terça-feira, agosto 20, 2002

Creio que a essa altura todos já devem estar por dentro do lançamento da versão brasileira do Blogger, com direito a vinda de Evan Williams, um de seus fundadores. A Globo está invetindo pesado no marketing e vai usar até a sua próxima novela das sete como forma de divulgar esse serviço. O personagem principal de "O Beijo do Vampiro"(oh, não, outra novela com essa temática. "Vamp" não bastou?), o tal do Bóris (?!), tem o seu blog.
Na prática, a curto prazo, isso poderá significar uma popularização ainda maior dos blogs por aqui, mas ainda é cedo para se falar alguma coisa. O que me incomoda é saber que Williams e Jason Shellen, criadores do Blogger, terem declarado "que vão estimular a migração desses usuários para o serviço em portugês", segundo informou o Info OnLine. Mas e se eu quiser manter o meu blog por aqui? Como seria esse tal "estímulo"? Alguém aí que também está no Blogger americano pensa em se transferir para a versão nacional? Valletta, Mimi, outros? Como veêm, tenho muitas interrogações.

Lembram daquele post que eu fiz sobre músicas que poderiam muito bem figurar na programação de algumas rádios? Pois bem, vocês podem escutá-las na minha estação na Usina do Som. É só procurar por Onzenet. A lista de músicas não fica só nas bandas que foram citadas aqui. Tem muito mais. É só conferir.

domingo, agosto 18, 2002

O sempre atento a este blog e participativo Marcelo Valletta quer saber a minha opinião sobre a revista Zero. Alguns de meus primeiros comentários neste blog foram dedicados a ela e continuo mantendo a impressão inicial. É uma publicação que não se preocupa em cobrir o "hard-news" da área musical. Quem cuida disso é a revista Frente . Em vez disso, a Zero dá destaque a perfis aprofundados de um determinado artista ou banda (Capital Inicial, por exemplo, que foi capa da segunda edição), entrevistas de fôlego, reportagens de turismo em lugares exóticos, entre outras coisas. Por outro lado, o forte da Frente são as críticas de shows, CDs e DVDs e ela procura estar em sintonia com o notíciário do mundo da música, uma tarefa complicada para uma publicação bimestral. Alías, com as duas se fundindo numa só teriamos A revista de música sucessora da finada Bizz.
Fazendo uma comparação grosseira até para tentar ajudar a deixar claro as diferenças, diria que a Zero seria a antiga Realidade, enquanto a Frente faz as vezes da Veja.
O que me intriga é o fato da terceira edição da Zero ainda não ter chegado às bancas. No blog, o editor Luis Cesar Pimentel informa que "a revista está atrasada porque...prepare-se para o jargão...queremos melhorá-la, sempre. No duro. Estamos acertando algumas parcerias, o que beneficiará o produto e você. Aguardem." Continuamos aguardando, pois.

sábado, agosto 17, 2002

Tou devendo um post pra Mimi sobre um amigo meu que é a cara do Lester Bangs, o crítico musical que está sendo "hypado" pelo pessoal da Zero. Eu conhecia o trabalho de Bangs, mas não tinha visto ainda a sua foto. Quando li a reportagem que saiu na primeira edição tomei um susto. Parecia que eu estava vendo meu grande amigo e parceiro de Rádio Onze, José Roberto Reder Borges.
Quem aí lembra de uns cartazes que volta e meia apareciam colados nas paredes de São Paulo com frases de efeito contra os políticos assinados por um certo Partido Abstrato Tropical Onírico (Pato)? Reder Borges, proprietário de uma modesta gráfica de lambes-lambes na Av. São João, era o responsável por eles. Dono de um senso de humor bastante apurado e com uma agilidade mental ímpar, ele preenchia os muros da cidade com a sua visão bastante peculiar das coisas. Anarquista convicto, ele encontrou nos cartazes uma forma de uma forma de protesto contra o então governo Collor, em 1991. A idéia deu tão certo que o amigo do PC Farias deixou de ser alvo preferencial e outros políticos de diferentes tendências também entraram na dança. Luiza Erundina, Orestes Quercia, Paulo Maluf, FHC, Itamar Franco, nenhum deles foi poupado pela irônia de Reder Borges. O forte estava nas frases de efeito: "O Brasil tá uma Mesbla" (citação ao estado falimentar da prestigaida loja de departamentos), "Adib, aqui Jatene imposto demais" (contra o Ipmf), "Itamar, a burrice ofusca" e "Votou no PT, tomou no IPTU". "Reder exerce sua cidadania através do riso", observou bem o jornalista Alceu Luis Castilho num perfil publicado no tradicional "O Estado de S. Paulo", em 21 de setembro de 1996.
Reder Borges fez parte do quadro de programadores da Rádio Onze e foi um de seus integrantes mais ativos. Levado para lá por Chico Lobo, conquistou a todos com sua simpatia. A sua parceiria com a Onze trouxe grandes frutos para ambas as partes. Ele quem deu a idéia de fazermos uma campanha contra a reabertura do Elevado Costa e Silva, o Minhocão, ao trafego noturno, isso em 1996. Na época, o então prefeito Paulo Maluf tinha desse desejo, o que causaria mais transtornos aos moradores do prédio que circundam o viaduto. A resposta veio através da campanha "Maluf, deixe-nos dormir em paz". Além dos cartazes de Reder, foram incluidas vinhetas na programação da Rádio Onze explicando o que queriamos e quais seriam os malefícios de tal decisão do prefeito.
Reder era o rei das terças-feiras da Rádio Onze, as 19h, o horário nobre da emissora. Em vez de transmitir "A Voz do Brasil", colocavamos no ar os programas de destaque. Em vez de ir para a faculdade, lá estava eu nos estúdios para ajuda-lo no comando do programa. Fazia a mesa de som e dava uns palpites também. Em meio a várias músicas de Led Zeppelin, Bread, Elton John, eu e Reder tentavamos analisar a conjuntura política do país, sempre com muito bom humor. Ele foi um dos que ficou na Onze até o seu final.
Hoje, Reder mora em Barueri e eu estou lhe devendo uma ligação telefônica. Ainda não tive a oportunidade de dizer que ele é a cara do Lester Bangs.
Ah, para conhecer um pouco mais do Pato, visite o espaço cedido a ele na página da Rádio Onze. Clique aqui.

Quanto mais o tempo passa, mas eu comprovo a indigência daqueles que tem o poder de decisão das músicas que tocam no rádio. Por exemplo, existe uma rádio aqui em São Paulo que se diz tocar a "nova música brasileira" Porém, a emissora até agora ignora o mais recente álbum do Fellini, já devida e exaustivamente analisado aqui neste blog. A faixa-título "Amanhã é Tarde" caberia muito bem na programação não apenas dessa, mas de qualquer outra rádio que tivesse um mínimo de consideração com seus ouvintes. Se o Lariú, da mmrecords, dispusesse da tal "verba de divulgação" as coisas seriam diferentes?
Outro caso interessante é o da banda Drugstore, da vocalista Isabel Monteiro. No ano passado, eles soltaram o ótimo "Songs from The Jet Set". O álbum ganhou ótimos elogios da crítica brasileira, tem faixas acessíveis a todos os gostos (ouça Flying Down To Rio), mas não toca nas nossas rádios ditas de rock. Nem o fato de Isabel ser brasileira, nascida em São Paulo, consipra a favor. Curioso notar que muito do hype do Strokes em terra brasilis se deve ao fato do seu bateirista ter nacionalidade brasileira. Para uns funciona, para outros, não, pelo jeito. Para fechar, pego uma música da banda Air. "You Make Me Easy" poderia estar em alta rotação na Alhpa e na Antena 1, mas elas preferem apenas lidar com músicas já conhecidas pelo público.
São apenas três exemplos entre vários. Imagino que todos têm uma lista de músicas que são injustamente excluídas do play-list das rádios.

segunda-feira, agosto 12, 2002

Pois é, a coluna do Álvaro Pereira Jr. desta segunda começou promissora, descrevendo o novo show da banda Oasis. Nosso herói foi até a Flórida e conferiu de perto a apresentação dos irmãos Gallagher. O texto, particularmente feliz, dava a dimensão exata do evento com uma tremenda riqueza de detalhes. É de deixar qualquer um com água na boca e ficar se lamentando por viver no terceiro mundo à margem dos grandes shows. Parecia que Álvaro tinha ouvido as preces de muitos e estava voltando a falar de coisas bacanas. Porém, na seção Brasas, tudo voltou ao normal. O mau-humor voltou a aflorar: "Escuta Aqui não tem muita paciência com fanzines e fanzineiros. Especialmente depois da internet, porque ficou ainda mais fácil qualquer um publicar algo sobre sua vida desinteressante." Não sei porque, mas eu acabei lembrando do Sandoval Quaresma, um personagem da extinta Escolinha do Professor Raimundo. Era o tipo do aluno que começava respondendo certo as perguntas formuladas, mas no final sempre cometia um erro fenômenal e colocava tudo a perder. Álvaro fez tudo certinho na primeira parte de sua coluna, mas cagou-se todo no fim. Sei não, mas começo a pensar que trata-se de um caso perdido. (leia mais no post do dia 08/08)

domingo, agosto 11, 2002

Tem blog novo na lista de links, o Suicide Blond. Confira. A foto do banheiro já vale uma visita.

quinta-feira, agosto 08, 2002

Acho que não preciso falar muito sobre quem é Álvaro Pereira Jr. O cara ocupa um dos espaços mais lidos no caderno Folhateen, da Folha de S. Paulo, e seus textos provocam reações de amor e ódio expressados em listas de discussões sobre música na Internet. Sentimentos semelhantes não eram provocados desde a épcoa em que Paulo Francis estava vivo.
Pois bem, acaba de ser publicada a crítica definitiva ao seu trabalho. O site é o ScreamYell, um dos e-zines mais interessantes da rede. O seu autor, Marcelo Costa, um de seus editores, em seu artigo, coloca o dedo na ferida: "Criticar a MPB brasileira é algo que contaminou alguns dos melhores jornalistas brasileiros, o que é uma pena, já que se não fossem eles falarem de Caetano e Gil, ninguém mais falaria (eu mesmo, nada tenho contra a MPB e até gosto). Ou seja, de modo contrário, estes jornalistas estão mantendo a MPB na mídia enquanto muita banda legal lança discos sensacionais que passam desapercebidos porque o espaço foi ocupado por alguma piadinha acerca de Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Titãs." Como está bem explicito no trecho, essa não é uma característica de Álvaro. Seus colegas do programa Garagem também acabam dando um precisoso espaço às avessas para os medalhões da MPB, com a quebra sumária de seus CDs. No começo, era engraçado, mas essa turma está há mais de três anos nessa toada e nos últimos tempos é possível verificar o cansaço desse discurso.
Pode parecer que a bronca dos ilustres jornalistas é puramente estética, mas não é. Algum dos leitores deve se lembrar da entrevista do também jornalista Cláudio Tognolli à revista Caros Amigos. Nela, ele explicava o funcionamento da Máfia do Dendê, captaneada por Caetano Veloso e Gilberto Gil. Segundo Tognolli, para se manter em evidência os dois compositores têm uma forte influência nas redações dos cadernos culturais dos principais jornais e revistas do país e chegam até e pedir cabeças de quem fala mal deles. Alguns jornalistas foram vítimas dessa máfia. Luis Antonio Giron é uma delas. Criou-se a partir daí um sentimento de revanche que não poderia ser brando. Eles usam de todos os espaços de que possuem na mída para detonar esses medalhões da MPB e seus agregados. Nesse conflito, quem sai perdendo e o lado dos jornalistas. Como bem observou Costa falando especificamente sobre a atuação de Álvaro Pereira Jr., as críticas, ainda que severas, servem apenas para mantê-los na mídia, no já manjado esquema "falem mal, mas falem da gente".
O artigo de Marcelo Costa (que pode ser lido aqui) não vai mudar o panorama, mas pelo menos serve como diagnóstico para o problema. É mais uma boa contribuição para esse debante sobre o estágio atual da crítica de música.

sexta-feira, agosto 02, 2002

"É fácil fazer uma capa bonita com uma foto da Catherine Denueve".
A frase acima está no editorial do zine Esquizofrenia, que chega a sua nona edição, depois de um atraso de seis anos. Gilberto Custódio Jr., o seu responsável, explica: "O número 9 estava 80% pronto. Muito texto, muito conteúdo. Mas eu não tinha mais saco para diagramar, editorar, revisar, xerocar, dobrar milhares de folhas, grampear, gravar fitas, distribuir, responder cartas, ir quase todos os dias ao correio e outras tarefas ingratas do zineiro". Esse fastio acabou fazendo com que ele jogasse tudo na lata do lixo. O tempo entre uma edição e outra talvez tenha sido suficente para que Gilberto retomasse o gosto pela coisa. Desta vez, o Esquizofrenia tem 12 páginas (contra as 48 da oitava edição) e está totalmente dedicado aos anos 80. Não espere textos sobre bandas já consagradas, mas se você não conhece 14 Ice Bears, The Siddeleys e Shop Assistants, não se preocupe. Primeiro porque os textos de Gilberto acabam sendo didáticos e esclarecedores. Depois, porque apesar dos pesares a troca de arquivos MP3 ainda é possível. Estão aí o Kazaa, Winmx e outros que não me deixam mentir. Mesmo assim, se você ficar com água na boca ao ler sobre as bandas e não conseguir sucesso na busca, é só escrever para o Giba que ele dá um jeito. (O endereço de correspondência está no final deste post).
Dando uma pausa na temática anos 80, outro destaque é uma entrevista com Thomas Pappon, do Fellini , falando bastante do CD "Amanhã é Tarde" e esgotando o assunto. O papo ocupa quatro páginas do zine.
Esse ano de 2002 está sendo marcado por retornos. O Esquizofreina é um belo exemplo disso. A grande questão é se haverá o número 10. Nem o próprio Gilberto sabe responder: Tudo pode acontecer. Pode ser que o #10 fique pronto no mês que vem. Pode ser que nunca fique pronto. Nunca espere nada dos fanzines. A maioria deles não tem a miníma periodicidade. O Esquizofrenia é assim."
Com o seu trabalho à frente do Esquizofrenia, Gilberto Custódio Jr. ajudou a chamar a atenção da grande imprensa novamente para os zines depois de um bom tempo no qual o tema ficou esquecido. Volta e meia a Folha de S. Paulo dava uma matéria sobre o assunto com um grande destaque para a publicação. André Forastieri e Álvaro Pereira Jr. em suas colunas no mesmo jornal foram só elogios. Com tudo isso e muito mais, o Esquizofrenia acabou por virar uma referência nacional. Creio que ele não deva ter aguentado a pressão em um determinado momento, daí o cansaço pessoal. Mesmo assim, essa sua contribuição já entrou para a história dos zines, sem dúvida alguma.
Como proceder para adiquirir o zine? Escreva para o Gilberto e mande camuflada 1 real de acordo com cada unidade desejada. Dica: use papel carbono para envolver a nota, pois isso ajuda a driblar a fiscalização dos Correios. O endereço é
Rua Heitor Ariente, 42
CEP: 05541-050
São Paulo - SP
Está prevista para entrar no ar a versão on line do zine, mas não há uma data deinida. De qualquer modo, o endereço já está reservado e você pode ir até ele clicando aqui.

quinta-feira, agosto 01, 2002

Mais um post sobre o Fellini. "Oh, não, de novo", podem estar pensando alguns, mas informo a esses que tem sido inevitável nesses últimos dias. A novidade de hoje, passada pelo Alexandre Inagaki, do SpamZine, é que a banda já tem um site na Internet.
É possível destacar, entre outras coisas, um guia de lojas onde os álbuns que fazem parte da discografia do Fellini podem ser comprados. Outro item que já está no ar é um clipping com links de algumas matérias publicadas por aí. Uma delas é de minha autoria e isso me deixa muito honrado. A escolha foi mais do que acertada. Fã de Carteirinha é um dos textos mais autobiográficos que já escrevi. Foi publicado na seção Trabalho Sujo, que o Alexandre Matias mantinha no jornal campineiro Diário do Povo. Saiu num domingo de carnaval, em 1999. Nele, conto como conheci a banda, falo da convivência pessoal que eu tive com Cadão Volpato durante alguns meses, mostro como é a vida difícil de um office-boy de jornal e ainda deu para alfinetar a Rádio 89 FM, daqui de São Paulo, e a extinta revista ShowBizz.
Ainda falta muita coisa para entrar no ar, como a biografia, por exemplo. Em compensação as letras compostas por Cadão e Thomas já estão disponíveis. A iniciativa é ótima. Já estava na hora de existir uma página dedicada totalmente ao Fellini
Ainda não tenho idéia se o site é coisa de fã ou se é algo oficial, com a aprovação de Thomas e Cadão. Vou descobrir isso e depois conto aqui.

quarta-feira, julho 31, 2002

Alguém aí lembra de um post que eu fiz no da 20/06? Entre outras coisas, dizia que cinco jornalistas estavam produzindo blogs com conteúdo jornalistico para o portal da rede norte-americana de televisão NBC. Pois bem, como tudo o que é bom para o jornalismo dos EUA acaba sendo bom para o jornalismo do Brasil, não descartei a possibilidade de grandes portais como Folha, Estadao, Abril ou Globo adotarem o mesmo modelo por aqui. Algo me diz que o Grupo Folha, através de seu portal de notícias Folha On Line pode estar saindo na frente através do colunista Lúcio Ribeiro.
"Esta coluna já é bem grandinha e está na hora de passar por algumas reformulações. Aos trancos e barrancos, desde o longínquo 17 de maio de 2000, ela ocupa religiosamente este espaço com muito gingado, textos incríveis, fotos reveladoras, prêmios inacreditáveis e outras balelas", é o que diz Lúcio no início de sua coluna nessa semana.
Mais adiante ele completa: "Já quanto às primeiras mudanças, elas se darão da seguinte forma: a coluna será uma espécie de blog/diário de impressões pop que todos os dias complementarão o texto semanal. Na próxima segunda e terça-feiras esta mesma coluna aqui será enxertada com um texto do dia. Na quarta, vem a coluna normal (ou quase), mais robusta. Na quinta, sexta, segunda e terça seguintes (menos final de semana), ela será complementada com os informes do dia. E assim vai, até o final da viagem, para então a coluna passar por um outro tipo de mudança."
Pode ser que sim, pode ser que não, mas Lúcio talvez possa ser o primeiro jornalista brasileiro a usar o modelo blog num site jornalístico. Aguardemos.

terça-feira, julho 30, 2002

No próximo dia 2 de agosto a programação da Rádio Fluminense, que estava sendo transmitida nos 540Khz da Amplitude Modulada, migra para o FM, ocupando os 94,9Mhz. Trata-se de uma boa e má notícia ao mesmo tempo. A parte boa fica por conta da volta a Frequencia Modulada de uma das rádios mais legais do país, que ajudou a impulsionar o rock brasileiro na década de 80 e fez história. A Flu saiu do ar em 1994, quando cedeu lugar para a Jovem Pan, que começava a investir na programação via satélite. Voltou no ano passado, no AM, com uma programação muisical experimental de qualidade voltada para o pop-rock. Apesar disso, o sinal chegava de forma irregular a boa parte da cidade maravilhosa (a sede fica em Niterói). Devido a esses problemas técnicos ficava complicado para se conseguir anunciantes, o que poderá ser minimizado com a volta para o FM, cujo alcance do sinal é muito maior. É aí que reside o lado não tão bom da história. Se permenecesse no AM e aguardasse o começo da fase digital, a Flu poderia ajudar no retorno do prestígio dessa faixa de rádio, tão em baixa nos últimos anos. Porém, nessas horas o lado financeiro fala sempre mais alto. Resta agora desejar que o projeto de ressureição da Fluminense decole de vez, uma vez de volta ao FM. Por todo o seu passado, ela merece.

segunda-feira, julho 29, 2002

Sem muito alarde, já está no ar o site da revista Zero, com algumas matérias já publicadas na versão em papel e outras feitas exclusivamente para a página. Tem até um blog, com a participação de toda a redação e há uma grande ironia nisso. Alexandre Petillo, um sujeito anti-blog por excelência, também sucumbiu ao hype..he he he

Pois é, pelo jeito o Fellini vai virar assunto deste blog por um bom tempo. Saiu uma entrevista muito interessante com a dupla Thomas-Cadão no site da gravadora Trama. O entrevistador é Rodrigo Carneiro, que também tinha uma banda, o Mickey Junkies. O papo traz boas novidades. Uma delas é que terermos um segundo álbum do The Gilbertos, o qual Thomas promete gravá-lo em oito canais.
Carneiro também sacou as fortes influências da MPB neste novo CD do Fellini, Amanhã é Tarde. Cadão tenta se esquivar de uma possível comparação com Chico Buarque (já abordada aqui neste blog): " Mas eu não vejo pares - nem mesmo o Chico Buarque". Respeito a opinião, mas não concordo. Cadão é o Chico Buarque dessa geração pop-rock.
(O curioso é que eu escrevi sobre isso num sábado, e li a entrevista numa segunda. Que coincidência, não?)
Outra novidade é que Funziona Senza Vapore, a banda na qual Cadão Volpato tentou dar continuidade a seu trabalho musical terá seu CD finalmente colocado à disposição do público dez anos após sua gravação. A fita master ficou perdida por muito tempo, mas Cadão acabou por reencontrá-la e agora os ouvintes serão brindados com seu lançamento, pela Outros Discos.
Eum um determinado trecho da entrevista, Cadão fala que o Fellini acabou. Sei não, essa história já foi ouvida antes..he he he
Enfim, a entrevista está aí linkada para quem quiser ver. Aliás, o Rodrigo Carneiro tem bom gosto e se baseou numa entrevista que o Thomas Pappon me concedeu para formular sua questão sobre a relação do Fellini com a MPB. Valeu.

O Fellini me proporcionou muito prazeres como ouvinte. Um deles foi certamente ter me ajudado a redescobrir Chico Buarque. Por influência de minha mãe, acabei acompanhando muito o seu trabalho quando eu era menino. Com o passar dos anos, fui descobindo coisas novas na música e deixei um pouco de lado as coisas que Chico compôs. Em 1990, o Fellini lançou um de seus trabalhos mais elaborados, o álbum Amor Louco. Como eu disse no post abaixo, esse disco (o CD começava a engatinhar no país) trazia influências de samba e do pop em suas faixas. Uma delas chamou bastante a atenção era toda cantada em inglês e seu título era Chico Buarque Song. Talvez, uma das canções mais apaixonadas que Cadão Volpato já compôs. Ela fala de uma relação amorosa e a certa altura um dos versos traz a segunte pergunta: "Do you still hear Chico Buarque at night?" Mas não para por aí. Há outro verso que diz: "Shine inside your eyes in my foolish eyes". Quando ouvi, veio um estalo: não seria uma citação a Olhos nos Olhos, canção composta por Chico Buarque? Na mesma época, a revista Bizz, quando fez a matéria de apresentação desse álbum também sacou a citação. Bingo.
Olhos nos Olhos foi lançada em 1976 no álbum Meus Caros Amigos. Ganhou uma regravação pouco tempo depois cantada por Aguinaldo Timóteo (ele mesmo, o da Casa dos Artistas 3), cometendo o desatino de trocar os pronomes, uma heresia suprema contra a intenção inicial de Chico que incorporou um "eu-lírico" feminino.
A canção fala de uma pessoa abandonada que dá a volta por cima depois do término de um relacionamento afetivo mal-sucedido. E o faz com grande estilo. Um verdadeiro tapa com luva de pelica em quem abandonou. Um exemplo está aqui nesse trecho:
E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Graças ao Fellini pude desencavar essas e outras pepitas de ouro. A minha música preferida de Chico é Tanto Amar, lançada em 1981, no álbum Almanaque. A versão cantada pelo próprio autor é boa, mas a gravação definitiva ficou a cargo de Ney Matogrosso, que trouxe uma carga de sensualidade ideal a letra. Reparem com que riqueza de detalhes ele descreve como um olhar pode nos seduzir

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita

Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita

A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita

Se seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura

Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra

É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olho a pestanejar
E outro me fita

Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito

Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico


sábado, julho 27, 2002

Ainda é um pouco cedo para emitir qualquer análise sobre "Amanhã é Tarde", o álbum mais recente da banda Fellini. Mas dá para avisar a todos que a dupla Thomas Pappon e Cadão Volpato não perdeu o fio de corte. A qualidade continua tão boa como há 18 anos. Cadão é um dos melhores letristas da sua geração, pena que pouca gente tenha percebido o seu valor. Mesmo não sendo músico profissional, Thomas Pappon toca melhor que muita gente por aí. E também há outro fator, fundamental ao meu ver: a química. Não adianda nada unir dois talentos lado a lado sem isso.
Pode ser que eu mude de opinião depois, mas ouvindo agora creio que Amanhã é Tarde é o álbum mais MPB que o Fellini já produziu. Pelo amor de Deus, não tomem isso como uma objeção ao álbum. Essa MPB que o Fellini não representa não é a de Caetano Veloso ou Gilberto Gil (o que poderia provocar hojeriza em alguns setores da crítica musical). Ela pende mais pelo lado de Chico Buarque. A faixa-título poderia muito bem ser gravada por esse ilustre compositor, homenageado de certa forma pela banda no álbum anterior, Amor Louco, quando gravaram "Chico Buarque Song". Se o Fellini, que tanto contribuiu para o rock no passado, deixar algumas diretrizes para a nossa combalida MPB, terá sido uma contribuição inestimável. Não deixa de ser um ironia que Amanhã é Tarde tenha sido lançado pelo selo mais indie do país, a mmrecords.
Nunca houve uma banda tão eclética como o Fellini. Vejamos: o álbum de estréia, O Adeus de Fellini era "rocker" em sua essência, com muitas guitarras e um pé no punk. O terceiro álbum, Três Lugares Diferentes flerta com a música de raiz brasileria (ouça Zum Zum Zum Zazoeira) e com a música latina. Já, Amor Louco, o quarto álbum, traz elementos de samba e do pop. E agora, Amanhã é Tarde traz coisas da MPB. Só não consegui achar paralelo para Fellini Só Vive Duas Vezes. Talvez porque o forte esteja mesmo nas letras. Quem poderia passear por tendências musicais tão diversas com tanta desenvoltura e sem agredir ao seu público (e a si próprios)?

quarta-feira, julho 24, 2002

E acabou o Big Brother Brasil 2. Nem me importei com o resultado dessa vez porque a minha competidora preferida saiu. Era a Cida. No computo geal, essa segunda edição acabou sendo melhor que a primeira. Se o BBB1 foi marcado pelos conflitos internos, esse se destacou pelas paqueras e pelo sexo. A segunda versão do programa acabou sendo mais sensual (e sexual). Foi aqui que tivemos a primeira cena de sexo explícito sugestionada na tv em horário nobre. Sim, foi sugestionada. Tarciana e Jefferson estavam cobertos por um edredon quando resolveram experimentar os prazeres de ladinho. Portanto, viu-se pouca coisa, apenas sussuros e gemidos. Disseram que a diretoria da Globo não gostou da exibição da cena. Duvido. Não era para tanto e ela foi ao ar num horário em que crianças devem estar na cama. Por vezes, é criado um grande barulho em torno de certas situações apenas para chamar a atenção.
Eu já escrevi isso no Euqueromais e reitero aqui. O sistema de votos misteriosamente para a eliminação dos concorrentes falha em determinados momentos. Da outra vez, a página do BBB 1 saiu do ar. Na votação que iria definir a saída de Cida ou Rodrigo, o site apresentou problemas. Durante o programa, os números que ajudam a confirmar os votos não apareciam mais, impedindo o voto. E aquela foi uma das votações mais acirradas. Para o programa, seria interessante ter um homem e uma mulher disputando o prêmio final, pois isso polarizaria as atenções. Enfim, são coisas que acontecem, mas não há como saber se é acaso ou intencional mesmo.
Talvez o ponto fraco do programa foi a participação da Tina. Talvez por idéia própria ou orientada pela produção, ela resolveu bancar a mala de plantão, agindo de forma apelativa. Como diz Cazuza, não há perdão para o chato e a moça foi devidamente defenestrada. Vi que muita gente deu apoio as atitudes dela, mas devo creditar isso àquele pensamento de que "pimenta no dos outros é refresco". Imagino se esses que elogiaram tivessem que conviver na real com uma Tina da vida continuariam com a mesma opinião.
BBB 3 só em 2003.

segunda-feira, julho 22, 2002

Mimi, valeu pelo toque e já fiz a correção. Beijos

Nunca é tarde para se reconhecer certas coisas. Em 1999, eu escrevi para o Buxixo, o e-zine da Megssa, um artigo sobre a banda Los Hermanos (leia aqui). Eles tinham acabado de estourar com o hit Anna Júlia e estavam se transformando nos chatos de plantão devido a repetição exaustiva dessa canção. Ninguém aguentava mais, nem mesmo os próprios integrantes, mas não havia muito a se fazer, apenas aceitar aquilo que a gravadora determinava. Na época, eles tinham feito um show casado aqui em São Paulo com o Ira! e sofreram uma certa rejeição do público presente. A galera começou a gritar "jabá! jabä!". Eu escrevi, entre outras coisas, que Marcelo Camelo e seus amigos estavam perdendo total controle de suas carreiras dentro da banda. No final, arriscava até um diagnóstico: "Ou a banda se reinventa em caráter de urgência ou vão acabar como um novo RPM, como bem observou a coluna Rio Fanzine, do jornal O Globo."
(Aliás, sobre essa falta de controle, vou pegar um trecho de um artigo escrito pelo Bruno Medina, um dos integrantes da banda e que toca teclados. Ele fala sobre aquele projeto de se númerar CDs e Livros: "Nós do Los Hermanos sempre que podíamos abordávamos a necessidade da numeração dos cds nas entrevistas, mas quem somos nós? Nosso poder de barganha e de mobilização dentro da indústria fonográfica ainda é muito pequeno." Reparem quando ele fala sobre poder de barganha. É um reconhecimento do status dos Hermanos na atual conjuntura da indústrica fonográfica.)
O tempo passou e veio a surpresa. Qualquer outro arista teria se acomodado devido ao medo de ser queimado. Isso não aconteceu com Los Hermanos. Eles viraram a mesa e soltaram "Bloco do Eu Sozinho", um álbum de fazer cair o queixo. A Abril Music não gostou muito da idéia. Preferiam uma "Anna Júlia - Parte 2, a revanche", mas cederam depois de muita conversa. É bem verdade que a banda sofreu um certo boicote da gravadora, mas talvez a grande lição que esse episódio mostra é não perder de vista a credibilidade, antes de tudo.
A década ainda não acabou, mas "Todo Carnaval Tem Seu Fim" uma séria candidata a figurar numa lista de melhores deste Ano Zero (a década cujos os dois últimos algarismos dos anos começam com zero). Parece que Camelo andou se inspirando nas letras de Cadão Volpato. "Todo Carnaval..." poderia muito bem figuar em qualquer um dos álbuns do Fellini. É uma letra que diz muito, mas não diz nada, deixando para o ouvinte a preocupação de dar algum sentido para tudo aquilo. É melhor que enfiar algo pronto na goela do público.
O bom da vida é poder rever conceitos, analisar com a distância do tempo o que se disse no passado e sacar se aquilo ainda tem validade ou não. O caso desse texto que eu escrevi sobre a banda Los Hermanos é um grande exemplo disso. Tomara que eles continuem supreendendo a todos e se reinventado cada vez mais. Capacidade, não falta.

Pois é, eu ainda não peguei a manha de administrar um blog. Explico: para mim, essa experiência tem sido mais que positiva. O retorno das pessas é muito gratificante e pude conhecer dessa forma pessoas legais, com as quais troco figurinhas de vez em quando. O que me afilge de uma certa forma é o fato de não conseguir achar um ritimo de postagens aqui no Onzenet. Eu tenho medo de colocar muitas coisas em sequencia aqui e algumas delas ficarem perdidas para o leitor devido a overdose de informação. Ainda não consegui achar uma fórmula certa quanto a isso, mas isso eu adquiro com o tempo. De resto, estou satisfeito com a linguagem, já não estou mais encanado com eventuais erros que aparecem por aqui (o jeito é aprender com eles e tocar adiante). Manter um blog é um grande barato.

 
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