sexta-feira, dezembro 24, 2004

Não sou lá muito chegado em Natal, mas a data proporcionou um dos grandes momentos da imprensa mundial. Em 1897, Virginia O'Hanlon Doulgas, que na época tinha 8 anos, resolveu escrever para o The New York Sun, então o jornal de maior prestigío da cidade. Ela queria saber simplemente se Papai Noel existia, uma vez que vários coleguinhas impertinentes insistiam em lhe dizer o contrário. A menina tomou essa atitude de redigir a carta ao ouvir da boca de seu pai a seguinte frase: "Se está no The Sun, é verdade". Ainda bem que o pai Virginia e ela própria não estão vivos para ver a tragédia em que se transformou a credibilidade de alguns jornais dos EUA na atualidade. Bom, a carta de Virginia caiu nas mãos de um editorialista da publicação chamado Francis Church. Ele escreveu um belíssimo texto. Começou dizendo que os colegas de Virginia foram "contaminados pelo ceticismo de uma época cética". O curioso é que ele disse isso em 1897, finalzinho do século dezenove. E se fosse hoje?
Tanto a missiva de Virgina e a resposta de Church tiveram ampla repercussão e atravessaram os anos. O New York Sun os republicava anualmente até o ano em que parou de circular, 1949. Mesmo com o fim do jornal, os textos chegaram até nossos dias. Sem dúvida, um momento de rara beleza no jornalismo.


Sim, Virginia, existe Papai Noel



Página editorial do jornal "The New York Sun" , em 1897.


Nós temos o prazer de responder à carta abaixo, expressando ao mesmo tempo nossa gratidão por sua autora estar entre os leitores fiéis do The Sun.


Eu tenho 8 anos. Alguns dos meus amiguinhos dizem que Papai Noel não existe. Meu pai sempre diz, “se estiver no "Sun" , então existe”. Por favor, diga-me a verdade: Papai Noel existe?

Virginia O´Hanlon


Virginia, seus amiguinhos estão errados. Eles têm sido afetados pelo ceticismo de uma era marcada pela descrença das pessoas.


Eles não acreditam no que não vêem. Eles não acreditam no que suas pequenas mentes não podem entender. Todas as mentes, Virginia, são pequenas, não importa se são de crianças ou de adultos.


Neste nosso grande universo, o homem é um mero inseto, uma formiga, quando seu cérebro é comparado com o infinito mundo ao seu redor, ou quando ele é medido pela inteligência capaz de absorver toda a verdade e conhecimento.


Sim, Virginia, existe Papai Noel.


É tão certo que ele exista, como existe o amor, a generosidade e a devoção, e você sabe que tudo isso existe em abundância para dar mais beleza e alegria a nossas vidas.


Ah! Como o mundo seria sombrio se Papai Noel não existisse! Seria tão triste como se não existissem Virginias. Não haveria então a fé das crianças, a poesia, nenhum romance que tornasse tolerável a existência. Nós não teríamos nenhuma felicidade, exceto em nossos sentidos. A luz acesa com a qual as crianças enchem o mundo estaria apagada.



Não acreditar em Papai Noel! É como não acreditar nas fadas.


Você deveria pedir ao seu pai que contratasse muitos homens para que eles vigiassem todas as chaminés, e assim você pegaria o Papai Noel, mas, mesmo que você não o veja descendo por uma das chaminés, o que isso provaria?


Ninguém vê Papai Noel, mas não há nenhum indício de que ele não existe. As coisas mais reais deste mundo são aquelas que nem as crianças e nem os adultos podem ver. Você já viu as fadas dançando no campo? Claro que não, mas não existem provas de que elas não estão lá. Ninguém pode compreender ou imaginar todas as maravilhas do mundo que são invisíveis e que nunca poderão ser admiradas.


Você quebra o chocalho de um bebê e vê o que faz o barulho por dentro dele, mas existe um véu que cobre o mundo invisível, que nem mesmo o homem mais forte, nem mesmo a união das forças dos homens mais fortes do mundo poderia rompê-lo.


Apenas a fé, a poesia, o amor e a imaginação podem abrir esta cortina, ver e pintar a beleza sobrenatural e a glória que estão por trás dela. E tudo isso é real?


Ah, Virginia, em todo esse mundo não há nada mais real e permanente.



Não existe Papai Noel? Graças a Deus que ele vive, e que viva para sempre. Daqui a mil anos, Virginia, ou daqui a cem mil anos, ele continuará a trazer alegria para o coração das crianças.



A emoção venceu a razão na seleção de "O Aprendiz". É o resumo dessa ópera que durou dois meses. Huove justiça no resultado, embora tenha pairado no ar uma certa forcação de barra para Denis ser o escolhido. Principalmente quando pegaram o tape da Vivi dizendo que arrumaria as malas e iria embora caso uma coisa não desse certo.
Quem nunca teve uma fraqueza desse tipo, seja comandando ou sendo comandado, que atire a primeira pedra.

Na última sala de reuniões, que foi nos estúdios da Record, a Vivi se defendeu muito melhor. Ela ganhou quando disse que ela era uma profissional de comunicação e Denis, não. Outro ponto que contou a favor foi a paixão com a qual ela vendeu todas as suas qualidades e tudo mais o que pensava a Justus. Denis se mostrou apatico no momento mais crucial da competição. Talvez fosse reflexo da mancada que deu ao não aceitar a mudança da data do leilão beneficente. Provavelmente, tenham passado o vídeo da mancada de Vivi para não deixa-lo tão por baixo. Mas foi um recurso estranho naquele momento, pois nunca foi usado nas salas de reuniões.

Eu sempre chamei o Flavio de picolé de chuchu, mas nesse último episódio, ele deu uma grande contribuição insinuando que podem ter ocorrido combinações quando as câmeras estavam desligadas. É algo que a produção do programa, que terá uma segunda edição, precisa pensar como melhorar. "O Aprendiz" não é um reality show no formato que conhecemos com câmeras ligadas nos participantes 24 horas por dia (falo do BBB).

Fiquei contente em ver a Regina na festa final. Sinal de que ela está viva. Por um breve período de tempo, pensei que tivesse acontecido algo de mais grave com ela. Mesmo assim, não aconteceu nenhuma menção a sua doença. Vamos ver se com o final desta edição, os participantes estão liberados pela Record para concederem entrevistas e Regina possa explicar o que de fato houve.

Agora, espaço para o meu momento "Isabel Arias": escrevi aqui (é só procurar nos posts abaixo) que o vencedor sairia da equipe Solidez. Errei feio. Os finalistas sairam da equipe que teve uma sequencia feia de derrotas, a Ginga Brasil. Será que isto prova que os talentos se destacam mais nos fracassos? Vem aí uma segunda edição de "O Aprendiz". Oportunidade certa para tirar isto a limpo. Se eu tiver saco até lá, dou meus palpites sobre o programa.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

As péssimas condições de trânsito de São Paulo nesta época do ano me impediram de assitir ao penúltimo episódio de "O Aprendiz". O povo deixa para fazer as compras de Natal quase que aos 44 minutos do segundo tempo e quem sofre é quem nada tem a ver com isso. Quando liguei a tv, Justus já estava explicando a tarefa final aos finalistas Denis e Viviane.De qualquer forma, saindo Marcelo e Roberto se fez justiça.

Vou transcrever a nota de Daniel Castro, colunista de tv da Folha de S. Paulo, e meu camarada, sobre o possível contratado por Roberto Justus.

"Se você não quer saber quem será o provável vencedor do ‘reality show’ ‘O Aprendiz’, da Record, pare de ler este texto aqui.

O último episódio será transmitido nesta quinta. Parte será ao vivo. A outra parte já está gravada desde a semana passada. O conteúdo ao vivo, o último bloco, será transmitido do teatro da Record. Lá, está sendo montado o cenário da sala de reuniões do programa, onde são feitas as demissões.

Como no original americano, no final do episódio o cenário se abrirá para a platéia, onde estarão os participantes eliminados.

Já estão definidos os dois finalistas: são a gerente de criação Viviane e o engenheiro elétrico Denis.

Pela lógica do programa americano, Viviane é favorita a ganhar o prêmio, um emprego de R$ 250 mil anuais líquidos em uma das empresas do publicitário e apresentador Roberto Justus.

Na última competição do programa, gravada no dia 14, Viviane saiu vencedora. A prova consistia em organizar um leilão beneficente. Os seis últimos eliminados ajudaram os finalistas _três na equipe de Viviane, a Solidez, e três na de Denis, a Ginga Brasil.

Isso, no entanto, não quer dizer que Viviane ganhará o programa. A decisão final cabe ao empregador Justus, que pode surpreender até contratando os dois finalistas.

No episódio de amanhã, serão eliminados dois participantes. Isso se a Record não fizer mudanças nos dois últimos episódios.


Será que Viviane ganha, mas não leva? Será que a minha suspeita de que Justus tem uma queda (no bom sentido, lógico por Denis)? Agora, só assistindo na quinta a grande decisão. Vou programar meu vídeo para gravar.

sábado, dezembro 18, 2004

Colunista (nesse caso, sou eu) reúne frases que marcaram 2004 no LABORATÓRIO POP. As aspas dizem tudo

P.S.: Prestem atenção na ilustração utilizada. Melhor impossível.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Responda rápido: entre uma pessoa que tem altos e baixos no seu desempenho e outra que é linear, qual delas você escolheria? Eu ficaria com quem apresenta a linaridade, mas Roberto Justus decidiu pelo outro perfil. Assim, o Marcelo, um dos picolés de chuchu de "O Aprendiz" foi mantido na disputa em detrimento de Toni, que caiu fora.
Paricularmente não entendi e não gostei da escolha do publicitário. A mim, a alegação de que Marcelo é mais criativo não se justifica. Se ele oscila na hora de executar tarefas no programa, é lógico que irá oscilar em qualquer outra atividade. E mais: paricularmente, acho que criatividade não é um dom divino. É algo que pode ser desenvolvido. Por isso, o Toni deveria ter continuado. Já até visulmbrava que ele e Denis chegariam a grande final. Escrevi aqui que no programa retrospectivo de todos os episódios, Justus em suas declarações pendeu sua balança um pouco para o lado de Denis. Será que suas decisões já estão levando sua preferëncia em consideração?

Outra coisa que me deixou um pouco cabreiro foi a prova de terça na qual se avaliou o raciocínio lógico dos participantes. Não vi necessidade de se ter um líder, até porque os testes eram muito mais individuais que em grupo. Talvez tenha sido um enorme jabá da Business School, que além de abrigar a prova, teve duas iserções comerciais nos intervalos do programa. Ok, vamos levar em consideração que era uma prova pertinente, mas que ela fosse deixada para o final. Ela só serviu para queimar um pouco mais o Toni, uma vez que ele ficou com a pecha de ser o líder nas derrotas.

Ah, e o meu chapa Daniel Castro, colunista de tv da Folha de S. Paulo, deu certinho em sua coluna duas informações: que o Flávio (o outro picolé de chuchu iria sair) e que um dos prêmios seria uma viagem para os EUA. A fonte dele é quente.

E na coluna Zapping, do Agora SP, já se antecipou como será a prova final. Os dois finalistas irão coordenar aspectos de um leilão beneficente. Mas o grande molho é que os seis últimos elimnados voltam para ajuda-los na tarefa. Vai ser interessante ver se um dos demitidos fará força para auxiliar um responsável por sua saída.

domingo, dezembro 12, 2004

Esse vídeo em que William Bonner, apresentador do Jornal Nacional, imita Clodovil não é inédito. Apesar de ter chegado à Interntet há pouco tempo, via Kibe Loco, ele circula de forma clandestina (ou nem tanto) há uns oito anos. Tive a oportunidade de vê-lo em 1997 na Universidade São Judas Tadeu, como parte de um trabalho de alunos de Rádio e TV. De qualquer forma, a imitação de Bonner é impagável.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Leia no site Laboratório Pop:

Aos Morrisseymaníacos

Autora de blog dedicado ao ex-Smiths critica a obsessão da mídia na masculinidade do cantor e detona gravação da dupla tAtU

quinta-feira, dezembro 09, 2004

O episódio desta quinta de "O Aprendiz" foi diferente. Na verdade, um resumão da ópera de tudo o que aconteceu até aqui, com várias cenas dos programas anteriores. Roberto Justus fez comentários sobre os participantes eliminados e aqueles que ficaram. Teve até jabá do Hilton Hotel. O publicitário ficou um bom tempo mostrando a suite onde os competidores ficam quando não estão desenvolvendo as tarefas propostas. Ao falar daqueles que já se foram, nenhuma menção mais detalhada sobre a Regina, que teve de sair para fazer uma cirurgia. Se ela morreu ou se está viva, não se sabe. Talvez depois do final de "O Aprendiz" algo mais detalhado venha a ser divulgado.
Pelos comentários de Justus sobre os seis que continuam na disputa, ele mostrou uma certa queda pelo Denis, mas ainda é cedo demais para se tirar qualquer conclusão.
Dentro dos melhores momentos, faltou uma compilação do tipo "O Pior de Isabel Arias", com o melhor das bolas foras que ela deu até agora.
No episódio de terça, finalmente saiu um dos picolés de chuchu, que era o Flávio (o outro é o Marcelo). Houve uma suspeita de favorecimento pelo fato dele ser casado com uma diretora de marketing de um dos principais shoppings de São Paulo. Mesmo se houvesse tal coisa, Flavio demonstrou ser outro (não nos esqueçamos de Elise) dos piores postulantes ao cargo. Nem um forte QI (o famoso Quem Indicou) seguraria sua barra por lá. No mais, ficou evidente os rachas internos tanto da Solidez, como da Ginga Brasil. Na semana que vem, começa a fase decisiva do programa.

sábado, dezembro 04, 2004

O episódio de quinta da série "O Aprendiz" mostrou a maneira mais simples de se resolver um problema: passando-o para frente. No caso, o problema era a participante Ailana. Os membros da equipe Solidez não se mostravam satisfeitos com a sua performance. Na reestruturação dos grupos, deciram transferi-la para a Ginga Brasil. Como a Ginga Brasil fracassou mais uma vez, ela foi para a sala de reuniões de Roberto Justus na hora da demissão. O publicitário, ao meu ver, foi conivente com tudo o que aconteceu e a mandou embora. Ok que a Solidez tinha o direito de se livrar de alguém, digamos, mais fraco. Porém, eles pensaram como vencedores que vem sendo até aqui. Na hora da derrota, ela poderá fazer falta. Sorte da Ginga Brasil, pois Ailana foi de grande vália para justificar mais um fiasco.

Roberto Justus desta vez não foi coerente. Ele tinha dito a Denis que não o queria novamente na sala de reuiniões. O concorrente já se achava com a espada na cabeça, tanto que ele se mostrou apático durante os momentos decisivos. Justus achou que aquilo foi uma prova de sua humildade. Nada a ver. Denis estava com tanto medo que não sabia como agir. Era ele quem deveria ter saido, caso fosse mantida a coerência. Luiz Suplicy foi demitido por ser reincidente, vale lembrar.

Se a participante Viviane não conseguir a vaga para trabalhar numa das empresas de Roberto Justus, ela mostrou que tem futuro numa outra área: como garota-propaganda de programas femininos.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

No episódio desta terça feira de "O Aprendiz" saiu quem já estava fazendo hora extra no Hotel Hilton. O argumento usado por Roberto Justus para demitir Elise foi pertinente. Ficava nitida a sensação de "o que ela está fazendo ali" a cada intervenção sua durante a competição. De todos os escolhidos, era a única que destoava. A participante só reclamava dos líderes e ficava apenas desempenhando esse papel. Quando lhe deram uma responsabilidade maior, falhou. Eu elogiei o nível dos participantes, mas erraram ao seleciona-la. Talvez o que deve ter pesado foi o fato dela ter visto de entrada para os EUA. O colunista de tv da Folha de S. Paulo, meu chapa Daniel Castro, antecipou que uma das próximas premiações a equipe vencedora é uma viagem para a terra presidida por George W. Bush.

Outra vez, devo reclamar da edição que a Record faz dos episódios. Pela segunda vez seguida não foi exibido um momento crucial da tarefa: o desentendimento entre Elise e Ronaldo. Assim fica complicado para o espectador avaliar algo. Não sei como está a coisa no canal People and Arts.

Está ficando cada vez mais claro que o problema da Ginga Brasil não era Luis Suplicy. A equipe é desarticulada, desorientada e mais qualquer outra palavra que começe com des. Imagino que deva ser feita uma nova divisão de turmas, pois sobraram oito na jogada.

Quero me deter um pouco sobre a participação de Isabel Arias. Imagino que ela deva ser uma competente diretora de RH, mas no programa só tem dado bola fora. Na hora da divulgação dos resultados, a avaliação inicial que ela fez foi a de que uma das equipes foi pouco ousada. Justus teve de intervir e justificar que com o mercado financeiro deve se trabalhar assim mesmo, com cautela. Depois, ela se posicionou pela saída do líder Dênis, opinião que não foi levada em consideração pelo publicitário. Anteriormente, ela disse que Luiz Suplicy tinha de ficar no programas, mas o próprio Roberto Justus disse que não o queria vê-lo de novo na sala de reuniões na hora de uma demissão. Puxando mais pela memória, lembro que Jusuts talvez no mesmo programa manfestou seu desejo de ter alguém que unisse os perfis de Dênis e de Suplicy. Fica claro pelo apresentado até aqui que Arias não conhece seu patrão, não pensa como ele. Pode ser que seja assim apenas no programa, mas no dia-a-dia da empresa em que ela trabalha é a mesma coisa?

Muito se fala em armação em "O Aprendiz". Já se levantou a suspeita de um favorecimento a Flávio pelo fato dele ser casado com a diretora de marketing de um grande shopping de São Paulo. Para mim, até prova em contrário, o programa é sério. Foram apontados indícios, mas nada conclusivo. Se a imprensa apresentar fatos mais fortes, aí sim pode-se ligar o sinal amarelo.

sexta-feira, novembro 26, 2004

E não deu para o Luiz Suplicy ser o aprendiz do publictário Roberto Justus. O participante mais polêmico já tinha o aviso de que iria dançar na reincidência. Foi o que aconteceu. Mesmo se defendendo de todas as maneiras, Justus não teve como segurar a onda do agora ex-participante. Com isso, chega a hora da verdade para Ginga Brasil. Antes, quem atrapalhava era Luiz. O problema agora será justificar uma próxima derrota. Aliás, a equipe está pobre de recursos humanos. Não teve um episódio em que a Elise reclamasse do líder. O Ronaldo está se mostrando um chato de marca maior. A Viviane só conseguiu se manter na entrevista de emprego devido a condição do Luiz, senão ela é quem iria rodar. Para mim, o vencedor sai da equipe Solidez, que ao meu ver está mais equilibrada. O Toni é um candidato forte e nem mesmo Flavio e Marcelo, dois verdadeiros picolés de chuchu, conseguem atrapalhar. Alana precisa voltar a mesma vibração da prova anterior não ser demitida. De qualquer forma, "O Aprendiz" começa a ficar mais interessante a cada programa. Desta vez, a Record deu uma tacada certeira.
Vou registrar mais uma vez que nada mais foi comentado sobre a Regina e o pobre do espectador fica sem saber qual foi o motivo de saúde que a impediu de prosseguir.
Ah, e a Isabel Arias que se cuide, porque se dependesse dela, o Luiz ficava mais uma vez no programa. Só faltou o Justus a mandar embora junto.
Outra coisa: a Record precisa melhorar a edição do programa dando mais informações ao espectador. Os problemas de Luiz com a Elise na hora da gráfica e com o Ronaldo não foram exibidos. Somente foram citados da boca dos próprios participantes. Fica difícil ao espectador formar uma opinião assim. Parece que a exibição da versão nacional de "O Aprendiz" no canal People + Arts traz muito mais detalhes.

Leia no site Laboratório Pop:

Blog de música forma opinião?

É essa a discussão que fervilha entre jornalistas e blogueiros. Enquanto isso novos jornalistas se multiplicam pela internet.

terça-feira, novembro 23, 2004

Depois do episódio de "O Aprendiz" desta terça, não tenho mais dúvidas de que Luiz Suplicy é o cara. Ele é o tipo de sujeito que apronta todas, que tem lá suas crises, que contesta a autoridade, mas na hora H sabe se defender bem. Suplicy deu show na sala de reunião. Sabe morder, mas sabe assoprar também. Só falta a ele passar pelo batismo de fogo de ser líder numa das provas. Logo no início, achei que o Ronaldo fosse se destacar, o que ocorreu nos dias seguintes, sim, mas pelo lado negativo. No episódio passado, a equipe que ele comandou venceu com muita ajuda da sorte, porque o ambiente interno não foi bom. E isso se refletiu na prova seguinte.
A participante Alana, que vinha se mostrando apática até aqui, surpreendeu a todos e se saiu bem comandando sua equipe. Talvez, com menos participantes, ela possa crescer mais.
Achei estranho nenhuma outra citação sobre Regina. Afinal, ela saiu por motivo de doença e o espectador merece saber seu estado.

sexta-feira, novembro 19, 2004

Uma boa notícia para quem gostava da versão on-line do fanzine Esquizofrenia, editado pelo Gilberto Custódio Jr. Ela está de volta, após um grande período de recesso. O Esquizo, como é conhecido, nasceu na segunda metade da década de 90 como zine de papel dedicado ao universo indie. Chegou à Internet, em 2002, através do serviço de hospedagem gratuita Hpg, ligado ao IG. Após, problemas com o serviço, ganhou um domínio próprio. Porém, numa de suas fases de saco cheio, Custódio desistiu de levar adiante esse projeto na net, embora o zine on-paper continuasse sendo editado periodicamente.
Essa volta do Esquizofrenia à rede não significa que ele será atualizado. Ele faz parte do portifólio virtual da designer Fernanda Joy e apresenta outros trabalhos bacanas de sua autoria.
Essa volta vale por textos interessantes escritos por Custódio, como uma histórico da banda Dexy's Midnight Runners, que vai muito além de "Come On Eileen". Tem também uma entrevista que ele fez com os integrantes da banda Pale Sunday, que, como o subtítulo diz, nasceu "de Jarinópolis para o mundo".
Os meus textos preferidos do Esquizofrenia são duas entrevistas que Custóidio fez e tem a mídia como tema principal. Uma delas é com o jornalista Alexandre Matias, que na ocasião, havia acabado de deixar o comando da revista Play (Conrad) e jogou uma farofa básica na ventoinha. A outra é com o Kid Vinil, muito antes dele assumir o cargo de diretor artístico da Rádio Brasil 2000.
Eu colaborei com algumas coisas. Tem uma entrevista com o Thomas Pappon falando sobre "Amanhã é Tarde", CD que marcou o breve retorno do Fellini. Outra entrevista minha é com o também jornalista Ricardo Alexandre, por conta do lançamento da revista Frente (nessa época eu escrevia tenebrosidades como "vai estar", reparem). Eu e Custódio fizemos juntos uma entrevista com Paulo Cesar Martin, o Paulão, do Garagem. A oportunidade surgiu quando o programa deixou de ir ao ar pela Brasil 2000, no final daquele ano. É coisa para caramba, como dizem por aí. Enfim, aproveitem essa volta do Esquizofrenia ao ar.

Nunca pensei que iria novamente me empolgar com um reality show. A versão nacional de "O Aprendiz", exibida pela Record, tem grandes méritos como show de tv. A edição é bem feita. Os participantes foram bem escolhidos. Até Roberto Justus está bem, em que se pese suas limitações. Outro fator positivo que conta é um certo didatismo. O espectador em geral é apresentado ao maravilhoso mundo dos negócios, embora a ênfase seja no marketing.

Agora, é lógico que existem falhas. E elas começaram a aparecer no quinto programa. Primeiro, no que diz respeito a saída da participante Regina. Ela abriu mão de sua participação por um problema médico. Até aí, tudo bem, não é culpa dela, mas não fica claro que a produção fez (ou exigiu) exames de cada um dos candidatos. No BBB tem isso. Evitaria o que se seguiu depois no programa. Justus cumpriu todo o ritual da eliminiação para nada, porque ninguém foi demitido. Teria sido mais inteligente que o próprio apresentador deixasse claro desde o início que não havria espaço para dois eliminados, até para não prejudicar o cronograma. Todo o mise-en-scene foi pra nada.

No mais, não ficou claro que tipo de doença Regina tem. Só foi mostrado um depoimento da dra. Carmen Ruth Manzione pouquissimos detalhes. Alías, fiz uma rápida pesquisa no Google sobre essa médica e apareceram vários resultados com seus trabalhos, todos na área de proctologia. Eis aqui alguns de seus títulos:
-O que fazer na úlcera idiopática anal no doente HIV positivo?
-Infecção perianal recidivante pelo papilomavirus humano
-Doente portador de condiloma acuminado perianal recidivante: o que fazer?

Regina, alías, Regina Lunkes Diehl, escreveu um livro sobre uma outra doença que teve chamada hiperhidrose, que causa suor excessivo nos pés e mãos. Era a minha favorita para ganhar a vaga e trabalhar na empresa de Roberto Justus. Agora, meu palpite é de que o Luiz Suplicy vença a parada.


terça-feira, novembro 16, 2004

O Observatório da Imprensa dessa semana traz uma entrevista que eu
fiz com o jornalista Marcel Plasse. Ele fala sobre a Pipoca Moderna,
revista de DVDs que dirige e que agora entra numa nova fase, deixando de
ser distribuida gratuitamente e sendo vendida em banca. Confiram.

domingo, novembro 14, 2004

O Extreme Tracking não mente jamais. A keyword que mais gera visitas ao Onzenet através dos mecanismos de busca é...é...é...Antonella. Foram 187 vindas aqui geradas pelo nome dela. A ex-Big Brother Brasil ainda habita o imaginário masculino.
E quanto aos blogs que trazem visitantes aqui, a coisa tá assim:

http://www.cinepopmusiculture.blogger.com.br - 197 visitas
http://linguadetrapo.blogspot.com - 140
http://poetfool.blig.ig.com.br - 110
http://elcabong.blogspot.com - 72
http://nemo.blig.ig.com.br - 64
http://sbubs.zip.net - 63
http://www.sbubs.blogger.com.br - 57
http://www.aostraeovento.blogspot.com/ - 56
http://poetfool.zip.net/ - 50
http://www.gardenal.org/inagaki/ - 43
http://www.inagaki.blogger.com.br/ - 32

sábado, novembro 13, 2004

Mais algumas da série "Na Internet, nada é perecível":

Crise à vista com a geração Mp3 - Texto meu que saiu no Observatório da Imprensa em novembro de 2003 e ganhou várias republicações em outros sites (ou sítios, como queiram). Saiu no Coletiva.Net.

Caça à liberade nos blogs - Publicação original aconteceu no Laboratório Pop. Ganhou destaque e transcrição no site Blogs Brasil.

terça-feira, novembro 09, 2004

O Onzenet foi citado no Jornal do Blogueiro. A descrição e os comentários ficaram tão bacana que eu decidi transcreve-los aqui:


"O blog cor de abacate mais tosco e indie da Internet". Um blog que começou assim: "Resolvi aderir ao maravilhoso mundo dos blogs. Boa sorte para mim.". Um blog muito diversificado: pessoal e jornalístico, do Rodney Brocanelli. E se você quer perguntar: "Que raios significa Onzenet?" a resposta também está no início do blog: "é o nome do site da Rádio Onze, uma rádio livre da qual eu fiz parte por dois anos. Quando eu decidi ter o meu blog pelejei muito para criar um nome legal.Até queria usar o título de uma música do Fellini (uma das bandas que eu mais gosto), mas já tiveram essa idéia antes Como não apareceu nada, decidi usar esse mesmo. É simples e fácil de lembrar." . No último post você fica sabendo sobre o Tim Festival. Música é também um dos temas frequentes.

domingo, novembro 07, 2004

O Tim Festival é certamente um dos maiores e melhores eventos musicais do país. A equipe que o organiza é mostra grande competência, principalmente no que diz respeito a escalação dos shows. Mesmo com tantas credenciais, acontece que certos tiros acabarem saindo pela culatra. A apresentação do Picassos Falsos, certamente foi um deles, não por culpa da banda, mas pelo fato de sua apresentação ser programada para uma ocasião totalmente fora de contexto. Para explicar um pouco mais o porquê, recorro ao texto do jornalista Jardel Sebba, do site AOL Música. Segundo ele, "Picassos Falsos entrou no palco com vinte minutos de atraso e fez um ótimo show, que ainda assim não foi muito bem recebido pela platéia paulistana". Não foi a primeira vez que isso aconteceu na curta história do Tim Festival. Para quem não lembra, no ano passado, a organização do festival chamou o Fellini para se apresentar no Rio de Janeiro. A apresentação do Fellini, embora tenha sido bacana, dividiu opiniões e provocou tédio justamente àqueles que foram para ver White Stripes. Agora, foi a vez do Picassos Falsos causar uma má reação. Vejamos a continuação do relato de Sebba: "Segundo os organizadores, eles levaram na primeira edição, que foi realizada no Rio, uma banda tipicamente paulistana, o Fellini. A idéia esse ano era inverter o processo, levando uma banda tipicamente carioca para o festival em São Paulo. O Fellini já havia sofrido com a apatia da platéia ano passado, e ontem foi a vez do Picassos". Talvez esse foi o grande pecado de quem programa os shows do Tim Festival: colocar bandas fora de seu, digamos, habitat natural. A intenção até foi boa, pena que tanto Fellini como Picassos Falsos tenham sofrido com o resultado final.

Para ler a resenha completa de Jardel Sebba, clique aqui.
Leia entrevistas de Cadão Volpato e Jair Marcos sobre a apresentação do Fellini no Tim Festival de 2003

segunda-feira, novembro 01, 2004

Não foi dessa vez. O Onzenet não se classificou entre os finalistas do "The Best of Blogs, concurso promovido pela Deutsche Welle. Ele foi inscrito na categoria "melhor blog jornalistíco". Preferiram alguns medalhões da imprensa. Nada contra eles, mas por que não abrir então uma categoria para jovens jornalistas que estão procurando se colocar no mercado? Fica como dica para um próximo concurso. Agora, não adianta chorar pelo leite derramado. Após a fase de avaliação e da indicação dos blogs que vão para a final, a votação do melhor de todos fica a cargo dos internautas. Deixo aqui meu apoio aos blogs Urbe, do Bruno Natal e o do jornalista Ricardo Noblat.

A morte do jogador Serginho foi o triste assunto que monopolizou as atenções na semana que passou. Fiz duas colunas sobre o tema para o Papo de Bola e reproduzo aqui na íntegra a segunda delas

Ainda o caso Serginho
Domingo, 31 de outubro de 2004

Passados três dias de tudo o que aconteceu (escrevo no sábado), dá para avançar um pouco mais de cabeça fria na análise dos acontecimentos envolvendo o jogador Serginho. Mantenho a mesma opinião manifestada na coluna anterior, cujo texto foi redigido poucas horas depois da tragédia do Morumbi e, até por causa disso, apresentando muitas imperfeições. Mantenho a mesma opinião: o atendimento ao zagueiro no gramado foi adequado. Volto a fazer a comparação: imaginem uma pessoa que sofre algo semelhante em plena hora do rush no problemático trânsito paulistano. O socorro a ela demoraria muito mais. Muito se fala na questão da ambulância ter entrado no gramado. Numa entrevista, ouvi um médico dizer que ela até poderia entrar, mas o veículo poderia ter dificuldades para sair. É uma hipótese para se levar em consideração. No programa "Boa Noite Brasil", da TV Bandeirantes, o dr. Joaquim Grava declarou que os socorristas não podem ficar em campo por determinação da CBF. Não sei dizer se tal informação procede, mas em se confirmando isso trata-se de um absurdo. É comum se ver tantos "bicos" dentro de campo. Por que não a presença de profissionais que podem ajudar a salvar vidas?

*

Tenho algumas ressalvas a fazer com relação a cobertura da imprensa no caso Serginho. Algumas emissoras de rádio, como a Bandeirantes, de São Paulo, fizeram uma cobertura sóbria, sem excessos, graças a competência de profissionais como Cláudio Zaidan e Sérgio Patrick. Não se pode dizer o mesmo da TV Bandeirantes. Roberto Cabrini, um excelente profissional, não conseguiu achar o tom certo e partiu para a busca de culpados. O fato mais ridículo foi ver uma repórter da TV Record tentar "invadir" uma entrevista exclusiva que o dr. Marco Aurélio Cunha estava concedendo à TV Bandeirantes. Não satisfeita em colocar o microfone, ela ainda tentou formular perguntas ao dirigente do São Paulo. O detalhe é que ele estava com o fone de ouvindo. Marco Aurélio não sabia se ouvia a pergunta que vinha dos estúdios da Band ou se pedia a profissional para esperar um pouco mais. O experiente Rodolpho Gamberini, que comandava o "Edição de Notícias", teve de intervir no ar para que a moça o procurasse depois. Lamentável.

*

No mais, o artigo de Eduardo Affonso publicado pelo Papo de Bola esgota o assunto. Leitura recomendável a todos nesse momento.

sábado, outubro 30, 2004

Leia no site Laboratório Pop:

O caso Walverdesgate
Cancelamento do show da banda Walverdes, que deveria abrir para o Offspring em Porto Alegre, gera polêmica na Internet.

terça-feira, outubro 26, 2004

Morre John Peel, dj da BBC, aos 65, de ataque cardíaco.

Tive a oportunidade de escrever um pouco sobre ele para o site da Rádio Brasil 2000. Sem dúvida, ele foi um mito do rádio e do rock and roll.

Você quer me ver tentando imitar Juca Kfouri, Armando Nogueira e outros cobras do jornalismo esportivo? Então, leia Na Turma do Amendoim.

quinta-feira, outubro 21, 2004

Com a devida autorização de seu remetente, transcrevo na sequencia um mail que recebi na última terça-feira:

Olá.
Há dias venho acessando o blog "Onzenet", pois gosto do conteúdo. Mas o que me decepciona é a displicência do autor, que não se incomoda com o fato de que o cabeçalho e quase todos os demais adereços gráficos estarem lincados erradamente e não serem mostrados ao leitor.
Por favor, corrija isso.
Uschi


Não sou de receber mails por conta do blog Onzenet. O pessoal que se anima a interagir costuma deixar mensagens no sistema de comentários. Aproveito o simpático e incisivo mail de Uschi Mendonça para prestar esclarecimentos a todos.
Logo quando comecei este blog, um camarada muito talentoso, que conheci no bate-papo do Terra (sala de música) se ofereceu para fazer o template deste blog. Aceitei prontamente e o resultado ficou muito bom. A repercussão junto aos leitores foi ótima.
Porém, não sei o que houve, mas o site onde ele armazenou as imagens que faziam parte do design saiu do ar. O problema maior é que eu perdi contato com essa pessoa, daí nem tive como avisa-lo. Deixei para lá até porque não é algo que prejudique o restante do blog. Os posts, os arquivos e os links estão em ordem. Além do mais, dou mais importância ao conteúdo, então nem esquentei a cabeça. Se os leitores em massa sairem as ruas em protesto contra a falta de adereços gráficos eu até posso pensar em mudar o template...he he he he. Agradeço a manifestação de Uschi Mendonça, um leitor que conquistei após inscrever o Onzenet num concurso de blogs promovido pela Deutsche Welle.

O caso Imprensa Marrom também está no Observatório da Imprensa.
O blog continua fora do ar. Os desdobramentos prometem.
Estranho notar que nenhum veículo da grande imprensa publicou algo sobre esse imbróglio até agora.

segunda-feira, outubro 18, 2004

Há alguns posts abaixo eu citei Hélio Fernandes e fiquei feliz em saber que sua coluna na Tribuna da Imprensa está na Internet. E ele está em plena forma, aos 84 anos, soltando petardos como este:

"O povo não faz revolução, as elites não têm visão para analisar a situação, os revolucionários lutam pelo Poder, quando chegam a ele se acomodam, se satisfazem, se deliciam. E então não lutam pelo que pregavam, só querem ficar "pregados" no Poder, que é realmente avassalador".

sábado, outubro 16, 2004

Leia no site Laboratório Pop:

O caso Imprensa Marrom. Saiba tudo sobre o caso do primeiro blog brasileiro a sair do ar devido a uma decisão judicial. Leia entrevista com Gravataí Merengue, um de seus responsáveis.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Nos últimos tempos vem ganhando corpo a idéia de que para uma revista de música dar certo, no Brasil, seu público-alvo precisa estar acima dos 25 anos. Manifestado em vários fóruns de discussão e artigos na internet, esse conceito está se materializando. Após se consolidar no ramo de revistas voltadas para segmentos, a editora HMP lançou nesse segundo semestre a revista Mosh, para a faixa etária entre 27 e 38 anos. Para saber mais, leia no Observatório da Imprensa a entrevista que fiz com Regis Tadeu, editor-chefe da Mosh.

sábado, outubro 09, 2004

Leia no Onzenet:

Rádio é empresa, sim.
Resta saber como cada empresário do setor enxerga o seu negócio



quinta-feira, outubro 07, 2004

Já está nas bancas a segunda edição da revista Laboratório Pop. Seu lançamento ocorreu com um certo atraso, é verdade, mas problemas com a gráfica impediram que ela chegasse aos leitores na data prevista. Vida de publicação independente é assim mesmo. Mas digo que valeu a pena esperar. O fato da revista ter menos matérias não significou queda de qualidade. A reportagem de capa com Los Hermanos ficou excelente. O chefão Mario Marques resolveu encarnar Gay Talese e escreveu o seu "Frank Sinatra está resfriado" (com ajuda da equipe). A banda não tem concedido entrevistas, mesmo com a proximidade do lançamento de um DVD. A solução foi falar com outros personagens que não fossem seus integrantes. O resultado: um amplo e belo painel que vai causar muita repercussão. Ainda há uma entrevista com Patrick Laplan, o ex-baixista, que resolveu falar um pouco mais sobre sua tumultuada saída.
Outro destaque fica com o dossiê com as bandas do rock nacional dos anos 80. O diferencial está na entrevista que o chefão fez com Paulo Ricardo. A certa altura o hoje vocalista foi apertado (no bom sentindo) para falar sobre jaba (o pagar para tocar nas rádios) e suas respostas foram, no mínimo, surpreendentes. Só mesmo comprando para ler.
E tem mais: uma entrevista com Alex Band, do The Calling, e uma matéria entregando os
roqueiros estrangeiros que caem na esbórnia no Brasil.
E tem mais: ensaio fotográfico com a cantora Lan Lan, resenhas de CDs e DVDs e pensatas de gente do porte de Bruno Gouvêia, Dirley Fernandes, Mauro Santa Cecília, Antonio Carlos Miguel, entre outros.
O preço está bem camarada. Por R$ 4,50 o leitor leva informação de altissima qualidade. Existem revistas que custam o dobro disso e nem apresentam o mesmo nível. Tenho um grande orgulho de fazer parte da equipe do Laboratório Pop.

quarta-feira, outubro 06, 2004

O blog Onzenet está de luto:

Morre em Los Angeles o comediante Rodney Dangerfield

Esse lance que envolveu a realização ou não do segundo turno das eleições para prefeito de Niterói (RJ) me lembrou de um artigo escrito por Helio Fernandes, da Tribuna da Imprensa, publicado à época da eleição presidencial de 1989. Fernando Collor e Luis Inácio Lula da Silva foram os dois candidatos mais bem votados no primeiro turno. O jornalista defendeu uma idéia ousada, baseada na lei. Para ele, tanto Lula (segundo colocado) como Brizola (terceiro colocado) deveriam abrir mão das suas candidaturas para que Mário Covas pudesse disputar o segundo turno com Collor. As pesquisas de opinião da época indicavam que o tucano poderia ganhar aquela parada e, com isso, livrar o país da aventura collorida cujo final todos conhecem. Fernandes provou em 1989 saber muito mais de legislação eleitoral que o próprio TRE anos mais tarde.

Update (16/10/2005): Não sou muito chegado a updates, mas creio que seja o caso aqui. Estava outro dia folheando o recém-lançado livro "O Sapo e o Príncipe", do jornalista Paulo Markun, sobre a trajétoria de FHC e Lula. Nele, há uma informação interessante: o próprio Leonel Brizola foi quem solicitou a Lula que os dois abrissem mão das suas respectivas candidaturas para que Mário Covas enfrentasse Fernando Collor no segundo turno das eleições presidenciais de 1989.
Portanto, Brizola e Helio Fernandes provaram que naquela época sabiam muito mais de legislação eleitoral que o próprio TRE anos mais tarde.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Recebi o texto abaixo de um amigo e casa bem com a campanha pelo voto nulo do blog Onzenet.



Prestem atenção!!!

Saiba a diferença REAL entre votar EM BRANCO e votar NULO.
Vale a pena ler até o fim, ainda mais nessa época.

Voto Nulo (voto válido) X Voto em Branco:

O cidadão tem a opção de escolher um candidato como tem a
opção de não escolher nenhum, se entender que nenhum candidato merece o
seu voto.

Aí entram os dois outros tipos de voto: o Em Branco e o Nulo.

Em Branco não significa que o eleitor não escolheu nenhum candidato, mas
sim que ele abdica de seu voto.

Não é ato de contestação e sim de conformismo.

Os votos em branco significam "tanto faz" e são
acrescentados ao candidato de maior votação no último turno.

Se existem dois candidatos "Bonzinho" e "Ruinzinho",
"Bonzinho" termina com 52% dos votos,
"Ruinzinho" recebe 35%,
10% são votos em branco e
3% são nulos, isso significa que 3% dos eleitores não querem nem
"Bonzinho" nem "Ruinzinho" no poder. Mas 10% dos eleitores estão
satisfeitos tanto com "Bonzinho" como com "Ruinzinho", o que vencer está
bom.

"Bonzinho" tem uma aceitação de 62% do eleitorado.

Já o voto nulo é um protesto válido. Ele quer dizer que o eleitor não
está satisfeito com a proposta de nenhum candidato e se recusa a votar
em um ou outro, a existência dele permite que o eleitor manifeste a sua
insatisfação.

O voto nulo, ao contrário do que parece, é um voto válido. Ninguém fala
dele, nem mesmo nas instruções para votação.

Explicam como votar em um candidato ou como votar em
branco, mas ninguém explica como anular um voto...

Para anular um voto é preciso digitar um número inexistente
no lugar do número do candidato.

Se um eleitor votar em branco, o terminal avisa "Você
está votando em branco" e então pode confirmar, ou corrigir.

Mas se o eleitor coloca um número inexistente num terminal, ele acusa
"Número incorreto, corrija seu voto". Assim, os votos nulos são
desencorajados.

Mas basta apenas CONFIRMAR o número inexistente , e
seu voto será considerado NULO.

Por que os votos nulos são desencorajados?
Por que ninguém fala deles???
Porque, se na eleição entre "Bonzinho e "Ruinzinho",
"Bonzinho" terminasse as eleições com 39% dos
votos e "Ruinzinho" com 31%, 10% de brancos e 18% nulos as eleições
teriam que ser repetidas e nem "Bonzinho" e nem "Ruinzinho" poderiam
participar das eleições naquele ano.

Se nenhum dos candidatos conseguir maioria (mais de 50%) no último
turno, as eleições têm que ser canceladas! Os candidatos são trocados e
novas eleições têm que ocorrer.

Ou seja, o voto nulo, do qual ninguém fala e que o terminal acusa como
"incorreto", é o único voto que pode anular uma eleição inteira e
remover do cenário todos os candidatos daquela eleição de uma só vez.

Então, contribuindo para a campanha por um voto consciente,
se alguém estiver votando em "Bonzinho" ou em "Ruinzinho",
mas preferia não votar em nenhum dos dois, pode optar pelo voto
"incorreto", o voto nulo.

Quem sabe um dia, "Bonzinho" e "Ruinzinho" saem do cenário e os
eleitores podem votar em "Melhorzinho"?

Vamos divulgar, assim todos os Brasileiros ficarão sabendo como
votar!!!!!

Valorize seu voto! Vote com atitude!!!!!

Vote 99 para prefeito e 99.999 pra vereador

Vc tem certeza que seus candidatos vão cumprir pelo menos 90% das suas
expectativas?
Se você está 100% satisfeito com a política hoje, se vc está 101%
convicto de seus candidatos, vá em frente...
Mas, caso contrário, Vote nulo!

quarta-feira, setembro 29, 2004

Leia no Onzenet

Popularização eleva audiência de rádios piratas

domingo, setembro 26, 2004

o blog Onzenet apóia o voto nulo nas próximas eleições.

sábado, setembro 25, 2004

Essa é mais uma da série "você percebe que está ficando velho quando..."

Mas antes, uma letra de música.

Quem sou eu e quem é você
Nessa história eu não sei dizer
Mas eu acredito que ninguém
Tenha vindo pro mundo a passeio
De onde se vem pra onde se vai
Só importa saber pra quê (pra quem)
Pois o destino transforma num dia
Um menino em herói de TV

Um dia a gente se encontra
No meio do mundo
Depois a gente se perde
No meio do mundo
Rock estrela, rock estrela
Rock estrela, rock estrela
Quem sou eu e quem é você
Nessa história eu não sei dizer
Mas eu acredito que ninguém
Tenha vindo pro mundo a passeio
De onde se vem pra onde se vai
Só importa saber pra quê (pra quem)
Pois o destino transforma num dia
Um menino em herói de TV
E enquanto a gente pensa
Que já sabe de tudo
O mundo muda de cena
Em menos de um segundo
Rock estrela, rock estrela
Rock estrela, rock estrela

E aí, cada um de vocês descobriu seu papel nessa história?
Essa letra aí de cima é Rock Estrela, do grande Léo Jaime. Foi tema principal de um filme de mesmo nome, dirigido por Lael Rodrigues e lançado em 1986. Passava direto nas sessões de cinema nacional da TV Manchete no início dos anos 90. Deve passar no Canal Brasil, mas como não tenho tv a cabo, nem tenho como confirmar isso.
Nem se trata de um de seus grandes sucessos. A letra é muito boa, embalada num rockão de primeira com direito a muitas guitarras e até solo de saxofone. Naquela época eu tinha um gaiato colega de escola (a quem reencontrei recentemente) que tirava uma onda cantando "Rock Esterco" no refrão
Eu tava aqui em casa vasculhando algumas fitas cassete e achei uma delas em que gravei várias músicas do rádio. Naquela época não existia Internet, MP3 e meu divertimento de adolescente ficar preenchendo fitas e mais fitas. Eu encontrei uma que eu gravei em janeiro de 1987 da marca Vat cuja duração era de 45 minutos. Eram mais baratas. Pena que não existam mais.
Algumas músicas que fazem parte do cassete: duas do Raul Seixas, "Gita" e "Aluga-se". "Don't You Forget About Me", do Simple Minds, também. "Simca Chambord", do Camisa de Vênus, e duas do Jean Michel Jarre, até porque naquela época eu gostei música instrumental.
Quando coloquei a fita para rodar de novo em pleno século XXI, a que mais curti ter (re)ouvido foi "Rock Estrela". Foi o que compensou a sensação de ficar velho.

sexta-feira, setembro 24, 2004

E agora vamos inagurar a seção de frivolidades no blog Onzenet.
Vou começar falando da perereca da Luana Piovani.
(Não, eu não a vi de perto. Vi apenas na foto, como todo mundo, e sem a tarja preta, diga-se de passagem).
Bom, atrizes não costumam usar roupa de baixo até para não deixar marcas indesejaveis em seu precioso instrumento de trabalho que é o corpo.
A ABL é uma instituição de tradição, mas não é igreja. Então não houve desrespeito. Apenas uma imprudência da atriz que fez o deleite dos marmanjões de plantão.


terça-feira, setembro 21, 2004

Eu tenho orgulho de ser um jornalista de pijama.
O único ponto chato dessa história envolvendo um erro de apuração da equipe do 60 Minutos, um dos jornalisticos norte-amercanos de maior prestigio, é que desta vez os conservadores ganharam

terça-feira, setembro 14, 2004

Uma coisa me chamou a atenção na comemoração do aniversário de 35 anos do Jornal Nacional. A importância dada pela Rede Globo a essa ocasião. Aproveitando a comemoração foram lançados um livro (que está na minha lista de prioridades) e um dvd contando a história do telejornal. Além disso, seus atuais apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes concederam várias entrevistas. Ela foi capa da revista Contigo e falou ao programa "Altas Horas", de Serginho Groismann, no último sábado. Isso sem esquecer da capa que a Veja deu há duas semanas. O curioso é todo esse estardalhaço é típico de uma data redonda e não de uma comemoração de 35 anos. Essa alta exposição e o lançamento desses produtos seriam mais adequados ao aniversário de 40 anos. Talvez seja uma certa pressa em se passar a limpo duas passagens controvertidas de sua trajetória: a coberura da campanha pelas eleições diretas, em 1984, e a famosa edição do debate entre Collor e Lula, candidatos à presidência da República, em 1989.

(Update 03/11/2004 - O Alexandre Maron deixou aqui o seguinte comentário: "O mais frustrante é que o DVD do JN não traz a edição do debate. Podem me chamar de maluco, mas, se trouxesse, seria uma tremenda bola dentro". Posso dizer que ninguém precisa chama-lo de maluco. O livro sobre o JN (que eu já comprei) traz a transcrição do debate Collor-Lula. Pela lógica, se tem no livro, poderia ter no DVD também.

segunda-feira, setembro 13, 2004

quarta-feira, setembro 08, 2004

A informação privilegiada está aqui.

Leia no Onzenet:
Marasmo nas FMs. De quem é a culpa?
Ouvintes conservadores ou programadores medrosos?

terça-feira, setembro 07, 2004

Efeméride. Num dia como o de hoje, há 82 anos, ocorria a primeira transmissão de rádio no Brasil.

quarta-feira, setembro 01, 2004

terça-feira, agosto 31, 2004

domingo, agosto 29, 2004

Leia no site Laboratório Pop: Blog dedicado a Cazuza reforça o mito entre os jovens e renova a geração de fãs do cantor.

Ah, se isto interessa a alguém, este é post de número 600 da história do blog Onzenet.

sexta-feira, agosto 27, 2004

Leia no site Laboratório Pop:

O criador do blog do Jon Bon Jovi não tem sossego no trabalho, mas não se importa. Trata o astro como Elvis Presley

O fotolog virou mania entre os internautas e polêmico em rodas de discussão. Para muitos, é narcisismo puro

Adalberto Carvalho Pinto mantém um blog dedicado ao formato que virou uma referência para os simpatizantes

Blog dedicado a transformar letras já foi um dos mais acessados do país e pode virar livro

Blog dedicado à época em que Trem da Alegria e Duran Duran passaram na Terra como relâmpago vira objeto de culto na rede

Integrante do grupo emergente paulistano Los Pirata, Paco Garcia mantém um interessante blog dedicado aos donos das guitarras

Portal investe no gênero e tem em sua nova cartada páginas pessoais de Leila Pinheiro, Gerald Thomas e Marcelo Tas como destaques

Portal muda regras de uso, limita produção até 10mb e revolta internautas que investiram no Blogger Brasil

Blogs sofrem intimidação e são ameaçados de processo em casos cujas opiniões acabam gerando polêmica

Há dez anos morria Kurt Cobain, a mente por trás do Nirvana. Há dez anos não se fala em outra coisa

Desorganização na venda de ingressos para o Curitiba Pop Festival gera protesto na rede. E um blog furioso

O Blig, serviço de blogs do iG, a exemplo do Blogger Brasil, da globo.com, deixa internautas sem pai nem mãe

Megssa Fernandes: gente que faz

Imagine uma pessoa que canta em diversas bandas independentes, faz zines, organiza festivais e mostras, participa de um vídeo de ficção (aliás, são seus pés), mantém um blog... enfim, alguém que participa de quase todas as manifestações artísticas/midiáticas (chique, não?) que se possa imaginar. Ela existe, sim. Seu nome é Megssa Fernandes.
O trabalho mais conhecido de Megssa foi como vocalista da banda The Fish Lips. Iriam dar o que falar, caso não tivessem resolvido terminar (aqui os motivos são devidamente explicados). Nesse meio tempo, ela se envolveu em vários outros projetos, entre eles a Mostra de Cultura Independente, realizada no ano 2000, em São Paulo, com grande sucesso de público e mídia. Mesmo com o fim do Fish Lips, Megssa não ficou sem ter onde cantar. Além de suas duas bandas paralelas, hoje ela empresta sua voz ao supergrupo Magic Crayon, reunindo gente bacana que já participou de outras bandas indie com algum prestígio na cena, casos do Moonrise e do Comespace. Irriquieta, nossa menina multimídia super-poderosa não fica só nisso. Ainda em outubro, pretende lançar uma nova edição de seu zine, o Popadelic, escrito todo à mão. E dentro em breve, teremos o "debut" de seus lindos pés como estrelas principais de um vídeo a ser lançado pelo povo do zine Judith Blair. Isso tudo sem se esquecer de que, em casa, Megssa ainda é uma boa cozinheira (tem alimentado uma família toda com seus quitutes) e ainda se dedica aos estudos preparatórios para enfrentar o fantasma do Vestibular (ufa!).
Depois de todas essas informações e de acompanhar esse papo, é impossível escapar do clichê: Megssa Fernandes é gente que faz. Leia na seqüência a íntegra da entrevista, realizada pelo e-mail. (Rodney Brocanelli)


Ruídos - Você foi vocalista do The Fish Lips por muito tempo. Era uma banda promissora da cena independente, com muitos elogios de zineiros e de parte da imprensa especializada. Infelizmente, vocês decidiram colocar um ponto final nessa trajetória. O que houve?

Megssa Fernnandes - Na verdade não decidimos. Decidiram. Por mim, estaria tocando com a banda até hoje. Foi um momento muito delicado porém, quando todo mundo começava a ficar distante, um pouco cansado depois de tanto tempo tocando junto, e cada um acabou rumando por um caminho diferente. Acho que o que pesou, foi o fato de não termos mais nada em comum. Aliás, se tivemos algum dia algo em comum, talvez fosse apenas alguns amigos. Personalidades, gostos e objetivos completamente diferentes. Isso tudo foi mais forte do que a música e daí foi o fim. Já passei muito tempo triste por conta disso, até hoje não me conformo muito. Mas agora já prefiro achar que há males que vem pra bem.

Ruídos - Como você foi parar no Magic Crayon?

Megssa - Essa é uma história... Eu estava dando um tempo em Porto Alegre ano passado (2001) quando em um dos shows que fui conferir, tinha o Magic Crayon tocando. Aproveitei a bebedeira dos meninos e praticamente me convidei pra participar da banda, dizendo que só voltava pra São Paulo se tivesse uma banda pra cantar, hehe. Eles (César e Gilberto) acabaram me chamando e eu aceitei na hora. Se bem que até o primeiro ensaio rolar demorou ainda uns bons meses. Quando voltei, o Paulo (guitarra) já tinha entrado na banda também e o Barbosa tinha voltado a tocar bateria.

Ruídos - Você concorda que o MC é um supergrupo indie, uma vez que reúne pessoas talentosas que já tocaram em outras bandas bacanas, caso do Zanin (ex-Moonrise) e do Gilberto Custódio Jr. (ex-Comespace)? Ou é apenas mais um rótulo dado por aí?

Megssa Fernanndes - Acho que na verdade acontece uma mistura de integrantes que acaba nos livrando de ser indie (no sentido sonoro literal da coisa). Veja bem, o som do moonrise, comespace, fish lips e transistors (banda do Barbosa), eram muito diferentes um do outro. Aliás, até o público de cada banda era diferente. Daí todo mundo se reuniu e deu no que deu. Eu adoro a banda, mesmo. O que acho que faz uma diferença são as experiências de cada um. Como não é a primeira banda de ninguém ali, o negócio perde aquela coisa de ‘achismos’, ingenuidade e ‘sonhar alto’, sabe? Mas daí a ser indie, acho que é mais uma coisa do povo ficar rotulando mesmo pra poder se identificar ou não com o que fazemos.

Ruídos - Além do Magic Crayon, você faz parte de outras bandas. São o The Luos e o 3 Guitarras, até onde eu sei (será que tem mais?). Fale um pouco mais sobre eles.

Megssa Fernandes - O "Três Guitarras" era mais um projeto; uma forma que tive de continuar tocando com o rodrigs (ex-guitarrista do fish lips) e tocar com outras pessoas que queriam experimentar coisas novas. É um projeto que pode voltar a qualquer momento. Talvez não com os mesmos integrantes, mas sempre experimental. Agora, o the luos é eterno. Na verdade existia antes mesmo de fish lips. Depois de contar com inúmeras tentativas de outros integrantes, acabou virando apenas o Paulo (magic crayon e post) e eu, sendo que dessa formação já nasceu a segunda fitinha, em praticamente um ano de ‘banda’ (a primeira foi gravada com o paulo e o pedro –que toca guitarra no ponche). É um som simples, sem muitos detalhes, violão, voz, guitarra. Lo-fi ao extremo.Um som cheio de influências folk. Como sempre digo, em poucas palavras: meus desabafos. Eu canto e toco violão e o paulo a guitarra cheia de slides, etc. O the luos existe há 8 anos, mas nunca divulguei muito. Achava que era algo muito pessoal. Hoje em dia, a vontade de encontrar pessoas que se identifiquem com isso me fez começar a gravar.

Ruídos - Quando você estava no Fish Lips rolava uma certa ciumeira por parte de pessoas que estavam em outras bandas. Sei que a Alê Briganti e Eliane (ex-Pin Ups) andaram criando confusões contigo em alguns shows. Você confirma isso? Que tipo de problemas elas te causavam?

Megssa Fernandes - Mal entendidos sempre acontecem. Ainda mais quando tem um monte de gente envolvida com esse negócio de bandas e cenas e zines e isso e aquilo. O que aconteceu foi que por conta de falta de comunicação e mal entendidos que pessoas faziam questão de promover, acabou-se gerando polêmica e discussões. Realmente não me causaram problemas já que na época e até hoje em dia, tudo o que aconteceu não fez a mínima diferença pra mim. Nem fazemos parte da mesma realidade, acho. Sabe, Rodney, nunca gostei de brigas e sempre fiquei quieta no meu canto. A única coisa que serviu tanta discussão naquela época, foi pra me fazer mudar de postura quanto ao que acontece em volta. Hoje em dia, se tenho um problema com alguém, vou e resolvo na hora. Sabe que o mais triste de toda essa história, foi no final, perceber que pessoas como elas tinham mais caráter do que pessoas que por exemplo, tocam ou estão com você no dia-a-dia.

Ruídos - E essa história de que os seus pés serão protagonistas de um filme? Explique mais um pouco a respeito disso.

Megssa Fernandes - Pois é, acabei aceitando o convite que o pessoal do zine Judith Blair fez pra participar de um projeto deles. Sempre fui muito fã do trabalho desse zine, que aborda a sexualidade de uma forma bem simples e divertida. Daí que estamos ainda filmando as cenas do vídeo "caçando pezinhos" onde eles saem pelas ruas abordando garotas a fim de filmar os seus pés. Fetiche puro. Quem tiver curiosidade pra conhecer todos os outros vídeos ou mesmo pra conseguir o zine, o site é Erro! Indicador não definido. Respeito muito o trabalho deles e está sendo muito divertido participar de forma tão diferente (pelo menos pra mim)!

Ruídos - Em 2000, você foi uma das organizadoras da Mostra de Cultura Independente, que rolou na Funarte, aqui em São Paulo. Apesar do sucesso dessa primeira edição, o evento não teve continuidade. O que aconteceu?

Megssa Fernandes - Burocracia. Não conseguimos um lugar pra abrigar a Mostra. É muito difícil também manter um evento como esse por consecutivos anos sem grana. A primeira aconteceu por muito trabalho e por sorte também. Fazer outra mostra apenas por fazer, sem seguir o padrão de qualidade da primeira, não seria legal. Mas apesar disso, a Debbie e eu organizamos no ano seguinte o Festival de Música no Tendal da Lapa, que foi quase uma mostra, só que menor, mas que não deixou de abrigar bons trabalhos e bandas. Gostaria MUITO de voltar a organizar a II edição de ambos os eventos. Acredito que a Debbie também, mas pra isso teríamos que ter muito tempo disponível e pelo menos um bom lugar pra fazer. Como não ganhamos nenhum dinheiro com esse tipo de evento, além de tempo, teríamos que arrumar patrocínio ou algo assim e essa parte burocrática é que atrasa tudo.

Ruídos - Você retomou o seu zine Popadelic. Fale um pouco mais sobre ele e aproveite para fazer um comercial.

Megssa Fernandes - Ah, o popadelic é um zine tosco. A periodicidade dele é completamente irregular, mas até isso combina com o conteúdo e a estética do trabalho, que é completamente disforme e torto, feito a moda antiga, com colagens e rasuras. Fico tão triste em ver que os zines de papel estão sumindo (sumindo, porque acabar acho que nunca irão). Saber de todo e novo e-zine é legal, mas e a facilidade de levar o seu zine pra cima e pra baixo, de emprestar pra um amigo, tirar xerox, multiplicar os seus pensamentos, alcançar outras cabeças? Falta um pouco disso. As vezes dá impressão que as pessoas começam fazendo zines pra desabafar, divulgar coisas que acreditam, etc. Daí passam uns anos, e elas desistem, como se tudo o que um dia gostaram ou sonharam não tivesse sentido. Bom, mas voltando ao popadelic, ele é simplesmente um zine pessoal, que reune resenhas, textos diversos, que tratam de coisas do meu dia a dia, o que vai desde música, até cultura trash e frustrações por exemplo... "Zine é que nem jeans, tem sempre um que é a sua cara!" , por isso não faço pra agradar ninguém, apenas vou escrevendo e pronto. E pra quem quiser uma cópia, que fique a vontade pra me pedir pelos endereços: Erro! Indicador não definido. ou R. Joaquim Fraga, 53 cep 06060-170 Osasco-SP

Ruídos - Suas considerações finais. Fique à vontade

Megssa Fernandes - Hehe, aqui que eu tenho que agradecer pelo espaço, né? :) Bom, agradeço mesmo, porque é sempre legal poder espalhar um pouquinho esas opiniões por aí. Os endereços acima são pra qualquer um que queria trocar idéias, fiquem a vontade. Queria também acabar dizendo que todo aquele papo de "compre zine, vá a shows, compre demos, pense independente" já virou clichê, mas acredito mesmo nisso. Você não precisa ter uma banda ou um zine, ou mesmo fazer social em shows e festas pra ser independente. Basta pensar diferente, ser curioso, ir atrás de coisas novas que te agradem e valorizar todo o trabalho que dá pra manter de alguma forma, essa rede de manifestos que com muita dificuldade, chega até você *

Essa entrevista foi publicada no e-zine Ruídos, em 2002, acho eu. A informação mais recente que eu tenho da Megssa é a de que ela está morando na Escócia. Leiam seu blog, o Sonora, que traz algumas de suas histórias curiosas naquele país.

quinta-feira, agosto 26, 2004

Peguei do Terra:


O Palmeiras completa 90 anos de vida nesta quinta-feira e ainda persiste a lenda de que o clube nasceu após dissidência de integrantes de seu maior rival, o Corinthians.

A verdadeira versão do nascimento do Palestra Itália, precursor do clube estsá em livros e jornais publicados ao longo da história.

A idéia de criar um clube próprio para a colônia italiana começou a ser amadurecida em 1913, quando o Pro Vercelli e o Torino, duas equipes então tradicionais da Itália, fizeram uma excursão pelo Brasil.

Os amigos Vicente Ragognetti, Ezequiel Simone, Luiz Cervo e Luiz Marzo, apaixonados por futebol e decididos a fundar um clube próprio para italianos, deram início à empreitada. A primeira opção era criar o "time da colônia italiana" no Clube Espéria, aproveitando sua estrutura, mas não havia no local um terreno para a prática de futebol.

Para ganhar adeptos, Ragognetti enviou, no dia 13 de agosto de 1914, uma carta ao jornal "Fanfulla", destinado à colônia italiana no Brasil. Solicitou que o editor encampasse a idéia de fundação de um "quadro" puramente italiano.

"Sr. Diretor (...), alguns famosos futebolistas italianos, sócios porém de clubes locais (...), encarregaram-me de escrever a propósito de um de seus projetos (...), esperando que seu jornal se faça portador e propagandista".

Depois de publicada a carta, 46 pessoas, enfim, encontraram-se no dia 26 de agosto de 1914, no número 2 da Rua Marechal Deodoro, regulamentaram e fundaram a Societá Sportiva Palestra Itália.

E como passou a existir um "time para italianos", alguns jogadores (o futebol não era profissional) de outros clubes se transferiram e atuaram pelo Palestra. De outros clubes, incluindo o Corinthians. Foram os casos de Amílcar Barbui e Luiz Fabi. Este último, aliás, foi o autor do primeiro gol da história do Corinthians. Mas jamais entrou na lista de fundadores do Palestra.

segunda-feira, agosto 23, 2004

Bom, confesso que eu não estava ainda muito por dentro da história do Conselho Federal de Jornalismo. Li alguma coisa a respeito e assisti ao "Dois a Um", do SBT, do qual participaram Ricardo Kotscho e Clóvis Rossi (um contra e outro a favor). Ainda não vi a entrevista do mestre Alberto Dines ao Roda Viva programada para esta segunda, mas já formei minha opinião: sou contra.
Vejo nessa inciativa um enorme risco a liberdade de expressão. Não há a necessidade de se criar conselhos para controlar a profissão. Temos aí, a Lei de Imprensa para isso. O Alex Maron escreve em seu blog que jornais são punidos por falhas todos os dias. Vou mais longe, jornalistas também e Jorge Kajuru é um exemplo disso com vários processos nas costas.
Não sei dizer se a criação desse conselho é reversível. Creio que não, principalmente se tal iniciativa for motivada como uma forma de retaliação a ampla divulgação da atuação do ex-assessor Valdomiro Diniz. Mesmo se o governo federal mudar de idéia, isto não significa que vai tudo bem com nossa imprensa. Porém, uma regulamentação estatal só vai piorar as coisas.

sábado, agosto 21, 2004

quinta-feira, agosto 19, 2004

Editor do zine midsummer madness e do selo de mesmo nome, Lariú é, sem dúvida, um dos nomes mais importantes da cena alternativa nacional. Ninguem melhor do que ele mesmo para fazer a introdução desta conversa via e-mail.(Rodney Brocanelli)

"Tenho 24 anos, nasci em Niterói. Começei a fazer o midsummer madness em 1989 por influência de uma amiga punk na época, a Beatriz, atual Stellar. Tirei o nome de um dicionário de inglês e gostei por causa da relação com a peça de Shakespeare. O zine no começo era bastante subjetivo, tinha uma influência forte de Smiths, Galaxie 500 e poetas românticos/ malditos. As matérias eram basicamente dúvidas minhas e alguma coisa de música que eu gostava. Fiz o número zero, depois o 1 e o 2. Daí entrei para faculdade de Comunicação na UFRJ para cursar Editoração. Me formei em 1996 apenas... Quase 5 anos. Trabalhei numa loja de CDs importados, fiz 2 anos de programa de rádio na Fluminense FM com o Dodô e o Marcos (ambos da PELVs) e um outro amigo. Em 1994 comecei a estagiar na MTV e fui contratado em 1997 como produtor da sucursal de jornalismo no Rio."

Depois da apresentação, vamos à entrevista:

Onzenet - Como você avalia a aceitação dos CDs lançados pela mm records entre o público e mídia?

Rodrigo Lariú - Acho que tem sido de média para boa. Na mídia que vale a pena, ou seja, aqueles jornalistas que realmente se interessaram em ouvir, todos elogiaram a iniciativa e a qualidade dos lançamentos. Alguns gostaram mais da PELVs, outros mais do Cigarettes. Já o público, eu não tenho muita certeza. As pessoas que compram têm gostado e elogiado mas vendi bem menos do que imaginava até agora. Não sabia que a saída seria tão demorada, achei que com 6 ou 8 meses já estaria esgotando 1000 CDs e já estou com 6 meses e nem perto disso.

Onzenet - Quais foram os custos de produção dos dois CDs?

Lariú - R$6.000 os dois CDs e encarecendo...Acho legal destacar que a maioria das pessoas está se esquecendo de falar dos meus 2 sócios na gravadora: VRS Marcos (ex- Pelvs, atual Aerowillys) e Rodrigo Letier. Sem eles eu não teria lançado nada!

Onzenet - Quais as bandas do seu catálogo que você pretende lançar nesse formato?

Lariú - Os próximos lançamentos são um 2 em 1 do Second Come que será lançado em abril ou maio em conjunto com a Rock It! (N. da R.: selo pertencente a Dado Villa Lobos); e depois, em julho, 500 cópias apenas do debut do Stellar. Se tivesse dinheiro ainda lançaria Sleepwalkers, Superbug e ajudaria o brincando de deus a lançar o terceiro.

Onzenet - Como é ser, na avaliação do "Estado de S. Paulo", "o homem mais amado e odiado" da cena alternativa?

Lariú - Engraçado.

Onzenet - Ajuda ou atrapalha o fato de você trabalha na MTV?

Lariú - Só ajuda, mas não com a MTV propriamente dita. Tem um monte de gente legal trabalhando e passando por lá que a gente acaba conhecendo. Um monte de pentelho também.

Onzenet - Quais seus planos com relação ao zine midsummer madness?

Lariú - Continuar editando só que com bem menos matérias de música. Quero voltar a fazer um zine para a alma como no começo. A parte musical eu pretendo deixar para os informativos e para a home-page.

O endereço da home-page é http://www.mmrecords.com.br


Entrevista publicada no site da Rádio Onze em 1997. O tempo passa, o tempo voa, mas o mmrecords continua firme e forte.

terça-feira, agosto 17, 2004

segunda-feira, agosto 16, 2004

As the snow flies
On a cold and gray Chicago mornin'
A poor little baby child is born
In the ghetto
And his mama cries
'cause if there's one thing that she don't need
it's another hungry mouth to feed
In the ghetto

People, don't you understand
the child needs a helping hand
or he'll grow to be an angry young man some day
Take a look at you and me,
are we too blind to see,
do we simply turn our heads
and look the other way

Well the world turns
and a hungry little boy with a runny nose
plays in the street as the cold wind blows
In the ghetto

And his hunger burns
so he starts to roam the streets at night
and he learns how to steal
and he learns how to fight
In the ghetto

Then one night in desperation
the young man breaks away
He buys a gun, steals a car,
tries to run, but he don't get far
And his mama cries

As a crowd gathers 'round an angry young man
face down on the street with a gun in his hand
In the ghetto

And as her young man dies,
on a cold and gray Chicago mornin',
another little baby child is born
In the ghetto


Nesse sábado, a Record exibiu um bom especial sobre Elvis Presley e sua relação com a música gospel. Não sei se é do conhecimento de todos, mas ele pertencia à Assembléia de Deus e começou a cantar nessa igreja. Depois, um certo coronel Tom Parker entrou em sua vida, e o então motorista de caminhão virou um mito. O programa apresentou depoimentos de integrantes de conjuntos vocais gospel que o acompanhavam em seus discos e shows. Com eles, Elvis chegou a gravar discos com hinos consagrados entre os protestantes.
Apesar de o especial ter enfoque no lado religioso de seu trabalho, foram exibidos musicais com alguns de seus sucessos, digamos, mundanos, como Love Me Tender e Teddy Bear. De todas as que foram apresentadas, eu não conhecia In The Ghetto. É uma canção impressionante. A situação descrita na letra se passa em Chicago, mas ela poderia muito bem aplicada a relidade brasileira.
Curioso notar que se o rei do rock mostrou sua preocupação com o futuro das criancinhas norte-americanas, um outro rei, só que do futebol também teve o mesmo tipo de pensamento, desta feita com as criancinhas brasileiras. Ao marcar seu milésimo gol, Pelé dedicou seu feito a elas.

sexta-feira, agosto 13, 2004

Não é exagero dizer que uma das boas notícias desse ano de 2002 no campo musical é volta do Fellini. Com algumas raras exceções, a imprensa especializada recebeu bem o lançamento de "Amanhã é Tarde". Porém, um curioso detalhe foi esquecido. No último dia 18 de maio, a banda completou 18 anos de atividades. A data marcou o primeiro ensaio realizado na casa de um de seus integrantes, em 1984. Naquele mesmo dia, só que em 1980, Ian Cutis, vocalista do Joy Division, colocava um fim a sua própria existência.

O Fellini não tem uma carreira linear. Nesses 18 anos, o grupo passou por diversas fases, idas e vindas, acréscimo e saída de integrantes, mas nada disso fez com que eles fossem esquecidos por sua meia dúzia de fãs fiéis.

Talvez a principal mensagem do Fellini em todo esse tempo foi a simplicidade. Eles provaram que a falta de recursos não pode servir de impedimento para se fazer boa música. O trabalho da banda é a perfeita definição da velha máxima: "menos é mais".

Nessa entrevista, Thomas Pappon, o multi-instrumentista do Fellini, dissserta um pouco sobre o CD "Amanhã é Tarde", lançamento da mmrecords. Ele fala também sobre o seu trabalho no serviço brasileiro da BBC, de Londres, sobre suas preferências musicais no momento e até mesmo sobre a atual fase de notoriedade vivida pelo cantor Supla. Acompanhe a íntegra. (Rodney Brocanelli)


Pergunta - Em 2002, comemoram-se 18 anos do primeiro ensaio do Fellini, exatamente no dia 18 de maio de 1984. Naquele dia passava pela sua cabeça que a banda pudesse ir tão longe?

Thomas Pappon - Não. Nos primeiros anos, achava que o grupo poderia acabar a qualquer momento, que a idéia toda - de uma banda de não-músicos e atitude ''foda-se'' - era efêmera demais. Mas nosso entusiasmo, por outro lado, sempre foi grande.


Pergunta - O que o fã do Fellini pode esperar de "Amanhã é Tarde?" E o não-fã, aquele que nunca ouviu falar do grupo?

Pappon - Ambos vão ficar surpresos. O fã vai notar que o Fellini está bem à vontade na praia da MPB e que o grupo envelheceu com dignidade, sem perder o senso de aventura. Os fãs novos vão se arrepender de nunca terem ouvido Fellini antes.


Pergunta - Como surgiu a idéia de voltar a gravar material inédito?

Pappon - Fazia tempo que queria voltar a gravar com o Fellini. O Cadão também. O problema é que isso dá um trabalho dos diabos. Fazer música é um hobby de luxo - quando não se vive disso. Imagine você ter família, trabalho e ainda querer gravar um álbum no tempo livre. A coisa só deu certo porque o esquema foi o mais pragmático possível. O velho esquema faça-você-mesmo, gravando em casa num porta-estúdio.


Pergunta - Quais são os seus "hits" desse CD, as músicas de que mais você gostou?

Pappon - ‘’As Peles’’, ‘’Gravado no Rio’’ e ‘’Greve’’ têm pinta de hit. Mas minha preferida é ‘’Polichinelo’’, a faixa que abre o disco.


Pergunta - Como foi o processo de gravação? Foi semelhante ao de "Fellini Só Vive Duas Vezes?", quando você e Cadão gravaram esse álbum na sala de estar da sua casa em São Paulo?

Pappon - Foi praticamente o mesmo esquema de Fellini Só Vive Duas Vezes, que - putaqueopariu - foi gravado há 16 anos (!!!). O mesmo tipo de porta-estúdio de 4 canais, com matriz gravada em fita cassete. A diferença é que dessa vez usamos sampler e só tivemos uma semana para gravar todos os vocais.


Pergunta - Podemos sonhar com shows para marcar o lançamento desse novo CD?

Pappon - Sonhar pode. Mas é bem improvável que role.


Pergunta - Como é a relação de vocês com a midsummer madness records? Como é que vocês chegaram a esse selo?

Pappon - O Rodrigo Lariú, dono do selo, foi quem organizou o show do Fellini no Rio de Janeiro, quando fizemos uma mini-turnê em 98. Mostrei-lhe o material dos Gilbertos, que ele acabou lançando pelo selo. Ele sempre se mostrou entusiasmado, honesto e prático. O esquema independente é o único que nós conhecemos.


Pergunta - E o CD com sobras e registros e shows ao vivo ficou para quando?

Pappon - Verdade seja dita: os registros ao vivo são uma merda. Têm coisas bem legais entre as sobras e gravações de ensaio, mas não sei se há sentido em um disco desses, é coisa para fã doente mesmo. O projeto foi suspenso.


Pergunta - Você ficou satisfeito com a repercussão do lançamento de "Eurosambas", CD do The Gilbertos, seu projeto paralelo musical?

Pappon - Sim, bastante. Adoro esse disco, muita gente gostou e ficou claro que ainda há espaço para música não convencional, dirigida às almas mais sensíveis. Sem esse disco e sem a midsummer madness, talvez não tivéssemos agora um novo disco do Fellini.


Pergunta - Você trabalha no serviço brasileiro da rádio BBC, de Londres. Quais os projetos que você está tocando na emissora e quais os horários em que você apresenta ou participa de programas?

Pappon - Sou produtor na BBC Brasil, nos últimos dois anos cuidei dos programas de arte e entretenimento e da página de cultura na internet http://www.bbcbrasil.com/. Agora vou ajudar na coordenação da produção de rádio e internet. Mas continuo apresentando o Som de Londres, que pode ser ouvido em ondas curtas aos sábados, as 19h30, hora de Brasília, ou pelas emissoras que retransmitem a programação da BBC Brasil. Pode ser ouvido pela internet, ao vivo, aos sábados e as sextas, as 14h30. Só toco novidades. Ei! Fui o primeiro a tocar The Strokes nas rádios brasileiras!


Pergunta - Você tem acompanhado as coisas aqui no Brasil? Surpreende saber que o Supla hoje é uma celebridade nacional por aqui?

Pappon - Sei que ele participou de um programa de TV, do tipo realityTV - que infesta as programações no mundo inteiro. Aqui na Grã-Bretanha há programas como "Pop Stars" e "Pop Idol", que ‘’revelam’’ artistas novos e transformam "zés ninguém" em pessoas megafamosas da noite pro dia. O Supla tocava bateria - mal, por sinal - numa banda bem legal chamada Metrópolis. Me lembro de ver o pai dele carregando o bumbo no final de um show deles no Val Improviso, uma boate no centro de São Paulo. Acho que os vi no Lira Paulistana também. Mas acompanho pouco o que ocorre no mundo da música hoje no Brasil. Minha impressão é que não há mais cena independente nem música que preste no país.

Pergunta - O que você tem ouvido ultimamente?

Pappon - No ano passado descobri o Robert Wyatt, cantor/compositor que foi baterista do Soft Machine nos anos 60/70. Estou comprando todos os CDs dele aos poucos, tem muita coisa maravilhosa no meio. O último CD da PJ Harvey é sensacional, o Stories From The City, Stories From the Sea. Minhas bandas preferidas são Beta Band e Doves. No momento estou ouvindo um álbum do Dntel, grupo eletrônico americano, e um álbum do Crosby & Nash, um pirata gravado em 71 e lançado oficialmente agora.


Pergunta - Fellini terá fôlego para sobreviver a mais quantos anos?

Pappon - Provavelmente o Fellini vai continuar lançando um disco a cada 10 anos. A não ser que o Amanhã é Tarde faça o povo tomar as ruas.


Entrevista publicada no zine Esquizofrenia, em 2002.

quinta-feira, agosto 12, 2004

Sabem qual é o meu mais novo vício na Internet? Acompanhar em tempo real os números da audiência das emissoras de tv. O instituto de pesquisa Datanexus liberou ao público em geral os dados dessa medição. Para isso, basta efetuar um cadastro no site http://www.datanexus.com.br. Logo em seguida, será enviada uma senha para o endereço de e-mail indicado pelo interessado. É mais um capítulo na luta contra o monopólio do Ibope nesse tipo de pesquisa. não há informações se o Datanexus vai manter por tempo intederminado ou não a consulta pública. Quem deseja saber como vai a audiência de seu programa preferido, é bom que aproveite logo essa oportunidade.

terça-feira, agosto 10, 2004

Fellini ainda vive, dezoito anos depois

Rodney Brocanelli


A expectativa de vida de uma banda independente no Brasil é curta. São raras aquelas que passam dos cinco anos. Quem consegue chegar aos dezoito, como é o caso do Fellini, pode ser considerado mais que vitorioso. O conjunto, cujo núcleo-base era formado por Thomas Pappon (instrumentos) e Cadão Volpato (letras e vocal), apagou velinhas no último dia 18 de maio. A data é o marco do primeiro ensaio, ocorrido em 1984. No mesmo dia, só que em 1980, Ian Curtis, vocalista do Joy Divison, colocava fim à sua própria existência. Uma coincidência interessante. Desde então, foram alguns álbuns, vários shows, inúmeras histórias, muitas despedidas e, conseqüentemente, muitas voltas. O primeiro disco (na época nem se sonhava com o formato CD) foi lançado em 1985, pela Baratos Afins, uma loja de discos paulistana que decidiu ter seu próprio selo. Chamava-se "O Adeus de Fellini" , uma paródia com o título "The Return of Durutti Collumn" , álbum de estréia do projeto musical de Vinni Reilly. Desse LP, saiu o hit "Rock Europeu", que tocou muito nas rádios de rock da época e os tornando relativamente conhecidos. O trabalho do Fellini ultrapassou fronteiras e chegou a Inglaterra, através do programa de John Peel, na BBC. Ele tocou "Outro Endereço, Outra Vida". A repercussão foi boa e o Fellini recebeu várias cartas de ouvintes localizados em outras partes do planeta que se interessaram e se identificaram com a música, apesar da barreira da língua. Uma delas foi de um presidiário. Outro, mais entusiasmado, chegou até a mandar pelo correio 20 dólares a fim de receber uma cópia do álbum pela via postal. O pedido foi prontamente atendido por Thomas. A gafe ficou por conta de Peel, que anunciou o Fellini como uma banda mexicana (!) no ar.

A mesma Baratos Afins lançaria em 1986, "Fellini só Vive Duas Vezes", um álbum gravado na sala de estar da casa de Thomas Pappon, utilizando-se de um gravador Tascam. Em 1987, veio "Três Lugares Diferentes", com mais um hit, "Teu Inglês", e uma polêmica. A extinta revista Bizz na sua tradicional votação de melhores do ano pela crítica apontou "Três..." como melhor álbum do ano, empatado com "Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas", dos Titãs. Porém, numa entrevista ao jornalista Alexandre Matias, então no jornal Diário do Povo (Campinas), em 1999, Thomas revelou que aquela eleição fora adulterada. O álbum do Fellini tinha sido eleito sozinho o melhor de 1987, mas os editores da revista decidiram mudar o resultado para evitar um incidente diplomático com bandas que pertenciam ao cast das grandes gravadoras.

O último álbum do Fellini seria "Amor Louco", em 1990, cujo lançamento aconteceu pela Wop Bop, outra loja que a exemplo da Baratos resolveu lançar discos. Pouco tempo depois, Thomas resolveu se mudar para a Europa e decidiu-se que não havia sentindo continuar com a marca Fellini. Cadão Volpato montou o Funziona Senza Vapore com alguns músicos que já haviam tocado na banda, entre eles Jayr Marcos e Ricardo Salvagini, mais a participação de Rebecca Matta. O "Funziona..." não seguiu adiante, apenas lançou fitas-demo, sequer chegando a gravar um CD, mas teve uma de suas músicas gravada por Chico Science: "Criança de Domingo", que pode ser encontrada em Afrociberdélia.

Science, por sinal, era talvez o único nome da música pop que nunca escondeu a sua admiração pelo Fellini. Ele até chegou a fazer um show em Recife, tocando músicas do repertório composto por Thomas e Cadão. Enquanto Chico Science fazia o papel de típco fã, a banda enfrentava uma certa resistência entre o restante de seus pares, especialmente os integrantes do Ira! e dos Titãs. A acusação era sempre a mesma: para eles, o Fellini só tinha espaço na mídia por que seus integrantes eram jornalistas. Thomas Pappon foi crítico musical da Bizz e Cadão Volpato editava a revista Set, ambos os títulos da extinta Editora Azul. A dupla refuta as acusações até hoje. Thomas lembra que nunca votou em si mesmo ou no próprio grupo nas eleições de melhores do ano. Postura diferente tinha o também jornalista Fernando Naporano, colaborador da revista, que certa vez votou em sua própria banda "Maria Angélica Não Mora Mais Aqui".

Mesmo com o seu fim, o Fellini deixou uma boa lembrança entre seus fãs. "Uma meia dúzia", como brinca Cadão. Podiam até ser poucos, é verdade, mas sempre foram fiéis. Com o advento da Internet, ficou mais fácil de se reunir pessoas que pudessem trocar informações sobre a banda. Enquanto isso, Thomas, já estabelecido em Londres, onde trabalha no serviço brasileiro da BBC, sentiu que poderia fazer alguns shows-reuinão. A idéia deu certo e em 1998, durante suas férias, o Fellini realizou uma mini-turnê por São Paulo, Rio e Brasília, com Thomas e Cadão na linha de frente e músicos especialmente convidados para a ocasião. No ano seguinte, o Fellini tocaria no festival Rec Beat, em Recife. Em 2001, finalmente o álbum "Amor Louco" seria relançado em CD. No mesmo ano, Thomas e Cadão decidiram que era a hora de voltar a gravar. Um dos fatores que pode ter pesado para o retorno foi a boa receptividade de "Eurosambas 1992-1998", uma compilação de músicas que Thomas compôs sozinho depois que se mudou para a Europa e gravou sozinho sob a alcunha de The Gilbertos, sendo lançado em 1999 pela mmrecords.

O processo de gravação deste "come-back" foi simples. Thomas mandou uma série de melodias para Cadão. Este colocou os vocais e fez as letras. Material pronto, Cadão viajou para Londres e de lá voltou com as matrizes de "Amanhã é Tarde", cujo lançamento aconteceu no ínicio de 2002 pela mesma mmrecords. Assim como em "Fellini Só Vive...", a dupla trabalhou sozinha na sala de visitas da casa de Thomas. A única diferença foi a cidade.

Dezoito anos depois de seu primeiro ensaio, o Fellini ainda vive. Nada mau para quem profetizava seu fim logo no título do primeiro álbum.

Serviço/Discografia:

O Adeus de Fellini (1985) - Baratos Afins
Fellini Só Vive Duas Vezes (1986) - Baratos Afins
Três Lugares Diferentes (1987) - Baratos Afins
Amor Louco (1990) - Wob Bop
Amanhã é Tarde - (2002) - mmrecords


Amanhã é Tarde já está nas lojas e pode ser encomendado na página da gravadora mmrecords: http://www.mmrecords.com.br. Os outros álbuns são facilmente encontrados nas lojas das galerias, aqui em São Paulo.

Publicado no zine CanalB em 2002, à época do lançamento de "Amanhã é Tarde". O show do Fellini no Tim Festival só iria acontecer no final do ano seguinte, por isso não está citado nesse texto.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Danny Roland: "O Metrô de hoje é um encontro de amigos em minha casa"
Por Rodney Brocanelli
Ainda está para ser escrita a análise definitiva sobre esta onda que trouxe de volta à ativa várias bandas do rock brasileiro dos anos 80. Porém, já é possível tirar algumas conclusões rápidas a respeito desta tendência. Parte dos conjuntos resolveu reaparecer exclusivamente de olho nos bolsos de antigos e novos fãs, casos de ... e ... (ora, amigo leitor, você sabe quais são). Não que não tenham sido bacanas em seu tempo, mas hoje vivem de fazer acordos com a MTV para lançar acústicos e apresentações ao vivo e, com isso, arrecadar alguns trocados. Mas se existem grupos cujos retornos têm intenções puramente comerciais, outros ressurgem por acharem que ainda há algo a dizer em termos artísticos e são bem sucedidas neste intuito. Neste último caso se enquadram o Fellini, com seu maravilhoso "Amanhã é Tarde", e o Metrô, que surpreendeu muita gente ao lançar no ano passado "Deja vu".

O Metrô foi um fenômeno na década de 80. Seu disco (sim, disco) de estréia, "Olhar" (1985), foi um sucesso absoluto. Dele saíram pelo menos cinco hits: "Olhar", "Cenas Obscenas", "Tudo Pode Mudar", "Sândalo de Dândi" e "Johnny Love", que se somaram a "Beat Acelerado", o primeiro sucesso lançado em compacto, e "Ti-Ti-Ti", que foi trilha sonora de novela da Globo. O som do Metrô naquela época era simples de ser definido: uma mistura de sintetizadores com guitarras, trazendo ecos de rock progressivo e com pitadas de muito pop. Essa fórmula deu certo até demais, mas não garantiu longevidade à banda. A vocalista Virginie saiu numa fase de plena popularidade. Depois disso, com o vocalista Pedro Parq, lançaram um bom, mas incompreendido, álbum chamado "A Mão de Mao" (1987).

O tempo passou e cada integrante foi para o seu lado, mas a fama do Metrô acabou atravessando os anos e angariando novos fãs mesmo com pouca divulgação nas emissoras de rádio. Tudo caminhava para que a banda fosse apenas uma boa lembrança nos toca-discos remanescentes dos anos 80, mas eis que de repente surge "Deja Vu". Se na década de 80 o Metrô corria a toda velocidade, no Ano Zero eles ressurgem mais tranqüilos, contemplativos, lúdicos até. Como define bem o baterista Danny Roland: "O Metrô de hoje é um encontro de amigos em minha casa". E que amigos, entre os quais se destaca o poeta Wally Salomão, que recentemente nos deixou.

Nesta entrevista feita por e-mail (mas totalmente verdadeira), Roland fala um pouco mais sobre este novo trabalho, faz comparações sobre as duas fases da banda, revela influências de Belle & Sebastian em uma das faixas, e aproveita para falar sobre o Fernandinho, conhecido personagem de um comercial de sucesso exibido na tv há uns 17 anos. Agradecimentos especiais a Silvana Castro, responsável por uma página-tributo muito legal na Internet e que merece ser visitada: http://www.geocities.com/metro_br.



Ruídos: De quem partiu a idéia de se reunir novamente o Metrô?

Danny Roland: Queríamos trabalhar juntos há anos...Chegamos a gravar juntos em 1992 em Bruxelas (The Passengers/Adrenaline Records Bélgica 1992). Em 2001, Virginie, Kassin (Moreno +2) e eu tínhamos um projeto de gravar músicas cantadas em japonês e em várias línguas. Foi quando Luis Carlos Maluly (produtor de Olhar e Mão de Mão) nos procurou querendo nos encontrar e nos propondo a volta do Metrô. Fui até SP, onde nos encontramos (Yann, Alec, Zavie, Maluly e eu, já que Virginie vivia na França havia anos e estava de mudança para Moçambique na África) num agradável jantar no La Tartine. Marcamos de nos encontrar um mês mais tarde, o que de fato aconteceu, mas o encontro musical não rendeu. Passamos o dia botando a vida em dia e conversando, mas na hora de tocar ficávamos só conversando e rindo. Foi ótimo, mas não rolou. Dois dias depois, Alec me disse que não estava a fim. Eu também achei aquilo tudo meio estranho porque pra mim não existe volta. Como dizia o poeta: "o tempo não pára". E ficou por isso. Dois meses depois (Janeiro 2002) Yann me ligou querendo fazer alguma coisa. Falei pra ele vir ao Rio, onde moro. Três dias depois estávamos gravando Mensagem de Amor e o resto foi muito rápido.

A escolha do repertório, como se deu?

Mandamos um CD com as gravações pra Virginie na França, que adorou e mandou ótimas sugestões. Zavie veio várias vezes ao Rio e nos ajudou muito com seu humor, anarquia, ironia e incrível musicalidade (ele é de longe o melhor músico entre nós). Mandamos um CD para o Maluly e para algumas pessoas interessadas de gravadoras. Não entenderam ou não gostaram. Queriam o Metrô exatamente com o som dos 80, o que para nós era impossível. Estávamos interessados em outras linguagens (Adoro "Olhar", mas fazer as mesmas músicas do mesmo jeito...). Pra começar, em nenhum momento pensávamos que estávamos gravando o novo disco do Metrô: não tinha o peso da volta do Metrô etc.

Como foi o clima de gravação e mixagem de "Deja vu"?

A gravação correu muito tranqüila, num clima muito carioca em Santa Teresa, numa paisagem bastante bucólica, Corcovado, bonde passando, anos-luz dos tempos urbanos (muita droga, sexo e rock'n roll) do Metrô nas frias noites paulistas. Escolhemos o repertório que tinha importância na nossa história, de nossa infância e juventude. Yann foi um grande parceiro.

"Sândalo de Dândi" foi regravada, segundo o site oficial da banda, "pensando em Belle & Sebastian". Explique um pouco mais essa influência.

Minha filha Clara é louca por Belle & Sebastian (aliás, todos em casa são) e tem uma música que ela ama: "Sleep The Clock Around" (do "The Boy With The Arab Strap"). A harmonia é a mesma de Sândalo. Então, sabe como é criança (N. do R.: ela tem 4 anos), quer ouvir a mesma música 20 vezes em seguida. Então acabávamos cantando Sândalo em cima. Na hora de gravar, coloquei no Pro Tools um loop de "Sleep ..." e ficávamos tocando em cima. E assim a gravamos em cima deste BPM.

Fale um pouco mais da participação de Wally Salomão numa das músicas.

Sempre admirei Wally. Era um gênio. Uma referência (Gal Fatal é uma das melhores coisas já produzidas). Parecia um garoto (estava sempre tão alegre e positivo, tão disponível) e ao mesmo tempo um sábio (e sem ser pretensioso! super humilde!), um homem culto e MUITO bem humorado. Um grande poeta e pensador e, como se não bastasse, para minha surpresa excelente cantor. Chegou em casa com Otto, ouviu "Deja vu" e começou a cantar (eu e Yann quase caímos pra trás). Ligamos o microfone e ele cantou com aquela voz linda que só preto velho (e baiano!) tem. Nos divertimos pra valer nesta tarde com Otto e Wally. Vai deixar muitas saudades.....

"Deja vu" tem potencial de mercado no exterior, especialmente na Europa?

"Deja vu" tem sido muito bem recebido lá fora. A Trama exportou algumas centenas de exemplares pra França, que já esgotaram. E existe interesse de licenciamento em alguns outros países (Espanha, Portugal, Inglaterra, Alemanha e Japão). São convites para coletâneas lounge etc, mas estamos batendo pé para lançarmos o disco INTEIRO.
Fizemos uma exceção e liberamos "Mensagem de Amor" em Portugal na coletânea "Divas do Brasil" (acho que Virginie não poderia faltar!).

Qual foi o motivo que os fez recusarem várias propostas vindas de gravadoras para lançar material baseado no projeto "Acústico"?

Como já disse antes, tinha que ser algo autêntico, prazeroso pra nós e não pra indústria. Não nos sensibilizamos com algumas ofertas, entre elas a de fazer um show do Metrô com os arranjos originais de todas as músicas antigas e lançá-las em DVD etc. Achamos tão deja vu. Também não nos sentíamos à vontade de fazer um projeto ao vivo. Estávamos longe deste "negócio" há quase 20 anos (!!!). Queríamos privacidade.
Nos devíamos este disco. Quando começamos o "Deja vu" não era Metro. Era só eu Yann e Zavie em casa experimentando música, nos divertindo, não tínhamos compromisso com nada e com ninguém. Virginie veio ao Brasil, onde passou uma semana, com a familinha, e nos trouxe ainda mais alegria com seu talento, graça e espontaneidade de sempre. Foi como se nunca havíamos parado de trabalhar juntos um minuto nestes anos. Felicidade.

Como você avalia as críticas à "Deja vu"? A proposta desse trabalho foi bem compreendida pelos jornalistas? E como foi a repercussão junto às emissoras de rádio?

As críticas em geral foram ótimas. "Deja vu" foi muito bem recebido e compreendido pela imprensa escrita. Já nas rádios não teve nenhuma repercussão. Mas também não tínhamos nenhuma expectativa. Estamos tão felizes com o disco. Ele está exatamente do jeito que queríamos. Foi extremamente prazeroso produzi-lo. E ainda por cima a Trama foi e tem sido uma parceira fantástica.

Vocês pretendem sair em turnê pelo Brasil? Qual seria a principal dificuldade em fazê-la?

Em março fizemos shows na África em Maputo , Moçambique no Centro Cultural Franco-Moçambiquano, lindo e lotado (tem capacidade pra 600 pessoas). Temos recebido vários convites para tocar na França. Mas a nossa maior vontade é de fazer shows no Brasil.

Existe a idéia de se lançar um segundo CD dessa nova fase?

Com certeza haverá continuação enquanto for prazeroso e divertido. Gravamos com músicos africanos quando estivemos em Moçambique. E temos pensado e gravado material para um próximo disco pra quem sabe em 2005.

Você disse numa outra entrevista que "o Metrô não teve absoluta importância". Continua mantendo essa opinião mesmo após a repercussão boa da volta entre os fãs que acompanhavam a banda na década de 80?

Sim. Continuo achando. Sou muito crítico em relação ao Metrô. Acho que com a história que tínhamos juntos não dá pra ser diferente. Ficamos devendo. Não demos continuidade. Fizemos um bom disco pop e só. Não tem a menor importância.

O que você, Virginie e Yann estão fazendo, enquanto a turnê não sai?

Virginie está em Moçambique neste momento vivendo a vida. Toca violão e canta todos os dias. E vai muito à África do Sul no Kruger fazer safaris (só pra olhar os animais). Yann voltou pra SP, onde está montando seu estúdio e tocando com vários DJs. Vivo no Rio há 10 anos onde sou sócio de uma produtora (BD). Produzimos vários eventos artísticos. Estou tentando terminar meu segundo longa metragem (Maria), e fazendo algumas trilhas sonoras. E tentando viabilizar esta tournée do Metrô no Brasil.

Muitos fãs perguntam pelos trabalhos antigos, principalmente Olhar. Sabe se a gravadora pretende relançá-lo? O que acha dessa idéia?

Acho que seria ótimo o "Olhar" estar em catálogo, mas ele pertence à Sony e só eles sabem se existe a intenção de um dia colocá-lo a disposição. Sei que é difícil, mas acho que tudo tem que estar em catálogo, senão fica um país sem memória e portanto sem história. O que tem de obra-prima fora de catálogo no Brasil! Você só encontra em edição japonesa.

Compare o Metrô de 1985 e de 2002/2003.

Não há a menor comparação. São 2 mundos... "Olhar" é o resultado de anos de uma BANDA (começamos em 1978). Resultado de anos de batalha, de muito som (tocávamos 10 horas ou mais por dia, pra desespero dos vizinhos da Vila Mariana), shows, gravações, enfim, de uma época de descobertas e conquistas de cinco garotos que cresceram juntos. Somos como irmãos. Vivíamos juntos. A banda era nossa vida 24 horas por dia. E tínhamos vários sonhos juntos. Foi uma época maravilhosa e uma dura, prematura e traumática separação. O Metrô de hoje é um encontro de amigos em minha casa. Cada um com a vida feita. Pais e mãe de família. Alegria. Comunhão. Maturidade. O Serginho Groisman definiu bem quando fomos lá: "Vocês eram o Metrô e viraram os Novos Baianos?!", tal o "entourage" de crianças e adolescentes que chegou junto conosco, e olha que faltaram os 3 do Zavie e 2 do Alec! Também o mundo mudou então gravamos tudo em casa mesmo. Não teve um ensaio sequer. Foi ligar o Pro Tools e sair gravando. Depois editamos e mixamos.

As pessoas na rua ainda se lembram de você como o Fernandinho dos comerciais da US Top?

Fernandinho... Raramente alguém lembra. Um dia, há algum tempo, aconteceu algo engraçado: estava no Zôo e fui cercado por uma multidão de crianças (uma excursão colegial) que queria autógrafos e tirar fotos etc. Fiquei meio sem graça. Eram tão pimpolhos e o comercial fora do ar há tanto tempo. Não entendi nada na hora, nunca tinham me visto, mas todos me abraçavam como se fosse um velho amigo, o Fernandinho. Deve ter ficado no inconsciente coletivo. Adoro crianças e fiquei muito feliz com o carinho delas.


Serviço: Home page oficial do Metrô: http://www.metromusic.com.br


Publicado no e-zine Ruídos em 2003. Só não lembro o mês e tou com preguiça de pesquisar agora.

 
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