sexta-feira, abril 16, 2004

Tenho certeza que os blogs serão para a literatura o que os campos de várzea foram para o nosso futebol. Parece pouco, mas pergunte onde é que todos os craques brasileiros começaram a jogar. E quem pensa que existe muita diferença entre escrever e bater bota, está redondamente enganado ( sem trocadilho). Num jogo como outro, só se aprende suando a camisa.

Este é o trecho de um post do jornalista Paulo Markun, atual apresentador do Roda Viva, da TV Cultura. É mais um cobrão da grande imprensa que adere a onda dos blogs. Uma iniciativa muito bem-vinda, por sinal. Lembro-me de Markun apresentado ao lado de Silvia Poppovic uma revista diária na Gazeta, em 1983. Chamava-se "São Paulo na TV". Na verdade, quem produzia o programa era a Editora Abril, que abriu um braço televisivo e o batizou como Abril Vídeo. Foi primeira investida dos Civita na televisão. O horário nobre da Gazeta foi alugado e o carro-chefe era a atração comandada pelo casal.
(Aliás, vale um parêntese aqui: foi uma das melhores fases vivida pela TV Gazeta. Ela alugou horários a vários pesos pesados como a Gazeta Mercantil, Olhar Eletrônico, Goulart de Andrade, entre outros, e tinha uma programação de qualidade. Dá dó ver hoje vários horários preenchidos por aqueles Infomerciais).
O "São Paulo na TV", era muito agradável de se assistir. Foi o começo do rompimento de um padrão mais formal para a apresentação de jornalisticos. O país vivia a abertura política promovida pelo general Figueiredo, portanto era mais fácil experimentar. Paulo Markun e Silvia Poppovic interagiam com o público, com os colunistas (eram vários) e entrevistados. A experiência teve sucesso de público. Quando tudo ia bem, ocorre um incidente que, ao meu ver, foi decisivo para que o programa saisse do ar. Em 1984, na época da votação da emenda Dante de Oliveira, que restabelecia as eleições diretas no país, o governo federal decidiu adotar medidas de emergência em Brasília. Por conta disso, não seria permitido transmitir de lá no dia daquela pôlemica votação. Porém, o "São Paulo na TV" levou ao ar uma entrevista do então vice-governador Orestes Quércia. Ele estava naquela cidade e conversou ao vivo, pelo telefone, com a dupla de apresentadores falando sobre o ambiente que antecedia a sessão do Congresso Nacional que, no fim, acabou sepultando a esperança das diretas. Resultado: a Gazeta teve seus transmissores lacrados no dia seguinte. Depois de muitas negociaçõres, a emissora voltou ao ar. Pouco tempo depois, quem saia da grade de programação era o programa. Foi bom enquanto durou.
Markun, depois dessa experiência, passou por vários jornais e emissoras de tv. Criou a revista Imprensa e esteve em seu comando durante sua fase áurea. Hoje, ele se estabilizou na condução do Roda Viva. Além disso, faz participações no Jornal do Terra. Foi uma grata supresa saber de seu blog.

quinta-feira, abril 15, 2004

O blog Rádio Base e a coluna de rádio da Folha de S. Paulo informam que a FM pirata mais potente de São Paulo, a Rádio Planeta 90 (90,1Mhz), foi fechada. O blog Onzenet tem falado muito dessa emissora, que pertence a um falso padre chamado Francisco Silva. Vários transmissores, entre os quais o da Planeta 90, acabaram apreendidos numa operação considerada como "cinematográfica" pela jornalista Laura Mattos. Tiveram de usar técnicas de rapel para içar os equipamentos que estavam escondidos no meio do mato da Serra da Cantareira.
Creio que tenha sido uma importante vitória, porém isolada numa guerra que é muito maior contra o maior pirata de São Paulo. Dentro em breve, Francisco Silva arranjará outro jeito de colocar sua rádio de novo no ar. Não é a primeira vez que ele tem equipamentos apreendidos e tampoco será a última.
Uma coisa que eu achei estranha: por lei, quem tradicionalmente faz apreensões de emissoras piratas é a Polícia Federal. Desta vez, foi a Polícia Mlilitar quem comandou toda a operação. Será que com a greve da PF, a Anatel conseguiu autorização especial para colocar a PM nessa operação?

segunda-feira, abril 12, 2004

Os reality shows já me emplogaram mais no passado. Quem acompanhou os promórdios deste blog sabe disto. Não vi de perto a quarta edição do Big Brother Brasil. Embora tenha sido a de maior sucesso desde a estréia, acho a que a fóruma se esgotou. Dei uma olhada no debate promovido pela Globo depois da grande final, no qual todos os participantes lavam a roupa suja. O grande vilão para muitos foi a edição. Isto é, para eles, o programa que ia ao ar pela Globo privilegiava e omitia certos fatos, como por exemplo a origem de várias brigas e discussões. É claro que tudo não pode passar de choro de perdedor, mas é um aspecto a ser levado em conta. A equipe que faz e monta o programa é formada por pessoas de carne e osso, assim como aqueles que estão diante das câmeras. É claro que por mais que se tente ser isento, a brasa sempre vai ser puxada para a sardinha de alguém, ainda que de forma inconsciente. Não penso que o poder da edição seja tão decisivo assim. O comportamento de muita gente dentro da casa colabora e muito. De qualquer forma, é bom lembrar que todos sabem o que é o BBB. Ninguém pode dar a desculpa de que não conhece como é o esquema. Já que todo mundo foi para chuva, que se molhem nela a vontade.
Ah, para terminar. Essa tal de Tatiana Giordano é um entojo mesmo. Toda hora ela ficava repetindo seu nome completo no ar. Será que ela pretende se candidatar a algum cargo nas próximas eleições?

quinta-feira, abril 08, 2004

A semana que termina foi agitada, senão vejamos.
Na sexta feira passada, o Laboratório Pop publicou uma entrevista que eu fiz com Leticia Pavan, a Senhorita Cobain. Ela é um belo exemplo de jovens (mas jovens mesmo) que prestam tributo ao mito Kurt Cobain através de blogs na Internet.
Depiis, o Observatório da Imprensa trouxe uma entrevista que eu fiz com Zé Mangini, um dos manda-chuvas da Revista MTV. O gancho para esse papo foi a comemoração dos três anos da publicação e os mais de um milhão de leitores acumulados nesse período.
Por último, o Laboratório Pop traz então uma reportagem feita por mim sobre a questão da problemática venda de ingresssos para o Curitiba Pop Festival. Entrevistei Andreás Nieckele, o consumidor, e Alessandro Reis, o assessor de imprensa do evento. Confiram.

sábado, abril 03, 2004

Sairam os resultados do Indie Destaque, votação promovida pelo selo mmrecords. O boletim completo está aqui. Particularmente, gostei de alguns resultados como a mudança de programação da Rádio Brasil 2000 FM ser considerado o fato indie do ano. Outro que me agradou muito foi a indicação de Eduardo Ramos, do selo Slag, como personalidade indie. Lembro-me dos sábados à tarde em que eu, ele, o casal Cristiano Wolf (ex-vocalista do Sleepwalkers) e Maui ficavamos conversando pelo ICQ. Eles mandavam arquivos de música para que eu pudesse ouvir. Tinham um projeto bacana chamado Plaster, que não foi adiante. Mas voltando a falar do Dú, ele é um cara que batalha pela cena indepentente. É ele quem está trazendo o Teenage Fanclub para o Brasil. Nada mais justo.
E não foi dessa vez que o Onzenet ganhou algum tipo de prêmio...he he he. Ele estava concorrendo a melhor blog indie. Já escrevi aqui que meu blog não se enquadra bem no perfil no proposto, mas a lembrança já me deixou satisfeito. O vencedor da categoria foi o Yer Blues, do Jonas Lopes. Ele foi o recordista de votos entre todas as categorias, totalizando 601. O Jonas é um garoto que está nos seus 19, 20 anos e escreve muito bem sobre música. Falta a ele uma certa maturidade, mas o tempo se encarregará de lhe dar isso. Outro resultado merecido.
O Onzenet teve 50 votos. Pena que eu não tenho verba para pagar um café a cada um dos meus eleitores. Mesmo assim, valeu.

Pois é, o pessoal ainda não se ligou que no dia primeiro de abril a imprensa européia adora publicar notícias fantasiosas. Já é tradição. Aqui no Brasil tem gente que é pego de calças curtas, daí o fato de reverberarem a fantasiosa demissão de Luiz Felipe Scolari do cargo de treinador da seleção portuguesa de futebol.
Não lembro de casos de jornalões brasileiros publicarem notícias fantasiosas tanto em suas primeiras páginas como em outros lugares. Interessante essa diferença. A séria Eurorpa costuma tirar um sarro que é característico da cultura do nosso Brasil.
O fato de alguns veículos terem caído nessa brincadeira de primeiro de abril dá a dimensão exata do quanto eles dependem do material que vem das agências internacionais de notícias. Conheço uma redação de exterior que não funciona se tirarem dela a Agência Reuters. O problema é que eles não se vacinam contra possíveis trotes como esses.
Só para fechar, rememoro aqui um caso ocorrido em 1996. Na véspera do dia 1/o uma das agências de notícias distribuiu uma nota dizendo que a ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher (conservadora) iria apoiar o candidato trabalhista. Um importante jornal daqui, cujos integrantes não viviam sem aquilo que já vem pronto e mastigado, a publicou. No dia seguinte, tiveram de dar um desmentido e uma explicação.

sexta-feira, abril 02, 2004

Há dois anos, num dia como esse resolvi deixar o preconceito de lado e montei o Onzenet. Eu era mais um daqueles que tinha bode de blogs. Achava que era um exercício narcisista. depois de todo esse tempo, mudei de idéia, é óbvio. Blog não é apenas sinônimo de diário da Luluzinha, dá para fazer muito mais coisas. Essa é a grande lição que eu tiro desses dois anos.
O ritimo de atualizações pode já não ser mais o mesmo de antes, culpa das atividades do dia-a-dia. Sei que o Onzenet virou muito mais um divulgador daquilo que tenho escrito em outros sites. Prometo que tudo isso vai mudar nesse ano 2.
O Onzenet andou vivendo problemas, principalmente com gente covarde que se utliza do anônimato da Internet para encher a paciência. Mais que um aborrecimento, acho que esse foi o rito de passagem para aquilo que eu chamo de fase adulta.
No ano 1, eu fiz um agradecimento nominal a todos aqueles que leêm o Onzenet e interagem deixando comentários. Desta vez, não farei o mesmo. Cada um de vocês sabe da respectiva importância na história deste blog. É isso aí, rumo ao ano 3.

quarta-feira, março 31, 2004

Um dos conceitos que eu mais tenho repetido é que na Internet nada é perecível. E a cada dia tenho mais e mais provas disso. Os dois últimos textos sobre blogs que eu publiquei no Laboratório Pop foram transcritos no Observatório da Imprensa desta semana. O leitor do site (ou sítio, como eles gostam de escrever) vai saber do despejo de blogueiros promovido pela Globo. com e da tentativa de intimidação a vários blogs. É uma honra grande ter conseguido levar o LabPop a um dos mais respeitaveis sites sobre jornalismo em língua portuguesa.

sexta-feira, março 26, 2004

Depois da tempestade provocada pela briga Globo.com x Blogger Brasil vem outra tempestade. Colegas blogueiros enfrentam problemas e são ameaçados judicialmente. É uma verdadeira temporada de caça aos blogs. Leia mais no Laboratório Pop.

quarta-feira, março 24, 2004

Problemas na venda dos ingressos para o Curitiba Pop festival. E a Internet virou um eficiente veículo para extravazar toda a insatisfação. Maiores detalhes aqui.

terça-feira, março 23, 2004

Reporduzo a seguir uma matéria da agência de notícias espanhola Efe que foi publicada no site Comunique-se.

EFE: Imprensa dos Estados Unidos está sob suspeita por casos de plágio

Eloy Guerrero

Miami (EUA), 23 mar (EFE).- Os recentes casos de plágio colocaram a imprensa americana sob suspeita depois do aumento do controle das informações e declarações recolhidas pelos jornalistas.

O "The Albuquerque Journal" é um dos muitos jornais dos Estados Unidos que começaram a perguntar às pessoas que foram citadas em suas páginas se foram realmente entrevistadas e se as entrevistas foram corretas.

Outros diretores começaram a utilizar o site de buscas Google para comprovar se as entrevistas de seus jornalistas são verdadeiras ou tiradas de outros jornais.

O uso da Internet possibilita também que os jornalistas encontrem em questão de segundos entrevistas ou comentários sobre um tema específico publicado em outros meios de comunicação.

Os últimos escândalos de jornalistas que inventaram ou plagiaram em suas reportagens criou um clima de alarme e suspeitas generalizadas na imprensa americana.

Estes oscilam entre a autoflagelação do "The New York Times" no ano passado pelo caso de Jayson Blair e a recente caça às bruxas no "USA Today", pela demissão de seu principal correspondente, Jack Kelley, por ter inventado entrevistas e depoimentos.

Blair inventou ou se apropriou do material de outros jornalistas em mais de 30 artigos em um ambiente favorecido por alguns executivos que queriam promover um jovem jornalista negro e que ignoraram os contínuos sinais de alarme.

Segundo "The New York Times", desde que o caso Blair foi revelado, mas de dez jornais confirmaram plágios entre seus próprios jornalistas e conclui que é difícil determinar se isto se deve a uma maior vigilância.

No caso Kelley, o jornal "USA Today" não ficou bem parado depois da renúncia forçada do que foi durante mais de 20 anos seu principal jornalista e o qual apresentou em várias ocasiões como candidato aos prêmios jornalísticos Pulitzer.

Alex Jones, uma analista de meios de comunicação da Universidade de Harvard, disse ao mesmo jornal que desmascarar Kelley foi um primeiro passo alentador, mas que essa empresa tem que questionar sua própria cultura editorial, "que permitiu que continuasse plagindo por tanto tempo".

John Hanchette, Prêmio Pulitzer de 1980 e correspondente da rede Gannet (proprietária da "USA Today"), criticou duramente sua antiga empresa quando escreveu o seguinte na publicação "Editors and Publisher":

"Parece pouco ingênuo que a empresa aplauda corporativamente um jornalista por duas décadas, promova-o publicamente e que o indique tantas vezes ao Pulitzer, basicamente por artigos que violam o código de ética da empresa e que agora o acusem de ser o único responsável por ignorar esses princípios".

Hanchette diz, em poucas palavras, que no "USA Today" os altos executivos jornalísticos que permitiram a ascensão de Kelley também deveriam ter renunciado, como Howell Raines Gerald Boyle fizeram no "The New York Times", envergonhados pelo caso Blair.

Na mesma linha, Tom Fiedler, diretor do jornal "The Miami Herald", disse que os culpados terão que se acusar se o "USA Today" quiser solucionar o assunto: "As pessoas têm que assumir suas responsabilidades, principalmente aqueles que estavam na posição de frear Kelley".

Bob Steele, professor de ética do Instituto Poynter de St. Petersburg (Flórida), vai mas além e diz que os erros de Blair e Kelley apontam para uma cultura nas redações que permite a existência dessas mentiras.

"No caso de Kelley, não é só um julgamento contra um jornalista, mas contra os erros cometidos por todo um sistema de controle de qualidade", disse Steele.

Finalmente, muitos executivos se mostraram céticos sobre as medidas de vigilância contra seus próprios jornalistas e duvidam que estas funcionem.

Dean Baquet, diretor dos "Los Angeles Times" disse ao "The New York Times" que esta é uma profissão baseada na confiança e que tem-se que acreditar ou não na palavra do repórter.


Já repararam que nossos jornais e sites noticiosos estão dando ampla cobertura aos casos norte-americanos e deixando de lado os exemplos domésticos?

sexta-feira, março 19, 2004

Globo.com x usuários do Blogger Brasil. Todos os lances dessa briga devidamente registrados no Laboratório Pop, com direito a depoimento de Ricardo Schott, do blog Discoteca Básica.

quarta-feira, março 17, 2004

Na minha coluna de blogs dessa semana do Laboratório Pop, eu escrevi sobre a entrada do UOL no maravilhoso mundo da blogosfera e indiquei alguns de seus blogs sobre música. Confiram.

segunda-feira, março 15, 2004

O Mr. Burns deve ter acordado de pé esquerdo e ainda meteu o mesmo num penico cheio de xixi antes de escrever isto aqui.
Meu, deixa a galera que deseja escrever sobre os Titãs e o Engenheiros sossegada. Melhor ser um teórico de quarteirão que ficar disfarçando suas motivações para falar mal do "establishiment caetânico". Por que em vez de falar mal dessa galera, que está fazendo algo ao menos, o Mr. Burns informe que a bronca com o Caetano (e todos que vão beijar sua mão) é puramente pessoal e não de ordem estética. Pessoal, porque o compositor baiano persegue seus colegas que fazem criticas. Alás, para se ter uma visão mais ampla dessa briguinha, recomendo a leitura deste texto.

Utilidade pública. Saiba como desbloquear seu blog na Globo.com.

domingo, março 14, 2004

Finalmente os rumores sobre as atrações internacionais da segunda edição do Curitiba Pop festival se confirmaram. Pixies e Teenage Fanclub, duas bandas bacanas dos anos 90, finamente vem tocar no Brasil. Com um certo atraso, é verdade, mas vem. A cidade de Curitiba vira capital nacional do indie no próximo mês de maio.
No ano passado, todos devem se lembrar, uma matéria publicada pelo Folhateen, caderno adolescente da Folha de S. Paulo, trazia uma lista de possíveis atrações como Radiohead. Muita gente ficou com água na boca, mas tiveram de se contentar apenas com as Breeders, banda das irmãs Deal. Quando começaram a pipocar os primeiros nomes para esse segundo CPF, houve um certo pé atrás, mas tudo deu certo. Desta vez houve jornalismo sério.
No mais, tendo a encarar com simpatia essa volta dos Pixies. Ao contrário de muitas outras bandas, eles assumiram que só voltaram mesmo pelo $$$. Tem nego aí que diz voltar pela música, pelo companheirismo, etc. No fundo, é tudo balela. Um dos casos mais exemplares é o do.... (preencha aí com o nome da banda que você quiser).

Os irmãos Gallagher (Noel e Liam, aqueles do Oasis) estão em festa.

E agora, espaço para uma história da carochinha. Era uma vez, um provedor de internet que resolveu lançar um serviço para blogs. Mas não adiantaria um serviço qualquer, ele teria que ter uma griffe para atrair uma parcela consideravel do publico blogueiro. Então, acaba-se fazendo um acordo com a maior hospedeira de blogs do mundo, o Blogger. Umas adaptaçõezinhas aqui e ali e nascia assim, com toda pompa e circunstância, o Blogger Brasil. Até novela da Globo foi colocada a serviço da máquina promocional de lançamento, a fraquissima O Beijo do Vampiro (alguém aí se lembra dela?). Os donos do Blogger estrangeiro vieram para o Brasil dar a sua benção. O serviço tinha diferenciais bem atrativos, como o upload de imagens. Com isso, milhares de incautos mudaram de endereço. Porém, nem tudo são flores nessa história. O Blogger Brasil começa a aprensentar falhas. Por muitas vezes, ele sai do ar. Vários usuários reclamam de posts que são simplesmente engolidos pelo sistema. A insatisfação aumenta. Vários blogueiros se arrependem e mudam de servidor. Então, o Blogger Brasil resolve reagir. Quando se pensa que finalmente o serviço vai deslanchar, vem as surpresas. Apenas os assinantes da Globo.com é que vão poder ter blogs com o complemento blogger.com.br. E os blogs antigos ficam, desde que não ultrapassassem os 10MB. Só que esse último item é uma tremenda cascata. Usuários antigos estão sendo expulsos, como o chapa Alexandre Inagaki. Para que seu blogs continuem no ar, eles devem assinar o provedor da Globo. Enfim, nosso conto da carochinha não tem um final feliz. Na verdade, é apenas mais um exemplo de desrespeito no cyberespaço. É sempre assim, serviços gratuitos que não obtem retorno esperado sempre acabam prejudicando seus usuários. Não me surpreenderia se isso acotecesse com um portal de fundo de quintal, mas isso aconteceu com a Globo.com...repito, aconteceu com a Globo.com, braço eletronico das Organizações Globo, que é dona da maior rede de tv do país. Pois é, a Globo pelo jeito só saber fazer mesmo televisão e olhe lá.
Em tempo. O blog do vampiro mala da novela continua no ar. Ele deve pagar a mensalidade da Globo.com em dia.

sexta-feira, março 12, 2004

Na eleição que a revista Zero promoveu de melhores do ano em 2003 (e da qual tive a honra de ser um dos integrantes do colégio eleitoral) uma das categorias era melhor livro. Acabei cravando meu xis em "A Ditadura Derrotada - Vol. 3", do jornalista Élio Gaspari. Trata-se de um livro primoroso, um excelente trabalho de Gaspari contando para as gerações mais novas o que foi o regime militar brasileito. Só que se pudesse, eu teria mudado meu voto. Isto porque no apagar de luzes de 2003 foi lançado um livro que só vim a ler agora e acabei gostando pacas dele. Trata-se de "Queda Livre - Ensaios de Riscos", de Otavio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S. Paulo.
É um livro surpreendente. Quem iria imaginar que Frias Filho iria escrever ensaios com um pé no jornalismo gonzo? Isso não habitaria os pesadelos de seus piores inimigos. Logo ele que está a frente da redação de um jornal que cumpre normas rígidas no que diz respeito ao tratamento da notícia. Essa ruptura com quase todos os padrões que ele próprio estabeleceu e adimistra na Folha é um do grandes atrativos de seu livro. Eu disse quase todos, pois um dos pilares do Projeto Folha está lá que é o didatismo. Com isso, é possível ter um panorama básico da história do para-quedismo no mundo, ou de entidades voluntárias como o CVV. Nesse caso, Frias Filho assume mais um risco. As contextualizações históricas podem ser úteis para certo tipo de leitor, mas podem aborrecer um pouco aqueles que compram o livro diretamente para acompanhar as experiências do autor.
Outro fator que conta muito a favor de "Queda Livre"
é a qualidade dos textos. O escritor Frias Filho acaba sendo muito melhor que o articulista Frias Filho. No livro, os escritos são mais leves, tem mais humor. Não aquele humor escrachado, mas uma fina ironia. Isso contrasta e muito com a imagem publica do próprio autor, conhecido por sua sisudez.
Talvez com esse "Queda Livre", Frias Filho não necessite escrever uma autobiografia, uma vez que ele narra algumas experi?ncias importantes de sua vida quando garoto, como a descoberta da existência da morte e sua participação num grupo de teatro amador patrocinado por uma de suas irmãs.
De todo o livro, quais seriam os melhores ensaios? Aquele no qual Frias Filho conta a experiência de atuar numa peça do grupo de José Celso Martinez Corrêa sai na frente. Talvez porque seja o mais autobiografico possível e tamém porque é uma tentativa de exorcizar um fracasso, a rejeição do público de uma de suas peças teatrais, "Rancor", e do modo como depois ela foi acabou sendo moldada para o gosto médio pelos atores.
Outro destaque é o ensaio sobre o suicídio, no qual ele narra sua experiência como voluntário do Centro de Valorização da Vida. Aqui há uma alternancia entre a crueldade e a leveza. Em um determinado momento, ele passa a descrever experiências de suicidas que não conseguiram seu intento. Será uma tentativa de contribuição para que outras pessoas desistam dessa idéia?
O texto sobre a seita do Santo Daime também é bom, fugindo do clichê "cético tentando desimistificar".
Penso que caberiam novos ensaios de risco para Frias Filho. Uma vez que a fé teve a devida abordagem no ensaio sobre os daimistas, ele poderia tentar descrever essa onda neo-pentecostal, que vem atraindo a milhares de fiéis usando como isca a teologia da prosperidade. E que tal Frias Filho entrar para uma torcida organizada de futebol. Enfim, possibilidades não faltam.
Para não dizer que "Queda Livre - Ensaios de Risco" não tem defeitos, há pelo menos um que merece "erramos" na próxima edição. O personagem de Luis Fernando Veríssimo é o "Analista de Bagé" e não o "psicanalista de Bagé", como escreveu Frias Filho. De qualquer modo, é um livro que tem meu voto na próxima eleição de melhores.

quarta-feira, março 10, 2004

A Internet está matando a imprensa? O jornalista e pesquisador de mídia eletrônica Carlos Castilho responde a está questão com um artigo primoroso no Obsetvatório da Imprensa. Talvez amanhã eu mude de idéia, mas concordo com cada linha que ele escreveu.

 
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