sexta-feira, maio 30, 2003

A história das picaretagens jornalisticas (a entrevista com o Julian Casablancas que não houve) levantada pelo Lúcio Ribeiro continua rendendo. Não mais na coluna do próprio Lúcio que resolveu não mais alongar o assunto, o que não deixa de ser frustrante, uma vez que foi ele o primeiro a falar corajosamente sobre esse assunto. Porém, outros jornalistas resolveram dar seus pitacos. Um deles foi o Emerson Gasperin, colunista do Correio Popular e um dos ex-editores da revista Frente (que não volta mais). Como ex-editor da Showbizz, Gasperin relata em sua coluna dois casos em que ele conseguiu driblar a fraude: "Em 2001, no comando da extinta revista Showbizz, este colunista deparou com situação semelhante. Um jornalista (?!) – talvez o mesmo citado por Lucio Ribeiro – ofereceu entrevistas exclusivas com Chuck Berry e Ike Turner. A primeira, via e-mail. Acendeu a luz: e-mail é roubada, a gente nunca sabe quem está respondendo. Mas tudo bem, vamos dar um crédito, até porque o papo com Ike Turner, garantia o sujeito, fora por telefone. Perguntado sobre como obtivera o número do homem que espancava Tina Turner, o descarado disse: “Foi o Chuck Berry que descolou”. Aí, foi só tentar imaginar Chuck Berry teclando “peraí que vou ver onde anotei o contato do Ike no meu caderninho” para perceber que tinha gato na tuba. Um e-mail (para isso sim, serve) para o agente de Ike Turner confirmou: ele nunca havia conversado com o tal jornalista (?!?!) brasileiro".
Só não vou concordar com a desqualificação do e-mail como instrumento para realizar entrevistas. Não é porque um picareta inventou uma entrevista usando como desculpa esse meio é que todas são assim. É necessário lembrar que o e-mail é uma alternativa bem mais simples a um interurbano internacional, cujas tarifas estão os olhos da cara. Gasperin tomou seus cuidados e não caiu na armadilha. Cabe a outros editores procurar se precaver para não passarem carão.
Luciano Vianna, dono do império de comunicações London Burning, também deu a sua palinha: "Reporter do maior jornal carioca entrevista pelo telefone o vocalista da banda que vai ser uma das principais atrações do Rock in Rio. Depois da entrevista, conversando com o editor, lembra que havia esquecido de perguntar sobre o novo álbum do grupo. Então inventa uma pergunta e resposta genérica, tipo: “O que podemos esperar do novo álbum?” – “Uma evolução no som da banda” ou algo assim. Isso acontece sem medo de alguém descobrir, ainda mais porque, em 99% dos casos, entrevistas com artistas estrangeiros são marcadas pela gravadora, que agenda umas 10 entrevistas para todos os veículos do pais no mesmo dia. Então, mesmo que o artista desconfie, ele não é uma máquina para lembrar o nome ou as perguntas de todo mundo que conversou com ele naquele determinado país".
Eu também conheço histórias de jornalistas que "anabolizam" as declarações de seus entrevistados, muitas delas na imprensa esportva. Um conhecido jogador brasileiro (ele atua no exterior) e que só responde a perguntas com frases que não ultrapassam duas linhas, acaba virando um fenômeno de articulação e argumentação após ser entrevistado por um determinado coleguinha. É tudo o que eu posso dizer.

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