sábado, setembro 24, 2005

O Onzenet acabou.
Nada a ver com a confusão que rolou por aqui nos últimos tempos.
Só sei que cansei de manter um blog, ao menos por enquanto.
Se voltar a blogar, tenho certeza que será em outro endereço, com outro nome e, quem sabe. uma nova proposta.
Pretendo continuar escrevendo para o Laboratório Pop, o Observatório da Imprensa, o Bacana e onde mais aceitarem meu trabalho e meus textos. Posso dizer que vem coisa boa por aí.
Vou deixar o blog no ar, até porque tem uma meia dúzia de pessoas que entra aqui via Google procurando alguma coisa. Quem sabe, alguma coisa que eu escrevi nesses anos de Onzenet possa ajudar.
Agradeço a todos aqueles que prestigiaram com sua visita e deixo um abraço aos amigos que fiz aqui.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Já perdi a conta, mas essa deve ser a quarta ou quinta entrevista que eu faço com Cadão Volpato. Sei que ela irá dar mais munição ao pessoal que gosta de pegar no meu pé pelo fato de sempre escrever sobre o Fellini ou sobre coisas relacionadas aos seus integrantes. Mas que culpa tenho se o que eles fazem acaba virando notícia? Desta vez, Cadão ganha espaço em dobro por lançar ao mesmo tempo um álbum, que marca a sua estréia solo, depois de anos trabalhando em grupo, e mais um livro de contos.

O CD se chama Tudo o Que Eu Quero Dizer Tem Que Ser no Ouvido (Outros Discos) e não deixa de ser uma surpresa. Primeiro, pelo fato de Cadão trabalhar sozinho, desde a composição até a execução das canções. Depois, porque não se esperava nada mais dele em termos musicais depois de decretar que “a música acabou”, logo após a apresentação do Fellini no Tim Festival de 2003.

E o livro é Questionário, que se junta a Ronda Noturna e Dezembro de um Verão Maravilhoso, ambos da mesma editora (Iluminuras). São pequenos contos, originados a partir de perguntas do tipo “Quão velho é seu amante?”, “Já dormiu num automóvel?”, “Gosta de black music?”, que são respondidas por personagens através de monólogos.

Será um passatempo divertido procurar relações entre os dois novos trabalhos de Cadão. No disco, Cadão conta [ou melhor, reconta] histórias mais ou menos conhecidas, envolvendo pessoas públicas, como a fotógrafa Astrid Kirshner, o humorista Jacques Tati e o pintor Rene Magritte. Já no livro, alguns contos têm algo de autobiográficos, trazendo a marca registrada, a característica principal de seu trabalho como contista [e até em algumas letras do Fellini], que é o caráter inconclusivo dos textos, abrindo espaço para que o leitor dê um sentido a tudo o que está sendo dito.

O papo aconteceu na sede da Trip Editora, em um prédio discreto do bairro de Pinheiros (SP). Lá, Cadão trabalha como editor da revista da Natura, conhecida empresa de cosméticos. Alías, é esse tipo de publicação, conhecida no mercado editorial como revista customizada, que garante a sobrevivência financeira da empresa.

Ao chegar na recepção no dia marcado para a entrevista, uma simpática moça tenta me explicar onde posso localizar Cadão. “Você vai através de toda a redação da Trip e a sala dele fica bem em frente ao banheiro”, diz. Sua descrição faz parecer o local muito maior do que é na realidade. Assim que o elevador chega no segundo andar e avanço uns poucos metros, consigo avistar Cadão. Na verdade, ele não fica numa sala propriamente dita, mas numa mesinha bem no meio do salão, que, a bem da verdade, é de porte médio.

Depois dos cumprimentos e uma brincadeira a respeito do tempo que se passou entre nosso último encontro, em 1996, e o de agora [três filhos – por parte dele – e muitos fios de cabelos caídos de ambos os dois], Cadão me diz que só tinha um exemplar de seu livro, mas não do CD. Disse que já o tinha escutado e ele quis saber minha opinião. Respondi que gostei, mas que faltava algo mais na sonoridade A entrevista já tinha começado antes do gravador ser ligado.


A íntegra da entrevista você confere no Bacana. Clique aqui.

sábado, agosto 20, 2005

Os habituês deste blog sabem quem é Roberto Maia. Durante muitos anos, ele comandou a Rádio Brasil 2000 FM, de São Paulo, em sua época áurea, comandando programas como 2000 Volts, O Lançamento Nosso de Cada Dia e Sessão da Tarde. Hoje ele está afastado do rádio convencional, mas agora vem com um projeto muito interessante que é o de produzir programas para I-Pods. Para quem não sabe ainda, trata-se daquele aparelhinho no qual a pessoa pode armazenar e reproduzir seus arquivos musicais na extensão MP3. Maia estreou há pouco tempo o seu Momento Maia Podcast, um programete de meia hora, que pode ser baixado pelos felizes proprietários de I-Pod. O bom é saber que ele não perdeu a velha forma. O formato é simples: boa música e os comentários sempre precisos daquele que é o verdadeiro Homem-Enciclopédia (tem muito genérico por aí).

Na segunda edição do Momento Maia Podcast, tive a honra de ter um pedido atendido. Escrevi a ele pedindo para tocar uma música do Drugstore, a banda da brasileira Isabel Monteiro. Maia rolou "Black Star", cover do Radiohead que foi gravada nos estúdios da Brasil 2000 FM, em 1998, se não estou enganado. Uma gravação rara e que tenho certeza de que as pessoas vão gostar muito.

Quem não tem o I-Pod pode ouvir essa nova fase de Roberto Maia na própria Internet, através do Windows Media Player. Ouça a segunda edição acessando aqui. Ou então, acessar o site http://radiomaia.tripod.com

sexta-feira, julho 22, 2005

Estranhos no Ninho

Guitarrista do Fellini fala sobre a apresentação no Tim Festival de 2003 que causou polêmica entre público e crítica.

Por Rodney Brocanelli

Quem diria que uma banda semi-profissional iria causar uma das maiores polêmicas musicais do ano de 2003? Tudo começou quando foi divulgada a escalação oficial do Tim Festival. A presença do Fellini entre aqueles que iriam tocar no evento causou estranheza em certos círculos dos meios musical e jornalístico. O que uma banda de trajetória tão errante estaria fazendo num festival de grande porte ao lado de nomes já tão conhecidos como White Stripes? Alguns centímetros de textos em jornais, sites e blogs foram utilizados para tentar responder a esta questão.

A apresentação propriamente dita do Fellini (ocorrida no dia 31 de outubro) apenas serviu para aumentar ainda mais a polêmica. Depois de uma rápida pesquisa no Google, procurando pelas palavras-chaves “Fellini Tim Festival”, a conclusão (por amostragem) é que houve uma rígida divisão. Metade das pessoas que estavam lá curtiram o show, enquanto a outra metade torceu o nariz.

Agora que a poeira baixou, ninguém melhor do que alguém que estava lá no palco para contar como as coisas rolaram. Na entrevista que se segue, Jair Marcos dá sua visão pessoal da participação do Fellini no Tim Festival. Ele revela detalhes do antes, durante e depois nesse papo que aconteceu via e-mail. Jair fala ainda sobre O Baile Punk, uma outra banda que mantém com integrantes do Fellini, e sobre seus outros projetos musicais.


Pelos comentários publicados em blogs e resenhas de grandes veículos, chega-se a conclusão de que o show do Fellini no Tim Festival dividiu opiniões. Metade gostou, a outra metade não. Qual foi a impressão que vocês tiveram da reação do público no momento em que estavam tocando?

Olha, não é muito fácil chegar a um grande festival como esse. Para nós foi tudo uma surpresa, principalmente termos sido colocados no palco principal, ao lado de grupos que estão na cena mundial hoje. O show começou um tanto morno, mesmo porque era essa a idéia mesmo. O Fellini é exatamente aquilo que mostrou. Depois fomos esquentando o show e cativando a platéia. No geral, sinto que fomos bem recebidos. Alguns críticos acharam o som "frouxo", coisas do gênero. Eu acho que poderia ter tido bateria além da percurssão do Silvano Michelino, para o som ficar com mais pegada. Mas tivemos muito pouco tempo para o preparo de tudo. O importante é que mostramos um bom resumo dos 19 anos de existência do Fellini...

Você chegou a ler algum comentário sobre o show? Em caso afirmativo, como recebeu as análises?

Cara, não cheguei a ler os comentários de O Globo, que parece que foram bem críticos, nem vi a "carinha feia" do Jotabê Medeiros, no Caderno 2. Li somente a matéria que saiu no próprio site do Tim e mais alguma coisinha por aí. Sei que o cara d'O Globo chamou o show de "flácido". Bem, eu sou meio magrinho, os outros não estão tão "gordos" assim. (risos). Brincadeiras a parte, acho que eles (os críticos) têm a razão deles, e talvez tivessem preferido ver um show de altíssimo nível profissional. Como já afirmei, tivemos pouco tempo para preparar o show (menos de uma semana) e não tínhamos muita bala para chamar outros músicos profissionais para enriquecer ainda mais o som. Mas tivemos certo "punch" sim, e os críticos que vão fazer o som deles, ora bolas... Afinal, nossas canções são bonitas e fizeram a cabeça de várias gerações.

Você acredita que se a apresentação tivesse acontecido em São Paulo, a reação seria diferente?

Olha, não acho que muda muito, não. Em 98 fizemos nosso primeiro "revival", tocando em São Paulo, Brasília e Rio. Principalmente aqui em Sampa e no Rio, a receptividade foi grandiosa. Nunca tínhamos tocado para platéias que cantassem nossas músicas junto com a gente. Foi o que aconteceu naquele ano. No caso do Tim Festival, vieram várias pessoas me cumprimentar após o show dizendo que foi o máximo, muito bom etc. Soube que no meio das cerca de 2 mil pessoas (para quem tocamos) haviam muitas pessoas emocionadas de estarem vendo a gente no palco. Teve até aquela reação de pedido de "bis". Assim também foi a reação do público de Recife, no Rec Beat em 2000. O Fellini é assim mesmo, um grupo não profissional, com boas canções que alegra Gregos, mas não os Troianos... Nossos discos dão conta do recado e mostram melhor nossa proposta musical, se for o caso. Comprem!

As condições dadas pela organização do Tim Festival foram satisfatórias ou há algum reparo a fazer nesse sentido?

Eu pessoalmente sofri com o meu retorno no palco. O Whirlwind Heat entrou antes da gente, e meu esquema foi mudado. Na tensão inicial do show, acabei deixando barato, e toquei o show assim mesmo, usando a "técnica" de sair da frente do retorno, quando eu não estava fazendo backings vocals - aí eu ouvia melhor todo mundo. Quanto às acomodções no Meridien, em Copacabana, sem comentários. Maravilhosas. O Hotel estava muito divertido com toda aquela "fauna" de músicos andando para cima e para baixo. No geral, a organização foi boa.

Como se deu a escolha do repertório?

Com bastante discussão via email entre todos nós (antes de nosso encontro oficial). O Thomas apresentou uma lista como proposta inicial. Eu sempre fui a favor dos rocks e consegui emplacar com "Rock Europeu" e "LSD". Acontece que esta última não ficou muito favorável nos ensaios e acabou sendo cortada. Mas levamos em consideração as músicas que mais marcaram como "Teu Inglês", "Zum, Zum, Zum Zazoeira", "Amor Louco", "Samba das Luzes" e duas do último disco. "Longe" ficou com um arranjo muito bom, e a platéia reagiu muito bem a esta canção.

O tempo para ensaiar foi suficiente?

Sim, acho que para a proposta do som, foi o suficiente. Nunca tínhamos ensaiado tanto em tão pouco tempo. Meus dedos ficaram calejados, antes doloridos. Mas conseguimos acertar todo o repertório e fizemos um bom show, sem erros pelo menos (risos).

Como foi o clima entre vocês do Fellini antes e depois de que vocês subiram ao palco? Rolou alguma história curiosa, engraçada?

Antes é sempre aquele cagaço. Mas para mim, parece ser mais legal tocar para grande platéias. O friozinho na barriga acontece sempre antes de alguma apresentação, pode ser para meia dúzia de pessoas. Percebi que todos estávamos bem tensos. Mas a tensão vai passando na decorrência do show. A interatividade com a platéia é a melhor parte de tudo. É bom quando você olha para o público e vê que tem alguém lá chacoalhando com o que você está fazendo. Claro quer o melhor da festa é receber uma boa receptividade – e reafirmo que foi isso que ocorreu, críticas à parte. O pós show foi puro alívio de dever cumprido, muita adrenalina de alegria, e cerveja a dar com o pau... Só festa.

Houve tempo para que você acompanhasse algum outro show do Tim Festival?

Claro, chegamos um dia antes. Vimos a Beth Gibbons, a k.d.Lang, o Wado, o Lambshop. Circulamos por toda a área do Festival. Foi muito interessante. Chegamos até a entrar no Tim Club, e vimos rapidamente alguma coisa de Jazz por lá. Depois de nosso show vimos (e adoramos) o Super Furry Animals, vimos os The Raptures e os queridnhos White Stripes...

A propósito, seu celular é Tim ou Vivo?

Vivo.

E O Baile Punk, a quantas anda? Um CD registrando as músicas de vocês pode ser lançado em 2004?

Olha, isso depende da boa vontade do Cadão. Nos encontramos no último sábado e ele não me pareceu muito animado não. Ele disse que esqueceu as músicas. Bem, temos que esperar o pique musical voltar, porque o Tim Festival sugou bastante nossas baterias.

Além do Baile Punk, quais são seus outros projetos musicais?

Eu quero começar a compor sozinho. Depois dos 40, acho que a gente tem que começar a mostrar alguma coisa própria. Sempre compus coisas sozinho, mas nunca mostrei nada por aí. Talvez este seja o momento, inclusive um bom desafio pessoal. Não prometo nada, mas sinto muita vontade.

E sobre o futuro do Fellini, o que você pode dizer? Teremos alguma outra surpresa ou acredita que não há mais volta mesmo?

O Fellini sempre ME surpreende, porque o Fellini são pessoas: sou eu, o Thomas, o Cadão, o Ricardo. E pessoas são instáveis, surpreendem. Nossas voltas em 98, 2000 e agora, em 2003, foram todas surpreendentes não só para o público, mas para nós também, porque vimos que tínhamos condições de realizar bons shows, melhores dos que fazíamos quando o grupo ainda estava reunido. Para Thomas e Cadão, o grupo não volta. Eu sempre duvido, porque a vontade sempre grita alto, e o destino dá um jeitinho de a gente se reunir, como foi o Tim Festival. O legal mesmo seria fazermos um sexto disco com a formação original citada. Quem sabe?

*

Essa entrevista foi publicada no site da revista Zero em janeiro de 2004. Está meio perdida por lá, então resolvi traze-la para cá. Já tinha etrevistado Thomas Pappon, Cadão Volpato, mas nunca tinha falado com o Jair Marcos. A idéia foi repercurit o diz-que-diz acerca da participação do Fellini no Tim Festival, antes e depois.

A pergunta sobre a operadora de telefonia celular da qual Jair é cliente se baseou num texto de Bruno Medina, tecladista da banda Los Hermanos. Ele colocou em seu blog, Instante Anterior, um post desancando a organização do Tim Festival, entre outros motivos porque os shows da sexta-feira, dia em que ele foi como espectador, começaram no horário. Ao final, ele escreve: "e é por isso que meu celular continua sendo Vivo".


Jair Marcos, grande figura, um boa praça do meio musical, tem acompanhado Cadão Volpato nos shows de lançamento que este tem feito de seu CD solo: "Tudo o que eu quero dizer tem de ser no ouvido".

quarta-feira, julho 20, 2005



Essa é a capa da próxima edição do Laboratório Pop que estará nas bancas. Não perca.

sábado, julho 09, 2005

Lúcio Ribeiro e o leitor-fonte

A entrevista a seguir é com o jornalista Lúcio Ribeiro, especializado em música e cinema. Colaborador da Folha de S. Paulo, mantém uma coluna de sucesso no site Folha On Line. O papo náo é inédito. Ele saiu no Observatório da Imprensa, em 2003. Aqui, o leitor poderá acompanhar uma versão mais extensa da conversa. Apesar do gancho principal ser a revista Out!, que nem mais circula, a sua nova publicação se justifica por outros assuntos abordados por Lúcio e que continuam atuais (Rodney Brocanelli).

O que levou você a fazer um guia e não uma revista de música como nos moldes tradicionais?

Lúcio Ribeiro – Revista de música no Brasil eu acho complicado. Deve-se ter uma idéia arejada para o mercado viciado (ou não-mercado brasileiro) de revistas. Aqui não temos uma indústria de música, tudo aqui é meio jogado. Existem gravadoras, existem rádios, existem lançamentos de discos, existem bandas, mas não há uma indústria musical. Ou se tem uma idéia razoavelmente boa para uma revista de música ou se está fadado a ir pelo sonho, pela garra de uma coisa que não faz parte de uma cultura musical. Às vezes acontecem uns picos bons, mas não dá para sobreviver num país que vive uma situação econômica instável como a nossa. A Out! nasceu de uma idéia que eu tive quando vi uma revista similar em Nova York, jogada no cantinho de uma loja de discos. O nome dela é Flyer, até por trabalhar com a cultura flyer, e também pelo seu tamanho. Na época, isso foi em 2000, pensei que poderia ser legal que tivéssemos algo semelhante, só que voltada para a música eletrônica. Como o rock começou a ter um caráter mais forte agora, começou a ser um pouco mais organizado e pegar como cena mesmo, não tanto como a música eletrônica, mas já com um corpo de cena, achei que era superinteressante lançar a revista agora. Desde o ano de 2002 passei a trabalhar no seu planejamento e as coisas foram casando.

Qual a abrangência da Out! ?

LR – Ele vai circular apenas em São Paulo e pode ser encontrada em lojas de discos, em clubes, em bares, em alguns restaurantes, em lojas de acessórios para roupas, cabeleireiros da Galeria Ouro Fino. Esse é um circuito que nós da equipe traçamos, pois é o caminho por onde passa a galera que sai a noite, tanto para ir a shows de rock, quanto para baladas de música eletrônica. A intenção é pegar o nosso público nesses lugares que eles freqüentam de dia antes de sair para as noitadas, mas a revista também vai estar na noite. A tiragem é de 30 mil exemplares, algo grande para uma revista desse porte.

A Out! vai ser distribuída gratuitamente?

LR - Vai. O formato dela é de flyer mesmo, 10x15, justamente para não vender, porque aqui esse tipo de publicação não vende mesmo.

E como está sendo o retorno comercial?

LR – A Out! ainda está no começo e todo começo é muito difícil, existem altos e baixos. Estamos no terceiro número e ela consegue se pagar. Enquanto o guia não onerar muito o meu bolso e dos meus sócios, tudo bem. Não é uma publicação cara e ela ainda tem uma certa vida. Cada número é uma emoção, como tudo aqui no Brasil, principalmente no ramo de revistas.

Que tipo de anunciante vocês pretendem focalizar?

LR - O guia pode ter todo tipo de anúncio, desde remédio que vai curar a dor de cabeça depois da balada, até carro feito para levar a galera nos lugares.

Existe uma equipe destinada a vender anúncios?

LR - Não, na verdade eu sou a equipe comercial da Out! Tenho a ajuda de um amigo e peguei consultoria de outros amigos publicitários bem colocados no mercado. Quando expliquei o projeto, eles disseram que o melhor contato comercial era eu mesmo

E a equipe que produz o guia?

LR – Quem também faz a Out! além de mim é o João Carlos De Pinho, responsável pela produção. Ele monta o guia no computador, faz o contato com a gráfica, entre outras coisas. Recentemente, entrou para a equipe o Rogério Andrade, que está encarregado da edição visual e ajuda nos contatos com o mercado publicitário. A nossa sede é na casa do João Carlos e nos reunimos lá apenas uma vez por semana para o fechamento. Tem dois meninos na equipe que vão mexendo na atualização da agenda de eventos. E eu vou criando as pautas e convidando pessoas para escrever.

O que é necessário ainda aprimorar na Out! ?

LR – A Out! ainda está nascendo e eu não sou publicitário. A cada dia descubro manhas e artimanhas desse mundo da publicidade. Nós estamos no terceiro número e vou aprendendo sempre uma coisa nova para tentar atrair anunciantes. Ficamos adiando o seu lançamento e chegamos num momento em que tínhamos de coloca-la na rua, nem que fosse para ver como é, para ver se ela acontece. Assumimos alguns riscos, mas demos sorte logo na primeira edição e conseguimos anunciantes que cobriram os custos e ainda nos deram uma folga para as edições seguintes.

Você crê que o formato guia é mais interessante do ponto de vista mercadológico? É mais fácil de criar uma identificação com o leitor?

LR – É um formato inédito aqui. Ele é atraente porque é único e não-convencional. A Out! tem um formato de flyer e quando a distribuímos, ela some. As pessoas não a jogam fora, elas guardam consigo para servir de guia mesmo. São dois os seus sustentáculos: um é o do serviço, que não existe por aqui. Não há uma programação decente para consulta de endereços e mesmo de eventos. O leitor vive da Veja em São Paulo, do Guia da Folha, que saí às sextas-feiras, que é uma coisa insípida. Outra coisa que a sustenta é a parte "cult" de eu chamar pessoas legais para colaborar, de tentar abordagens diferentes. Na segunda edição, chamei o estilista Marcelo Sommer para fazer a capa e ele tem um nome forte na cena noturna. Chamei também a Claudia Assef, o André Barcinski....O Zeca Camargo tocou na festa de lançamento e vai colaborar conosco. O Álvaro Pereira Junior vai escrever algo. O Bruno Porto, que é um cara muito bom nessa coisa de cultura pop e que escreve para o Globo, do Rio. Embora a revista seja de São Paulo, eu o chamei para participar também. O Thiago Ney, da Ilustrada (Folha de S. Paulo) escreveu, a Érika Sallum, da Veja... O Serginho Teixeira Jr., que está lançando pela Abril a revista Volume 01, vai fazer uma matéria sobre a cena black. O José Flávio Junior, da Usina do Som, vai escrever sobre a banda Los Pirata. Enfim, as pessoas que saem a noite, que tem uma idéia do que acontece na noite, estão escrevendo para nós.

Você disse que a revista depois de distribuída, não sobra. Já é possível ter um retorno dos leitores?

LR – Temos bastante retorno, todo mundo gosta da Out! porque ela é inédita, gosta porque ela traz um bom serviço e gosta porque ela traz textos legais e bacanas, daqueles que o leitor não vê muito em jornal, ou quando vê, percebe que é uma coisa diluída. Ela funciona um pouco como revista. A idéia inicial nem era ter tantas matérias assim, apenas uma ou duas.

Vocês criaram uma editora própria para lançar o guia?

LR – Criamos uma editora que se chama Studio 52. Eu já era sócio do João Carlos numa micro-empresa que ele tinha para o trabalho de produção gráfica que ele desenvolvia. Quando resolvemos fazer a Out!, transformamos essa micro-empresa em editora.

A Out! pode vir a ser incorporada por uma grande editora no futuro?

LR – A Conrad acenou com a possibilidade de levarmos esse projeto para lá, mas nós queremos tentar sozinho. A Out! não custa muito caro. Se ela conseguir se pagar, acaba sendo uma diversão bacana, no mínimo. É claro que sempre pensamos nela como um produto sólido no futuro. Eu não sou publicitário e acabo me vendo sempre em reuniões nas agências de publicidade com grandes diretores de mídia. É uma fase de aprendizado engraçada. O guia não me tira muito tempo. Há um certo trabalho, mas dá a possibilidade de que eu mantenha outras atividades. Na verdade, é uma experiência. Se der certo, vamos adiante, senão nós paramos. Fizemos tudo sem planejamento, é uma coisa empírica. Colocamos a revista na rua para ver onde ia dar.

Você pode falar em números?

LR – Ela custa R$ 5 mil, aproximadamente. Se vendermos dois anúncios, capa e contra-capa, é possível cobrir essa despesa. O resto que vier é lucro, até porque não há muito onde investir, a não ser pagar as colaborações. Como eu disse, não é uma revista cara de se fazer. Os preços dos anúncios são baixos comparados a qualquer revista de porte médio da Editora Abril. A venda de anúncios funciona assim: um amigo me diz que conhece algum fulano de agência, eu peço o contato, ligo, peço para mostrar a revista e marco uma reunião. Tinha duas reuniões marcadas, uma na Fischer, que uma gigante do meio publicitário e outra na DM9. Já fiz outras reuniões com pelo menos outras três agências grandes. Todo mundo adora a revista, o problema é aborda-los na hora certa, na hora de campanha certa para que eles possam anunciar. A parte editorial caminha sozinha, agora é só aprimorar a área comercial, que é uma parte que não conhecemos muito bem. Se a Out! não tivesse anúncios, eu poderia bancar duas edições sozinho. Como já rolaram alguns anúncios, ela tem um lastro de vida de uns dois meses. Enquanto acharmos que essa brincadeira está legal, seguimos em frente.

Jornalismo musical

Qual a avaliação que você faz do atual estágio vivo pelo jornalismo musical?

LR - Como eu respondi antes, estamos num país onde não existe uma indústria musical, é tudo muito jogado. As coisas vão acontecendo de uma forma abrupta e não se estabelece uma cena. Dentro disso, há gravadoras que em determinados momentos lançam coisas bacanas e em outros soltam lixo atrás de lixo. Existem jornais que às vezes fazem uma cobertura bacana de discos e bandas. Não temos rádios de qualidade, agora é que há um suspiro com a Rádio Brasil 2000 FM, que voltou a apostar numa coisa bacana para o público de São Paulo. Vamos pegar como exemplo a França, que não é um pais com tradição em rock e até mesmo na cena eletrônica, como os EUA e a Inglaterra. Lá, eles têm três revistas e uma delas é uma das principais do mundo que é a Les Inrockuptibles, preocupada com a cena independente de rock e música eletrônica. Eles têm também duas ou três rádios fortíssimas que estão na Internet e no dial. Eu sempre cito uma que é a Oui FM, e você pode escolher o tipo de música que deseja ouvir, desde o rock, o indie rock, o metal, etc. Na França, eles têm várias lojas, desde grandes lojas até pequenas. Os jornais de lá cobrem a música pop de forma decente Há um circuito de shows e neles se encontram anúncios da rádio, anúncios das lojas, enfim, tudo compõe uma cena, uma coisa movimenta a outra, existe essa engenharia da música pop. O que acontece no jornalismo musical brasileiro? Não há revistas e as que circulam por aí tentam sobreviver da maneira que dá. É difícil colocar pautas de música em jornal mainstream. A linha da Folha sempre foi a de textos que, de uma certa forma, instigassem o leitor a ir atrás das coisas. Não dá para escrever na Folha como se escrevesse para um fanzine, até porque está se falando com um público mais amplo, mas se eu acho uma banda legal, tenho que colocar o coração no meu texto para que esse leitor, no mínimo, fique instigado, que ele pense mais ou menos assim: "pô, esse cara está falando tanto dessa banda, falando com tanta devoção desse tipo de cena, desse tipo de disco, que eu vou experimentar ouvir para saber como é". Se sai uma crítica do disco dos Libertines que instiga o fã do Zeca Baleiro a ouvir essa banda já é uma vitória. Dá para contar nos dedos jornalistas que escrevem textos assim: o Tom Leão e o Carlos Albuquerque, do Globo. O Bruno Porto, do mesmo jornal, também é muito bom. Dá para encontrar uma cobertura que está longe de ser consolidada, mas que está bem decente, no Jornal da Tarde. O Thiago Ney, da Ilustrada, eu posso citar. São caras que conseguem passar isso num lugar onde não existe cena, mas fragmentos de cena. Existem pessoas que escrevem colunas ou em blogs e eu não concordo com nada do que escrevem, mas eu quero saber o que eles estão pensando, o que eles estão vendo e ouvindo. Alguma coisa eu posso tirar disso. Eu tenho um amigo, cujo nome não vou citar, que é assim: não concordo com nada do que ele escreve, mas ele o faz com tal paixão e isso que me faz acompanhar o trabalho dele. Sempre estamos trocando e-mails.

Você acha que o fato dos internautas baixarem músicas da Internet vai acabar eliminando a figura do jornalista musical como um elo de ligação entre a produção musical e o leitor?

LR – Aqui no Brasil nunca se precisou do jornalismo musical para isso, até porque nunca existiu uma cultura de música decente, a não ser em guetos. Quando eu falei dos Strokes pela primeira vez, estava falando com umas vinte pessoas, no máximo. Se um jornal dá uma capa para eles, está se falando com 20 mil pessoas. Se esse segundo disco for bom, uma crítica sobre o terceiro disco vai falar com 100 mil pessoas. O começo é sempre de gueto. Com a coluna que eu faço na Folha On Line, sei que estou falando para moleque que sai a noite, vai segunda-feira no The Edge, pessoas que vão na Funhouse, na LOVe. No jornal, eu tenho de falar com o cara que está indo comprar o disco do Zeca Baleiro e do Fagner. É para ele que eu queria falar do Libertines, do Raveonettes, é ele que eu quero trazer para a cena. Muita gente reclama que eu falo de coisas internacionais, mas é porque eu opto por falar disso, uma vez que eu penso que há jornalistas que podem falar melhor da cena brasileira, são duas cenas. Eu não preciso falar de jazz na minha coluna que é uma outra cena...

Então você se definiria como um crítico musical especializado em rock e não um crítico musical no sentido estrito do termo?

LR – Sim, eu tenho um pé dentro do rock, mas estou atento as coisas eletrônicas e as coisas pop também. Hoje em dia, são coisas que se misturam. Está tudo muito globalizado também, muito por culpa da Internet. Voltando a sua questão anterior, eu não acho que a Internet vá matar o jornalismo de papel. É um componente fortíssimo e que pode até ser superior na qualidade informativa, mas é um componente da cena. Se existir um jornal forte falando das coisas legais do pop, se existir a Internet, rádios e gravadoras legais, vai ser bom para todo mundo. Se o leitor ouve uma banda como o Charlie Brown Jr., ele só vai ouvir essa banda. Quando apresentarem a ele uma outra banda, vai haver um termo de comparação no qual se pode optar depois. O Brasil sempre teve em todos os níveis um lance de se trabalhar com uma certa ignorância das pessoas, isso é uma herança cultural sádica que temos. Quanto mais burro é quem está do outro lado, é mais fácil de maneja-lo, tanto politicamente, como culturalmente. Quanto mais se oferecer outras opções para as pessoas com seu texto, é uma maneira de ir contra isso. O que eu faço é mostrar para o leitor outras coisas, além das quais ele está acostumado.

Qual a sua opinião sobre a qualidade das revistas musicais que estão hoje no mercado?

LR – Muitas vezes eu me nego a falar sobre isso na minha coluna porque eu acho que tenho uma voz que é muito ativa nesse meio. Então, não vou quebrar discos, como faz o pessoal do programa Garagem ou então falar mal de alguma coisa, como o Álvaro Pereira Jr fala. Acho legal que existam esses personagens, mas no meu papel , simplesmente, não falo. É o início de uma cena e espero que isso não pare por aí, como houve um movimento semelhante nos anos 80, mas que se perdeu num dado momento. Nos anos 90, com o estouro do Nirvana houve algo que espelhou aqui no Brasil de bandas novas, rádios legais, matérias em jornal. Então, isso está voltando agora e não vou ficar falando mal enquanto essa cena está se estabelecendo. Se ela estivesse estabelecida, seria uma outra coisa. Se algum crítico falar mal de alguma banda da Inglaterra ou dos EUA, dá para falar até porque existem milhares de bandas. Porém, penso que seja complicado falar mal numa cena que está em construção como aqui, principalmente, no meu caso, se eu tenho uma voz. Então, simplesmente me calo. Recebo 200 CDs por semana, ou então sites com indicação de arquivos MP3. Quanto mais bandas existirem e estiverem estimuladas a nascer, mais bandas legais vão surgir. Prefiro apontar meu farol para essas bandas que são poucas e boas e para jornalistas que são bons, mas poucos, a ficar falando mal. Deve haver muita quantidade para depois se tirar uma qualidade.

Então você faz o mesmo com as revistas que estão sendo lançadas no mercado...

LR – Dentro de uma revista, que é uma coisa mais geral, existem coisas boas, assim como há coisas ruins. No jornal é a mesma coisa. Num texto específico também. O leitor pode ler uma crítica e sacar que o autor teve uma boa idéia, mas que no parágrafo seguinte ele já detonou tudo. É incrível sair na capa da Ilustrada uma matéria falando da crise da música eletrônica. Ela deveria ter saído no ano 2000, caberia muito bem nessa época, agora ela sai com três anos de atraso. É fácil apontar uma crise de criatividade agora e não notar que ela existia há muito tempo. E justamente a partir dessa crise, a música eletrônica foi para vários lugares, várias vertentes e agora ela está ficando muito criativa. Então, determinar essa crise hoje é um desserviço louco. Fico a vontade para falar disso, pois é o jornal onde eu trabalho. Conheço a pessoa que fez essa matéria, é uma pessoa antenada, mas do jeito que a coisa foi pautada, discordo totalmente. Existem outras duzentas coisas para se colocar numa capa de um caderno como a Ilustrada a falar de uma coisa que caberia discussão no jornal em 2000.

E-zines, a coluna e o leitor-fonte

Você costuma acompanhar os blogs e os e-zines?

LR – Acho os blogs bem legais, trata-se de uma coisa bem pessoal e gosto é gosto. Procuro ver todos os que os próprios autores me indicam, através do e-mail. Não sou de visitar um blog com uma certa freqüência, mas eu acabo tirando informações de muitos deles. Essa molecada que faz blogs tem uma certa proximidade com a minha coluna, que tem uma cara de blog. Eles tentam me fornecer coisas para aparecer na coluna e fazer com que ela seja uma extensão deles. Acho isso interessantíssimo. Quando eu atraso a entrega da coluna, pelo fato de estar atolado no trabalho, eu coloco uma cascata qualquer e acaba sendo impressionante o número de pessoas que reclamam de mim. Alguns me perguntam por que eu não mudo para as quintas-feiras e respondo que se mudar, vou atrasar do mesmo jeito. Prefiro que deixe na quarta-feira mesmo, assim tenho um dia de atraso, fico desesperado e daí eu trabalho na coluna. Jornalista funciona assim. Essa cumplicidade que eu tenho com os leitores é inacreditável. É muito melhor do que a cumplicidade com o leitor do jornal. Num dia eu cheguei e escrevi que estava sem assunto. Era mentira , sempre há assunto para falar, de um modo ou de outro. Brinquei dizendo "Alguém tem algum assunto aí? Dá uma ajuda aí?" Você não tem idéia da quantidade de coisas que vieram . Eu tenho um exército de leitores que metem o pau em mim, mas que não deixam de ler uma linha da coluna. Uma hora ou outra, esses caras estão me passando uma informação legal. Construo a coluna com o farol do leitor. Às vezes eu estou alucinado com o fechamento da Capricho ou fazendo uma reportagem para a Ilustrada ou cuidando da Out! e fico sem saber o que está acontecendo. Daí, chega um e-mail de um moleque que me diz que eu falei de uma banda, mas que ele acha que é nada perto de uma música do Outkast, que é uma dupla norte-americana que está lançando um CD agora. Fui ouvir a música e foi uma das melhores coisas do ano. Essa informação veio de um leitor. Se não viesse dele...Eu até acompanho o que o Outkast faz, gosto deles, mas essa informação não iria chegar para mim com a contundência que chegou. Escrevi que era a música do ano e até brinquei que tenho várias "músicas do ano" que mudam a cada quinze minutos, mas a vida é assim mesmo. A coluna não tem a pretensão de cobrir tudo, não tenho a obrigação de falar de tudo, gosto de pegar alguns pontos e jogar lá e eu sou muito cobrado pelos leitores por causa disso. Essa é uma exigência legal que vem dos leitores e eu não tenho isso na Folha. Sei que meus textos no jornal chegam para muita gente, mas ninguém me deu música porque eu escrevo lá. Ninguém me chama a atenção para certas coisas como eles. Por isso é que eu digo que ninguém engana ninguém. Como posso falar que o Kings of Lion é bom se em dez minutos um internauta pode baixar e achar que é um lixo? Eu faço colunas só com o que o leitor está falando. Não é o Lúcio que é esperto, o Lúcio que é esperto o suficiente para aglutinar essas coisas que vem deles e colocar num formato que possa instigar outras pessoas que não ouvem bandas como essas.

Você estaria criando a figura do leitor-fonte?

LR – Eu tenho uns dez leitores que sempre quando chega e-mail de cada um deles eu paro tudo só para ler. Um moleque de Piracicaba, no quarto dele, sabe mais que muita gente boa que fez faculdade e está escrevendo em grandes jornais.

Numa entrevista ao site Trabalho Sujo, do jornalista Alexandre Matias, você refutou as acusações de que seus textos são copiados de revistas musicais estrangeiras. Num determinado momento, você disse que deu coisas em sua coluna antes dessas publicações. Poderia citar um exemplo disso?

LR - Eu vi em Nova York um show da Miss Kittin, escrevi na minha coluna, e a imprensa de lá foi publicar algo sobre ela duas semanas depois. Outra coisa que eu falei antes foi sobre o Erol Alkan, que estava na cara deles. Ele é DJ de um club em Londres onde acontece a noite de rock indie mais legal do mundo. Falei dele e dessa noite muito antes da New Music Express. Ele estava escalado para tocar agora no Tim Festival. Uma semana antes do Abril Pro Rock fui ao Recife e encontrei lá um jornalista que cobre cultura pop para o The New York Times. Ficamos conversando e comentei que estava rolando uma cena legal em Nova York e falei dos Strokes que estava puxando essa cena. Ele me disse que não conhecia, não tinha ouvido falar da banda. É a mesma coisa que dar uma capa para a banda brasileira Forgotten Boys no NYT sem a Folha ter publicado antes, que é ridículo por que eles estão em todos os lugares, vão sair num ensaio para a Capricho. A Folha deu espaço para os Strokes muito antes que o NYT.

Picaretagens jornalísticas

O que te motivou a revelar numa de suas colunas o fato de que uma entrevista com Julian Casablancas, vocalista do Strokes, publicada numa edição da Revista da MTV é falsa?

LR – Eu já sabia desse caso há muito tempo, muita gente do meio jornalístico tem conhecimento dele e sabe quem foi o autor da entrevista falsa. Sempre procuro falar na minha coluna a respeito de temas que acontecem no momento e usa-las como gancho, como a Copa do Mundo, a guerra entre EUA x Iraque, por exemplo. Naquela semana específica havia explodido o caso dos plágios cometidos pelo Jayson Blair no jornal The New York Times e aproveitei para tocar no assunto. Há algum tempo, tive a oportunidade de estar nos camarins com a banda depois de um show e eu estava conversando com o baterista Fabrizio Moretti, que é de origem brasileira. Levei uma edição da revista Dynamite que tinha uma entrevista com ele, isso foi um pedido do Humberto Finatti, e também levei a cópia de uma capa da Ilustrada que eu fiz sobre os Strokes. No meio do papo eu falei da tal entrevista do Julian deu à Revista da MTV. O Fabrizio estranhou e me disse que o Julian não fala com jornalistas. Pedi que essa informação fosse confirmada, o Fabrizio foi falar com o Julian e na volta ele assumiu que o Julian não deu entrevista alguma, ainda mais por e-mail. Não imaginava a repercussão que essa notícia iria ter.

De quem foi a culpa nesse caso: da Revista da MTV ou do repórter?

LR – A culpa foi do próprio repórter...

Queria te dar um exemplo: se amanhã eu chego para você e digo que fiz uma entrevista via e-mail com o J.D. Salinger, que é um escritor recluso, esse sim que não fala com ninguém, você não tomaria um certo cuidado?

LR – São coisas diferentes. O Julian Casablancas é um garoto e aquela entrevista foi completamente insossa, poderia ter saído em qualquer lugar. Era o tipo de oportunidade para fazer algumas perguntas específicas sobre o Brasil, uma vez que o baterista deles é brasileiro. Se o Julian tivesse falado mal de alguém...E a Revista da MTV nem é tão importante assim no cenário musical.

Você pretende revelar a identidade do autor desta fraude algum dia?

LR - Não, até porque a pessoa que fez isso está pagando pelo o que ela fez até hoje.

Existem outros casos de picaretagem jornalística na área cultural que você conheça? Poderia revelar alguns deles?

LR – Existem outros casos da própria pessoa que fez essa falsa entrevista, existem casos na Folha, no Estadão e no Valor Econômico, mas são coisas isoladas e não se trata de uma tendência comum na imprensa. Se existisse uma onda de reportagens ou entrevistas inventadas, aí sim haveria sentido em se falar mais a respeito.

quarta-feira, junho 22, 2005

Navegando por aí achei o texto abaixo no blog http://sondazkavernas.blig.ig.com.br/

Escuta aqui, Álvaro Pereira Jr.: vê se toma tento, rapaz, e tire a cera dos ouvidos!!!

Está na net a lista diferente do tipo: igual a essa você não vai ver porque foi feita por um cara diferente - ele, o editor descolado do "Fantástico". Oh! Fantástico. Colunista do Folhateen. Ah! Folhateen! Veja só: O homem não gosta do show do Coldplay porque parece o Radiohead fazendo balada há dez anos, mas acha o Dandy Warhols imitando o Bowie de dez anos atrás o máximo - ultra "muderno". Palmas pra ele! Muito coerente! Bom mesmo foi o show do Stereo Total, aquela dupla que mais parece um "protótipo mal resolvido do Pato Fu, em iní­cio de carreira"! Claro, foi diferente. Péssimo, mas diferente. É disto que caras diferentes gostam. Não entrou na onda do Kings of Leon, mas aprovou o 2º do Strokes porque este dita a moda. Genial! Colocou o disco mais recente do Massive Attack na lista dele, deixando um aviso de que o cd não seria encontrado em nenhuma outra lista de melhores de 2003. Óbvio, com tantos discos legais lançados ao longo do ano, ninguém iria lembrar mesmo deste. Só ele - o jornalista musical diferente. Viva a diferença! Viva o Álvaro - o editor "modernizado" do "show da vida"! O Rapture só não é pior que a Preta Gil. Ah, tá bom! O "Elephant" não é ruim (!?!?), mas o excesso de hype atrapalha. Que comentário estupendo este!!! O que ele falou mesmo de relevante na lista dos melhores e piores do ano: o "Hail to the Thief" é um discaço feito por "um cara que todo mundo sabe que é um gênio" (no caso, o Thom Yorke do Radiohead). Ufa. Nesse ele não teve como apelar pra difereça e falar mal, então preferiu dizer que todo mundo acha o cara e a banda geniais só pra não ser totalmente igual ao resto e não "descer" pro mesmo patamar do "público comum". É que ele gosta do Radiohead de um jeito diferente, sabe. Isso é que dar fazer a mesmice do Fantástico e criar as polêmicas manjadas de sempre, durante todo o ano. Aí­, quando chega dezembro, o cara tenta ser e fazer algo tão ímpar que perde a noção da realidade, do bom senso... Ainda bem que não gosto de música e nem estudei jornalismo pra tentar ser diferente dos outros! Será que o Álvaro Pereira "cool" Jr. escutou em 2003 o novo do Stairsailor, o Hot Hot Heat, o The Thrills, o Danko Jones, o Datsuns, o Raveonettes e vários outros. Parece que não. Editor do "Fantástico" não deve ter tempo pra isso!!!


Criticar todo mundo adora, mas ser criticado...xi, marquinho...

terça-feira, junho 14, 2005

Bem, está na hora de acabar com essa "polêmica". No começo foi até divertida, mas cansou. Depois dos seis comentários em seqüência que Terence Machado deixou aqui, imagino que a coisa deve ter virado uma obsessão para ele. Notem que foram seis mensagens num prazo de menos de 24 horas. Ele poderia gastar seu tempo livre com algo mais produtivo.

Uma de suas muletas nessa discussão é questionar a relevância do meu trabalho. Quero mostrar aqui alguns exemplos de que a coisa não é bem assim como ele coloca. Guardadas as devidas proporções, as coisas que eu tenho feito tem ganho um certo eco aqui mesmo na Internet.

Vários textos que eu publiquei no Observatório da Imprensa sobre weblogs e revistas eletrônicas ou e-zines volta e meia são usados no meio acadêmico. No segundo semestre do ano passado a professora do curso de Cybercultura de uma faculdade que infelizmente não está identificada linkou um de meus textos e o indicou como bibliografia. A prova está aqui: http://ciber2004-2.blogspot.com/2004/09/nesses-quase-sete-anos-de-uso.html

Um outro exemplo está aqui: um daqueles textos do Observatório foi linkado no no site Notícia na Internet, mantido durante algum tempo por seis alunos de Comunicação Social da UFMG.

Mais?

Os alunos de Comunicação Social da UFRN também seguem a mesma fórmula de compilar textos que julgam interessantes e que possam ter alguma valia em seus estudos. O site Toque de Rádio traz pelo menos uns dois textos meus, sendo que um deles é esse aqui: http://www.comidia.ufrn.br/toquederadio/html/artigo08.htm.


Voltando ao Observatório da Imprensa, tive outro texto com ampla repercussão, justamente aquele no qual eu falo dos reflexos no jornalismo musical com o surgimento da "Geração MP3". Essa essa mesma pensata teve espaço no Coletiva.net, um importante site sobre comunicação do Rio Grande do Sul, e no site do Mombojó. Não foi pouco.

Uma entrevista que fiz com o jornalista Marcel Plasse mereceu transcrição em outro site de estudantes, o da Faculdade Jsimões, de Gurapari. Tá aqui.

Um outro texto em que procuro identificar os partidos politicos da crítica musical teve seus trechos transcitos pelo Fábio Blager em seu blog: http://jornalivro.blogspot.com/2004/07/clube-do-bolinha.html Quem o reprodiziu também foi o jornalista Claudio Julio Tognolli em seu site pessoal. Não sei se Terence o conhece, mas Tognolli é um dos papas do jornalismo investigativo daqui. O texto tá aqui: http://www.tognolli.com/html/mid_rod.htm.

Adiante.

Vejam só o que disse o blogueiro Vini, do Mosca Garageira, a respeito de uma entrevista que eu fiz com o jornalista Ricardo Alexandre, autor do Dias de Luta: "Essa entrevista, feita pelo jornalista Rodney Brocanelli, tem mais vida e informação que qualquer artigo sobre o tema "crítica musical". O link tá aqui para provar que não estou mentindo: http://furdunzzo.blogspot.com/2003/09/crtica-da-crtica-musical-nessa-de.html. Essa mesma entrevista recebeu menção num arigo do jornalista Marco Antonio Barbosa no site Scream and Yell.

O mesmo Vini também transcreve um post que fiz aqui sobre o jornalista Álvaro Pereira Jr.: http://furdunzzo.blogspot.com/2003/09/da-srie-voc-um-homem-ou-um-rato-o.html.

Nem vou esmiuçar aqui o meu trabalho no Laboratório Pop. Só peço a Terence que passe por esses links: http://otites.blogspot.com/2005/01/info-nin-em-digresso-e-entrevista-ao.html, http://sbubs.zip.net/arch2004-03-01_2004-03-31.html, http://citysickness.zip.net/arch2004-08-01_2004-08-07.html, http://amocaju.blog.uol.com.br/arch2004-08-22_2004-08-28.html, http://www.loshermanos.blogger.com.br/2004_08_01_archive.html, http://dbdgdgd.blogspot.com/2004_03_01_dbdgdgd_archive.html, http://santuariosmiths.blog.uol.com.br/arch2004-12-01_2004-12-15.html , http://whitestripes.zip.net/arch2005-02-01_2005-02-28.html, http://bandofbloggers.blogspot.com/2004/03/blogs-sofrem-intimidao-e-so-ameaados.html

Acho que é o suficiente, embora creio que Terence vá continuar com sua mesma ladainha, baseada em três repetitivos pontos: que eu devo pegar meu banquinho e sair de fininho (tá assitindo demais o seu Raul), me chamando de indie como um xingamento (e depois ele não é preconceituoso, não é mesmo?) e desqualificar meu trabalho. Mas ele pode seguir com sua toada, pois vai ficar falando sozinho. Para encerrar, digo que a péssima impressão que eu tinha de Terence Machado se confirmou. E chega. A partir desse momento, o lanterna aqui não irá mais falar de Terence e seusuper, mega hipersucesso Alto Falante.

sábado, junho 11, 2005

Algumas coisas que tenho feito por aí:

-O Observatório da Imprensa trouxe uma entrevista com o radialista Roberto Miller Maia, ex-diretor artístico da Rádio Brasil 2000 FM, de São Paulo. O assunto principal foi o recente acerto entre a emissora e o Grupo Bandeirantes. O resultado é que os 107,3Mhz estão retransmitindo o horário nobre do jornalismo da Rádio Bandeirantes AM, 840KHz também de São Paulo.

-A quadragésima edição da revista eletrônica Bacana publicou um papo meu com o jornalista Tom Leão, um dos responsáveis pela seção Rio Fanzine, d'O Globo (RJ). Em comemoração aos 18 anos de longevidade desta proposta editoral, Leão e seu parceiro Carlos Albuquerque lançaram um livro-coletânea (pela Editora Record) com os melhores textos publicados ao longo desse tempo.

A respeito do post anterior, o apresentador do Alto Falante, Terence Machado, deixou um comentário. Democraticamente, o coloco aqui no blog. Vamos lá:

Gostei do seu comentário, típico de um cara "indie", Rodney. E o "roqueiro preconceituoso" sou eu? Primeiro vou corrigir, o programa não dá só traço, vive marcando 1 ponto e, vira e mexe, dá picos de 2 a 3 pontos, mesmo passando num horário completamente ingrato, na madrugada de sábado pra domingo, numa tv educativa - o que não é pouca coisa. Tem tão pouca audiência e, por isso, deve ter conseguido mais votos que os 3 concorrentes da MTV e abocanhado o Prêmio Claro, né?

Quanto à explicação de coisas como o Supergrass, é simples. Fomos completamente boicotados, principalmente, no ano passado, por uma diretoria completamente bizarra e que (por sorte) já foi afastada da Rede Minas (por problemas graves que incluem, entre outras coisas, suspeitas fortíssimas de corrupção!). Ainda assim, conseguimos fazer a cobertura de, praticamente, todos os principais festivais de música do País, com pouquíssima estrutura e um bocado de esforço e competência (modéstia às favas, meu caro "bloggeiro indie").

Então é isso, e pode acreditar, fazer um programa como o Alto-falante, numa estatal, conseguindo reconhecimento nacional é bem mais difícil do que fazer pichações inconsistentes em blogs. Grande abraço.


Só queria fazer uma réplica: com relação à votação própriamente dita do Prêmio Claro, nada impedia uma mesma pessoa de votar com quantos mails ela tivesse. Então, se fulano tem cinco endereços, ele poderia exercer seu voto através deles todos. Talvez se a votação ficasse restrita a IP, as coisas poderiam ser diferentes.

Outra coisa: quem falou certa vez num fórum do Orkut sobre as "teorias bizarras" de um conhecido jornalista musical, não fui eu. E se isso não é preconceito, sei lá o que é mais. É isso.


Update:(12/06/2005) Pois é, Terence Machado decidiu agora me atingir pelo fígado, me chamando de recalcado aqui no sistema de comentários. Ele diz que tenho de pedir desculpas a ele, mas não vejo o porquê disto. Não o ataquei moralmente, nem pessoalmente, apenas expus minhas opiniões. Talvez a premiação tenha lhe subido a cabeça. Pior do que não saber perder é não saber ganhar. Se ele não gostou, paciência. Isso reforça uma tese antiga minha: jornalista adora criticar, mas odeia ser criticado.
Sobre o papo de relevância, acredito que ele atingiu não apenas a mim, mas a todas as pessoas que são personagens de minhas entrevistas ou reportagens e os responsáveis pelos veículos com os quais colaboro. Sim, porque eu não faço nada sozinho, muito menos invento coisas.
Sem querer, o Terence teve uma ótima idéia para tirar o programa dele do traço aqui na TV Cultura. A participação da dupla Repórter Vesgo-Ceará poderia dar um upgrade legal na audiência do "Traço Falante".


Update:(13/06/2005) E continua a ira de Terence Machado aqui no sistema de comentários. Falando em nome da equipe de seu programa, ele diz que "não temos problemas com relação a críticas negativas, desde que sejam fundamentadas e não mostra de total despeito". Ora, eu dei uma informação, a de que o programa dá traço, e duas opiniões, que Terence faz uma linha que eu não gosto e que não concordo com o fato de numa semana o programa adotar um formato, e na semana seguinte adotar uma linha diferente. Onde está o recalque?
Para me desqualificar, Terence fica usando o fato do meu blog ter ficado em último lugar numa das categorias do Prêmio Claro. Se ao menos ele lesse direito o post de 14 de maio... Como eu teria pretensão de ficar nas primeiras colocações se eu quase não tenho escrito aqui? Como teria pretensões maiores se fiz apenas uma campanha discreta mandado mail ao pessoal que é mais chegado a mim? Infelizmente, o apresentador de tv prova que não tem equilibrio suficente para ser criticado. Ele vem jogando pela ladeira o nível do debate. Ao final de seu ataque de raiva, ele decreta: "Então, procure respeitar pra ser respeitado porque ninguém gosta de levar desaforo pra casa".

Update: (14/06) Terence Machado volta a ocupar este espaço, mas infelizmente ele se esquece do escreveu aqui. Ele diz que eu dei uma informação errada sobre o traço que o Alto Falante dá no Ibope. Só que em sua primeira intervenção aqui neste blog, o apresentador escreveu claramente que "o programa não dá só traço". Ou seja, ele confirmou o que eu escrevi. O programa pode ter lá seus picos de 1 a 2 pontos, mas dá traço. Mas tudo bem, deixo esse esquecimento na conta da sua raiva contra mim.
Terence ainda diz que eu não expliquei minimamente porque ele faz uma linha da qual eu não gosto. Se ele parasse de espumar de raiva e lesse com calma o que eu escrevo, entederia o motivo. Mas eu repito, quem sabe ele possa entender: "Outra coisa: quem falou certa vez num fórum do Orkut sobre as "teorias bizarras" de um conhecido jornalista musical, não fui eu. E se isso não é preconceito, sei lá o que é mais. É isso".
Na sequencia, ele ainda tenta me explicar o que é especial: "quando você sai do formato padrão pra dedicar toda a pauta do programa "ESPECIALMENTE" a um artista e/ou assunto". Bem, o programa é dele e pode fazer o que bem entender. Particularmente, não gosto, acho de uma tremenda esquizofrenia editorial. É minha opinião. Alías, outro dia, na comunidade do Alto Falante no Orkut questionaram a mesmissima coisa a Terence
Por final, fica com ironias vazias: "E nas horas vagas vc faz o que? Ah! Escreve uma coluna sobre blogs pra Laboratório Pop!!! Parabéns pelos seus reconhecidos e premiados textos, trabalhos e esforços profissionais!". Sobre esse ponto, respondo depois com mais tempo.

sábado, maio 14, 2005

Opa, tava mais que na hora de tirar as teias de aranhas e varrer a poeira deste blog. O fato é que nos últimos meses, o tempo para me dedicar a este espaço ficou cada vez mais curto. Isso por causa de dois motivos nobres. Um deles (e o principal) é que eu voltei a estudar, e isso me fez dar adeus as longas madrugadas em frente ao computador. Eu até andei pensando em colocar um ponto final ao Onzenet, mas não quero dar uma de Silvio Caldas, cantor que vivia se despedindo da carreira de cantor, mas que sempre dava um jeitinho de retornar aos palcos. Então, fica combinado o seguinte: sempre que eu tiver alguma a dizer, deixo meu recado por aqui. Só não vou garantir uma periodicidade fixa. Pode ser a cada duas horas, como a cada duas semanas. Vou procurar manter minha colaboração regular com os sites Laboratório Pop, Observatório da Imprensa, Bacana e Papo de Bola, portanto, volta e meia eu emplaco alguma coisa nesses lugares e continuo motivado a isso.

Uma coisa legal que aconteceu nesse meio tempo é que o Onzenet foi indicado ao Prêmio Claro de Música Independente na categoria Melhor site, coluna ou fanizne on line. Nem divulguei nada aqui no blog. Fiz uma pequena campanha ao pessoal que é mais chegado a mim. É óbvio que não tinha nenhuma grande esperança, até porque não estava dando a devida atenção a isto aqui. Talvez seja esse o principal motivo pelo qual o blog ficou na última colocação com 0,45% dos votos. Ou seja, fui o lanterna do Prêmio Claro. Se eu tivesse uma verba (e tempo) disponível até daria uma festinha para comemorar o fato. O resultado não deixa de ser interessante. Tem gente que se envergonharia com tal fato, mas eu levei na boa. A única coisa que lamento foi não ter sido convidado para a festança. Mancada da organização.

Com relação ao prêmio Claro, tenho só um reparo na minha categoria. Acho que ela funcionaria melhor se fossem separados sites de informação ou e-zines, blogs e sites para baixar músicas da bandas independentes. Não faz o menor sentido colocar sites como o Bacana e o Scream and Yell concorrendo com o site da Trama Virtual. Também não há como colocar como concorrentes sites como o da Wishplash (que levou o prêmio), que tem a estrutura de um portal, com colaboradores e tudo o mais ao lado de blogs "de uma pessoa só" como o Onzenet, o Discoteca Básica e o Na Cova do Leão. É algo para os organizadores do prêmio pensarem na próxima edição.

Na categoria melhor revista, ganhou a Outra Coisa, seguinda pela Mosh. Resultados normais, uma vez que a revista do Lobão, está em todas as mídias, enquanto que a Mosh tem um forte garoto-propaganda que é o Regis Tadeu, com presença fixa no Superpop, programa de TV apresentado por Luciana Gimenez. O Laboratório Pop ficou com 4,0%, um expressivo resultado para uma publicação que tem pouco menos de um ano de vida e enfrenta todas as dificuldades inerentes a revistas independentes para se firmar no mercado.

A Rádio Ipanema FM, de Porto Alegre, conquistou o título na categoria rádio, ficando a frente da Brasil 2000 FM, de São Paulo. Não acompanho a emissora porto-alegrense, mas conheço um pouco de sua história e creio que houve justiça. O Alto Falante ficou com o prêmio máximo do quesito televisão. O programa é produzido pela Rede Minas. Passa aqui na Cultura de SP e só dá traço no Ibope. Não concordo com certos pontos de sua linha editorial, como de repente, do nada, fugir de seu formato de revista eletrônica e dar um especial de uma hora para o Supergrass. Qual seria o critério para escolher essa banda e não outra? Além do mais, seu apresentador, Terence Machado, faz a linha "rockeiro preconceituoso" que a mim não agrada.

O Prêmio Claro teve outras categorias, mas preferi ficar mais nessas ligadas a mídia. A relação completa está aqui.

sábado, abril 16, 2005

Legião Urbana é destaque na nova edição da Laboratório Pop

Neste número:

Legião Urbana: Vinte anos depois, a LABORATÓRIO POP revela novas histórias sobre o complicado parto do primeiro disco da banda liderada por Renato Russo, um marco na história do rock nacional


Placebo: roqueiros brasileiros fazem perguntas para a banda inglesa que está chegando ao Brasil


Direto da Big Apple: Entrevistamos três bandas que dão o que falar em NYC: Scissor Sisters, Secret Machines e Brazilian Girls


Kaiser Chiefs: Saiba o que é a banda hype do mês na Inglaterra, chamada pela imprensa de lá de “Novo Franz Ferdinand”


Tango eletrônico: A mistura do tango portenho com as novas tendências da música eletrônica está criando um novo e ótimo som na capital argentina


Asfalto beat: Em Recife surge uma leva de bandas que não tem nada a ver com mangue, coco ou embolada. O negócio deles é rock´n roll e ponto.


Laboratório Crítico & Display: Os principais lançamentos de CDs e DVDs do mês analisados pela equipe de críticos da LABORATÓRIO POP



Promoção Laboratório Pop/Mada: Saiba como sua banda pode participar do mada 2005


A LABORATÓRIO POP é uma revista mensal dedicada a todas as tendências do pop/rock. Além de enfocar em suas reportagens, artigos e entrevistas os grandes nomes e eventos do pop/rock nacional e internacional, a Laboratório Pop cumpre também o papel de lançar luz sobre novos artistas que buscam seu lugar ao sol, cumprindo a função de ser um guia do que se produz de novo na área da música pop aqui e no exterior.



Outra característica marcante da LABORATÓRIO POP é o foco na produção musical em todo o Brasil e não apenas no eixo Rio/São Paulo. Para isso, além da redação carioca, a revista tem uma sede em Natal (RN), que monitora toda o cenário da música produzida no Norte/Nordeste.



A LABORATÓRIO POP é comandada pelo jornalista Mario Marques e pelo produtor cultural Jomardo Jomas e conta, além da equipe nas redações do Rio (dirigida por Marques e Dirley Fernandes), do Sul (Abonico Smith), São Paulo (Rodney Brocanelli e Luiz César Pimentel) e do Nordeste (pilotada por André Cananéa), com colaboradores em várias capitais do país e correspondentes em Londres, Nova York e Buenos Aires. Entre os colunistas, nomes como Antonio Carlos Miguel, Bruno Gouveia, Igor Fidalgo e Mauro Sta Cecília, entre outros. A tiragem é de 30 mil exemplares, espalhada por todo o Brasil.

domingo, abril 10, 2005

Rápidas:

-O caso Ruth lemos já cansou. Mas para quem não sabe, Ruth é a mais nova celebridade da Internet depois de que a fita com sua gafe rodou por toda parte, chegando ao programa Pänico na TV. Ela concedia uma entrevista externa transmitida ao vivo à Rede Globo de Pernambuco, porém acabou se atrapalhando com o ponto eletrônico, uma espécie de fone quase invisível através do qual ouviria perguntas do estúdio, supõe-se. Em face disso, a nutricionista empacou na palavra sanduíche (sanduíche-íche-íche...). A culpa foi de um troço chamado delay. Vou pegar emprestada a definição publicada no Diário de Pernambuco: "Falha que causa atraso no som da própria voz no ponto de retorno em seu ouvido - recurso utilizado para que o entrevistado possa ouvir os apresentadores, no estúdio". Quem faz ligações internacionais pelo telefone também sofre com esse atraso.
Como o brasileiro adora uma desgraça alheia, o tape veio parar na grande rede (sabe se lá como)e fez sucesso. Na entrevista que concedeu ao Diário de Pernambuco, Ruth Lemos, embora vítima de chacotas, não demonstrou grande mágoa com a dimensão que seu caso tomou.
Porém, se há um culpado, esta é a equipe que estava na mesa de corte do jornalístico Bom Dia Pernambuco. A partir do momento em que o diretor de tv percebeu (isso se ele não estava dormindo) que a entrevistada estava com problemas, sua obrigação era tirar o link do ar até que tudo se ajeitasse. Evitaria essa bola de neve.

-Há no ar uma suspeita de picaretagem jormnaística. A revista Isto É publicou recentemente uma entrevista com Woody Allen, na qual ele falou sobre seu filme mais recente, Melinda and Melinda. Osmar Freitas Jr., o repórter responsável, participou de um jantar promovido por Allen. Fez várias perguntas, e o cineasta respondeu. Ele não permitiu que fosse usado gravador, apenas que fossem tomadas notas. Depois de sua publicação, surge a bomba. Foram encontdadas semelhanças da entrevista publicada em Isto É com uma outra publicada em um site estrangeiro, o Suicide Girls. O blogueiro Rafael Parada deu o toque. Outro blogueiro, Gabriel Pillar, foi atrás de Freitas Jr. e conseguiu dele algumas explicações. Segundo ele, o diretor não daria duas explicações diferentes para uma mesma questão. Mas outros sites também trazem praticamente as mesmas declarações de Allen. Tudo indica que sua assessoria possa ter distribuído a entrevista de Allen a vários orgãos e Isto É a publicou como se fosse exclusiva. Veja um resumo completo aqui. É mias um daqueles casos em que se pode aplicar o comentário sinistro, muito sinistro.

domingo, março 27, 2005

Uma das coisas que ando feito por aí é escrever para a revista eletrônica Bacana, do jornalista Abonico Ricardo Smith, radicado em Curitiba. Há uns dez anos, eu lia os textos dele na finada General. O tempo passou e hoje ele me chamou para participar do site dele. Estamos ficando velhos...he he he
Publiquei no Bacana dois textos, um, que está na edição mais atual, a 39, foi a entrevista com o também jornalista Guilherme Bryan, autor do livro-reportagem "Quem tem um sonho não dança", sobre a cultura pop dos anos 80.
Na minha estréia, ocorrida na edição 38, escrevi sobre o livro Fama e Anonimato, de Gay Talese, um dos inventores do new jouralism, e aproveitei para falar da onda de lançamentos de livros que tem o jornalismo como tema. Não percam.

terça-feira, março 22, 2005

Surge mais um caso de fraude jornalística no Brasil. Desta vez, a picaretagem não ocorreu em nenhum grande veículo de comunicação. O site do Jornal Laboratório, mantido pelo curso de Comunicação Social da IESB, no qual os alunos publicam seus trabalhos, trouxe uma reportagem sobre um caso raro de infecção no cérebro, resultado de uma aplicação de piercing. A "paciente" estaria internada num hospital da rede Unimed

A aluna responsável pelo texto, após a enorme repercussão da história, assumiu posteriormente que todas as informações contidas nela são falsas, desde o caso em si, até os nomes dos médicos. Depois da revelação, a reportagem foi retirada do site. Em nota oficial, a Coordenação do Curso de Comunicação Social fala que estuda a adoção de medidas disciplinares.

O blog Onzenet publica na íntegra a falsa reportagem a seguir. O texto foi obtido numa lista de discussão sobre jornalismo.

Saúde
Piercing na língua causa infecção cerebral em brasiliense
Primeiro caso no Brasil de infecção no cérebro provocado por piercing de língua
é registrado no Distrito Federal
Por Michelle Dias Piloto

O primeiro caso de infecção no cérebro provocada por um piercing de língua foi
registrado no Distrito Federal em 25 de fevereiro. É o primeiro no Brasil e o
segundo no mundo, segundo o neurocirurgião Marcelo Freitas, do Hospital Unimed,
onde está internada a paciente de 23 anos. A equipe médica informou que a
infecção está sob controle, a paciente está consciente e continua em observação,
mas só terá alta na próxima sexta-feira, dia 11. A jovem sentia fortes dores
de cabeça desde que colocou o piercing, há dois anos, segundo sua mãe, Maria do
Carmo de Souza. Um desmaio foi o que a levou ao hospital, onde os médicos
detectaram a infecção. Bactérias típicas da boca chegaram à corrente sanguínea e
alcançaram o cérebro. A paciente teve que retirar o piercing, foi submetida a
cirurgia e ficou em coma induzido por quatro dias. "Foi o primeiro piercing que
minha filha põs, nunca pensei que o adereço pudesse causar um dano tão grande à
saúde", conta Maria do Carmo.
O dermatologista Edil Ramos, da equipe que atende a jovem, lembra que a língua e
os genitais são as piores escolhas de quem quer usar o adereço. O especialista
recebe queixas freqüentes de dentes deslocados pelo contato com a peça e gengivas irritadas. Por serem regiões úmidas e muito vascularizadas, são vulneráveis a infecções. Em sua opinião, o melhor local para colocar o piercing é o lóbulo da orelha.
"Segundo a dentista Lidiane Britto, os problemas mais comuns na língua são a
halitose, a periodontite, dentes quebrados, dificuldade de fala e lesões no
palato por atrito. Mas também existe a possibilidade de transmissão de viroses,
como hepatite e AIDS.
O câncer bucal está relacionado a muitos fatores, como o fumo e o álcool, entre
outros. "Para quem fuma, bebe e usa piercing, as chances de câncer aumentam",
adverte a odontologista.
Apesar de tantos riscos, a adesão ao piercing de língua cresce entre os jovens.
Em São Paulo, uma lei estadual (lei nº 9.828/1997) proíbe a perfuração em
menores de idade mesmo com a autorização dos pais. Em Brasília, não há
regulamentação sobre o assunto. Para a adolescente Larissa Guedes, de 17 anos,
foi a melhor experiência de sua vida. A mãe foi com ela e as duas colocaram
piercing no umbigo. Ao contrário de Larissa, Débora Fontes, de 22 anos, foi
expulsa de casa por colocar cinco piercings.
A psicanalista Caroline Macedo relata que há casos em que adolescentes colocam
as peças para chamar a atenção dos adultos. Outros adeptos vivem um processo de
erotização da dor semelhante ao experimentado pelos sadomasoquistas. "A dor é
grande, mas para eles o prazer da perfuração é quase sexual", diz. Essa teoria
não explica a massificação do uso do piercing que, segundo a psicanalista, faz
parte de um conjunto de tendências estéticas que envolvem a manipulação do corpo
em busca da beleza, como é o caso das lipoaspirações e das próteses de silicone.
(publicado em 04/03/2005)

sábado, março 19, 2005

LABORATÓRIO POP DE VOLTA ÀS BANCAS COM O FILHO DO STING


Assim como o pai, ele adora corais búlgaros. E está na capa da terceira
edição da LABORATÓRIO POP, que está nas bancas. O pai em questão é Gordon
Sumner, gênio da música pop mais conhecido pela alcunha de Sting. O filho
pouca gente conhece, mas, seguindo sua ousada linha editorial e razão de
existir, a LABORATÓRIO POP o apresenta aos leitores brasileiros. Trata-se de
Joe Sumner, vocalista e guitarrista da ótima banda Fiction Plane, que
concedeu entrevista exclusiva e bem-humorada ao editor Mario Marques. A
melhor notícia: o avião do filho do Sting estará aportando em maio no
Brasil, mais especificamente em Natal, onde a banda será uma das principais
atrações do festival Mada, evento parceiro da publicação.

A LABORATÓRIO POP, lançada no final de 2003 em edição virtual
(www.laboratoriopop.com.br) e em junho de 2004 em edição impressa, recomeça
2005 com sua terceira edição. O desafio é manter a periodicidade mensal e
conservar a linha editorial que privilegia os novos nomes da música pop,
nacionais e internacionais. Tendo à frente da edição o jornalista Mario
Marques e o produtor cultural Jomardo Jomas, a revista e o site contam ainda
com um time de colaboradores que inclui os nomes de Antônio Carlos Miguel,
Luiz Cesar Pimentel, Bruno Gouveia, Dirley Fernandes e Mauro Sta Cecilia,
entre outros.

Além da matéria de capa, a LABORATÓRIO POP 3 conta ainda com uma reportagem
especial com os dez artistas mais chatos do pop nacional em 2004, eleitos
numa enquete que inclui depoimentos de dezenas de jornalistas
especializados, e-mails de leitores para o site e posts enviados para a
movimentada comunidade da LABORATÓRIO POP no Orkut. O campeão absoluto na
lembrança de jornalistas e leitores foi Humberto Gessinger, dos Engenheiros
do Hawaii, talvez como uma homenagem aos seus 20 anos de carreira. Nas
seções Laboratório Crítico e Display, mais de 50 lançamentos, entre CDs e
DVDs, são resenhados pelo time de críticos da revista. Entre e ouça.

Tem nego que escreve artigo de jornal falando mal do Orkut só porque as sacanagens que ele fez viraram tema de tópicos em algumsas comunidades...que coisa, não?

sexta-feira, março 18, 2005

Hunters falsos surgem no Brasil
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Em preparação a uma reportagem que fiz para a TV sobre o escritor americano Hunter S. Thompson, que se suicidou há três semanas, voltei a mergulhar no universo alucinado da figura. Reli livros, viajei numa excelente coletânea de cartas ("The Proud Highway"), peguei de novo duas biografias ("The Strange and Terrible Saga of Hunter S. Thompson", de Paul Perry, e "Hunter", de E. Jean Carroll). E, é claro, naveguei pela internet, onde acabei descobrindo muitos brasileiros "influenciados" por HST.
Essa suposta influência é, por um lado, positiva e não chega a ser incomum (nos países de língua inglesa, todo jornalista com aspirações literárias se abastece de idéias do arsenal de Hunter, assim como a geração de Hunter se espelhou em Ernest Hemingway, que também se suicidou com 60 e alguns anos).
Mas, voltando aos brasileiros, nessa pesquisa pela internet, fiquei sabendo que, até pouco tempo atrás, só um livro de Hunter tinha saído aqui: "Fear and Loathing in Las Vegas", com o nome de "Las Vegas na Cabeça". Já era difícil achar na época (anos 80), hoje nem se fala. Agora, a Conrad publica também "A Grande Caçada aos Tubarões" e "Hell's Angels, Medo e Delírio sobre Duas Rodas".
Com pouca coisa em português, será que Hunter pode mesmo ser tão influente no Brasil? Numa primeira impressão, sim. Afinal, existem até sites brasileiros de jornalismo gonzo (o estilo doidão de reportagem, inventado por HST). Mas um olhar um pouco mais atento escancara a farsa. Não quero dar nomes nem massacrar a carreira de ninguém -acredito sinceramente que, com o tempo, alguns desses gonzos brasileiros podem manifestar algum talento.
Mas o que vi na internet -blogs pessoais, contos, histórias curtas, trechos de romances já publicados (!!)- é apavorante. Textos primários, toscos, de gente cujo problema não é só nunca ter lido Hunter S. Thompon. É nunca ter lido nada, ponto final.
Em 1993, século passado, escrevi um longo texto sobre HST para a hoje extinta revista "General". A "General" foi para o jornalismo cultural brasileiro o que o Velvet Underground foi para o rock americano. Pouca gente leu, mas quem leu tomou uma atitude e se virou na vida.
Deve ser pretensão minha, mas realmente tenho a impressão de que esses gonzos brasileiros viram só a "General", aprenderam que Hunter era um bêbado e drogado e decidiram seguir a linha.
Só esqueceram uma coisa: com a mesma voracidade com que bebia e se drogava, Hunter lia.
E lia tanto e tão desesperadamente que chegou a redatilografar livros inteiros de seu ídolos, Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, só para reproduzir a sensação de escrever tão bem.
Nossos medíocres gonzos locais ainda têm de aprender essa lição. Quem não leu nada não pode escrever bem. Não se faz literatura de orelhada.


O artigo acima foi o segundo escrito por Álvaro Pereira Jr. a repeito de Hunter S. Thompon depois do anúnicio da morte do gonzo-jornalista. Não vou me ater à opinião de Álvaro, até porque opinião é opinião. Ponto. O que pegou foi uma informação que está no primeiro parágrafo do texto. Ele "descobriu" a influência exercida por HST em muitos jornalistas brasileiros. E pelo jeito, essa descoberta ocorreu totalmente por acaso. Se HST continuasse vivo, Álvaro talvez nem se desse conta desse fato.

O que seria pior: fazer literatura de orelhada, como diz Álvaro para alfinetar os gonzos brazucas, ou se mostrar alheio ao que acontece em seu próprio metier (o jornalismo)?

As primeiras linhas do texto aí de cima são a demonstração clara de vários defeitos comuns aos jornalistas em geral: achar que já se sabe de tudo; se importar apenas com o próprio umbigo; se esquecer que existe um mundo lá fora; não sujar os sapatos (para citar outro jornalista-literato que é Gay Talese), seja no sentido real ou figurativo.

Sobre a matéria no Fantástico a respeito do tempo em que HST viveu no Brasil, pode-se dizer que ela decepcionou e isso não é uma novidade. Uma das histórias mais importantes de HST no Brasil ficou de fora, que foi sua prisão. O próprio Álvaro a contou no texto da General: ele estava praticando tiro ao alvo em um local proíbido por aqui. Foi parar numa delegacia e estava quase se safando, após passar uma tremenda sabonetada no delegado. Porém, ao apoiar o pé numa mesa, várias balas que estavam em seu bolso cairam ao chão. Um tremendo mico. O Fantástico não trouxe isso.

Decepção semelhante ocorreu quando Álvaro fez uma reportagem para o mesmo programa a respeito da passagem de Kurt Cobain pelo Brasil. Histórias interessantes, daquelas que dão um molho bacana, como a entrevista que o cantor deu a um grupo de fanizeiros brasileiros, entre os quais estava, Rodrigo Lairú (comandante do selo midsummer madness), ficou de fora.

quinta-feira, março 17, 2005

Aviso do chapa Gilberto Custódio Jr.

Camaradas,

Quinta-feira, dia 17/03, será lançado o fanzine Esquizofrenia # 16. A festa vai
ser no Milo Garage, a partir das 22:00 hs. Vou discotecar no dia, naquele
esquema padrão de qualidade Generics e a banda Antebraço vai tocar ao vivo (uma
das melhores da cidade).

O zine tem 40 páginas e será vendido no local, na barraquinha da Peligro. O
conteúdo é imenso, não dá pra citar aqui, mas Esquizofrenia é para quem curte
literatura maldita e transgressora, música underground e doideiras em geral.

Sábado vou fazer o lançamento no Atari. O zine estará sendo vendido no caixa. A
banda Pic-Nic (RJ) vai tocar ao vivo e eu vou discotecar no começo da noite.

Milo Garage: Rua Minas Gerais, 203
Atari Club: Al. Lorena, 2155

sábado, fevereiro 26, 2005

A primeira vez em que soube da existência de Hunter S. Thompson foi através de uma edição da finada revista General. O ano deveria ser 1993 ou 1994, não tenho certeza. Sei que a matéria de capa trazia uma entrevista com Jorge Ben Jor, que tinha ressucitado para as paradas de sucesso ao gravar "W/Brasil". Sei também que não tenho mais essa revista. Lembro de que o texto era assinado pelo Álvaro Pereira Jr, explicava o que seria esse tal de jornalismo gonzo e contava casos pitorescos de sua vida, como o dia em que ele foi preso no Brasil de uma forma estúpida. Ele estava praticando tiro ao alvo em local proíbido e chamaram a polícia. Na delegacia, ele deu uma verdadeira sabonetada no delegado de plantão e quase ia se safar dessa. Porém, ele cometeu a besteira de colocar o pé na mesa e daí várias balas que ele carregava no bolso cairam no chão.

Outro episódio descrito por Álvaro ocorreu numa ocasião em que Thompson estava cobrindo a America's Cup, uma das competições de vela mais tradicionais do país. Desta vez, ele não estava sozinho e trazia consigo o ilutrador Ralph Steadman. Thompson convidou o artista gráfico a tomar uma de suas anfetaminas. A experiência não deu certo para Steadman que simplesmente pirou.

A leitura desse artigo de Álvaro sobre HST (a letra S é a abreviação para o sobrenome Stockton) foi para mim uma grande descoberta. A mesma sensação que tive ao ler numa revista Imprensa, em 1988, um perfil de Gay Talese e uma tradução de "Como Não Entrevistar Frank Sinatra", que está no livro "Fama e Anonimanto".

O tempo passou e verifico que HST tem muitos admiradores no Brasil e o estilo que ele impôs serviu como fonte de inspíração para muita gente. E a Internet se transforou num um veículo ideal para a divulgação de textos escritos à moda gonzo. Uma das expoentes do gonzo tupiniquim é a jornalista Cecília Gianetti, que mantém ativo o blog http://escreveescreve.blogger.com.br.

Dois dos livros de Hunter Thompson acabaram lançados no Brasil, ao apagar das luzes de 2004: "Hell's Angels" e "A Grande Caçada aos Tubarões" e que certamante serão bastante procurados nas nossas livrarias depois da notícia de sua morte, tal como vem acontendo nos Estados Unidos.

HST é mais um caso em que a sua personalidade é muito mais interessante que a obra deixada. Embora o resultado de seu trabalho seja irregular, ele representa um senso de liberdade, sonho de qualquer jornalista. Quem personificou isso num dado momento da história do jornalismo brasileiro foi Paulo Francis em seus últimos anos de vida, em Nova York.

Francis foi a principal influência de uma geração de jornalistas formada nos anos 80. Não deixa de ser curioso notar que hoje quem faz a cabeça de uma certa moçada nesta década seja Hunter Thompson. Deve ser porque ele, antes de tudo era um repórter e vivia intensamente para escrever depois. O contrário de Francis, que deixou de ser repórter para virar um cronista dos tempos, como bem definiu Caio Túlio Costa. Mas o aprofundamento da comparação destas duas siglas, PF e HST, pode ser melhor explorado por outras pessoas.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Leia no Observatório da Imprensa:

RÁDIO PIRATA
Projeto pode ajudar em vez de atrapalhar

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Numa das últimas colunas no Papo de Bola, a respeito da trapaça da água no jogo entre Argentina e Brasil, citei a caixa preta das Copas do Mundo. Na verdade, tratam-se de fatos e circunstâncias que nunca ficaram bem esclarecidas aos olhos da multidão de torcedores e que tiveram interferência decisiva nos resultados.
Saiba quais são no link:

A caixa preta das Copas do Mundo

sábado, fevereiro 05, 2005

Leia no site Laboratório Pop


Nas ondas da Internet

Rádio Base começou como blog - o primeiro do Brasil sobre rádio - e hoje éum dos maiores portais sobre o assunto.
Em entrevista exclusiva ao Laboratório Pop, seu editor, Marcos Ribeiro,fala mais sobre o atual panorama das FMs.

segunda-feira, janeiro 31, 2005

Tive a honra de participar da votação de melhores do ano organizada pelo site Scream and Yell. O colégio eleitoral teve 71 votantes. Os grandes vencedores foram Morrissey e o site Orkut. Veja o resultado completo aqui. Os meus votos estão aqui. Deixo público meu agradecimento ao Marcelo Costa pelo convite.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Vou inaugurar uma nova série por aqui. O título é "Cenas que eu gostaria de ter presenciado". Começo com esta aqui:

Em fevereiro, durante o festival Cidade Live in Concert, o ainda quarteto tocou pouco antes de Leo Jaime. O ex-miquinho chamou o Kid Abelha para cantar "Fórmula do Amor", que haviam gravado em parceria. Anunciou todo o grupo, menos Leoni. "Senti que Leo tomou o partido da banda e que Paula aproveitou para forçar a mão para que eu saísse logo então", confessa o baixista, após anos de terapia. Nos bastidores, enfurecido, Leoni foi tirar satisfações com Paula; Leo tentou apartar a confusão; Herbert Vianna saiu para defender a namorada; e a esposa de Leoni na época, a modelo Fabiana Kherlakian, também entrou no pastelão. Paula desferiu uma pandeirada no rosto do ex-namorado, que, no dia seguinte, saiu em peregrinação pelas redações da cidade exibindo seu pequeno hematoma.

Do livro "Dias de Luta", de Ricardo Alexandre, Editora DBA. Página 269

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Os meus primeiros textos do ano já estão no ar. O Observatório da Imprensa publica uma entrevista com Guilherme Bryan, autor do livro-reportagem "Quem tem um sonho não dança", que aborda a cultura jovem brasileira dos anos 80. Já o Laboratório Pop traz um texto meu sobre o Otites, blog português de estudantes de agronomia que escrevem sobre música. É a velha história: casa de ferreiro, espeto de pau. Confiram.

domingo, janeiro 16, 2005

Domingão é um belo dia para obras aqui no blog. Aproveitei para atualizar o "Também escrevo aqui", que é meu portifólio virtual, com os links dos textos para os sites nos quais eu escrevo. Foi trabalhoso, mas agora está tudo nos trinques.

E o jornalismo de internet passa a perna mais uma vez no jornalismo tradicional. O meu grande chapa Alexandre Sigrist entrevistou Juju Stulbach, exclusivo para o zine 3am. Ah, você não sabe quem é Juju Stulbach? Tudo bem. Caso nada dê errado, seu nome e o da banda da qual ela é vocalista, The Mosquitos, serão bastante comentados neste 2005. Confiram.


sábado, janeiro 15, 2005

Here I stand head in hand
Turn my face to the wall
If she’s gone I can’t go on
Feelin’ two-foot small

Everywhere people stare
Each and every day
I can see them laugh at me
And I hear them say

Hey you’ve got to hide your love away
Hey you’ve got to hide your love away

How could I even try
I can never win
Hearing them, seeing them
In the state I’m in

How could she say to me
Love will find a way
Gather round all you clowns
Let me hear you say

Hey you’ve got to hide your love away
Hey you’ve got to hide your love away



Confesso que sou um admirador tardio dos Beatles. Quando começei a ouvir música de verdade, isso entre 1983 e 1985, não gostava muito deles. Não gostava é muito forte de se dizer. Diria que a obra deles não me chamava a atenção. Naquela época eu estava mais interessado nas principais bandas daquela segunda metade dos 80, como Smiths e The Cure.

Começei a gostar de Beatles mesmo a partir de um especial exibido na Bandeirantes sobre a produção do "Sgt. Peppers". Acho que era o final de 1992. A tv por cabo ainda estava engatinhando e esse tipo de documentário ainda tinha espaço na tv aberta. Nunca me esqueço de uma das cenas. O produtor George Martin em frente a uma mesa de som explicando como foi gravada "A Day In The Life". A medida em que a voz de John saia das caixas, ele se emocionava. Bem, talvez por caus disso, "Sgt. Peppers" foi um dos primeiros CDs que comprei. Era a minha inserção (ainda que tardia) na Beatlemania...he he he


Todo esse papo furado introdutório só para falar da letra aí de cima, "You Got a Hide Your Love Away".
Ela não faz parte de "Sgt. Peppers", é bem anterior, do álbum "Help!". Talvez seja a influência mais nítida do trabalho de Bob Dylan nas letras dos Beatles. Mesmo bela, ela é cercada de polêmica. John Lennon teria ou não a composto pensando em Brian Epstien, então empresário da banda? Epstein era homossexual. Há quem diga que ele e Lennon tiveram um caso, mas é algo que não se tem provas.

Em se confirmando essa história de bastidores, deve-se dizer que Lennon fez uma canção universal, não se limitando apenas a um gueto. Não são apenas os homossexuais que tem de esconder seus amores. Heteros também. Qualquer pessoa, independente da sua orientação sexual, em determinado momento da vida, teve de engolir seus sentimentos, teve de amar sem poder dizer a todos que ama devido a uma determinada circusntância.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Momento "desencanto total com a humanidade"



People Ain't No Good
by Nick Cave


People just ain't no good
I think that's welll understood
You can see it everywhere you look
People just ain't no good

We were married under cherry trees
Under blossom we made pour vows
All the blossoms come sailing down
Through the streets and through the playgrounds

The sun would stream on the sheets
Awoken by the morning bird
We'd buy the Sunday newspapers
And never read a single word

People they ain't no good
People they ain't no good
People they ain't no good

Seasons came, Seasons went
The winter stripped the blossoms bare
A different tree now lines the streets
Shaking its fists in the air
The winter slammed us like a fist
The windows rattling in the gales
To which she drew the curtains
Made out of her wedding veils

People they ain't no good
People they ain't no good
People they ain't no good at all

To our love send a dozen white lilies
To our love send a coffin of wood
To our love let aal the pink-eyed pigeons coo
That people they just ain't no good
To our love send back all the letters
To our love a valentine of blood
To our love let all the jilted lovers cry
That people they just ain't no good

It ain't that in their hearts they're bad
They can comfort you, some even try
They nurse you when you're ill of health
They bury you when you go and die
It ain't that in their hearts they're bad
They'd stick by you if they could
But that's just bullshit
People just ain't no good

People they ain't no good
People they ain't no good
People they ain't no good
People they ain't no good at all

Essa música de Nick Cave faz parte do cd "The Boatman´s Call". E ele tem razão, as pessoas não prestam.
Ouça essa singela canção "aqui". Faça o cadastro no site antes, ok?

domingo, janeiro 02, 2005

2005 já começou. Então, mãos à obra.

Kirsten Dunst chora ao ouvir Coldplay

do portal Terra


Kirsten Dunst possui um recurso curioso para chorar no cinema. A atriz contou, em entrevista ao FemaleFirst, que ouve músicas do Coldplay para derramar lágrimas em cena.


Também, Coldplay é ruim de doer...he he he he he

 
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