quinta-feira, setembro 26, 2002

Um dia eu ainda quero escrever mais sobre minha participação em listas de discussão sobre música. Começei na extinta Indie-Brasil e hoje assino pelo menos umas vinte. Claro que não tenho tempo de participar de todas elas, mas de vez em quando eu dou uma olhada para saber do que o povo está falando.
Nesse tempo em que eu tenho frequentado listas, fiz alguns amigos bacanas e tretei com alguns assinantes (são coisas da vida virtual; as vezes se escreve a e alguém entende b, o problema é quando isso gera discórdia que culmina em agressões verbais). Na E-zine não foi diferente. Organizada pelo zineiro Bruno Privatti, ela foi criada na esteira de uma outra lista bastante movimentada, a Indie-Brasil, dedicada ao rock indie nacional. A idéia de Bruno era dar um pouco mais de liberdade para as pessoas se expressarem, tendo como ponto de partida os fanzines. Em pouco tempo, passou a ser uma das principais da Internet brasileira. A certa altura, alguém lança a idéia: por que não se fazer um zine eletrônico com os textos de seus principais assinantes. A aprovação foi imediata e nascia assim, o Lao Bar. O nome, totalmente esquisito e pouco usual, tem a sua justificativa. Depois de uma das frequentes quedas do servidor que gerenciava a lista (ficava na Uerj), um dos participantes pediu para que os outros dessem um alô, a fim de saber se estava tudo normanizado. O apelo foi prontamente atendido e, num dos replys, alguém escreve a palavra lao, que nada mais é que alô digitado errado e sem acento. Todos foram na cola do lao. Alguns acharam que era uma saudação secreta, outros em tom de brincadeira adotaram a palavra em seus mails. O fato é que o nome pegou e foi o escolhido para batizar a página. O seu conceito era reproduzir uma conversa de botequim, daí temos Lao Bar.
No começo de de 1998, a primeira edição entrou no ar, com poucos textos. Naquela época, o web design ainda engatinhava e, mesmo sem os recursos que existem hoje, o visual acabou ficando muito bom.
O editorial de abertura trazia o seguinte texto:
Janeiro de 1998, mês de inauguração do LAO Bar. Enfim aberto ao público o resultado de um investimento de meses e de dezenas de mãos para a construção de um lugar onde se possa debater inteligentemente todo tipo de assunto que nós gostamos de debater quando estamos tomando aquela cerveja gelada em pleno verão escaldante.
Neste mês, expomos aos visitantes os nossos arquivos pessoais e as conversas que despertaram o desejo de se construir um local assim na Internet Brasil. Além de muitas outras coisas que discutimos ardentemente enquanto esperávamos o maitre trazer as bebidas!
Para incentivar uma visita completa e edificante, nada de manchetes por enquanto. Temos resenhas de demos, retrospectiva da carreira de escritores, lembranças de infâncias, tiras inéditas de quadrinhos, resenhas de filmes clássicos, manifestos... Enfim, navegue por si próprio e não se esqueça de fazer amizade com os frequentadores mais antigos se quiser saber mais sobre como funciona essa birosca de luxo. E boa sorte!

Enfim, era um projeto que prometia. Analisando um pouco mais a fundo diria que o Lao Bar foi o embrião das revistas eletrônicas que temos hoje, como ScreamYell, Ruídos, Rabisco, entre outros. Pena que, como quase todo empreendimento voluntário, não foi adiante. O príncipal motivo certamente foi a falta de tempo. As atividades profissionais de cada um atravancaram o desenvolvimento do site. Devem ter existido outros, é claro, mas não chegaram ao meu conhecimento. De qualquer forma, a primeira e única edição do Lao Bar ainda continua ativa, não sei até quando, portanto é bom aproveitar. Você pode fazer uma visita clicando aqui e ler os textos que chegaram a ser colocados no ar. Um deles é assinado pela gonzo girl Cecília Gianetti e versa sobre o filme Absolute Beguinners. Gregory Castro faz uma comparação entre os álbuns Psychocandy, do Jesus & Mary Chain, e Exit Planet Dust, dos Chemical Brothers. Eu compareci com um tosquissimo texto autobiográfico contando um pouco a meu envolvimento com as rádios livres. A intenção era fazer uma série e o nome era bem sugestivo (e pretensioso, diga-se de passagem): Minha História de Combate no Dial. Vale dizer que existem links para textos e entrevistas que nunca foram incluidos até hoje.
Eu já disse, mas não custa nada reptir, visitem o Lao Bar enquanto é tempo. Como a página nunca mais foi atualizada, o Geocites pode tira-la do ar a qualquer momento.

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