quarta-feira, julho 31, 2002

Alguém aí lembra de um post que eu fiz no da 20/06? Entre outras coisas, dizia que cinco jornalistas estavam produzindo blogs com conteúdo jornalistico para o portal da rede norte-americana de televisão NBC. Pois bem, como tudo o que é bom para o jornalismo dos EUA acaba sendo bom para o jornalismo do Brasil, não descartei a possibilidade de grandes portais como Folha, Estadao, Abril ou Globo adotarem o mesmo modelo por aqui. Algo me diz que o Grupo Folha, através de seu portal de notícias Folha On Line pode estar saindo na frente através do colunista Lúcio Ribeiro.
"Esta coluna já é bem grandinha e está na hora de passar por algumas reformulações. Aos trancos e barrancos, desde o longínquo 17 de maio de 2000, ela ocupa religiosamente este espaço com muito gingado, textos incríveis, fotos reveladoras, prêmios inacreditáveis e outras balelas", é o que diz Lúcio no início de sua coluna nessa semana.
Mais adiante ele completa: "Já quanto às primeiras mudanças, elas se darão da seguinte forma: a coluna será uma espécie de blog/diário de impressões pop que todos os dias complementarão o texto semanal. Na próxima segunda e terça-feiras esta mesma coluna aqui será enxertada com um texto do dia. Na quarta, vem a coluna normal (ou quase), mais robusta. Na quinta, sexta, segunda e terça seguintes (menos final de semana), ela será complementada com os informes do dia. E assim vai, até o final da viagem, para então a coluna passar por um outro tipo de mudança."
Pode ser que sim, pode ser que não, mas Lúcio talvez possa ser o primeiro jornalista brasileiro a usar o modelo blog num site jornalístico. Aguardemos.

terça-feira, julho 30, 2002

No próximo dia 2 de agosto a programação da Rádio Fluminense, que estava sendo transmitida nos 540Khz da Amplitude Modulada, migra para o FM, ocupando os 94,9Mhz. Trata-se de uma boa e má notícia ao mesmo tempo. A parte boa fica por conta da volta a Frequencia Modulada de uma das rádios mais legais do país, que ajudou a impulsionar o rock brasileiro na década de 80 e fez história. A Flu saiu do ar em 1994, quando cedeu lugar para a Jovem Pan, que começava a investir na programação via satélite. Voltou no ano passado, no AM, com uma programação muisical experimental de qualidade voltada para o pop-rock. Apesar disso, o sinal chegava de forma irregular a boa parte da cidade maravilhosa (a sede fica em Niterói). Devido a esses problemas técnicos ficava complicado para se conseguir anunciantes, o que poderá ser minimizado com a volta para o FM, cujo alcance do sinal é muito maior. É aí que reside o lado não tão bom da história. Se permenecesse no AM e aguardasse o começo da fase digital, a Flu poderia ajudar no retorno do prestígio dessa faixa de rádio, tão em baixa nos últimos anos. Porém, nessas horas o lado financeiro fala sempre mais alto. Resta agora desejar que o projeto de ressureição da Fluminense decole de vez, uma vez de volta ao FM. Por todo o seu passado, ela merece.

segunda-feira, julho 29, 2002

Sem muito alarde, já está no ar o site da revista Zero, com algumas matérias já publicadas na versão em papel e outras feitas exclusivamente para a página. Tem até um blog, com a participação de toda a redação e há uma grande ironia nisso. Alexandre Petillo, um sujeito anti-blog por excelência, também sucumbiu ao hype..he he he

Pois é, pelo jeito o Fellini vai virar assunto deste blog por um bom tempo. Saiu uma entrevista muito interessante com a dupla Thomas-Cadão no site da gravadora Trama. O entrevistador é Rodrigo Carneiro, que também tinha uma banda, o Mickey Junkies. O papo traz boas novidades. Uma delas é que terermos um segundo álbum do The Gilbertos, o qual Thomas promete gravá-lo em oito canais.
Carneiro também sacou as fortes influências da MPB neste novo CD do Fellini, Amanhã é Tarde. Cadão tenta se esquivar de uma possível comparação com Chico Buarque (já abordada aqui neste blog): " Mas eu não vejo pares - nem mesmo o Chico Buarque". Respeito a opinião, mas não concordo. Cadão é o Chico Buarque dessa geração pop-rock.
(O curioso é que eu escrevi sobre isso num sábado, e li a entrevista numa segunda. Que coincidência, não?)
Outra novidade é que Funziona Senza Vapore, a banda na qual Cadão Volpato tentou dar continuidade a seu trabalho musical terá seu CD finalmente colocado à disposição do público dez anos após sua gravação. A fita master ficou perdida por muito tempo, mas Cadão acabou por reencontrá-la e agora os ouvintes serão brindados com seu lançamento, pela Outros Discos.
Eum um determinado trecho da entrevista, Cadão fala que o Fellini acabou. Sei não, essa história já foi ouvida antes..he he he
Enfim, a entrevista está aí linkada para quem quiser ver. Aliás, o Rodrigo Carneiro tem bom gosto e se baseou numa entrevista que o Thomas Pappon me concedeu para formular sua questão sobre a relação do Fellini com a MPB. Valeu.

O Fellini me proporcionou muito prazeres como ouvinte. Um deles foi certamente ter me ajudado a redescobrir Chico Buarque. Por influência de minha mãe, acabei acompanhando muito o seu trabalho quando eu era menino. Com o passar dos anos, fui descobindo coisas novas na música e deixei um pouco de lado as coisas que Chico compôs. Em 1990, o Fellini lançou um de seus trabalhos mais elaborados, o álbum Amor Louco. Como eu disse no post abaixo, esse disco (o CD começava a engatinhar no país) trazia influências de samba e do pop em suas faixas. Uma delas chamou bastante a atenção era toda cantada em inglês e seu título era Chico Buarque Song. Talvez, uma das canções mais apaixonadas que Cadão Volpato já compôs. Ela fala de uma relação amorosa e a certa altura um dos versos traz a segunte pergunta: "Do you still hear Chico Buarque at night?" Mas não para por aí. Há outro verso que diz: "Shine inside your eyes in my foolish eyes". Quando ouvi, veio um estalo: não seria uma citação a Olhos nos Olhos, canção composta por Chico Buarque? Na mesma época, a revista Bizz, quando fez a matéria de apresentação desse álbum também sacou a citação. Bingo.
Olhos nos Olhos foi lançada em 1976 no álbum Meus Caros Amigos. Ganhou uma regravação pouco tempo depois cantada por Aguinaldo Timóteo (ele mesmo, o da Casa dos Artistas 3), cometendo o desatino de trocar os pronomes, uma heresia suprema contra a intenção inicial de Chico que incorporou um "eu-lírico" feminino.
A canção fala de uma pessoa abandonada que dá a volta por cima depois do término de um relacionamento afetivo mal-sucedido. E o faz com grande estilo. Um verdadeiro tapa com luva de pelica em quem abandonou. Um exemplo está aqui nesse trecho:
E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Graças ao Fellini pude desencavar essas e outras pepitas de ouro. A minha música preferida de Chico é Tanto Amar, lançada em 1981, no álbum Almanaque. A versão cantada pelo próprio autor é boa, mas a gravação definitiva ficou a cargo de Ney Matogrosso, que trouxe uma carga de sensualidade ideal a letra. Reparem com que riqueza de detalhes ele descreve como um olhar pode nos seduzir

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita

Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita

A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita

Se seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura

Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra

É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olho a pestanejar
E outro me fita

Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito

Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico


sábado, julho 27, 2002

Ainda é um pouco cedo para emitir qualquer análise sobre "Amanhã é Tarde", o álbum mais recente da banda Fellini. Mas dá para avisar a todos que a dupla Thomas Pappon e Cadão Volpato não perdeu o fio de corte. A qualidade continua tão boa como há 18 anos. Cadão é um dos melhores letristas da sua geração, pena que pouca gente tenha percebido o seu valor. Mesmo não sendo músico profissional, Thomas Pappon toca melhor que muita gente por aí. E também há outro fator, fundamental ao meu ver: a química. Não adianda nada unir dois talentos lado a lado sem isso.
Pode ser que eu mude de opinião depois, mas ouvindo agora creio que Amanhã é Tarde é o álbum mais MPB que o Fellini já produziu. Pelo amor de Deus, não tomem isso como uma objeção ao álbum. Essa MPB que o Fellini não representa não é a de Caetano Veloso ou Gilberto Gil (o que poderia provocar hojeriza em alguns setores da crítica musical). Ela pende mais pelo lado de Chico Buarque. A faixa-título poderia muito bem ser gravada por esse ilustre compositor, homenageado de certa forma pela banda no álbum anterior, Amor Louco, quando gravaram "Chico Buarque Song". Se o Fellini, que tanto contribuiu para o rock no passado, deixar algumas diretrizes para a nossa combalida MPB, terá sido uma contribuição inestimável. Não deixa de ser um ironia que Amanhã é Tarde tenha sido lançado pelo selo mais indie do país, a mmrecords.
Nunca houve uma banda tão eclética como o Fellini. Vejamos: o álbum de estréia, O Adeus de Fellini era "rocker" em sua essência, com muitas guitarras e um pé no punk. O terceiro álbum, Três Lugares Diferentes flerta com a música de raiz brasileria (ouça Zum Zum Zum Zazoeira) e com a música latina. Já, Amor Louco, o quarto álbum, traz elementos de samba e do pop. E agora, Amanhã é Tarde traz coisas da MPB. Só não consegui achar paralelo para Fellini Só Vive Duas Vezes. Talvez porque o forte esteja mesmo nas letras. Quem poderia passear por tendências musicais tão diversas com tanta desenvoltura e sem agredir ao seu público (e a si próprios)?

quarta-feira, julho 24, 2002

E acabou o Big Brother Brasil 2. Nem me importei com o resultado dessa vez porque a minha competidora preferida saiu. Era a Cida. No computo geal, essa segunda edição acabou sendo melhor que a primeira. Se o BBB1 foi marcado pelos conflitos internos, esse se destacou pelas paqueras e pelo sexo. A segunda versão do programa acabou sendo mais sensual (e sexual). Foi aqui que tivemos a primeira cena de sexo explícito sugestionada na tv em horário nobre. Sim, foi sugestionada. Tarciana e Jefferson estavam cobertos por um edredon quando resolveram experimentar os prazeres de ladinho. Portanto, viu-se pouca coisa, apenas sussuros e gemidos. Disseram que a diretoria da Globo não gostou da exibição da cena. Duvido. Não era para tanto e ela foi ao ar num horário em que crianças devem estar na cama. Por vezes, é criado um grande barulho em torno de certas situações apenas para chamar a atenção.
Eu já escrevi isso no Euqueromais e reitero aqui. O sistema de votos misteriosamente para a eliminação dos concorrentes falha em determinados momentos. Da outra vez, a página do BBB 1 saiu do ar. Na votação que iria definir a saída de Cida ou Rodrigo, o site apresentou problemas. Durante o programa, os números que ajudam a confirmar os votos não apareciam mais, impedindo o voto. E aquela foi uma das votações mais acirradas. Para o programa, seria interessante ter um homem e uma mulher disputando o prêmio final, pois isso polarizaria as atenções. Enfim, são coisas que acontecem, mas não há como saber se é acaso ou intencional mesmo.
Talvez o ponto fraco do programa foi a participação da Tina. Talvez por idéia própria ou orientada pela produção, ela resolveu bancar a mala de plantão, agindo de forma apelativa. Como diz Cazuza, não há perdão para o chato e a moça foi devidamente defenestrada. Vi que muita gente deu apoio as atitudes dela, mas devo creditar isso àquele pensamento de que "pimenta no dos outros é refresco". Imagino se esses que elogiaram tivessem que conviver na real com uma Tina da vida continuariam com a mesma opinião.
BBB 3 só em 2003.

segunda-feira, julho 22, 2002

Mimi, valeu pelo toque e já fiz a correção. Beijos

Nunca é tarde para se reconhecer certas coisas. Em 1999, eu escrevi para o Buxixo, o e-zine da Megssa, um artigo sobre a banda Los Hermanos (leia aqui). Eles tinham acabado de estourar com o hit Anna Júlia e estavam se transformando nos chatos de plantão devido a repetição exaustiva dessa canção. Ninguém aguentava mais, nem mesmo os próprios integrantes, mas não havia muito a se fazer, apenas aceitar aquilo que a gravadora determinava. Na época, eles tinham feito um show casado aqui em São Paulo com o Ira! e sofreram uma certa rejeição do público presente. A galera começou a gritar "jabá! jabä!". Eu escrevi, entre outras coisas, que Marcelo Camelo e seus amigos estavam perdendo total controle de suas carreiras dentro da banda. No final, arriscava até um diagnóstico: "Ou a banda se reinventa em caráter de urgência ou vão acabar como um novo RPM, como bem observou a coluna Rio Fanzine, do jornal O Globo."
(Aliás, sobre essa falta de controle, vou pegar um trecho de um artigo escrito pelo Bruno Medina, um dos integrantes da banda e que toca teclados. Ele fala sobre aquele projeto de se númerar CDs e Livros: "Nós do Los Hermanos sempre que podíamos abordávamos a necessidade da numeração dos cds nas entrevistas, mas quem somos nós? Nosso poder de barganha e de mobilização dentro da indústria fonográfica ainda é muito pequeno." Reparem quando ele fala sobre poder de barganha. É um reconhecimento do status dos Hermanos na atual conjuntura da indústrica fonográfica.)
O tempo passou e veio a surpresa. Qualquer outro arista teria se acomodado devido ao medo de ser queimado. Isso não aconteceu com Los Hermanos. Eles viraram a mesa e soltaram "Bloco do Eu Sozinho", um álbum de fazer cair o queixo. A Abril Music não gostou muito da idéia. Preferiam uma "Anna Júlia - Parte 2, a revanche", mas cederam depois de muita conversa. É bem verdade que a banda sofreu um certo boicote da gravadora, mas talvez a grande lição que esse episódio mostra é não perder de vista a credibilidade, antes de tudo.
A década ainda não acabou, mas "Todo Carnaval Tem Seu Fim" uma séria candidata a figurar numa lista de melhores deste Ano Zero (a década cujos os dois últimos algarismos dos anos começam com zero). Parece que Camelo andou se inspirando nas letras de Cadão Volpato. "Todo Carnaval..." poderia muito bem figuar em qualquer um dos álbuns do Fellini. É uma letra que diz muito, mas não diz nada, deixando para o ouvinte a preocupação de dar algum sentido para tudo aquilo. É melhor que enfiar algo pronto na goela do público.
O bom da vida é poder rever conceitos, analisar com a distância do tempo o que se disse no passado e sacar se aquilo ainda tem validade ou não. O caso desse texto que eu escrevi sobre a banda Los Hermanos é um grande exemplo disso. Tomara que eles continuem supreendendo a todos e se reinventado cada vez mais. Capacidade, não falta.

Pois é, eu ainda não peguei a manha de administrar um blog. Explico: para mim, essa experiência tem sido mais que positiva. O retorno das pessas é muito gratificante e pude conhecer dessa forma pessoas legais, com as quais troco figurinhas de vez em quando. O que me afilge de uma certa forma é o fato de não conseguir achar um ritimo de postagens aqui no Onzenet. Eu tenho medo de colocar muitas coisas em sequencia aqui e algumas delas ficarem perdidas para o leitor devido a overdose de informação. Ainda não consegui achar uma fórmula certa quanto a isso, mas isso eu adquiro com o tempo. De resto, estou satisfeito com a linguagem, já não estou mais encanado com eventuais erros que aparecem por aqui (o jeito é aprender com eles e tocar adiante). Manter um blog é um grande barato.

sexta-feira, julho 19, 2002

Dica enviada pelo Alexandre Inagaki, do Spam Zine:

http://www.89popwave.hpg.ig.com.br/index.htm

Interessante página de protesto contra a 89 FM, rádio que nos anos 80 era um oásis no deserto das rádios comerciais paulistanas, tocando Husker Dü, Killing Joke, Violeta de Outono, Fellini, Echo & the Bunnymen e outras preciosidades. Até que, lamentavelmente, foi cooptada à mesmice imposta pelos jabás das gravadoras tupiniquins.

A propósito, o site do Spam Zine agora tem blog (sim, sucumbimos ao hype!). Dê um pulinho por lá: http://www.spamzine.net.


O convite do Alexandre é extensivo aos leitores do Onzenet por minha conta.

quarta-feira, julho 17, 2002

O Ruídos é um e-zine muito legal que acaba de entrar na sua quarta edição. Os destaques ficam por conta das entrevistas com o mitlógico Dick Dale e com o novo hype mundial, os Yeah Yeah Yeahs, além dos artigos de opinião. Este que vos escreve colaborou nesta edição com uma entrevista. Mandei para o paredão (de perguntas, claro) Roberto Miller Maia, ex-diretor artístico da Rádio Brasil 2000 FM, daqui de São Paulo. Maia comandou uma pequena revolução na emissora e a transformou numa referência para o público rocker. Nesse bate-papo, ele conta um pouco de sua trajetória e explica os motivos que o levaram a deixar o comando dos destinos da Brasil 2000.
Conhecer Roberto Maia pessoalmente foi quase que um acaso. É claro que eu acompanhava e gostava de seu trabalho, mas nunca pensei assim em estabelecer um contato mais próximo. Num belo dia, ele estava pesquisando sobre rádios na internet e foi parar na página da Rádio Onze, me escrevedo depois. Desde então, passamos a ter um contato regular. Como havia muita curiosidade das pessoas em saber porque ele tinha deixado a rádio (e poucos esclarecimentos a respeito), senti que era a hora de descolar uma entrevista. O resultado está aí. Um belo depoimento (mais um) sobre o rádio.
Queria saber o que vocês acharam. Mandem seus comentários aqui para o blog.

segunda-feira, julho 15, 2002

Eba, demorou menos do que eu esperava o problema do template. Bola para frente.

domingo, julho 14, 2002

Pois é, como os fieis leitores do Onzenet puderam perceber, aconteceu um probleminha aqui no template e alguns itens do novo lay-out não estão aparecendo aí na sua tela. Mas não se avexem, porque logo-logo as coisas voltarão ano normal. Os textos continuarão sendo postados aqui no seu ritimo normal (eu disse ritimo normal???!!!)

sábado, julho 13, 2002

E agora, informações do mundo da Internet

Prezado Amigo,
Há mais de quatro anos e sobretudo graças à sua colaboração, a StarMedia tornou-se o portal de maior crescimento e ponto de referência na Internet de língua portuguesa e espanhola.
EresMas e StarMedia fecharam um acordo para a incorporação da Starmedia.com e da Latinred.net dentro do grupo eresMas, na maior e mais decidida aposta pelo mercado latino da Internet.
Investimos neste novo projeto do eresMas com o maior empenho. No entanto, e devido às mudanças que serão necessárias no nosso portal, alguns dos acessos à StarMedia e à LatinRed, em português, estarão agora
em castelhano. Esperamos reiniciar as atividades em português o mais breve possível; esta interrupção não afetará o funcionamento de nenhum dos serviços aos quais já esteja inscrito.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer o interesse pelos conteúdos e pelos serviços oferecidos até o momento, o que nos permitiu contar com sua presença.
Nossas cordiais saudações,
EresMas Interactiva Inc.


Isso só veio a confirmar que as coisas lá pelo lado da Starmédia não andavam bem.
Sou usuário do Starmedia Mail e espero mesmo que não aconteça nenhuma mudança de percurso. Tive uma experiência pouco agradável com outro portal latino, o El Foco. Eles tinham três bases: México, Argentina e Brasil. Por aqui uma de suas estrelas era o jornalista André Barcinski, que mantinha uma coluna e também era responsável pela parte de conteúdo. Além da parte editorial, eram oferecidos outros serviços, como o web mail, o qual passei a usar. O El Foco foi um dos poucos portais em que consegui fazer uma conta de e-mail usando apenas meu primeiro nome, o que era uma grande facilidade para mim. Tudo ia muito bem, até que eles passaram a ter dificuldades no país deivido a crise das empresas ponto com, entre os anos 2000 e 2001. Acabaram fechando a redação aqui no Brasil, mas continuaram com os serviços por mais algum tempo.
Num belo dia, foi anunciada a venda do El Foco para um outro portal mexicano. O que parecia ser uma boa notícia acabou virando uma dor de cabeça para os seus usuários. Se quisesse manter minha conta teria que assinar um provedor de acesso, baseado na Cidade do México ( ! ). Era uma proposta sem cabimento para quem mora no Brasil e não foi dada outra possibilidade. Resultado: perdi meu endereço de e-mail. Espero que esse tipo de coisa não se repita com a Starmedia.

Lembram do caso relatado aqui da colunista que "pega emprestado" notas de um blog para fazer a sua coluna num dos sites jornalisticos de prestígio do país? Ela alegou na ocasião que tais informações chegavam a ela mandadas pelos seus leitores e se comprometeu a orienta-los para não fazer mais isso. Pois bem, passou uma semana, passou a outra e somente agora, três semanas depois, ela faz um registro sobre o caso, porém falando de uma outra notícia que estava no mesmo blog sobre a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. Veja aqui. Antes tarde do que nunca, mas ainda tem uma pendência no ar. Não houve nenhuma menção a nota sobre a Rádio Muda que eu mandei para eles (Para entender o caso, leiam meu post de 24/06).
Sobre essa história de pláginos na net, quero aqui reproduzir trechos de um artigo publicado no Comunique-se, intitulado Plágio de conteúdo jornalístico na Web, que veio bem a calhar. Mario Lima Cavalcanti, seu autor, o inicia com uma citação:

"PLÁGIO É QUANDO ALGUÉM COPIA SEM CITAR. QUANDO ALGUÉM TENTA SE APROPRIAR DO QUE NÃO É DELE. A DEFINIÇÃO PARECE CLARA MAS, NA PRÁTICA, NEM TUDO É ASSIM TÃO FÁCIL"
António Granado, editor do site Ciberjornalismo.com


Depois Cavalcanti prossegue:

O plágio de conteúdos jornalísticos na internet não é um problema nacional. Na coluna Media News, do site Poynter.org, o jornalista Jim Romenesko alerta para um artigo do jornal Austin American-Statesman copiado por uma escritora que sequer citou a fonte.
Há quem pense que os que copiam textos na internet não sabem o que estão fazendo. Mas até "gente grande" faz coisa errada. Segundo comunicado de 30 de junho de 2002 do editor do jornal norte-americano The Salk Late Tribune, seu colunista de TV, Marty Renzhofer, perdeu o cargo por copiar parágrafos de textos de outro site.


E aqui vai o trecho mais representativo, ao meu ver:

Quem trabalha no meio online sabe que ter textos copiados é o que mais ocorre em sites de conteúdo. Vicente Tardin, editor do Webinsider, acredita que as pessoas confundem informação de uso livre com cópia: "Existe uma certa confusão entre informação livre e cópia de conteúdo. Quem copia textos de sites de conteúdo está na verdade vendendo um pastel cujo recheio não é dele. Se alguém gostou de uma matéria publicada no seu site, por que não a comenta e aponta links?" diz o jornalista, que já teve alguns de seus textos publicados sem autorização em vários sites.


A íntegra do artigo está no site Comunique-se. No final, Mario Lima Cavalcanti faz uma remissão a um texto sobre o mesmo assunto da jornalista Tina Andrade, e já indicado por mim aqui (Veja meu post de 02/07). É um alento saber que enquanto existem pessoas que usam o copy e o paste depudoradamente, outras se preocupam em deixar as coisas em pratos limpos.

sexta-feira, julho 12, 2002

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É bom colocar as barbas de molho quando uma mensagem como a que está aí em cima aparece logo depois de clicar em Post & Publish.

Estou republicando aqui no Onzenet a entrevista que eu fiz com o jornalista Alexandre Petillo para o site Euqueromais. Petillo é editor e um dos idealizadores da revista Zero, que está chegando a sua terceira edição.
O diálogo rolou via mail em fevereiro último. Mandei a ele um questionário que foi prontamente respondido. O correio eletrônio acabou se transformando em um importante aliado dos entrevistadores. Com ele é possível garantir a fidelidade nas declarações, além de ser barato. Se o interlocutor estiver em outro país ou em outra cidade, economiza-se no interurbano. Mas nada substitui uma conversa téte-a-téte.
Eu não acredito que esse papo com o Petillo esteja datado. É uma ótima chance para os leitores da Zero confrontarem o resultado final que está indo para as bancas com as intenções declaradas por ele na entrevista.

1)Como nasceu a idéia da revista?

Sempre tivemos vontade de lançar uma revista de música. Mesmo quando a Bizz ainda existia. Acho que todo mundo que escrevre sobre música, e gasta rios de dinheiro com CDs, revistas e outros meios de consumo pop, tem vontade de fazer um projeto nos seus modos. Por isso, a Zero é a exteriorização de um grupo de amigos jornalistas que têm, em comum, a paixão pela cultura pop e por escrever sobre.
Para falarmos de data, o projeto nasceu no fim de novembro, entramos em contato com os colaboradores em dezembro e o número 0 saiu agora em fevereiro. Tudo feito na camaradagem e com o coração na ponta da chuteira.


2)Qual a linha editorial que a Zero irá seguir?

Apesar de estar sendo vendida como a "nova revista de música do Brasil", a Zero prentende falar sobre tudo que é relativo à cultura pop. Posso dizer que, ela terá cerca de 60% de suas páginas dedicadas à música e o resto à boas histórias.
Não precisa ter alguma coisa a ver com música, nesse número 0, por exemplo, tem uma matéria muito engraçada sobre pessoas que trabalham com cadáveres. Tem também um perfil de uma dupla de quadrinistas que produz uma HQ para os presos do Carandiru.
Além disso, fala do triste destino dos garotinhos perfeitos dos anos 80, como o paquito que virou traveco (um outro virou exorcista), a errática trajetória do Juninho Bill...
Mas um grande diferencial da Zero, em seu projeto editorial, é apostar em grandes reportagens, capazes de esgotar o assunto abordado. Na matéria de capa, por exemplo, falamos da ascensão e queda do RPM, com os membros abrindo o jogo sobre sexo, drogas e rock. Uma matéria retrospectiva, quase definitiva e totalmente pessoal.


3)E o que o leitor poderá encontrar na revista?

Diversão. O leitor que investir R$ 5 na Zero, irá se divertir durante todo o mês. Sempre terão matérias bem humoradas, novidades e reportagens diferentes. Vamos fazer o impossível para fugir da mesmice dos jornais culturais e sites existentes hoje. Atualmente, no Brasil, o jornalismo cultural adotou a cartilha das assessorias de imprensa e criaram o "jornalismo de agenda". Todas as matérias em todos os jornais, falam a mesma coisa, no mesmo dia. Nossa intenção é sempre mostrar o outro lado da história.


4)Esse número zero que já está pronto vai estar nas bancas? Como tem sido a receptividade dessa estréia?

Esse número 0 é exclusivo para a imprensa e anunciantes. No entanto faremos uma festa, em breve, onde esse exemplar será distribuido entre os presentes.
A receptividade tem sido excelente. Quem realmente gosta e se importa com música na mídia brasileira tem nos recebido de braços abertos, dando total apoio. Tem saído matérias e notas sobre a Zero em diversos jornais e sites de todo o País.
A única coisa que me entristece são as, digamos, "tias velhas" do jornalismo cultural, que nos veêm como "a nova geração que vai tomar o seu lugar" e não nos apoiam, simplesmente ignorando o esforço. Estranho, porque vivem reclamando em suas colunas de opinião que não acontece nada, que ninguém faz nada no Brasil. Quando alguém faz, ignoram. Mas ok, eles estão em extinção e estamos conseguindo usar o vudu em nosso favor.


5)Vocês já têm uma idéia do esquema de distribuição? A Zero poderá ser encontrada em todo o Brasil?

Sim, a revista será distribuída em todo o território nacional.


6)As comparações com a Showbizz serão inevitáveis. No que vocês pretendem se assemelhar e a se diferenciar da antiga publicação?

A Bizz foi a nossa escola. Eu cresci lendo a revista e tenho todos os números dela. Acho que o principal diferencial da Zero com a Bizz será a abertura para outros assuntos, que não música.
Também priorizamos as boas histórias, não importando quem seja o foco. Nesse número 0, por exemplo, tem um entrevistão com o Nahim, um cantor brega dos anos 80 que está processando o Silvio Santos por se achar o legítimo vencedor do "Qual é a Música". Esse é um tipo de assunto que não seria abordado na Bizz. Acho que se for para fazer uma comparação com outros veículos, podemos dizer que a Zero é uma mistura do Notícias Populares com o Melody Maker.


7)O mercado editorial está se agitando tanto com o lançamento da Zero, como o da Play (que já está no seu segundo número) e mais uma outra publicação, da Editora REM, que chega as bancas em março. Haverá espaço para todos, principalmente do ponto de vista publicitário?

Espero que sim. Esse ano prentende aquecer o mercado publicitário. Tem Copa do Mundo, Eleições, a Kaiser vai promover shows durante todo o ano, tem Free Jazz, Rock In Rio no começo de 2003... Acho que tem espaço para todos, porque, mesmo essas revistas serem jovens, cada uma tem um alcance e estilo único.


8)Como você analisa o atual momento da crítica músical no Brasil?

Deprimente. Uma coisa que me chateia muito, como eu disse acima, é essa postura de "jornalismo de agenda". Todo mundo fala da mesma coisa, no mesmo dia e não muda nem o "gancho" da matéria. Seguema as assessorias de imprensa.
Posso afirmar sem medo que o jornalismo cultural está em crise. Não existem repórteres e jornalista que buscam o furo, a novidade, aquilo que ninguém falou. Isso não interessa mais, porque a "indústria do cool" já se instalou. O pensamento é o seguinte: "vou agradar a assessoria, que vai ficar feliz e me dar um monte de presentes e discos". Infelizmente, é assim.
Para piorar, a crítica musical brasileira é formada por dois tipos de profissionais: 1) aqueles que se formaram em faculdades e escolheram o jornalismo cultural como o meio mais fácil de se manter na profissão. Catedráticos, não fogem do pensamento fácil e usual, que lhes foi imposto nas salas de aula e;2) aqueles que se acham os donos da verdade, os "sabe-tudo" que mais leram sobre do que realmente ouviram. São caras como esses que saem por aí dizendo que Strokes é genial e que o Bob Dylan era apenas um "cara de sorte". Ambos tipos de profissionais não escrevem com tesão.
Pare e pense: há quanto tempo você não lê uma matéria realmente boa e inesquecível na imprensa brasileira?


9)Você tem um e-zine sobre música, o Scream&Yell, o melhor do gênero na atualidade. Fale um pouco mais dele.

O Scream & Yell é a grande paixão minha e do Marcelo Costa, o outro editor - que também é editor na Zero. Começou como um fanzine de papel, feito em Taubaté, no interior de SP. Foi criado apenas para servir de escape para a nossa vontade de escrever sobre aquilo que gostamos. Começou a chamar a atenção e foi crescendo. Acabamos sendo convidados para trabalhar com jornalismo em SP e entramos de vez na profissão.
Em SP, com o pouco tempo para fazer o zine impresso, partimos para a internet, que é uma mídia mais instantânea. O Scream & Yell estreou na internet em dezembro de 2000. Hoje, pouco mais de um ano, tem uma média de 5 mil acessos diários, o que é ótimo para um site totalmente independente e sem qualquer ajuda financeira. Contamos com mais de 50 colaboradores diferentes, que nos mandam matérias sobre música, cinema, literatura e comportamento.
Também é o nosso canto, onde eu e o Marcelo utilizamos para poder falar do que quisermos, descer a lenha em quem quisermos, porque afinal, temos toda a liberdade do mundo ali e não temos rabo preso com ninguém.
Não devemos nada para qualquer publicação impressa, temos inúmeras matérias próprias, quentes e exclusivas. Toda semana,por exemplo, entram resenhas das principais estréias no cinema, assim como todos os outros lugares.
O conteúdo de matérias e textos existente no site é gigantesco. Não conheço ninguém que tenha lido todas as matérias que estão lá.
Bem, que não conhece, favor entrar no www.screamyell.hpg.com.br (nota do blogueiro: os site mudou de endereço: http//www.screamyell.com.br, sem o tal do hpg) . E podem mandar sugestões e colaborações


10)Quem quiser entrar em contato com a redação da revista Zero o que deve fazer?

Pode mandar um e-mail para revistazero@aol.com, que será prontamente atendido.


11) Fique a vontade para as suas considerações finais.

Pessoal, comprem a Zero, apoiem a cultura pop brasileira e vamos todos fazer com que o entretenimento de qualidade também vingue no Brasil.

quinta-feira, julho 11, 2002

Você amigo blogueiro está com problemas e dúvidas no que diz respeito ao lay out do seu template? Chame Johnny Lost antes de fazer qualquer cagada.

Na edição passada, por conta da retrospectiva de 1997, falei por alto sobre o relacionamento da cena indie nacional e a mídia. Disse na ocasião que quando se fala de alguma banda, apenas se dá espaço para quem gravaou CD. As bandas que estão ainda na fase de demo-tapes sequer são citadas.
(...)
Isso acaba sendo uma grande injustiça, pois nem sempre os grupos que chegam ao formato CD são bons. Por outro lado, tem muita gente boa que ainda não despertou o interesse da mídia por ainda estar em estágio de demo-tape.
(...)
A galera dos Sleepwalkers é um bom exemplo disso. "Sick brains in Sue's coffe", lançada em 1996 está entre as melhores coisas já produzidas no ano. A banda baiana Arsene Lupin é outro exemplo de demo legal. Mas, a exceção da coluna "Pub", do jornal "O Povo" (CE), ninguem falou deles. Apenas os zines é que tem a preocupação de dar espaço a quem ainda está no formato demo tape.
(...)
Não sei se estou sendo sonhador demais, mas o critério adotado pela mídia para se falar de algum trabalho dessa cena indie brasileira deveria ser o da qualidade, não o do formato pelo qual esse trabalho é lançado. Por que as páginas de lançamentos musicais dos jornais não falam de fitas demo? O preço é até mais em conta. Por um real ou dois você pode estar levando para casa ótimos trabalhos. Ainda que a fita cassete tenha uma limitação de qualidade, vale por você estar travando contato, por um precinho bem camarada com o novo.


Esse texto meio tosco escrito por mim foi publicado no zine Quex. Desde então, muita coisa mudou. A fita cassete demo, que parecia sobreviver incólume a passagem do tempo, está saindo de circulação e dando espaço ao CD-ROM. Um exemplo dessa transição é o selo mmrecords. Coincidência ou não, a partir dessa transição, o espaço para a cena indie nacional aumentou na grande imprensa. É comum hoje ler resenhas de bandas como Three Butchers Orquestra, Astromato, Pelvs e Stellar. Talvez eles não tivessem conseguido tanto espaço se ainda lançassem seus trabalhos em fitas demo.
Eu tive a oportunidade de perguntar a dois jornalistas sobre o esse desprezo da crítica musical pelas demo tapes. Thais Aragão, então editando a saudosa seção Pub, do jornal O Povo (CE) respondeu assim:
(...)O nome já diz: fita de demonstração. Não é todo mundo que quer ouvir algo que ainda não está completamente trabalhado, finalizado. É até difícil divulgar uma demo explicando que o que a pessoa vai encontrar, tanto de bom quanto de ruim. Pondo-me no lugar de quem quer conhecer o que rola no meio, eu não gostaria de comprar gato por lebre. Além disso, ficaria com uma impressão muito ruim sobre esse 'alternativo' se alguém me dissesse que algo é bom e eu achasse horrível. Perde-se credibilidade. Por questões econômicas e até ideológicas, estas fitas acabam sendo o produto final de muita banda, o que é péssimo. A qualidade não é boa. E se daqui a pouco ninguém nem escuta mais K7? Como vai ficar? Acho que as pessoas se ligam muito na embalagem. Não é o fato de se ter algo gravado numa fita ou ter algo impresso em xerox numa folha de ofício que isso vai se tornar algo culturalmente interessante. Tecnicamente, pode ainda ser alternativo, mas só a qualidade, a ousadia e a personalidade vão determinar se a essência deste produto vai servir para mudar algo, para avançar nas idéias que a indústria cultural de massa muitas vezes ajuda a desacelerar.

Alexandre Matias, hoje editor da revista Play, tinha uma opinião diferente:

Não gosto da diferença entre o alternativo e o mainstream porque desvaloriza o alternativo ou o indie ou o zineiro ou quem quer que seja... Essa é uma diferença estabelecida pelo próprio mainstream, pra dizer ao artista que, após ele assinar com uma major, sua carreira começa de novo. É claro que começa, mas é risível pensar que não existe nada antes daquilo. Como se os Beatles nascesse em Love Me Do... Acho pejorativo o uso da expressão "demo", porque muitas fitas que se vendem como tal não são fitas demo. São fitas de verdade, fitas pra serem vendidas, como discos, discos que não preferiram sair em forma de fita. Um monte de gravadoras se especializaram no formato, desde a Roir até o Midsummer Madness, e nem por isso devem ser tratados como "sub-gravadoras". Tá certo que o trabalho de um artista alcança um novo publico com o primeiro disco, mas isso não quer dizer que as primeiras gravações não valeram... Se a discografia do Concreteness se resumisse ao disco Numberum, que é o primeiro disco "oficial", ninguém entenderia a banda. Nem o Linguachula. Nem o Sonic Youth. Como se Elliot Smith tivesse mudado um milímetro ao sair da Kill Rock Stars pra Dreamworks. É difícil, mas é importante que não se trate um artista de forma diferente pelo fato dele ser independente. Escrever "Independente" em vez de colocar o nome da gravadora que o artista imaginou... Isso é inadmissível, é subjulgar o trabalho


Uma pena que esse debate não teve a chance de ser aprofundado. As fitas demo morreram. Viva as demo tapes.

quarta-feira, julho 10, 2002

Quer saber o que eu tocava (ou tocaria se eu estivesse no ar) na Rádio Onze quando fazia meus programas por lá? Então ouça a minha estação na Usina do Som.

terça-feira, julho 09, 2002

Feriadão aqui em São Paulo, boa oportunidade para fazer obras no blog. Aproveitei para incluir alguns novos links aí do lado esquerdo: Cinema Cuspido e Escarrado, do Marcelo Valletta, o blog da Mimi, que se amarrou no visual aqui do Onzenet (cortesia de Johnny Lost), e o site da jornalista Tina Andrade, que eu que tenho consultado muito principalmente para ficar por dentro das novidades techie. Se você aí tiver um tempinho aproveite e viste essas minhas indicações

segunda-feira, julho 08, 2002

Em todo esse tempo de militância no movimento de rádios livres, sempre defendi que as rádios livres universitárias seriam aquelas que poderiam trazer um certo "algo mais", evitando de cair no clichê estétitco já conhecido por todos.. A Rádio Muda é uma das que não me deixam mentir. Tem uma outra, aqui no estado de São Paulo, que está se reestruturando aos poucos, a Rádio Livre DCE UFSCar. Leia aqui para saber um pouco mais dessa emissora mantida pelos alunos daquela universidade.

Novidades do mundo dos zines (atenção, não confunda: zines são as publicações em papel; e-zines, os eletronic zines que estão na Internet):

-O Fanzine Esquizofrenia # 9 já está disponível para quem quiser comprar via correio. Um real bem camuflado (dica: use papel carbono para envolver a nota) ao endereço:

Gilberto Custódio Jr.
Rua Heitor Ariente 42
Butantã
São Paulo - SP
05541-050

-A Megssa acaba de lançar nova edição do zine Popadelic. Cheio de desenhos, colagens e textos da própria. Old-Skool pacas. Maiores informações, aqui:theluos@hotmail.com.


Quem no mundo dos blogs não conhece a Flávia Durante? Ela fez uma simpática citação a minha pessoa no último domingo, a qual agradeço. Bem que eu gostaria de ser um "homem do rádio", mas a minha relação com esse veículo hoje é muito mais pelo lado da paixão que do lado profissional. Eu fiz parte de uma rádio pirata e o equema lá era completamente diferente. Tinha uma liberdade ímpar até mesmo para errar, consertar e seguir em frente. Não sei se eu sobreviveria muito tempo trabalhando numa rádio comercial. A paciência que o pessoal da Rádio Onze teve comigo talvez não se repetisse. De vez em quando costumo ouvir as fitas gravadas de programas que fiz e, por diversas vezes, me sinto constrangido. Eu encano com a minha voz, com as coisas que digo, com as minhas gaguejadas...Mas valeu. Foi uma das minhas melhores experiências até o momento.
No seu post, a Flávia diz:"Trabalhar em rádio é uma delícia, tô adorando. Orçamento pequeno, recursos primários, povo porralouca... O rádio é o "indie" dos meios de comunicação! ;-)"
E eu acrescento: o rádio é uma verdadeira cachaça.

domingo, julho 07, 2002

Um dia eu ainda aprendo que existe uma coisa fundamental para quem escreve chamada revisão. Se não é pelo amor, tem que ser pela dor mesmo.

sábado, julho 06, 2002

Ô quadrozinho escroto esse do programa do Luciano Huck, o Agora ou Nunca.
O esquema é assim: as pessoas escrevem solicitando ajuda financeira pelos mais variados motivos (teve uma moça que estava na mão de um agiota). O nível social de quem recorre ao quadro é do C para baixo. Daí, o escolhido para participar tem que cumprir uma tarefa, de acordo com a sua habilidade natural. Quem consegue, leva o prêmio, mas quando as coisas não dão certo aí é aquela cena: o pobre coitado com cara de tacho sem a grana de que precisa. O que não deve passar pela cabeça de uma pessoa que fracassa numa situação como essa? Imagino os danos que isso possa causar nas suas relações sociais e familiares. Se a intenção é ajudar mesmo por que não dar um prêmio de consolação? Muito pelo contrário, o participante entra sem nada e quando não dá conta de realizar a tarefa sai sem nada. É o típico caso de exploração da miséria alheia na TV. Como é na Globo, poucos falam a respeito.

Alô, Charles Brito. Resolvi seguir sua dica. A partir de agora, cada post do blog Onzenet tem um espaço para que cada internauta deixe seus comentários. Então, façam bom proveito. A crítica é livre e as sugestões são mais que bem-vindas.

O programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes, desta sexta-feira (05.07) levou ao ar uma extensa reportagem sobre a aprenssão dos equipamentos da Rádio Transguaru FM 103,5 , localizada em Guarulhos e sem a devida concessão para estar no ar. O tom não foi muito diferente do que é visto em nove entre dez matérias apresentadas a respeito do assunto: "rádio pirata põe em risco aviação nacional", etc. O programa mostrou em detalhes o aparato técnico da unidade móvel usada pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), responsável pelo rastreamento das emissoras que não tem permissão para funcionamento. Depois, foi exibida a a ação da Polícia Federal na autação da rádio. O proprietário da emissora foi preso, mas deixaram claro que esse crime é afiançavel. Enquanto as imagens iam ao ar, o repórter fazia questão de informar os riscos que uma rádio pirata pode causar: interferência nos equipamentos da torre de comando do Aeroporto de Guarulhos. No final, ele ainda fez questão de dizer a todos envolvidos na apreensão da emissora que "fizeram um grande trabalho". Roberto Cabrini, o âncora do programa, fez coro aos elogios, mas lembrou que a política de concessões de rádio nos últimos anos obedeceu a critérios nebulosos e, segundo ele, isso precisava ser visto.
Enquanto apreensões como a da Transgaru são mostradas com toda a pompa e circunstância na televisão, um outra rádio clandestina continua no ar funcionando tranquilamente. É a Planeta 90, que opera nos 90,1 MHz, pertencente ao famoso Padre Chico. O santo dele deve ser forte demais para que sua emissora permaneça funcionando por tanto tempo. A Planeta 90 chegou a ser apreendida, em 2000, mas em pouco tempo voltou ao ar. Taí uma boa pauta para os jornalistas que cobrem rádio nos jornais ou em sites da Internet. Qual é o segredo para uma emissora como essa ficar tanto tempo no ar, não se incomodando com a fiscalização?
Para terminar eu queria dar uma dica de leitura sobre a questão das interferências. Está no site : http://intermega.globo.com/radiocomunitaria/interferencia.htm

Cada um que leia e tire suas próprias conclusões.

Depois que eu instalei aqui os medidores de audência Sitemeter e o Bravenet tenho acesso ao modo como as pessoas vem parar aqui. Além de dados como quantas visitas acontecem por dia, eles me dizem se o internauta entrou por acesso direto, um site de busca, ou por algum link que outra página tenha oferecido. É um ótimo feed-back, porém, algumas coisas me estranham. Por exemplo, tem uma pessoa que tem vindo aqui com uma certa frequencia através do Google usando as palavras-chave "Rodney, Eric Marke e a música eletrônica". Agora, um outro caso semelhante tem acontecido. Alguém, tambem via Google, acessa o Onzenet usando o nome do jornalista Augusto Olivani como palavra-chave. Isso não foi apenas uma vez. Para quem não conhece, Olivani trabalha na redação da revista Play e tem seu próprio blog, o Vergonha Alheia . Esses exemplos despertaram a minha atenção pela frequencia com que se tem repetido. Enfim, sei que isso não vai mudar a cotação do dólar, mas fica aí o registro.

quinta-feira, julho 04, 2002

Mais uma vez, Fellini. Eu brinquei no mail-divulgação que eu mandei para umas pessoas mais chegadas que deveria ser o duocentésimo quadragésimo nono texto que eu escrevia a respeito da banda. Enquato deixarem, vou escrevendo, he he he...Desta vez, saiu publicado no Canal B, do Felipe Zangrandi, um colega meu de faculdade. Mas o zine não fica só nisso, não. Tem muito mais. Também há textos sobre o Stooges, o lendário grupo do qual Iggy Pop era o vocalista, 13/o Floor Elevatores, entrevista com Skywalkers. Há uma seção de discos comentados. Nesta edição comparecem Tim Maia Racional Volume I e II e Gilberto Gil com seu disco de 68 gravado com os Mutantes. Ah, ia me esquecendo da página de poesias. Enfim, só coisa boa. Divitram-se..

Preguiça...

quarta-feira, julho 03, 2002

Leiam no Observatório da Imprensa o meu artigo sobre blogs. A publicação desse texto nesse prestigioso (e prestigiado) site foi algo que me deixou muito honrado.

terça-feira, julho 02, 2002

A Tina Andrade escreveu um artigo oportuno sobre plágios de conteúdo na Internet. Após consultar várias fontes, ela chega a uma conclusão surpreendente sobre o assunto. Leitura obrigatória.

Esse artigo que escrevi deveria sair no zine da Megssa Fernandes. Como ela não deu continuidade ao projeto, acabei por publicá-lo na página da Rádio Onze. Para mim, trata-se do verdadeiro problema da crítica musical brasileira no momento.

Os partidos políticos da critica musical

Há alguns anos eu estava assitindo numa dessas madrugadas na televisão o programa "Imprensa na TV". Na ocasião, estava sendo entrevistado o jornalista João Gabriel de Lima, então na revista Veja, que falava sobre jornalismo cultural. O apresentador (se não estou enganado era o Marco Antonio Rocha) perguntou em um determinado momento qual seria o principal defeito da crítica musical. Lima respondeu que era o excesso de "partidos políticos". Traduzindo melhor: para ele, os críticos sempre tomam partido de um determinado movimento ou estilo musical e fazem o seu jornalismo. Isso torna difícil a imparcialidade no exercício da crítica. Por exemplo: como acreditar numa crítica de um álbum de MPB feita por um jornalista que admira o som "grunge" das bandas de Seattle? Dependendo do profissional destacado para fazer a resenha do tal álbum, já existirá uma pré-disposição para detoná-lo. E o inverso acontece. Um jornalista que atua como "víúva da MPB" não terá a sensiblidade necessária para analisar um trabalho de alguns dos expoentes do grunge.

A Onzenet pega o mote deixado por João Gabriel de Lima e tenta identificar quais são os "partidos políticos" da crítica musical que atuam hoje nas redações dos cadernos culturais nos jornais e nas revistas de música. Vamos lá.

Partido da Máfia do Dendê (PMD) - Alguém aí lembra da entrevista reveladora do jornalista Cláudio Julio Tognolli à revista Caros Amigos? Os participantes da "Máfia do Dendê" são os grandes nomes da MPB (em especial, "os baianos que gostam de cantar na televisão", como disse certa vez Paulo Francis) que, para manter seu prestígio intacto até os dias de hoje, não hesitam em cooptar jornalistas para que não se fale mal deles, como afirmou Tognolli. É uma troca de interesses. Para continuar se vendo em evidência, um dos tais grandes nomes passa a "adotar" algum jornalista de uma grande redação de jornal seduzindo-o com informações exclusivas e/ou entrevistas . Em troca, o cooptado, agora como "baba-ovo", passa a falar bem do artista, não ousa criticá-lo nem mesmo quando o lançamento mais recente ou o show que esteja fazendo é um verdadeiro abacaxi. O pior é quando um desses medalhões decide adotar algum talento novo da MPB que esteja surgindo. Se a "Máfia do Dendê" dá o aval, os jornalistas que dela fazem parte iniciam um verdadeiro festival de elogios a essa nova "pepita de ouro" (e que, em muitos dos casos, nem merece ser tratado assim). Não há espaço do PMD para pessoas que entendem de música.

Partido de Garagem (PG) - Trata-se de um dos principais adversários do Partido da Máfia do Dendê. É formado por jornalistas que estão antenados com o rock inglês e norte-americano. Foram os principais divulgadores do movimento "grunge", vindo de Seatlle (EUA), aqui no Brasil lá pelos idos de 1991 e 1992. Mais tarde, alguns de seus quadros propagaram por aqui a ressureição do brit pop. Esses partidarios vivem nesse jogo de observação. Se o rock dos EUA der as cartas, todos estão com seus faróis apontados para lá. Se a hegemonia estiver com o rock inglês, todos se voltarão em direção à terra da Rainha Elisabeth. Uma das caracterisrtias principais é divlugar bandas de rock obscuras que poucos conhecem em terra brasilis. Algumas sequer são reconhecidas em seus países de origem. Isso dá o status de modernidade ao PG. Porém, nem todas merecem esse oba-oba todo, uma vez que muitas delas são chatíssimas e agradam só mesmo o gosto refinado dos membros do Partido de Garagem. Assim como o PMD, os garagistas têm representantes em todas as redações de jornais e alguns até mantém programas de rádio no ar. A grande contribuição do PG é essa oposição sistemártica ao Partido da Máfia do Dendê. Uma das grandes armas usadas pelos garagistas é a quebra de discos dos medalhões da MPB em suas tranmissões radiofônicas. (convém lembrar que os nazistas também faziam isso). Como nem tudo é perfeito, há um certo cansaço nesse discurso anti-MPB e pró-rock. No começo, a tática de quebra de discos soava engraçada. Hoje, fica parecendo molecagem de um bando de trintões que sofre da chamada "Síndrome de Peter Pan". Outra característica a ser analisada é certa tendência ao patrulhamento musical de parte dos integrantes do PG. Ai do ouvinte que, por um desses acasos da vida, gosta de Caetano Veloso e Sonic Youth ao mesmo tempo. O partido sofreu um duro golpe quando um dos integrantes da banda de rock alternativo Superchunk se declarou fã de algumas coisas da música popular brasileira.

Partido do Techno (PTechno) - Apesar da coincidência de iniciais não há nenhuma relação com o Partido dos Trabalhadores, tanto que vamos chamá-lo do de PTechno. Quem milita do PTechno acha que a salvação dos males da música está na alta tecnologia. Violões e guitarras fazem parte de um passado que deve ser esquecido e devidamente enterrado. Individualista ao extremo, uma das características principais é o culto à personalidade...dos DJs. Eles é quem são os verdadeiros "stars" desse partido. Aliás, muitos jornalistas do PTechno fazem uns bicos por fora como DJs em festas. O jornalismo paga mal e as pessoas tem que costurar para fora de vez em quando. Nesse caso, uma atividade acaba sendo o trampolim da outra. O pior é que muitos deles nem usam seus verdadeiros nomes de batismo para o ofício de DJ. Acabam usando pseudônimos.

Partido do Jabá (PJ) - Formado por críticos musicais que não hesitam em desfrutar das benesses oferecidas pelos departamentos de divulgações das gravadoras, como viagens pagas para assistir a shows, etc. (muitos dos orgãos de imprensa para os quais trabalham até fazem questão de dizer que tal viagem foi paga por determinada gravadora, mas são minoria). Alguns dos partidários do PJ chegaram em certa época a lançar revistas de música com publicidade bancada pelos departamentos de marketing das gravadoras. Com isso era comum que uma publicação chegasse às bancas dando capa para um determinado artista e publicando na contracapa um anúncio do CD lançado por esse mesmo artista. O leitor não sabia por qual lado começar a leitura da revista, mas isso era um detalhe que pouco importava. Segundo um velho político baiano, "jornalista se compra com duas coisas: dinheiro ou informação". O PJ prefere a primeira das opções.

Partido dos Reclamões (PR) - Esse partido é formado por pessoas que militam em fanzines de papel ou e-zines. O perfil, com algumas variações, é praticamente o mesmo: são fãs de música insatisfeitos com o jornalismo musical e decidem lançar publicações rudmentares, naquele espírito "faça-você-mesmo" do punk. O lado bom é que os zineiros (como são chamados) estão livres dos vícios encontrados no jornalismo musical. O lado ruim é uma certa tendência a ficar reclamando de algumas posturas da grande imprensa e se fixar apenas nisso. São poucos aqueles que querem deixar a sua comoda posição de zineiros e tentar a sorte numa das redações. Tirando esse lado da reclamação, tem muita gente boa no PR.

Esses foram os partidos identificados até o momento. Se o amigo leitor souber de mais algum que esteja atuando na crítica musical, escreva para o e-mail dessa coluna.

 
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