Tenho certeza que os blogs serão para a literatura o que os campos de várzea foram para o nosso futebol. Parece pouco, mas pergunte onde é que todos os craques brasileiros começaram a jogar. E quem pensa que existe muita diferença entre escrever e bater bota, está redondamente enganado ( sem trocadilho). Num jogo como outro, só se aprende suando a camisa.
Este é o trecho de um post do jornalista Paulo Markun, atual apresentador do Roda Viva, da TV Cultura. É mais um cobrão da grande imprensa que adere a onda dos blogs. Uma iniciativa muito bem-vinda, por sinal. Lembro-me de Markun apresentado ao lado de Silvia Poppovic uma revista diária na Gazeta, em 1983. Chamava-se "São Paulo na TV". Na verdade, quem produzia o programa era a Editora Abril, que abriu um braço televisivo e o batizou como Abril Vídeo. Foi primeira investida dos Civita na televisão. O horário nobre da Gazeta foi alugado e o carro-chefe era a atração comandada pelo casal.
(Aliás, vale um parêntese aqui: foi uma das melhores fases vivida pela TV Gazeta. Ela alugou horários a vários pesos pesados como a Gazeta Mercantil, Olhar Eletrônico, Goulart de Andrade, entre outros, e tinha uma programação de qualidade. Dá dó ver hoje vários horários preenchidos por aqueles Infomerciais).
O "São Paulo na TV", era muito agradável de se assistir. Foi o começo do rompimento de um padrão mais formal para a apresentação de jornalisticos. O país vivia a abertura política promovida pelo general Figueiredo, portanto era mais fácil experimentar. Paulo Markun e Silvia Poppovic interagiam com o público, com os colunistas (eram vários) e entrevistados. A experiência teve sucesso de público. Quando tudo ia bem, ocorre um incidente que, ao meu ver, foi decisivo para que o programa saisse do ar. Em 1984, na época da votação da emenda Dante de Oliveira, que restabelecia as eleições diretas no país, o governo federal decidiu adotar medidas de emergência em Brasília. Por conta disso, não seria permitido transmitir de lá no dia daquela pôlemica votação. Porém, o "São Paulo na TV" levou ao ar uma entrevista do então vice-governador Orestes Quércia. Ele estava naquela cidade e conversou ao vivo, pelo telefone, com a dupla de apresentadores falando sobre o ambiente que antecedia a sessão do Congresso Nacional que, no fim, acabou sepultando a esperança das diretas. Resultado: a Gazeta teve seus transmissores lacrados no dia seguinte. Depois de muitas negociaçõres, a emissora voltou ao ar. Pouco tempo depois, quem saia da grade de programação era o programa. Foi bom enquanto durou.
Markun, depois dessa experiência, passou por vários jornais e emissoras de tv. Criou a revista Imprensa e esteve em seu comando durante sua fase áurea. Hoje, ele se estabilizou na condução do Roda Viva. Além disso, faz participações no Jornal do Terra. Foi uma grata supresa saber de seu blog.
sexta-feira, abril 16, 2004
Postado por Rodney Brocanelli às 12:37 AM
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