segunda-feira, outubro 14, 2002

Como torcedor, é claro que fiquei contente com o o título mundial obtido pela seleção brasileira de vôlei. Méritos totais para Bernardo Rezende, que pegou uma seleção desacreditada e a colocou no topo. Depois, dizem que técnico não ganha jogo. É claro que ajuda a ganhar, sim. É um componente tão importante quanto quem está dentro de campo ou da quadra.
A minha única preocupação é que esse título não muda a atual situação do esporte no país. O vôlei no Brasil em termos de clubes é sustentado pelas empresas, que se associam com pequenos clubes ou prefeituras e colocam suas marcas em evidência. O ritimo dos investimentos varia com a situação do país. Cansei de ver um Bradesco, uma Pirelli ou uma Sadia cortando patrocínio ou dissolvendo seus times para cortar gastos devido à crise. E tem mais. Das grandes empresas que investem no vôlei, poucas direcionam o dinheiro para as categorias de base. Preferem montar times com grandes estrelas para chegar às finais e dar maior visibilidade as suas marcas, mas não se preocupam em revelar novos talentos. Quem será que substiuirá grandes jogadores como Nalbert, Maurício e Giba daqui a alguns anos?
O pior de tudo é que os atuais comandantes da CBV tratam as coisas no país como se vivessemos uma ilha de excelência. A atual presidência tem como único objetivo manter no poder o mesmo grupo político que está no topo há muitos anos. E ai daqueles que procuram tentar debater a atual situação, como o grande técnico Bebeto de Freitas, que poderia muito bem estar colaborando com a atual comissão técnica. Em qualquer outro país do mundo, qualquer confederação se preocuparia em ter junto de si alguém com sua experiência e talento. Mas aqui no Brasil, é diferente. Pelo simples fato de não concordar com uma série de coisas, Bebeto foi colocado à margem pela atual adminstração da CBV.
E antes de terminar, é necessário fazer uma homenagem ao locutor esportivo Luciano do Valle. Afinal, foi ele quem ajudou a popularizar o esporte no país. Há 20 anos, ele teve uma sacada genial. Ele percebeu que tinhamos uma geração competitiva de jogadores na seleção brasileria e passou a mostrar as partidas deles na televisão. Isso ajudou a popularizar o vôlei no país. O resultado está aí: o esporte foi massificado e a partir daí foi possível formar pelo menos mais duas gerações de atletas. Uma delas foi medalha de ouro na Olimpíada de Barcelona, em 1992. A outra é essa que vimos ganhar o campeonato mundial, na Argentina.

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