2007 deve ter sido um ano intenso para os integrantes do Bonde do Rolê. Seus integrantes vivenciaram a consolidação do sucesso na cena independente internacional e passaram por fortes problemas internos. As desavenças fizeram uma baixa: a vocalista Marina Vello (antes, ela assinava como Ribatski) deixou o grupo de forma definitiva. Sites e blogs falam e uma feia discussão entre ela e Pedro D'Eyrot, logo após uma apresentação no Scala, em Londres.
O público que acompanha de fora não tem idéia do que teria sido a gota d'água. E o DJ Rodrigo Gorky também não fez questão de explicar, pelo menos até agora. Na comunidade oficial do agora ex-trio ele escreveu: "Não foi briga boba (por favor, nem tentem cavucar pra saber o que foi, pra preservar todo mundo preferimos não falar)".
Em sua manisfestação, Gorky fala sobre uma mudança de perfil: "o som deve mudar sim, mas nao eh aquela coisa do tipo "o bonde agora eh new rave", pq nao da, ne? digo que vai ser um passo a frente do primeiro, ainda mais que aprendemos com os erros do 1o, estamos um pouquinho mais 'ishpertos' com relacao as coisas".
A excursão que o Bonde faria na Austrália está definitivamente cancelada. Essa crise acontece bem no momento em que o EP com a faixa "Maria Gasolina" mais remixes feito.s por CSS, Laydtron, entre outros, sai nos EUA.
Uma dúvida que fica no ar: Marina Vello teria cacife para manter uma carreira solo no exterior?
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Fiz um texto sobre eles para o Jornal do Brasil. Nessa resenha de With Lasers destaquei que no meio de tanta baixarias existiam referências culturais a se prestar atenção. Bonde também é cultura. Depois da estrelinha, você pode ler a versão original que eu mandei à redação. Neste link, dá para ler a versão final (na verdade, não há muita diferença).
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Goste-se ou não, o Bonde do Rolê é um dos principais produtos brasileiros de exportação musical. A exótica mistura que uniu a sonoridade do funk carioca, o rock e a música eletrônica, caiu no gosto da mídia (e, principalmente, do público) do exterior. Ainda sem previsão para lançamento no Brasil, o CD With Lasers é uma seqüência natural da fórmula que fez esse trio virar uma celebridade no MySpace, ganhando fãs e alcançando as pessoas certas como Diplo. O DJ norte-americano gostou do que ouviu e fez questão de contratá-los para seu selo.
Não deixa de ser curioso pensar na reação diversa que With Lasers pode causar em dois tipos de público. Aqui, ele é o típico álbum que os adolescentes tocariam no volume máximo a fim de aborrecer os pais, por causa do conteúdo pornográfico das letras. Para os gringos, que apenas querem dançar, a temática não faz diferença.
No meio das baixarias, é possível encontrar algumas citações (conscientes ou não) a obras literárias ou cinematográficas, caso de Office Boy, que remete ao filme Dama do Lotação. Outra das músicas tem o nome de Tieta. James Bonde, por sua vez, só não toca explicitamente no nome do famoso agente secreto talvez para evitar problemas com os produtores da série. Aqui, ele é chamado de biba, além de outros adjetivos pouco lisonjeiros.
Como toda paródia, o Bonde do Rolê tem prazo de validade. Enquanto não expirar, trata-se do que há de mais interessante no atual panorama do showbizz. Diferente e transgressor, o funk proposto por eles é o novo punk.
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Publicado no Laboratório Pop
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Bonde do Rolê passa por reformulação forcada
Postado por Rodney Brocanelli às 1:16 AM 0 comentários
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Suspeito
A extinta revista Bizz, nessa fase que durou de 2005 a 2007, tinha uma seção que falava de LPs que não tiveram reedição em CD, CDs fora de catálogo e fitas demos. Chamava-se Tesouros Perdidos. Tive a oportunidade de emplacar uma resenha nela em maio de 2007. É do disco Suspeito, de Arrigo Barnabé, lançado origialmente há 20 anos. Aqui vai a versão original que eu mandei para a redação
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Saudado como um dos compositores mais inventivos dos anos 80, Arrigo Barnabé vivia um período de inquietação no final daquela década. Ele era um dos expoentes da “vanguarda paulistana”, movimento musical que, tendo como base a casa de shows Lira Paulistana, procurou trazer algo de novo à estagnada MPB da época. Seus dois primeiros LPs (“Clara Crocodilo” e “Tubarões Voadores”) surgiram com uma proposta estética peculiar, misturando elementos da cultura pop, como a linguagem das histórias em quadrinhos, com o dodecafonismo, técnica de composição da música erudita. Do ponto de vista artístico, era uma ruptura, mas os resultados comerciais não foram satisfatórios. Sem grana, Arrigo teve a percepção de que necessitava fazer algo mais profissional para sobreviver. Dentro deste contexto nascia “Suspeito”. Para torná-lo comercialmente viável, o jeito foi se aproximar do pop oitentista caracterizado por teclados e bateria eletrônica. Exemplo da faixa-título, um pop-brega à la Odair José, cujos versos de abertura são excepcionais: “Você tem medo de fazer amor comigo/Você tem medo de acordar com um bandido/E ver no espelho escrito com batom/ Tchau trouxa, foi bom”. Eclético, Arrigo antecipa em alguns anos as ondas da dance-music, (“Uga-Uga”), e do rap, (“O Dedo de Deus”). Outro destaque é “Êxtase”, um cruzamento entre o maracatu e os solos de guitarra típicos do rock de arena. Com “Suspeito”, Arrigo mostrou que é possível atender as necessidades do mercado sem fazer grandes concessões.
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“Suspeito” rompeu a barreira e conseguiu levar Arrigo às emissoras de rádio e a vários programas de televisão, em especial os de auditório. O “Perdidos na Noite”, da Rede Bandeirantes, foi um deles. Durante a apresentação, o apresentador Fausto Silva perguntou à sua platéia: “Vocês acham suspeito?”
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Em 1989, Arrigo foi “banido” das rádios depois de dizer a um jornal de São Paulo que não ouvia rádio e o achava chato. A Rádio 105 FM, de Jundiaí (SP), respondeu veiculando uma nota oficial: “um músico que diz ser o rádio muito chato não merece continuar no rádio". A trilha usada era “Suspeito”.
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Arnaldo Antunes, na época um titã, foi convidado pelo jornal “Folha de S. Paulo” a resenhar “Suspeito” para seu caderno cultural. Em seu texto, Antunes identifica na obra um procedimento que seria caro à Tropicália. "É através da paródia que Arrigo contamina de estranheza a banalidade", escreveu.
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O inconfundível timbre vocal de Tetê Spíndola é identificado em “Uga-Uga”. Uma das parcerias mais conhecidas entre Arrigo e Tetê é “Pô, Amar é Importante”, de 1986, que integra a trilha do filme “Cidade Oculta”. Outras vozes femininas ouvidas em “Suspeito” pertencem a Ana Amélia e Vânia Bastos.
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Como eu acho que dificilmente este álbum terá reedição em CD, vai aqui um link onde você pode baixar suas canções. Divirta-se.
Postado por Rodney Brocanelli às 3:19 AM 0 comentários
sábado, dezembro 08, 2007
Fellini Eternamente
(Bizz - janeiro de 2007)
Culto à banda paulistana segue com inéditas no mySpace e tributo.
Um dos nomes mais importantes da cena independente dos anos 80, o FELLINI é um típico casdo de “cult band”. Apesar de desativada há alguns anos, sua lembrança continua viva entre os fãs. Para eles, 2007 promete novidades. Thomas Pappon está empenhado em abrir seu baú de raridades. Dele fazem parte gravações inéditas, versões alternativas e registros de show. Esses material será oferecido de graça na net. Uma vez no ar, o plano é colocar um áudio diferente toda semana. A primeira música já foi escolhida: “A melhor coisa que eu fiz”, sobra de 3 lugares diferentes (1987). “Quando éramos muito underground e ensaiávamos atrás da Catedral da Sé, ouvíamos uma cantora evangélica nas redondezas que martelava esse tema. Roubei dela”, revela Cadão Volpato. Outras relíquias: uma versão demo de Chico Buarque Song”, de Amor Louco (1990), com Pappon na bateria, e “Eclipse”, com letra em inglês e inédita. Enquanto isso, a coletânia-tributo articulada no Orkut já é realidade. Os selos Pisces, Sensorial e Midsummer Madness se associaram para lançar “Isto não é exatamente uma Reverência” “Gostei muito de quatro coisas que ouvi, principalmente “Teu Inglês” com o Gianoukas Papoulas”, diz Pappon. (Rodney Brocanelli)
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Vamos atualizar algumas coisas. O tributo ficou parado desde a publicação da nota na Bizz. Os mais gaiatos poderão me zoar perguntando: "por que você escreveu então que ele era uma realidade?". Bem, as músicas estão todas gravadas e entregues a quem de direito. Ou seja, do ponto de vista artístico, o tributo existe de fato. Basta perguntar aos integrantes do Gianoukas Papoulas e das outras bandas. O problema que a parte burocrática (sempre ela) envolvendo os selos que se dispuseram a lança-lo emperrou o processo.
O tributo voltou a ganhar impulso após uma movimentação dos membros da comunidade Fellini - Amor Louco, no Orkut, colocando pilha e cobrando novidades. Uma hora ele vai ter que sair, nem que seja por meio físico (CD ou CD-R) ou virtual (web)
Quem deseja tomar conhecimento doss detalhes, pode acompanhar este link. (vai dar certo se você estiver logado ao Orkut)
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Ah, sim. O processo de divulgação das músicas inéditas do Fellini fluiu de forma bem mais fácil. Thomas Pappon cumpriu sua promessa e foi colocando a cada semana no mySpace o material que tinha.
Um dos participantes da comunidade do Orkut reuniu todos os arquivos de aúdio e jogou o resultado no Rapidshare, com direito até a capinha e um encarte improvisado em word com as letras e textos explicativos.
Aqui está o link para o Posta Restante. Baixe à vontade.
lhttp://rapidshare.com/files/29195947/Fellini_-_Posta_Restante__2007_.zip.html.
E você pode conferir no player abaixo uma das canções, chamada Por Toda Parte. Mais um samba maluco da rapaziada do Fellini.
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Postado por Rodney Brocanelli às 3:14 PM 0 comentários
quarta-feira, dezembro 05, 2007
O rádio esportivo e a rodada final do Brasileirão-07
Neste domingo tivemos uma das mais empolgantes rodadas finais da história dos pontos corridos no Campenato Brasileiro. E ainda querem a volta do mata-mata, mas essa é uma outra história. Vamos acompanhar juntos como o rádio esportivo cobriu a luta dos times que tentavam se salvar do rebaixamento ou que desejavam uma vaga para a Libertadores de 2008.
Em Porto Alegre, jogavam Grêmio e Corinthans. O timão precisa desesperadamente da vitória para continuar na série A. Mas logo no ínicio da partida, Jonas faria 1 a 0 para os gaúchos. Ouçam como Pedro Ernesto Denardin narrou esse gol para seus ouvintes da Rádio Gaúcha.
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Enquanto a torcida do Grêmio vibrava, a do Cornthians começava a perceber que a vaca estava indo para o brejo. José Silvério narrou o mesmo gol dessa forma:
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Enquanto isso, a briga por uma vaga para a Libertadores também tinha lances de emoção. O Cruzeiro fazia sua parte abrindo o placar contra o América de natal. Alberto Rodrigues, da Rádio Itatiaia, narrou assim o primeiro gol de Leandro Domingues
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Enquanto isso, no Parque Antarctica, o Palmeiras sofria para conseguir uma vitória simples diante do Atlético-MG. Tinha levado o primeiro, mas Edmundo, aquele que já foi o animal, empatou, de pênalti. Ulisses Costa narrou assim na Bandeirantes
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Já em Porto Alegre, a torcida do Corinthians respirava um pouco. Clodoaldo empatava a partida. Reinaldo Costa, da dobradinha Eldorado/ESPN soltou a voz
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Naquele momento, uma torcida respirava aliviada, mas outra tinha motivos de sobra para jogar o radinho de pilha longe. O Atlético-MG fazia o segundo gol em pleno Parque Antarctica. Mario Henrique, da Rádio Itatiaia, faz até gracinha
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Enquanto isso, em Goiânia, o Goiás fazia sua parte na partida contra o Internacional. Precisava desesperadamente de uma vitória. Saiu perdendo e conseguiu o empate. No segundo tempo, um pênalti salvador foi marcado. Mas ele precisou ser cobrado três vezes (e por dois jogadores diferentes) para ser convertido. José Aldo Pinheiro, da Rádio Gaúcha, estava em cima dos três lances
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Era a espada na cabeça dos corinthianos. E os goianos vibraram como nunca. Alipio Nogueira, da Rádio 730 AM, aproveitou até para mandar abraços aos ouvintes vips depois de transmitir o gol de Elson. Confira
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Resumo da ópera: Corinthians rebaixado. Goiás salvo. Palmeiras dando vexame. Cruzeiro classificado para a Libertadores. Grêmio e Internacional satisfeitos com seus resultados. E assim foi a última rodada do Brasileirão sob a ótica do rádio esportivo.
Postado por Rodney Brocanelli às 3:33 AM 0 comentários
sábado, dezembro 01, 2007
Final feliz
do site Bastidores do Rádio
Nesta segunda-feira (26), após reunião no período da tarde, tudo voltou ao normal na Rádio Globo AM (1.100 kHz - São Paulo/SP).
Após a desagradável informação de que 3 competentes funcionários da casa teriam sido demitidos "injustamente" pela veiculação de um comercial considerado "indevido", a emissora – usando bom senso como é de costume – definiu que os funcionários continuarão exercendo suas funções normalmente.
Fica aqui o nosso registro, e parabéns à direção do Sistema Globo de Rádio que optou - como sempre - pelo lado mais correto.
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Bom saber que a Rádio Globo continua a ser a Rádio Globo.
Postado por Rodney Brocanelli às 12:08 AM 0 comentários