior parte de sua carreira, foi editor da Ilustrada, secretário de redação, correspondente em Paris, diretor de revistas e o primeiro ombudsman do jornal. Muitos leitores devem se lembrar de sua polêmica com Paulo Francis, em 1989. O motivo foi o teor de um artigo de Francis analisando uma possível vitória de Lula na eleição presidencial daquele ano. Entre outras coisas, ele escrever que se o hoje presidente eleito vencesse naquela época, o Brasil viriaria um Sudão. Caio Túlio, ocupando o cargo de ombudsman, escreveu um artigo sobre isso. A discusssão que se seguiu depois nas páginas do jornal certamente deixou muita gente envergonhada.
Lembro de uma entrevista concedida por Caio Túlio dizendo que envelheceu cinquenta anos em cinco (entre 1982 e 1987), quando ocupou o cargo de secretário de redação da Folha. No UOL desde a sua fundação, em 1996, ele deve ter envelhecido mais sessenta anos enfrentando o mercado inconstante das empresas ponto com.

Pois é, se o meu texto sobre o Drugstore foi para o arquivo do site da Rádio Brasil 2000 FM, o Garagem, que era veículado toda segunda-feira foi para o saco. Apresentado por André Barcinski, Álvaro Pereira Jr. e Paulo Cesar Martin, o programa estava na grade de programação da emissora desde agosto de 1999. Durante a última audição, que aconteceu no último dia 4, a explicação dada foi que a rádio estava mudando a linha editorial e não havia espaço para o Garagem. Essa é a versão oficial, mas é claro que deve ter rolado alguma treta até pelo modo como o trio se portou no ar, com as já tradicionais ironias levadas às últimas consquencias. (os caras tiveram a manha de ligar no telefone da produtora do Carlinhos Brown para passar um trote). O que houve, de fato, vai aparecer em breve.
Em entrevista ao site Manivela, Paulo Cesar Martin falou, entre outras coisas, sobre a recente mudança de horário: "O programa começou a dar um retorno grande para rádio, tanto que hoje o programa é das dez à meia noite. Não porque todo mundo é bonzinho. Deu audiência. Dos programa da rádio só perde pro Na Geral (programa dedicado a esportes), em termos de audiência. O programa acabou abrangendo outro tipo de público que não só o segmento de rock alternativo. Tem gente que escuta o programa só para ouvir entrevista, para ouvir as bobagens que a gente fala". Mesmo com a boa receptividade, a nova direção da Brasil 2000 não ficou sensibilizada em manter a atração no ar. O Garagem era um dos últimos remanescentes da época em que Roberto Maia esteve no comando da Brasil 2000.
Numa entrevista concedida a este escriba, falando sobre o programa, Maia disse: "eu acho que eles são necessários, saudáveis e engraçados. Eu gostava mais de ouvir o falatório deles em vez das músicas que tocavam no programa".
O futuro do programa ainda é incerto. Difícil dizer se ainda há espaço para toda a sua irrevrência nesse terreno não muito caracterizado pela ousadia que são as nossas FMs. O grande mérito foi ter sobrevivido tanto tempo, quase três anos, mexendo com personalidades e temas caros à nossa indústria musical e a própria sobrevivência das rádios.

 
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