domingo, dezembro 07, 2003

O assunto da semana nas rodas de jornalistas foi o caso Joelmir Betting. Respeitável especialista da área economica, ele perdeu duas de suas mais importantes tribunas (os jornais O Globo e o Estado de S. Paulo) por virar garoto-propaganda do banco Bradesco. As publicações para as quais escrevia não aceitam que seus profissionais participem de campanhas publicitárias.
Joelmir já foi um referencial do jornalismo economico. Seu auge foi nos anos 70 e 80, quando trabalhou para a Rádio e TV Bandeirantes e mantinha uma coluna diária na Folha de S. Paulo, onde ficou até o início da decada de 80. Ele se destacou por impor um estilo peculiar, traduzindo o economês para a linguagem da dona-de-casa e do chefe de família. Foi para a Globo em 1985, já consagrado e não mudou seu jeito de trabalhar. Tinha um espaço fixo no Jornal da Globo que sempre encerrava com o bordão: "Para pensar na cama". Porém, com as mudanças na cúpula do jornalismo da emissora foi perdendo espaço progressivamente (principalmente depois da saída de Armando Nogueira). Mesmo com a presença firme em dois dos jornais de maior circulação do país, suas colunas não causavam mais o impacto de outrora, não repercutiam. Era raro encontrar alguém que chegasse numa converssa e dissesse: "você leu o que o Joelmir escreveu em sua coluna?". Talvez sentindo isso, Joelmir decidiu emprestar sua imagem ao Bradesco. Será que ele tomaria essa decisão enquanto estava no auge? Inteligente como é, Joelmir não faria isso. Resolveu deixar para fazer comerciais próximo da aposentadoria.
Uma coisa que fique clara. A atitude de Joelmir não deve servir para que sua brilhante carreira fique manchada. Não dá para se jogar fora suas contribuições ao jornalismo economico. Até os deuses tem o direito de errar de vez em quando.

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