Bem, passada a comoção incial, é hora de entrar no caso Mario Marques. Na última semana, o grande assunto que mobilizou alguns setores do jornalismo musical e listas de discussão sobre música foi o site que traz uma conversa mantida por mail entre o jornalista e a pesquisadora Daniella Thompson.
Para resumir a coisa, Daniella acusa Mario de uma suposta apropriação da discografia do compositor Guinga compilada por ela. A lista com todas as gravações saiu no livro "Guinga - Os Mais Belos Acordes do Subúrbio" (Ed.Gryphus), de autoria de Marques. Os dois trocaram mails sobre o assunto por um breve intervalo de tempo. Ela decidiu trazer à tona todo o diálogo. E o site teve uma ampla divulgação nos em fóruns de discussões e blogs.
Esse assunto só ganhou a dimensão que teve pelo fato de que um de seus personagens é Mario Marques. Fosse qualquer outro, ele passaria em brancas nuvens. Marques não goza de simpatia em certos circulos musicais por conta de suas opiniões contundentes. Uma das tribos que mais se aborrece com seus escritos são os "indies". E foi justamente nesse meio que o imbróglio ganhou força.
Os comentários lidos por aí são de estarrecer. Mario Marques foi condenado e apedrejado em praça pública. Malhado como um Judas naquele ritual tradicional do sábado antes da Páscoa. Tudo sem que ao menos se conhecesse a sua defesa.
No meio de tantas "análises", faltou ao menos uma pergunta essencial. Se Daniella Thompson realmente está certa naquilo que diz, por que não resolveu procurar a Justiça em vez de colocar a íntegra de sua correspondência com Mario no ar? Dentro do campo das hipóteses, não seria melhor para ela ter uma sentença a seu favor a apenas ter um site? Do modo como ela vem agindo até aqui, parece que ela se contenta com pouco.
Sei que com essa onda de Big Brother, a fronteira entre público e privado ficou cada vez mais tênue, as pessoas até se acostumaram com isso, mas trazer a público uma conversa mantida em caráter particular é uma tremenda baixeza.
Pelo conteúdo publicado, pode-se ler que Mario se prontificou a consertar o suposto erro. Porém, ela foi um tanto "mala". Está certo que Mário poderia ter levado a malice da pesquisadora de uma outra maneira, de forma mais serena. Porém, nada disso justifica a atitude de Daniella.
Ainda no campo da reperussão que o caso teve, até mesmo os erros de inglês de Mario não foram perdoados. Ora, quem nessa vida nunca cometeu erros mesmo em provas do colegial na língua de Shakspeare, Morrissey, Bob Dylan, entre outros tantos?
Enfim o caso Mario Marques esta sendo analisado de uma forma parcial que ''e nojenta. Vou bater na tecla: existem casos piores por aí que foram varridos para baixo do tapete. Afinal, por que não fizeram o mesmo escândalo com o cara que inventou a entrevista com o Julian Casablancas e escreveu certa vez que o Curitiba Pop Festival iria ter atrações do porte de um Radiohead? Muita gente sabe de quem se trata mas...
Outra coisa também que é de deixar qualquer queixo caido é uma certa onda de ódio a jornalistas gerada por esse episódio. Li coisas como "jornalistas, que raça" e "odeio jornalistas". É, minha gente, a carroça está andando bem na frente dos bois, como diria minha mãe. O pior é que falam de um caso onde só há fumaça, não há nada conclusivo.
Sei que vou ter grandes dores de cabeça com este post, mas não me importo. Antes de encerrar de vez, queria dar um depoimento pessoal sobre Mario. Sempre ouvi falar dele (e mal) e acompanhava seu trabalho n'O Globo. Foi no final de 2003 que nos aproximamos mais. Ele fez um artigo na revista eletrônica London Burning detonando o Fellini. Fiz uma réplica aqui no Onzenet e mandei um mail o avisando. Ele respondeu de uma forma civilizada e até deixou um comentário aqui no blog. Propus uma entrevista, que foi publicada depois pelo site da revista Zero. Abordei váios pontos pol?micos, principalmente o fato dele ter produzido a banda Acid X. Mario não fugiu destas questões e cada um que faça seu julgamento. Pouco depois surgiu o convite para que eu escrevesse sobre blogs musicais no site Laboratório Pop, que ele comanda. Profissionalmente, ele tem me tratado da melhor forma possível, respeitando meu trabalho, dando força e fazendo elogios quando necessários. Diferente de muita gente que posou de amigo, de colega num primeiro momento, mas depois não respondia a e-mails e furava a encontros profissionais (houve um caso que eu marquei com um fulano de encontra-lo em sua casa; quando cheguei, a figura tinha saido). É esse o Mario que eu conheci e aprendi a respeitar.
segunda-feira, fevereiro 02, 2004
Postado por Rodney Brocanelli às 11:36 AM
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