Eu não tava a fim de postar mais nada hoje aqui no blog, mas eu lembrei de uma histórinha interessante que eu resolvi dividir com a meia dúzia de leitores fiéis dessas linhas.
Bem, quem me conhece sabe da minha participação na Rádio Onze. Eu era uma espécie de faz-tudo. Fui repórter, operador da mesa de som, assessor de imprensa, participava de vários programas, mas além de tudo isso tinha um programa solo que ia para o ar todo sábado à noite. Era o "Saturday Night Rock". Não procurem significado algum no nome. Foi o primeiro que apareceu (idéia do Chico Lobo), e ficou.
Tinha a oportunidade de tocar as minhas bandas preferidas (e de muita gente também..he he he), como Suede, Sonic Youth, Fellini, etc. Numa certa altura eu passei a tocar as demos de bandas que estavam militando no emergente rock indie nacional. Abri espaço para Superbug, Walverdes, PELVs, Cigarrets, Comespace...as minhas preferidas eram Sleepwalkers e Arsene Lupin. Fiz contato com essas bandas através das listas de discussão que eu assinava e elas me mandavam o material. Teve um dia em que montei um programa especial só com essas bandas num dia útil bem em cima da Voz do Brasil. Naquela época ainda havia a obrigatoriedade para a transmisão do informativo do governo por parte das FMs oficiais. Até dei um nome meio gaiato para esse especial: "Indie-Brasil contra a Voz do Brasil". Bons tempos.
(divaguei tanto agora que fugi do assunto...he he he, mas foi bom esse parêntese).
Bem, um de meus projetos era entrevistar personalidades interessantes do rock and roll. O sucesso da entrevista que o Kid Vinil nos tinha concedido no final de 1995 animou para que essa idéia fosse levada adiante por mim. Uma das personalidades que estava fazendo um certo sucesso lá fora era a brasileira Isabel Monteiro, vocalista do Drugstore. Achei que valeria a pena tentar manter um contato com ela, para, quem sabe, convencê-la a visitar nossos estúdios quando estivesse em férias aqui no país e nos concedesse um depoimento. Naquela época, eles tinham lançado o primeiro álbum, e o Drugstore começava a fazer sucesso na Inglaterra. Enquanto isso, consegui por aqui o endereço da caixa postal de Isabel com o próprio Kid, copiei a fita com a entrevista ele na qual ele falou um pouco sobre a banda, escrevi uma cartinha e despachei tudo via Sedex. Algum tempo depois, chegou a resposta. Num bilhetinho, Isabel disse que amou a entrevista, ficou muito feliz, etc (nem sei mais onde está essa carta). Ela ainda me mandou um adesivo de mesa com o logo do Drugstore e, melhor que isso, deu o meu endereço para o produtor que estava gerenciando a carreira deles naquele momento e passei a receber quase em primeira mão os singles que estavam sendo lançados. Por conta disso, eu tive o privilégio de ter em minhas mãos antes do que muita gente boa "The President", aquela música na qual ela canta em dueto com o Thom Yorke. O MP3 estava engatinhando...
Bem, a essa altura você deve estar se perguntando se a entrevista rolou. Não. Primeiro, porque eles tiveram problemas de gravadora. Sairam do Go Discs e foram para a Roadrunner numa transação meio complicada. Acabamos perdemos contato. Ainda enviei outras correspondências, mas as mesmas voltaram. Aquela caixa postal foi desativada. Depois, quando a banda veio ao Brasil, a emissora já não estava mais no ar (procure nos arquvos e saiba o que aconteceu) e por falta de tempo não me animei a ir atrás dela. Mas pelo menos eu acho que em algum lugar da casa de Isabel tem um pedaço da memória da Rádio Onze.
sexta-feira, junho 07, 2002
Postado por Rodney Brocanelli às 11:27 PM
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário