terça-feira, setembro 17, 2002

O meu caro amigo Marcelo Valletta deixou aqui no sistema de comentários deste blog uma mensagem interessante e que faz pensar. Falando sobre o divórcio Nando Reis-Titãs, contou o seguinte caso: "...eu o entrevistei uma vez, e ele foi extremamente agressivo _aparentemente, por eu trabalhar para a Folha..."
Não é a primeira vez que um astro do rock nacional demonstra esse tipo de descontentamento. Renato Russo, vocalista e compositor da Legião Urbana, ficou anos sem dar entrevistas ao mesmo jornal. O motivo? Ele não gostou nada de uma crítica publicada a respeito do disco "Que País É Esse?", à época de seu lançamento, em 1988. Mário César Carvalho, o jornalista pautado para fazer a resenha, entre outras coisas, chamou o disco de "esquálido". RR não se esqueceu do adjetivo e incluiu a Folha de S. Paulo em sua lista negra.
É comum encontrar casos de artistas, políticos ou esportistas que acabam se aborrecendo com algum veículo, seja por casua de uma crítica negativa, uma notícia desfavorável ou uma declaração truncada. Em geral, quem se sente atingido, protesta e tal, mas logo deixa cair a coisa no esquecimento e não costuma guardar rancor. Por outro lado, alguns mais melindrados como Renato Russo, chegam ao exagero de impor uma lei de silêncio. Há casos de gente que, como Nando Reis, não chega a tomar tal atitude, mas acaba por adotar uma postura hostil, como a descrita por Marcelo Valletta.
Ainda sobre o caso Renato Russo-Folha, não se pode esquecer de que a crítica saiu assinada na ocasião. Se Russo tivesse de demonstrar sua insatisfação, teria que o fazer com quem escreveu que seu disco era esquálido, e não com o veículo. Se a análise fosse mais favorável, talvez ele nem tivesse se importado, o que, aliás, é uma regra geral.
Muitos parecem não entender que os jornalistas passam, mas os grandes jornais e revistas, em geral, ficam. Ou seja, o crítico que há dez anos (por exemplo) sempre metia o pau numa banda pode não estar mais ocupando aquele posto hoje. Em seu lugar, cetamente vai estar alguém que tenha uma outra visão das coisas.
Talvez até por um certo comodismo, prefere-se comprar briga com as instituições jornalisticas, deixando em segundo plano as pessoas físicas.

A estupidez humana ganha um novo nome: Barebacking.

 
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