A Rádio Bandeirantes de São Paulo leva ao ar de vez em quando um programete que eu julgo ser muito interessante. Chamado de "Bandeirantes não esquece", a intenção é rememorar casos que chamaram a atenção da imprensa e das autoridades e verifica se houve algum avanço ou se tudo ficou na mesma. Um exemplo: há algum tempo, a emissora fez uma reportagem sobre as precárias condições dos hidrantes da cidade, o que dificulta e muito o trabalho dos bombeiros. Meses após a sua veiculação , é feita uma verificação das providências tomadas desde a veiculação da denúncia (ou não) e assim vai. Uma boa idéia que poderia ser copiada por outros orgãos de imprensa. Eu sempre digo que uma fonte inesgotável de pautas está...no arquivo. Pena que muitos veículos não cuidam dos seus como deveriam.
O blog Onzenet, empolgado com a idéia, também lança uma seção parecida com a da Rádio Bandeirantes. O nome nem será original: "Onzenet não esquece" e se dedicará a relembrar alguns casos que foram levantados aqui. Para começar, tenho logo três de cara.
-A FESTA GIOVANNA. Passados quase sete meses, ninguém sabe ainda o que aconteceu na festa Giovanna, organizada por alunos da FGV. Para quem não lembra, foram divulgadas pela Internet fotos de casais em momentos calientes que aconteceram numa espécie de "cafofo" montado pelos organizadores justamente para essa finalidade. Ninguém sabia, porém, que havia uma câmera instalada estrategicamente fotografando tudo. O resultado não poderia ser mais desastroso para quem entrou lá dentro. As fotos vazaram na net através de vários sites para deleite dos vouyers de plantão. O escândalo foi grande, a imprensa caiu em cima, mas como era esperado nenhum responsável apareceu. Os centros acadêmicos da FGV, que organizaram a festa, silenciaram. Foi instaurado um inquérito policial cujos resultados até agora não são conhecidos. Durante todo aquele setembro o tema foi o "talk of the town". Hoje, ninguém toca no assunto. E no próximo setembro vem aí outra festa Giovanna. (Leia posts do Onzenet a respeito aqui).
-A RÁDIO PIRATA DO PADRE CHICO. Trata-se de um fenômeno inexplicavel. Como é possível que várias emissoras piratas ou comunitárias sejam fechadas pela fiscalização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) mais a Polícia Federal e a Rádio Planeta 90 FM (90,1MHz) , pertencente ao (falso) Padre Francisco Silva, continuar operando sem problemas? Em suas transmissões, ele promete ajuda espitiritual e outras coisas como a cura da frieza sexual com consultas que são cobradas. Tudo indica que é charlatanismo e dos brabos. No final de 2002, a fiscalização conseguiu apreender parte dos equipamentos da emissora, além de fitas com a programação. Nessa investida, até armas foram encontradas. Silva, porém, não foi preso e em pouco tempo a sua rádio voltou a funcionar com força total (inclusive no momento em que eu escrevo esse texto). Qual será o santo que o protege? Enquanto isso, rádios como a Restinga de Porto Alegre, Bicuda do Rio de Janeiro, Rádio Comunitária Santa Cruz (RS), Rádio Comunitária de Sorocaba (SP), todas com um perfil verdadeiramente comunitário foram impedosamente fechadas pelas autoridades. Está certo que muitos não concordam com a Lei de Telecomunicações, mas ela existe e deve valer para todos, sem distinção, principalmente para quem é picareta (Leia os posts dos dias 21 de janeiro, 25 de setembro de 2002, 30 de agosto de 2002 e 5 de maio de 2002).
-CURITIBA POP FESTIVAL O festival de rock rolou no último final de semana. Os comentários gerais foram os melhores possíveis, tirando um probleminha de organização aqui e ali. Foi possível ao público que lá compareceu ter contato com bandas interessantes do universo "indie" brasileiro, além de poder acompanhar um show legal das Breeders, das gêmeas Kim e Kelly Deal. Apesar disso, esperava-se mais do CPF. Um dos motivos é que, em novembro, a Folha de S. Paulo, publicou uma reportagem no Folhateen garantindo que a produção estaria "em negociações bem encaminhadas com bandas do primeiro time, como Strokes e White Stripes, e com duas das mais criativas e importantes do cenário independente, a americana Wilco e a escocesa Idlewild. Além dessas, outras 23 estão em fase de conversação, entre elas Radiohead, Foo Fighters, Hives e Vines". Caso alguma delas não viesse seria apenas por incompatibilidade de agenda, segundo a mesma reportagem. Até aí, tudo bem. O problema apareceria no dia segunte da publicação dessa matéria. A Fundação Cultural, responsável pelo festival, fez um desmentido de tudo o que saiu na Folha num jornal de Curitiba, a Gazeta do Povo. Um dos representantes dessa Fundação disse de forma oficial que a escalação das bandas não dependeria apenas das agendas, mas da verba disponível para a realização. E que nenhum dos nomes citados na reportagem foi contatado. Depois desse conflito de informações, o festival acabou virando piada durante alguns meses. O jornalista Lucio Ribeiro escreveu numa de suas colunas na Folha On Line: "Depois que as primeiras informações furadas circularam, ninguém mais fala sobre o evento, que ainda corre o risco de nem acontecer, segundo o assessor de imprensa do CPF". Aconteceu, mas sem o impacto que a notícia dada em novembro causou. Inicialmente programado para março, o festival aconteceu apenas em Maio (numa época bem fria na cidade).Insisto nas perguntas feitas aqui: o que poderia ter acontecido? Um erro do repórter da Folha que apurou a informação na época ou alguém da organização que poderia (repito: poderia) ter agido de má fé, divulgando nomes que faziam parte de uma "carta de intenções" apenas para conseguir mais e melhores patrocínios? (Leia o post de 25 de março de 2003 e também um post do blog Grapete)
quinta-feira, maio 08, 2003
Postado por Rodney Brocanelli às 12:12 AM
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