sábado, outubro 12, 2002

Uma advogada de São José dos Campos, no vale do Paraíba, entrou hoje com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral. Ela pede a impugnação de um dos candidatos a deputado federal eleito pelo Prona. Está no site do telejornal SPTV, da Globo. Vanderlei Assis, eleito com 275 votos trabalha como diretor num hospital...da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. O endereço que consta na sua declaração de bens é de uma casa da zona oeste na qual não mora, mas sim um casal de amigos. A advogada Tania Nogueira entrou com uma ação solicitando a impugnação da candidatura de Vanderlei Assis. Começa muito mal a história do Prona na Câmara dos Deputados...

Terminado o primeiro turno das eleições, hora de contabilizar os vencedores e derrotados. Entre aqueles que foram "barrados no baile", dois candidatos chamam um pouco mais a atenção. São eles: Levy Fidélix (PRTB) e José Maria Eymael (PSDC). O primeiro é conhecido por tentar introduzir o Aerotrem, uma versão brazuca do trem-bala japonês, em São Paulo. Numa outra época, uma de suas plataformas de campanha era aterrar o rio Tietê. Desta vez, Fidélix aspirou ao governo do estado. Teve pouco mais de 8.500 votos. Já, Eymael, surgiu no cenário político em 1985, disputando à prefeitura de São Paulo. Em 1998, tentou voar mais alto, candidatando-se à presidência da República. Seu slogan era confiante, ao menos: "Só Eymael pode derrotar Fernando Henrique". Nessas eleições, tentou voltar à Câmara dos Deputados (já esteve lá cumprindo um mandato em 1990) na coligação de partidos que apoiou Paulo Maluf ao governo do Estado, sem sucesso.
Os dois politicos citados certamente tem perifis politicamente distintos, mas o que os une é a persistência. Não importa o tamanho do fracasso da eleição anterior, eles sempre estão de volta no pleito seguinte. Com o fim do primeiro turno, Fidélix e Eymael voltam ao seus habituais ostracismos, mas daqui a dois anos, quando teremos eleição para prefeito, seum dúvida eles estarão de volta. Fica no ar uma série de perguntas: o que eles fazem nesse intervalo de tempo? Como subexistem? A política seria um fim ou um meio de sobrevivência para esses dois personagens? Será que na carteira profissional de cada um está escrito "candidato profissional" no item reservado à ocupação atual?
É claro exemplos como os de Levy Fidélix e José Maria Eymael existem aos montes espalhados pelo país. A insistência de ambos, porém, acaba por transformá-los em personagens emblemáticos.

quarta-feira, outubro 09, 2002

Meio que na surdina, o jornalista André Barcinski, conhecido pelo programa Garagem, está mantendo desde agosto uma coluna no BOL sobre música. Nas primeiras, ele falou da sua temporada de férias na Europa, onde acompanhou alguns shows. Na mais recente, Barcinski fala de sua experiência ao entrevistar o The Calling. Até agora, não demonstou a afetação que é comum a muitos de seus textos. Outro dia o vi na TV concendendo uma entrevista à Marília Gabriela. Foi possível notar que ele está cada vez mais parecido com o misto de playboy e empresário Chiquinho Scarpa. Incrível!

terça-feira, outubro 08, 2002

E por falar em Partido Verde (leia post abaixo), a mãe-natureza parece que está com raiva de mim. Ontem fui picado por uma abelha num ponto de ônibus. O pior é que fui atingindo bem no dedo indicador direito, que inchou desde então. Fui medicado num PS da prefeitura (o atendimento demorou umas duas horas; os médicos da sutura - para onde fui encaminhado - estavam operando). Tomei duas injeções, uma de Bezetacil e outra anti-tetânica, mas o inchaço continua, já atingindo parte da mão. É claro que deve estar colaborando para isso o fato de eu estar aqui escrevendo. Deveria era estar com o braço para cima, a fim de facilitar a circulação sanguinea. Se a situação não melhorar até amanhã, vou para outro PS e ver o que se pode fazer.

A boa notícia dstas emeições fica por conta do crescimento do Partido Verde. Na Assembléia Legislativa de São Paulo, a bancada passa de um para cinco deputados, segundo projeções da Rede Globo. Ainda segundo a emissora, os verdes paulistas (!?) terão dois representantes na Câmara dos Deuputados. É um ótimo resultado para quem investiu mais na legenda durante o horário eleitoral. Ao contrário do Prona, de Eneás Carneiro, o PV não teve uma figura carismática para puxar votos.
Aliás, a melhor coisa da campanha na TV foram as vinhetas do Partido Verde exibidas logo nos primeiros dias. Está de parabéns quem as produziu. Cabe aos eleitores, a partir de agora, fiscalizar o desempenho dos deputados eleitos.

Tava ouvindo o Garagem, programa da Rádio Brasil 2000 FM e deram a dica desse site, o Manivela, uma nova revista eletrônica que está no ar. Um dos destaques é justamente a entrevista com o Paulo Cesar Martin, conhecido como Paulão (isso antes da lipo que fez), um dos apresentadores do programa.
Como é tradição neste blog, vamos destacar um trecho do papo. Paulão aqui fala sobre a trajetória do Garagem em sua atual emissora : "(...)a Brasil topou no esquema que é até hoje. O programa tem três anos no ar. A gente não paga nada pelo horário. Eles não pagam nada para a gente. O programa começou a dar um retorno grande para rádio, tanto que hoje o programa é das dez à meia noite. Não porque todo mundo é bonzinho. Deu audiência. Dos programas da rádio só perde pro Na Geral (programa dedicado a esportes), em termos de audiência."
Fica no ar apenas uma dúvida. Existe uma pesquisa que afere audiência das emissoras de rádio na parte da noite/madrugada?

segunda-feira, outubro 07, 2002

Um linkzinho para quem deseja conhecer um pouco mais da história das rádios livres no Brasil:
http://www.geocities.com/onzenet/radioslivres.html

Está para nascer o cientista político que vai analisar de uma forma fiel, sem chutes ou teorias furadas, a histórica votação do candidato Enéas Carneiro a deputado federal. Será que existem 1,5 de eleitores que pensam igual a ele? Ou foi um voto de zoeira, como se estivessem votando no Cacareco, Macaco Tião ou Sey Creysson para protestar contra o atual quadro político do país? Seja lá como for, Enéas conseguiu o que queria. Com uma boa bancada de deputados federais, ele poderá ter um tempo maior no horário eleitoral gratuíto daqui a quatro anos. Quem sabe, um espaço maior no rádio e na tv seja suficiente para que muitos de seus atuais eleitores o conheçam mais a fundo. Para quem ainda não percebeu, Enéas tem idéias facistas. Não é à toa que o nome de seu partido fala em "ordem".

Tava para fazer esse registro há algum tempo, mas só agora foi possível. Tem blog novo na lista de links, o Tupiniquimbrazilis, com uma proposta interessante: analisar como a mídia estrangeira vê o Brasil. Nada mais oportuno nessa época de eleição.
O Onzenet orgulhosamente é um de seus "blogs pais", ao lado de outros bem bacanas. Fico feliz esse feito.

Baixa no mundo dos blogs. O Charles Brito deixa de lado o seu Nonstop. Uma pena.

Essa música inédita do Nirvana, engavetada desde 1994, que as rádios brasileiras estão tocando a partir de hoje é fraquinha. Se entende o porquê de nunca ter sido lançada nos álbuns oficiais da banda.

sábado, outubro 05, 2002

Mais infomações sobre todo o problema envolvendo a tentativa de fechamendo da Rádio Muda, a rádio livre dos alunos da Unicamp, pode ser acompanhado aqui nesta reportagem do Correio Popular.
Em um determinado trecho, foi dada a palavra a um representante do orgão encarregado da fiscalização e fechamento das rádios clandestinas, a Anatel. Seu nome é Nélson Souza Aguiar: "Segundo o assessor de Imprensa, para a Anatel, não importa qual a importância que uma rádio clandestina tem na comunidade. 'A rádio é ilegal. Não tem autorização outorgada para o uso da rádio freqüência. O papel da Anatel é fiscalizar se a lei está sendo cumprida', disse."

quinta-feira, outubro 03, 2002

Stop Crying Your Heart Out - Oasis

Hold up
Hold on
Don't be scared
You'll never change what's been and gone

May your smile (may your smile)
Shine on (shine on)
Don't be scared (don't be scared)
Your destiny may keep you warm

Cos all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Get up (get up)
Come on (come on)
Why're you scared? (I'm not scared)
You'll never change what's been and gone

Cos all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Cos all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

We're all of us stars
We're fading away
Just try not to worry
You'll see us some day
Just take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out
Stop crying your heart out
Stop crying your heart out

Para mim, essa é a música do ano internacional. A nacional é "Amanhã é Tarde", do Fellini.
Confira a sua tradução aqui

terça-feira, outubro 01, 2002

um ano depois, eles voltaram...

Nos últimos meses foram lacradas inumeras rádios, livres e comunitárias em todo país. Dentre elas algumas das mais significativas no movimento pela democratização dos meios de comunicação : Rádio Restinga de Porto Alegre, Bicuda do Rio de Janeiro, Rádio Comunitária Santa Cruz (RS), Rádio Comunitária de Sorocaba. Na Grande Belo Horizonte foram fechadas nos últimos meses mais de 50 rádios.

Hoje, por volta das 15h recebemos a visita de dois agentes que, em carro com placa de Brasilia-DF, mesmo sem se identificarem, afirmaram estar de posse de um mandado de busca e apreensão para o lacramento da Rádio Muda FM, que há mais de 12 anos funciona abertamente na praça central da Universidade Estadual de Campinas. É autogerida por um coletivo composto por estudantes e funcionários da Universidade e moradores da região.

Apesar de não ser concessionada pelo Ministério das Comunicações, a rádio transmite sem fins lucrativos, prestando um grande serviço à comunidade. Seu fim principal é a liberdade de expressão.

Ano passado já houve uma tentativa de fechamento sem sucesso. A rádio continuou operando a despeito dos riscos de uma nova investida da Policia Federal e da ANATEL, que argumentam a ilegalidade da rádio. No entando, no entender de dezenas de juizes federais brasileiros, a iniciativa é legal do ponto de vista da Constituição Brasileira, artigo quinto, e do pacto de San Jose da Costa Rica, 1969, e da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Todos os dispositovos contrários à Carta Magna, nossa Constituição, como a lei 4117/62 que dispõe sobre crimes de telecomunicações estão revogados. Seu valor jurídico atual é nenhum. A atividade de radiodifusão não pode ser tipificada por si só como crime. A desobediência civil, então, se faz necessária.

O objetivo dessa mensagem é alertar mais uma vez à sociedade para a fragilidade da democracia na qual vivemos.

Continuaremos transmitindo!!! Rádio Muda 2 x 0 ANATEL

ass: Coletivo Rádio Muda

De novo, não custa lembrar: a Rádio Planeta 90 FM, de propriedade do "padre" Chico continua em pleno funcionamento. Se existe uma lei (com a qual não concordo, mas aí é outra historia), ela tem que servir para todos.
Leia mais sobre a tentativa de fechamento da Rádio Muda nesta nota da Folha On Line.

Um dos sites mais bacanas sobre cultura pop acabou. É o ScreamYell, que começou como um zine de papel e foi para a rede. Talvez fosse um dos maiores em termos de conteúdo. Contribuiu para isso a proposta inicial de colocar todo dia um texto novo. Um dos grandes méritos na parte musical era tratar da mesma forma artistas independentes ou mainstream. No entanto, o SY não ficava apenas focado na música. Textos sobre filmes, livros e de ficção também eram oferecidos ao público, numa mistura muito bem temperada. O site termina sua trajetória, mas os textos não serão tirados do ar que certamente irão servir de fonte de pesquisa. Onde mais encontrar artigos dissecando a carreira de um artista como Nick Cave? Para saber mais detalhes, leia esse editorial escrito por Marcelo Costa, um de seus idealizadores.

E finalmente a Folha de S. Paulo entrou no caso das fotos tiradas na festa da FGV. É um típico caso de "tardou, mas falhou". A reportagem traz apenas como novidade a abertura de um inquérito policial para apurar o que aconteceu naquela noite. O parágrafo final é de impressionar. Diz que: "Sites oportunistas, que nem sequer comentam o episódio, estão usando expressões como "fotos-festa-FGV" para aumentar seu número de acessos via mecanismos de busca". O texto não informa, porém, a relação de causa-efeito nessa história. Primeiramente, houve uma busca frenética nos sites de busca para que depois alguns engraçadinhos colocassem em seus sites as palavras-chave.
A imprensa teve sua chance de tentar esclarecer, mas não conseguiu. Vamos ver se a polícia tem mais sorte, uma vez que o instrumental ela tem.
Antes de terminar, quero dizer que tenho dois temores com tudo isso que está acontecendo. Um é a de que volte aquele papo idiota de controle da Internet. Podem aguardar, que em breve vão voltar a falar disso por conta da história das fotos. O outro é de que os blogs também paguem o pato. Alguns divulgaram com links as páginas onde as imagens foram publicadas. Isso é um prato cheio para advogados com ânsia de arrancar dinheiro a título de indenização por danos morais.

segunda-feira, setembro 30, 2002

O vestibular está chegando aí e acho que o momento é oportuno para desencavar um artigo que eu fiz para o Euqueromais analisando um pouco mais desse fantasma que tira o sono dos adolescentes (e de muito marmanjo por aí). Leia a íntegra a seguir

Alguns palpites sobre o vestibular

Antes de começar esse artigo, é interessante dar uma explicação. O vestibular pode e deve ser dividido em dois tipos: o exame de admissão das universidades públicas e o exame de admissão das universidades particulares. Feita essa explicação, dá para começar a falar dessa instituição controvertida, objeto de amplos debates.

O que tira o sono mesmo de pais e alunos é o vestibular das universidades públicas. Afinal, quem não sonha em entrar para uma Usp, Unesp ou Unicamp, só para citar algumas? O ensino é bom (o Provão está aí para não me deixar desmentir) e, o mais importante, gratuito. E como dinheiro não dá em árvores mesmo, todos, sem distinção de classes sócio-econômicas, concentram suas energias no ingresso a uma vaga numa universidade gratuita. Começam aí os problemas que todos já conhecem: pressão dos pais, da família, dos amigos, da sociedade, da namorada, do cachorro, a autopressão...Quem conseguir lidar melhor com elas, consegue sucesso no exame. Já quem não consegue... Uma frase de um professor de cursinho dizia que o vestibular não é para os inteligentes, mas para os espertos. E ele tem razão. O diferencial não é apenas se preparar bem, se matar de estudar, perder dias e noites decorando datas e fórmulas. É estar relaxado o suficiente para na hora da prova não pintar o famoso branco na cabeça. Eu, você, enfim todos nós, temos casos de amigos que são perfeitos CDFs, sabem tudo a respeito das matérias mais complicadas, mas sempre colecionam insucessos nos vestibulares por causa de uma má preparação mental.

Bom, mas nem tudo está perdido. Existe uma saída para aqueles que fracassam ao tentar entrar numa universidade pública...sim, elas mesmas, as universidades particulares!!! Tem uma em cada quarteirão, sempre disposta a acolher com muito carinho os alunos não aprovados pelas Usps, Unesps e Unicamps da vida. Mas não se impressione com isso...elas estão unicamente é de olho no bolso dos pais desses coitadinhos. Assim como os cursinhos pré-vestibulares, uma verdadeira mina de ouro na mão de certos educadores, mas essa é uma outra (e longa) história. Por essas e outras que o vestibular não vai acabar tão cedo. Claro que o ideal seria que as universidades admitissem os alunos através do seu desempenho no chamado ensino médio, mas é complicado. O vestibular é uma indústria que movimenta milhões de reais, oferece empregos e gera impostos (é nisso que o governo está de olho).

Entrar numa universidade, pública ou não, é legal, satisfaz o próprio ego (e principalmente dos pais), mas não resolve tudo na vida. O diploma em si no final do curso universitário não garante colocação no mercado de trabalho. A qualificação que uma faculdade oferece é importante, mas para se conseguir um emprego vale na hora H muito mais o QI (quem indica). É a velha história: sair do caldeirão (o vestibular) para cair no fogo (a falta de perspectiva de se arrumar um emprego na área escolhida).

Tá, é uma visão pessimista demais? É, mas alguém tem que falar isso, afinal a vida não é um mar de rosas. No mais, desejo meu boa sorte a você vestibulando.


É claro que esse artigo não chega aos pés de uma crônica escrita por Luis Fernando Veríssimo. Chama-se "O Flagelo do Vestibular". É, ao meu ver, o texto definitivo sobre o assunto.

sexta-feira, setembro 27, 2002

Os loiros naturais em geral podem até acabar, como diz esta nota da BBC. Mas as piadas de loiras, não...

quinta-feira, setembro 26, 2002

acho que este espaço cumpriu seu papel... São palavras da Patrícia, do "Fiz sim, e daí?" Ela diz que participou na festa da FGV e apareceu nas imagens colhidas do cafofo. O blog, que causou um certo frisson na mídia, ganhando espaço no site de notícias Último Segundo, e no programa Vitrine, da TV Cultura, não terá mais atualizações. O Onzenet já havia percebido que as mesmas não eram mais constantes.
Em seu derradeiro post, Patrícia aproveita para alfinetar: (meu, vocês não sabem o que li em outros blogs por aí... as teorias mais absurdas do mundo... Sobre esse momento de celebridade instantânea, ela afirma: não vou negar que até meu lado exibicionista ficou envergonhado depois que percebi que o que eu havia começado aqui estava correndo a rede numa velocidade espantosa
O blog encerra suas atividades, mas deixa várias perguntas sem resposta. Pena que ele não tenha dado uma maior contribuição para esclarecer bem mais sobre os acontecimentos daquela noite. Não faltam pessoas que duvidam de sua autenticidade.

Um dia eu ainda quero escrever mais sobre minha participação em listas de discussão sobre música. Começei na extinta Indie-Brasil e hoje assino pelo menos umas vinte. Claro que não tenho tempo de participar de todas elas, mas de vez em quando eu dou uma olhada para saber do que o povo está falando.
Nesse tempo em que eu tenho frequentado listas, fiz alguns amigos bacanas e tretei com alguns assinantes (são coisas da vida virtual; as vezes se escreve a e alguém entende b, o problema é quando isso gera discórdia que culmina em agressões verbais). Na E-zine não foi diferente. Organizada pelo zineiro Bruno Privatti, ela foi criada na esteira de uma outra lista bastante movimentada, a Indie-Brasil, dedicada ao rock indie nacional. A idéia de Bruno era dar um pouco mais de liberdade para as pessoas se expressarem, tendo como ponto de partida os fanzines. Em pouco tempo, passou a ser uma das principais da Internet brasileira. A certa altura, alguém lança a idéia: por que não se fazer um zine eletrônico com os textos de seus principais assinantes. A aprovação foi imediata e nascia assim, o Lao Bar. O nome, totalmente esquisito e pouco usual, tem a sua justificativa. Depois de uma das frequentes quedas do servidor que gerenciava a lista (ficava na Uerj), um dos participantes pediu para que os outros dessem um alô, a fim de saber se estava tudo normanizado. O apelo foi prontamente atendido e, num dos replys, alguém escreve a palavra lao, que nada mais é que alô digitado errado e sem acento. Todos foram na cola do lao. Alguns acharam que era uma saudação secreta, outros em tom de brincadeira adotaram a palavra em seus mails. O fato é que o nome pegou e foi o escolhido para batizar a página. O seu conceito era reproduzir uma conversa de botequim, daí temos Lao Bar.
No começo de de 1998, a primeira edição entrou no ar, com poucos textos. Naquela época, o web design ainda engatinhava e, mesmo sem os recursos que existem hoje, o visual acabou ficando muito bom.
O editorial de abertura trazia o seguinte texto:
Janeiro de 1998, mês de inauguração do LAO Bar. Enfim aberto ao público o resultado de um investimento de meses e de dezenas de mãos para a construção de um lugar onde se possa debater inteligentemente todo tipo de assunto que nós gostamos de debater quando estamos tomando aquela cerveja gelada em pleno verão escaldante.
Neste mês, expomos aos visitantes os nossos arquivos pessoais e as conversas que despertaram o desejo de se construir um local assim na Internet Brasil. Além de muitas outras coisas que discutimos ardentemente enquanto esperávamos o maitre trazer as bebidas!
Para incentivar uma visita completa e edificante, nada de manchetes por enquanto. Temos resenhas de demos, retrospectiva da carreira de escritores, lembranças de infâncias, tiras inéditas de quadrinhos, resenhas de filmes clássicos, manifestos... Enfim, navegue por si próprio e não se esqueça de fazer amizade com os frequentadores mais antigos se quiser saber mais sobre como funciona essa birosca de luxo. E boa sorte!

Enfim, era um projeto que prometia. Analisando um pouco mais a fundo diria que o Lao Bar foi o embrião das revistas eletrônicas que temos hoje, como ScreamYell, Ruídos, Rabisco, entre outros. Pena que, como quase todo empreendimento voluntário, não foi adiante. O príncipal motivo certamente foi a falta de tempo. As atividades profissionais de cada um atravancaram o desenvolvimento do site. Devem ter existido outros, é claro, mas não chegaram ao meu conhecimento. De qualquer forma, a primeira e única edição do Lao Bar ainda continua ativa, não sei até quando, portanto é bom aproveitar. Você pode fazer uma visita clicando aqui e ler os textos que chegaram a ser colocados no ar. Um deles é assinado pela gonzo girl Cecília Gianetti e versa sobre o filme Absolute Beguinners. Gregory Castro faz uma comparação entre os álbuns Psychocandy, do Jesus & Mary Chain, e Exit Planet Dust, dos Chemical Brothers. Eu compareci com um tosquissimo texto autobiográfico contando um pouco a meu envolvimento com as rádios livres. A intenção era fazer uma série e o nome era bem sugestivo (e pretensioso, diga-se de passagem): Minha História de Combate no Dial. Vale dizer que existem links para textos e entrevistas que nunca foram incluidos até hoje.
Eu já disse, mas não custa nada reptir, visitem o Lao Bar enquanto é tempo. Como a página nunca mais foi atualizada, o Geocites pode tira-la do ar a qualquer momento.

 
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