terça-feira, novembro 19, 2002

Uma das versões do bom e velho Manual de Redação da Folha de S. Paulo dizia que jornal não é novela. Porém, o dia-a-dia do noticiário tem contariado essa diretriz. O que dizer do caso de Pedrinho, um bebê sequestrado há dezesseis anos e que hoje foi localizado pelos seus pais verdadeiros, num verdadeiro golde de sorte ocasionado pelo destino? Se a história se resumisse a isso, tudo bem. Teriamos um final feliz: um rapaz com duas famílias e muito amor para receber. Porém, e há sempre um porém nesse caso, um fato novo aparece a cada dia, dando contornos mais dramaticos à situação. Vilma Costa, a mãe adotiva, hoje é apontada pela polícia como a mulher que teria tomado Pedrinho de sua mãe biológica na maternidade. Pelo que eu vi no Jornal da Globo, ela teria sequestrado uma outra menina. Enfim, é uma história que nem mesmo nossa maior novelista, Janete Clair, poderia ter imaginado. Há de tudo, intrigas, mentiras, verdades, ódio entre pessoas do próprio sangue (o que poderia justificar as denúncias que partem da própria irmã de Vilma?) e, antes de mais nada, amor. Sim, apesar dos pesares, Pedrinho ama Vilma. Foi ela quem o criou nesse tempo todo e nem mesmo as acusações irão abalar os laços afetivos entre os dois. Pelo jeito, nem mesmo se for comprovada a culpa de Vilma, sua relação com Pedrinho mudará num primeiro momento. Afinal, como bem diz a sabedoria popular, mãe é aquela que cria mesmo. Os pais verdadeiros, vão ter que lutar muito não apenas para descobrir o que aconteceu naquela maternidade, mas para terem a confiança do filho. É um enredo e tanto para fazer frente a anódina "Esperança", exibida pela Globo.

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