segunda-feira, dezembro 30, 2002

Uma coisa bacana de ser notar é que cada vez mais jornalistas vão aderindo a ferrementa blog. E outra coisa mais bacana ainda de se notar é que mais e mais jornalistas bacanas estão entrando na onda. O caso mais recente é de Alex Antunes, que resolveu mostrar neste dezembro o seu dedo do meio, compilando alguns textos escritos para revistas e zines, além de outros quase inéditos. Um exemplo dessa mistura é "Quem tem medo da MPB? 1969-2002, ou 33 anos entre a magia & o truque", uma das analíses mais sensatas sobre a relação do rock brasileiro pós-1982 com a "tal música popular brasileira". Outro texto imperdível é "Meu Amigo; Joe Strummer", mas sobre ele não vou entregar seu conteúdo. Cada um que trate de ler e entender o porquê. Mas não é só de música que vive o blog de Alex. Há ainda a descoberta de uma nova tribo urbana: os "Fofos".
Alex Antunes participou da primeira equipe de jornalistas que lançou a revista Bizz na segunda metade da década de 80. Além disso, é músico e já escreveu letras clássicas como "Atropelamento e Fuga", gravado originalmente por Akira S. & As Garotas que Erraram, mas que viria a ser um hit com Scowa e a Máfia. Lançou recentemente um romance pela Editora Conrad, chamado "A Estratégia de Lilith". Porém, seu ganha-pão é mesmo o jornalismo.

sexta-feira, dezembro 27, 2002

O fim das transmissões do programa Garagem, que ia ao ar pela Rádio Brasil 2000 FM (SP), talvez tenha sido um dos acontecimentos do ano no meio rádio. Para saber um pouco mais dessa história, o zine Esquizofrenia (representado por este que vos escreve e Gilberto Custódio Jr, seu editor) foi procurar Paulo Cesar Martin, o Paulão. O resultado foi a entrevista que pode ser conferida a seguir: http://www.esquizofreniazine.hpg.ig.com.br/paulao.htm

quinta-feira, dezembro 26, 2002

Ainda na esteria das boas notícias, outra delas é a volta do Trabalho Sujo, desta vez na Internet. Para quem não conhece, era uma seção dominical sobre música que ocupava duas páginas do jornal campineiro Diário do Povo. Pilotada pelo jornalista Alexandre Matias, um dos méritos do TS era o de colocar lado-a-lado artistas (e lançamentos) tanto do mainstream como do underground, sem qualquer tipo de distinção. Era como se estivesse querendo dizer ao leitor algo do tipo: "as opções estão aí; te vira!", naquilo que hoje está muito em voga, a tal mensagem subliminar. Outro diferencial eram os textos de Matias. Conscientemente ou não, ele teve a manha de trazer para o jornalismo musical a linguagem ensaística vista nos cadernos culturais mais, digamos, "cabeça", como o antigo Folhetim (do final dos anos 80) e do atual Mais!, ambos da Folha de S. Paulo, e do Idéias, do Jornal do Brasil, para citar alguns exemplos. Talvez a idéia fosse pegar bandas pop do porte de um Duran Duran e elevá-las à categoria de arte, assim como as obras dos grandes mestres da pintura e da literatura resenhadas nos respectivos cadernos. Ao fazer isso, Matias assume um risco do ponto de vista jornalistico: seus textos podem tanto trazer abordagens bacanas e interessantes ou então serem completamente entediantes. Porém, o que torna valorosos os escritos de Matias é o fato de se romper com os padrões vigentes da crítica musical brasileira e assumir riscos, coisa que muitos de seus pares não topam fazer por n motivos que merecem uma análise à parte.
Ao retomar o Trabalho Sujo, Alexandre Matias parece estar querendo reviver seu melhor momento como jornalista depois de uma passagem tumultuada como editor da revista Play, recém-extinta pela Editora Conrad. Tomara que em breve ele possa levar de volta ao jornalsimo impresso a seção que fez a cabeça de uma moçada que verdadeiramente gosta de música, não se submetendo aos caprichos do mercado.
Para conhecer um pouco mais da filosofia e da história do Trabalho Sujo, leia aqui essa entrevista que eu fiz com o Matias, em 1999, para seção de entrevistas da página da Rádio Onze.

Boa notícia nesse período de festas: a revista Frente não acabou.

sábado, dezembro 21, 2002

If the wild bird could speak
She'd tell of places you had been
She's been in my dreams
And she knows all the ways of the wind

Polly, come home again
Spread your wings to the wind
I felt much of the pain
As it begins

Dreams cover much time
Still they leave blind
The will to begin
I searched for you there
And now look for you from within

Polly, come home again
Spread your wings to the wind
I felt much of the pain
As it begins


A letra de música para este final de semana é Polly, mas não confundam com aquela do Nirvana. Quem a compôs foi Gene Clark, ex-integrante do The Byrds. Aliás, com a lendária banda, ele gravou os dois primeiros álbuns: Mr. Tambourine Man e Turn! Turn! Turn! Essa música é de sua carreira-solo e pode ser encontrada no álbum "Through The Morning, Through The Night ". Dizem até que Clark é melhor que Bob Dylan como letrista (sendo apontado como o Grande Poeta da América), mas não vou entrar nesse mérito. Quero usar Polly como gancho para falar de outra coisa. Se não fosse por Thomas Pappon eu não teria conhecido essa canção. Ele a regravou brilhantemente no CD "Eurosambas", de seu projeto musical chamado The Gilbertos. Thomas, conscientemente ou não, prestou um belo serviço a muita gente, pegando uma música de 1969, escrita por um compositor bacana, e trazendo para os dias de hoje. Essa seria a função primordial dos "covers", mas esse espírito se perdeu, principalmente na MPB. Um exemplo vivo é o de Gal Costa, que regravou em seu mais recente CD uma música dos Titãs lançada no ano passado: "Epitáfio" (aquela mesma do "devia ter amado mais.."). Das duas, uma: é preguiça de procurar ou então é aquela velha síndrome de apostar naquilo que já é conhecido, para não "assutar" o público.

quinta-feira, dezembro 19, 2002

Alô você que me disse não estar acessando minha estação na Usina do Som. Descobri o que houve. Para ouvir as estações pessoais e desfrutar de outros serviços do site, as pessoas devem se cadastrar antes. Fazendo isso, você conseguirá ouvir a minha seleção pessoal, chamada de rádio Onzenet.

O Folhateen e a Folha On Line querem saber quais os melhores CDs nacionais e internacionais de 2002. O voto pode ser feito no próprio site, e o resultado sai no dia 13 de janeiro, no suplemento da Folha de S. Paulo. Entre os lançamentos nacionais, eu votei em "Amanhã é Tarde", do Fellini. Ainda não escolhi o melhor disco internacional. Se duvidar, acho que nem voto, mas aceito sugestões.

Quer conhecer o blog mais fru-fru da Internet? Então, vá ao Demi's Blog

segunda-feira, dezembro 16, 2002

Atenção para os blogs novos incluidos na lista aí do lado esquerdo da tela: A Ostra e o Vento, da Ana Lira, colaboradora do site Rabisco, bem literário, por sinal, e o Page, da brasiliense Lívia Caldas.

E por falar em revistas que param de circular, atenção para o comunicado abaixo:

Caros Players:
A Conrad parou de publicar a revista Play.
Dá dó mas não tinha outro jeito.
A Play era um investimento de longo prazo. Nunca deu dinheiro. Mas 2002 foi um ano em que tudo ficou no curto prazo. 2003 promete o mesmo.
E pra fechar a tampa o custo industrial de fazer uma revista (papel + impressão) subiu 36% esse ano (até agora). Ou seja, daqui para a frente o buraco ia virar abismo.
Sinto muito.
Bom, mas se a Play fosse indispensável, os leitores topariam pagar R$ 10.00 por ela. E se muitos leitores fizessem isso íamos conseguir vender 30 anúncios a R$ 10.000 cada, certo?
É. Sim. Taí a Playboy que custa R$ 9.90, tá cheia de anúncio caro e vende como se fosse a rabeta da Kelly Key.
Mas o ponto é que a Play sempre foi idiossincrática. Não era clone de nada, nem gringo nem brazuco. Era inesperada, esquisita, cheia de besteiras, de erros estúpidos, mas de acertos surpreendentes e abordagens únicas. Era num certo sentido um webzine feito revista.
O que faz todo sentido. Porque cada vez mais o lugar do risco, da ousadia, da idiossincrasia é a internet. O mundo das revistas no Brasil está cada vez mais como o mundo dos iogurtes, dos refrigerantes, das commodities. Ninguém espera que um iogurte seja ousado. Espera que ele seja exatamente igual ao que você comeu a semana passada, mesma consistência, embalagem, quantidade de calorias.
A Conrad, inevitavelmente, vai continuar tentando fazer algumas coisas de maneira mais arriscada e atravessada. Não tudo. Algumas coisas.
Pois agora a Play vai ser um webzine mesmo. Acho que melhor que antes. Estréia ainda em dezembro. Temos vários planos para o site Play para o ano que vem. Estamos inclusive pensando em produtos especiais Play. Aliás tenho certeza que um dia vamos acabar lançando uma outra revista chamada Play, o título é muito bom...
Saludos amigos

André


O André que assina esse comunicado é o Forastieri, proprietário da Editora Conrad.
Menos mal que o site vai continuar existindo.
Taí uma grande lição para quem está no mercado de revistas. O público leitor da Play foi tratado com diginidade, sendo informado dos problemas que causaram a extinção do título.

O lance é o seguinte: a Frente acabou depois de apenas três edições. A informação básica é essa. Detalhes dos motivos que levaram a essa decisão de acabar com a publicação ainda não são conhecidos. Pode até ser que esse fim não seja definitvo. Talvez ela volte por uma outra editora, talvez não. Vale lembrar que a Frente era resultado de uma parceiria entre as editoras REM, de propriedade dos jornalistas Ricardo Alexandre, Emerson Gasperin e Marcelo Ferla, e a Ágata, que publica a DJ World. Se a revista foi lançada com toda pompa, circunstância e barulho no primeiro semestre do ano, nenhum comunicado foi distribuido desta vez para explicar o que houve de verdade. Para piorar, a home page oficial está desatualizada. Os leitores merecem uma satisfação, principalmente aqueles que tentaram achar a Frente nas bancas de outras partes do país e ficaram a ver navios (sabia mais lendo aqui).


quinta-feira, dezembro 12, 2002

As circunstâncias da morte de Mary Hansen, do Stereolab, me fizeram lembrar de outra personalidade da música pop que também perdeu a vida andando de bicicleta: Nico, que cantou algumas músicas no primeiro álbum do Velvet Underground. Aconteceu em 1988, porém, eu pelo menos nunca soube realmente o que houve de fato. Na época, li em alguns lugares que ela teria morrido após perder o equilibrio, cair e bater a cabeça no chão. Outros jornais publicaram uma versão diferente, a de que ela teve um derrame cerebral enquanto pedalava. A única coisa em comum nas duas histórias é a bicicleta.

Um pouco de música para relaxar é bom, não? Então convido todos a ouvirem a minha estação pessoal na Usina do Som. Procure por Onzenet e você terá uma amostra do tipo de sons que eu gosto. Enquanto eu escrevo esta nota, tá rolando "Asking For It", do Hole. Pena que a história recente de Courtney Love a partir de seu casamento com Kurt Cobain ofusque bastante o trabalho de sua ex-banda. Se a grande maioria se esquecer quem é Courtney e se concentrar apenas no som vai encontrar grandes méritos. O primeiro álbum, "Live Trough This", é simplesmente sensacional, mas injustiçado devido ao que Courtney representa fora da música.
Por falar nela, lembrei de uma entrevista concedida peloKid Vinil à Rádio Onze, isso em 1995. Ele foi visitar nossos estúdios com a intenção de divulgar o CD "Xu-pa-ki", que lançou usando o nome de Verminose (hoje ele voltou a trabalhar com a marca Magazine). Foi uma verdadeira sabatina, vários programadores da emissora participaram fazendo perguntas. Papo vai, papo vem e ele falou um pouco de CL:
"Eu entrevistei certa vez o Jack Endino, que esteve produzindo o disco dos Titas. É um cara supersimples. Eu peguei o compacto do Hole que ele produziu e pedi que falasse um pouco dela. Ele se recusou a falar. Endino acha que ela é responsável por uma série de coisas, é uma mulher complicada como pessoa. Agora artisticamente eu acho legal, embora o Jack Endino tenha dito que todas as músicas dela se parecem com "Smeels Like Teen Spirt", do Nirvana, o que eu discordo. Ela pegou um pouco daquela postura do Kurt Cobain. Se ela se aproveitou de uma série de coisas, o fato de ter se casado com ele, isso eu acho relativo. Qualquer pessoa no lugar dela faria o mesmo. Oportunismo ou não, ela está fazendo um trabalho legal".

terça-feira, dezembro 10, 2002

Ainda sobre a discussão sobre a violência urbana, vale ler o post do blogueiro Nemo Non . E ele está coberto de razão no que diz.

sábado, dezembro 07, 2002

Fui assaltado duas vezes na vida. A primeira foi em 1990. Eu estava na esquina da Al. Barão de Limeira com a Duque de Caxias (aqui em São Paulo) esperando o sinal fechar, isso lá pelas onze da noite. Dois adolescentes bem vestidos, diga-se de passagem, me surpreenderam e anunciaram o assalto. É claro que eles foram direto na minha carteira, mas não deram sorte, pois naquele dia eu estava sem dinheiro. Bem, alguma coisa a dupla tinha que levar, então fiquei sem um guarda-chuva velho e uma jaqueta que tinha acabado de comprar e ainda estava pagando num crediário. No mais, não sofri nenhuma violência físice e ficou apenas o susto.
A segunda vez aconteceu nesse sábado. Eu estava na Praça Princesa Isabel esperando o ônibus que me levaria para casa após mais um dia normal de trabalho. Chovia naquele momento e decidi me proteger ficando embaixo de uma marquise do outro lado da rua, bem próximo. Veio do meu lado um garoto com um carrinho no qual ele vendia picolés com o mesmo intuito. Pouco depois, chega mais uma pessoa. Era um rapaz de bermuda, camiseta regata e com um dos pés de chinelo na mão. Ele perguntou se eu tinha uma tesoura. Respondi que não. Então ele veio com aquela velha história: queria saber se eu tinha cinquenta centavos para dar a ele. Minha resposta foi negativa. O rapaz pediu para ver minha carteira e a partir daí, deu para perceber o que ele realmente queria. O garoto do carrinho de picolés, percebendo o que estava acontecendo, deu no pé. Coube a mim a tarefa de me virar com o cara que primeiro queria uma tesoura e depois cinquenta centavos. Agora já posso chama-lo de marginal. Na sequencia ele colocou a mão no meu bolso querendo a carteira. Esbocei uma pequena reação, pois percebi que ele não estava armado. Tentei impedir que ele levasse o que desejava, mas minha calça acabou rasgando no bolso e facilitou a sua intenção. Houve um esboço de perseguição. Corri o mais que pude, mas sabe quando uma coisa te faz parar? Desisti. Sabe lá Deus o que poderia acontecer se eu conseguisse alcançar o ladrão.
Levei um pequeno prejuízo, é verdade. Fiquei sem meu crachá de acesso da empresa onde trabalho atualmente. Meu cartão-lanche já era também. Quanto aos documentos, nem me preocupo, pois sempre andei com cópias autenticadas deles (alías, recomendo que todos façam o mesmo; nunca se sabe o que pode acontecer). Tinha algum dinheiro e uns passes de ônibus, mas isso não significa muito. O que mais me indgina nesse caso é a omissão das pessoas. No ponto do ônibus, que estava bem próximo de onde tudo aconteceu, tinha um casal. Eles viram o que se passou e nenhum deles ao menos gritou um básico: "pega ladrão". O que dizer então do garoto do carrinho de sorvetes?
Perto de onde fica esse ponto de ônibus tem uma igreja Batista e com alguns seguranças que ficam olhando os veículos dos fiéis que vão assitir aos cultos. Custava alguém ter avisado? Depois de que eu desisti da perseguição, voltei lá para o ponto e esculachei o casal. Desejei de coração que eles nunca fossem assaltados ao esperar o ônibus e agradeci pela omissão. Peguei mais pesado com o vendedor de sorvetes. Na hora da raiva disse que ele era comparsa do sujeito que tinha me roubado, mas creio que não tinha nada a ver com a história. Deveria ser um trabalhdor como eu.
Enfim, é nessas horas que a gente percebe a solidariedade humana (e principalmente, a falta da mesma). Depois do esculacho o casal foi embora. Os vi fazendo uma ligação num orelhão e tomaram o rumo da Av. Rio Branco. Não dirigiram uma palavra a mim, nem mesmo quando dei a bronca neles. Sei lá, que dissessem que eu estava errado, que eu era um zé mané, que eu era um louco ou ao menos para dizer um "isso acontece". Em vez disso, o silêncio. Na primeira vez que eu fui assaltado, há doze anos, aconteceu algo parecido. Voltei para o lugar onde eu trabalhava na ocasião e fui pedir ajuda a um dos seguranças. O infeliz disse que não podia fazer nada. Chamei uma viatura da polícia e rondamos a região para ver se eu achava os meliantes adolescentes, mas sem sucesso, devo ter perdido tempo procurando ajuda no meu local de trabalho. Dessa vez, não fiz nada. Apenas fiquei curtindo a minha indgnação até que o ônibus chegasse. A cobradora e o motorista foram legais e me deixaram entrar sem pagar.
Acho que o problema todo nem é a violência urbana, mas é o fato de que você está sozinho lutando contra ela. Nenhuma viva alma procura te ajudar numa situação de risco, mesmo que numa distância segura. É a lei do cada um por si. É aquela sensação: "ainda bem que não foi comigo". Quando eu era moleque, minha avó me levava para brincar na Praça Princesa Isabel. É triste ver que hoje não se pode esperar um misero ónibus com tranquilidade. Se eu fosse o Afanásio Jazadi começaria aqui com um discurso anti-governo estadual, anti-polícia, mas quem tem um pouco mais de inteligência sabe que essas instituições fazem o que podem e não são apenas elas as responsáveis pela segurança do cidadão. O buraco é muito mais embaixo e ele passa pela educação, pela empregabilidade, etc. O que não pode é esse estado de letargia, com as pessoas se acostumando a assitir assaltos embaixo de seu nariz como se estivessem vendo um filme na televisão. Todos falam em mudança daqui, mudança dali, mas não basta mudar apenas trocar de presidente da República e a mentalidade continuar como esta. Vamos colocar a mão na consciência, pessoal.

Quer uma dica legal de leitura para o seu final de semana (e o começo da outra também)? Já está no ar a minha participação na Coluna Vertebral, do site da Rádio Brasil 2000 FM. Para quem ainda não sabe, são vários colunistas se revezando. Nessa semana, chegou a minha vez e escrevi um texto sobre o uso do rock nos comerciais de televisão. Fiz um pequeno histórico que vai desde os comerciais dos cigarros Hollywood, na década de 80, até o recente comercial da Credicard, que usou como protagonistas a modelo Gisele Bündchen e o ator Rodrigo Santoro e a música "I'm Free", mas baseada naquela cover que o Soup Dragons fez para o original dos Stones. Na verdade, não foi usado o fonograma original (e no texto eu explico isso com mais detalhes). Para quem desejar dar uma olhada, é só clicar no link da Coluna Vertebral que está aqui.

sexta-feira, dezembro 06, 2002

Luiz Inácio Lula da Silva deve divulgar nos próximos dias sua equipe de trabalho para seu mandato como presidente da República. Um nome é mais do que certo: é o do jornalista André Singer, ocupando, ao que tudo indica, o posto de porta-voz. Ele, aliás, já vem desempenhando esse papel desde a campanha eleitoral até esse período antes da posse. Será uma grande surpresa se seu nome for preterido.
Singer é professor de ciências sociais da USP. Foi editor de política e secretário de redação da Folha de S. Paulo. Depois de deixar o jornal, ocupou o posto de diretor de relações internacionais do PT. Dirigiu a revista Superinteressante, na Abril, até voltar para a Folha, como repórter especial. Saiu novamente para trabalhar na campanha de Lula.
Poucos sabem, mas foi André Singer quem revelou ao grande público os plágios praticados por Pepe Escobar em seus textos. No começo da década de 80, ainda na Folha, Pepe publicou com sua assinatura uma série de artigos sobre os Beatles, mas copiando trechos inteiros de parágrafos de matérias que já haviam saido na imprensa européia, sem dar o crédito devido. Singer, um estudioso sobre o trabalho da banda e fã, desconfiou das semelhanças dos textos, descobriu o plágio que tratou de denunciar nas páginas do jornal. A partir de então, se seguiu uma troca de artigos com Pepe Escobar tentando se defender, tarefa na qual não obteve sucesso. Esse incidente, porém, não trouxe maiores prejuízos para a carreira de Escobar, que até hoje frequenta as páginas dos grandes veículos de nossa imprensa, trocando a crítica musical pela política internacional.

quinta-feira, dezembro 05, 2002

Estava para fazer esse registro há algum tempo: o Onzenet foi escolhido como Blog da Semana (entre 26/11 a 02/12) pelo diretório Blog-se. Você que é blogueiro ainda não cadastrou o seu?

Há algum tempo eu anunciei aqui que a MTV iria exibir no Lado B uma entrevista com o Fellini. Fiquei sabendo bem depois que o programa acabou não indo ao ar nos dias previamente marcados. O Rodrigo Lariú, dono do selo mmrecords, anunciou as novas datas. Será neste domingo, 08/12, a partir das 20H30, com uma reprise de sexta para sábado, a 01H30. Se dessa vez o programa não for exibido, a culpa não é minha nem de Lariú. Reclamações diretamente com a MTV.
O esquema é simples: uma entrevista com Thomas Pappon e Cadão Volpato. De bônus, eles tocarão algumas músicas. É uma oportunidade imperdível, uma vez que o Fellini nunca foi uma banda de aparecer muito na tv. São poucos os registros em vídeo. Um deles é um clip de "Burros e Oceanos", do "Fellini Só Vive Duas Vezes", cuja realização foi da Olhar Eletrônico, a mesma produtora independente que revelou para a tv e o cinema nomes como Marcelo Tas, Sandra Annemberg e Fernando Meirelles. O problema é que ninguém sabe onde foi parar as suas cópias. Sobre esse clip, o Cadão me contou um "causo" interessante e curioso naquela entrevista histórica que eu publiquei na página da Rádio Onze e pode ser lida aqui. Esse depoimento de Cadão já tem uns seis anos e foi ponto de partida para um especial que eu produzi sobra o Fellini para a emissora. Eu enchi uma fita cassete de 90 minutos só com Cadão falando sobre a história do grupo. Como ficou muita coisa de fora, decidi editar essa versão em texto. Se ensta entrevista não contribuiu um pouco para a volta do Fellini, acho que ela foi a principal responsável por trazer o Fellini de volta à mídia, afinal, eles estavam praticamente esquecidos. O bacana é que até hoje recebo mails com elogios de pessoas que eram fãs de primeira hora nos anos 80. E sei de muito jornalista que usou várias das declarações de Cadão como base para outras entrevistas posteriores. Alguns, pelo menos assumiram que fizeram isso. Nem preciso falar dos outros...

terça-feira, dezembro 03, 2002

Revisei o post aí de baixo e fiz alguns pequenos consertos.

Um dos grandes mistérios da humanidade aconteceu no dia 30 de junho de 1998. A data marcava a decisão da Copa do Mundo disputada naquele ano, na França. O protagonista é o jogador Ronaldo. Horas antes da partida entre Brasil x França, ele sofreu um problema de saúde. Passou mal no quarto da concentração, assustando a todos os seus colegas de seleção. Existe muita especulação sobre a relação desse acontecimento com o resultado final do jogo, mas o fato é que perdemos por 3 a 0 e acabmos com o vice-campeonato. Desde então, um enorme ponto de interrogação passou a fazer parte da história de nosso futebol. O que teria acontecido a Ronaldo? A versão oficial fala em convulsão, mas ninguém sabe explicar o que teria a ocasionado. Uma nova biografia sobre Ronaldo traz ao público uma nova versão. Segundo o escritor Jorge Caldeira, conhecido no meio jornalistico como Cafu, e autor do recém-lançado livro "Ronaldo - Glória e Drama do Futebol Globalizado", o jogador teve um disturbio típico do sono, a parassonia. Ronaldo, na verdade, teria pego no sono e apresentou caracteristicas tais como se mexer muito, abrir os olhos, falar coisas desconexas e escutar sons. Caldeira chegou a essa conclusão a partir da informação de que o jogador apresentava sinais de sonambulismo na infância. Para chegar a essa conclusão, ele conversou com vários especialistas. Não é uma versão absurda, porém é apenas mais uma do que realmente aconteceu naquele dia. Muitas outras versões surgiram desde então. Já se disse e escreveu que Ronaldo teve uma convulsão típica de jogadores de video-game, um de seus passatempos preferidos na concentração. Outra, dá conta de que seu problema neurológico teve a ver com as injeções de morfina aplicadas em seu joelho para diminuir os efeitos de uma dor crônica. O médico Lídio Toledo, integrante da comissão técnica, que o atendeu naquele dia, atribuiu a convulsão ao estresse. O mais curioso é que nenhuma das versões converge e isso dá margem a muito mais duvidas e especulações.
Não se trata de questionar aqui o trabalho de Caldeira. Sua informação é um importante dado a mais acerca do problema de saúde que vitmou Ronaldo. E o livro não se detém apenas nesse assunto. Longe de ser uma biografia do tipo "oba-oba", a obra ainda analisa os bastidores do futebol brasileiro e seus problemas crônicos.
"Ronaldo - Glória e Drama do Futebol Globalizado" entra para a lista de livros bacanas lançados nesse final de ano. Custa R$ 34, um pouco abaixo da média dos outros já citados aqui nesse blog, ainda assim pouco convidativo para pessoas que curtem o hábito da leitura, mas tem que concentrar seu orçamento para outras prioridades. Como trata-se de um lançamento do jornal esportivo LANCE!, há uma esperança de que num futuro próximo o livro possa entrar em alguma promoção.

sábado, novembro 30, 2002

A quarta edição da revista Zero já está nas bancas. A capa é com o Sepultura e esse número mantém o mesmo nível dos anteriores. Só vejo um pequeno problema no que diz respeito aos personagens escolhidos para o entrevistão. Os editores poderiam escolher personalidades menos óbvias para participar da seção. Nesse mês, o entrevistado é Lobão, que solta o verbo contra tudo e todos. Porem, ele é o tipo do cara que atualmente concede declarações previsiveis demais. Antes de ler o papo, já imaginava que iria sobrar algo para Caetano Veloso e até mesmo para Herbert Vianna. Não deu outra. Pena que não lhe perguntaram (ou se fizeram isso, na hora da edição final não entrou) sobre seu envolvimento com o movimento de rádios livres no Brasil. Seria interessante atualizar a opinião de Lobão a respeito desse assunto, três anos após ter abraçado a causa (embora muita gente o acuse de oportunismo, mas sobre isso eu falo melhor em outra ocasião).
A Zero já tinha corrido esse mesmo risco ao procurar Renato Rocha, ex-baixista da Legião Urbana. Tava meio na cara que ele iria detonar seus ex-companheiros de banda, coisa que tem feito sempre que ligam um gravador à sua frente. Com Lobão, esse efeito de previsibilidade se repetiu. Tomara que não aconteça nas próximas edições.

Oba, é bom abrir o seu jornal on-line preferido e ler boas notícias. A volta do Metrô, uma banda legal dos anos 80, é certamente é a melhor desse fim de ano. Quem é trintão deve ter curtido muito a voz de Virginie, uma franco-brasileira afinadissima. Os músicos não ficavam atrás e dessa combinação tivemos uma dos poucos conjuntos a fazer uma mistureba eletrônica bem bacana, com ecos de pop e rock progressivo. Se não estou enganado, eles lançaram apenas um disco, mas com pelo menos uns cinco ou seis hits: "Olhar", "Beat Acelerado", "Cenas Obscenas", "Johnny Love", "Sândalo de Dândi", "Ti-Ti-Ti" e mais uma outra que me foge da memória. Para o público, tudo corria as mil maravilhas, mas internamente as coisas não andavam bem. Todos na banda não estavam satisfeitos em produzir um "pop-juvenil", queriam fazer algo, digamos mais "sério". Quem tem alguma dúvida disso, é só procurar ouvir o álbum chamado "Déjá-vu", que lançaram após quase 15 anos, que pega mais pelo lado da bossa-nova e da MPB.
É uma pena que eles reneguem um pouco o passado. Apesar de fazerem uma tipo de música voltado para o consumo popular, o trabalho tinha uma alta qualidade. É uma velha distorção que existe entre muita gente entre público, artistas e imprensa: a de achar que pop é pecado, o que não é verdade. É possível fazer canções de consumo popular com qualidade.
"Déjá-vu" traz regravações de "Beat Acelerado", "Sândalo de Dândi" e "Johnny Love". Pedro Alexandre Sanches, crítico da Folha de S. Paulo diz que são versões definitivas. Sei não. Acho que aquele primeiro álbum lá de quinze anos atrás deveria ser relançado para o confronto direto. Mas é bom saber que o Metrô voltou a circular. Sejam bem-vindos de volta.

quarta-feira, novembro 27, 2002

Ainda sobre o papo dos livros (que rendeu bastante nos comentários), lembrei de um fato curioso. A jornalista Érika Palomino lançou há alguns anos um livro-reportagem sobre a cena clubber brasileira. Seu título é "Babado Forte". Editado pela Mandarin, em fevereiro de 2002, seu preço na época foi fixado em R$ 29. Outro dia, passeando pelo centro de São Paulo, achei alguns de seus exemplares numa livraria (reparem nesse detalhe, não é sebo) por uma pechincha: menos de R$ 5,00, só não lembro exatamente se por R$ 4,50 ou R$ 4,90. Alguns vão pensar maldosamente: "é encalhe, só pode ser". Sim, mas o que importa no caso é que o livro tá saindo por um preço muito mais em conta do que há quase dois anos de seu lançamento. É uma prova de que dá para vender livro por um preço acessível ao leitor. Como bem escreveu Bruno Privatti: "tem algo estranho aí..."

segunda-feira, novembro 25, 2002

Uau, quantos livros bacanas estão sendo lançados neste fim de ano. Tem para todos os gostos. Quem gosta de música pode escolher entre Dias de Lua, uma radiografia do rock brasileiro feita pelo jornalista Ricardo Alexandre e a recém-lançada biografia dos Titãs, que já começa com uma polêmica. Na capa, foi colocada uma foto que traz apenas os atuais integrantes da banda, deixando de lado Arnaldo Antunes, Marcelo Frommer e Nando Reis, embora estres sejam muitos citados no texto. O problema é que a história do Titãs não se resume apenas aos cinco integrantes que permaneceram. Picuinhas à parte, o livro é um belo presente aos fãs. Na área futebolistica, é possível destacar o relançamento da história do Corinthians escrita por Juca Kfouri, com informações atualizadas dos últimos campeonatos conquistados pela equipe. E dois livros fundamentais para o entendimento de fatos recentes da História do Brasil escritos por Élio Gaspari também estão sendo lançados: A Ditadura Escancarada e A Ditadura Envergonhada. São livros, enfim, cuja leitura promete de tudo um pouco: entretenimento, informação e reflexão. O grande empecilho é o preço médio de cada um. Todos estão custando por volta de R$ 40, excetuando o livro de Kfouri que vale o dobro, até porque é uma edição de luxo. A soma total dos livros citados chega na casa dos R$ 240. É quase um salário mínimo. Ao constatar isso, surge aquela velha questão: por que as edições de bolso não vingaram aqui? Seria uma opção muito mais em conta para o bolso do pobre consumidor que deseja investir no seu enriquecimento cultural. Posso parecer um tanto ingênuo, mas creio que o alto preço é o que impede o brasileiro de ler mais e melhor.

domingo, novembro 24, 2002

Como já está virando rotina, uma letra de música para esse domingão:

I turn my back to the wind
To catch my breath,
Before I start off again
Driven on,
Without a moment to spend
To pass an evening
With a drink and a friend

I let my skin get too thin
I'd like to pause,
No matter what I pretend
Like some pilgrim --
Who learns to transcend --
Learns to live
As if each step was the end

Time stand still --
I'm not looking back
But I want to look around me now
See more of the people
And the places that surround me now

Freeze this moment
A little bit longer
Make each sensation
A little bit stronger
Experience slips away...

I turn my face to the sun
Close my eyes,
Let my defences down --
All those wounds
That I can't get unwound

I let my past go too fast
No time to pause --
If I could slow it all down
Like some captain,
Whose ship runs aground --
I can wait until the tide
Comes around

Make each impression
A little bit stronger
Freeze this motion
A little bit longer
The innocence slips away...

Summer's going fast --
Nights growing colder
Children growing up --
Old friends growing older
Experience slips away...

Adivinharam qual é? Não? Tá, vou dizer, é Time Stand Still, do Rush. Em algumas rodas de criticos musicais não pega muito bem dizer que se gosta dessa banda. Não entendo o porquê de tanta má vontade. De todas as bandas que tem influências do rock progressivo, o Rush talvez seja uma das mais palatáveis. Talvez o fato de eles colocarem um pé no pop, principalmente nos últimos anos, tenha ajudado a deixar de lado os excessos virtuositicos.
Essa música é de 1987 e tocou muito nas nossas rádios de rock à época de seu lançamento (não vou lembrar de qual álbum que é). Quinze anos depois, até agora não ouvi nenhuma faixa do novo CD que eles vieram promover por aqui. Engraçado isso, não?
A letra é bacana, fala de parar o tempo para vivermos um pouco mais os pequenos prazeres da vida e aproveitar o presente. Time Stand Still me remete a bons momentos da minha adolescência. E isso, nenhum crítico musical ou nenhuma tribo (como os Indies) podem roubar.

sábado, novembro 23, 2002

Boa notícia que pinta no sistema de comentários merece ser reproduzida aqui:

Caro Rodney,
Eu tenho uma boa notícia. Conquistei minha independência virtual! Ou seja lá o que for... Zé Pequeno manda avisar que Letradas.hpg é o caralho! Agora é www.letradas.com.br
Esperamos sua visita!
Até mais.

Ader Gotardo

quinta-feira, novembro 21, 2002

Depois de um pequenissimo recesso, estou de volta para atualizar o blog Onzenet.
A minha mamata de usar o serviço de banda larga apenas pela Telefonica terminiou e a de muita gente também. Desde a última terça, para acessar o serviço Speedy, agora é necessário digitar o endereço de e-mail e a senha num pop up que abre automaticamente ao iniciar o IE ou outro navegador qualquer. Isso foi por uma imposição dos provedores de acesso que oferecem esse tipo de serviço.
Durante muito tempo, muita gente contratou o serviço Speedy sem passar pelo provedor. Eu mesmo fiquei nessa por mais de um ano. Isso evitava o alto preço cobrado pelos UOLs, IGs e Terras da vida pelo acesso não-discado. Porém, nessa vida, tudo o que é bom dura pouco. Houve até uma tentativa de se reagir contra essa prática da assinatura casada. Um blog sobre o assunto até foi lançado na Internet, mas pelo jeito a luta foi deixada de lado, pois a úlitma atualização é de agosto. Agora, só resta aos usuários pagarem mais de 100 reais pelo acesso à banda larga. Metade desse valor vai para a Telefonica, a outra vai para os provedores de acesso. É mais uma má notícia para o bolso já quase furado do consumidor.

terça-feira, novembro 19, 2002

O Brasil continua a viver a sua sina de receber com bastante atraso shows de bandas já consagradas. A lista é extensa e talvez o nome mais emblemático é o dos Rolling Stones. Agora, o Rush aporta por aqui numa apresentação que deveria ter acontecido há uns quinze anos, aproximadamente. Porém, aquele velho deitado sempre sábio já dizia: antes tarde que nunca.
Mas, ao meu ver, esse não é o único senão envolvendo a apresentação da banda canadense por aqui. Mega-shows como esse atraem todo o tipo de público, desde fãs de carteirinha que são verdadeiras enciclopédias ambulantes até aqueles que "caem" nos estádios de pára-quedas, cujo conhecimento do repertório do Rush se limita apenas a duas ou três músicas como "Time Stand Still" e "Tom Saywer", isso porque ele ouve toda hora no rádio. É aí que o bicho pega, pois esse tipo de público costuma a ir em eventos como esse menos para curtir a música que qualquer outra coisa. Por exemplo, tem gente que vai para azarar as meninas, para fumar um baseado, para encher a cara de cerveja e até mesmo bater-papo. Faço até um desafio a quem vai ver o show em São Paulo: olhe para os lados no meio da apresentação e conte a quantidade de casais se beijando em pleno gramado do Morumbi. Se isso acontecer, não deixa de ser estranho, pois as músicas do Rush não são própriamente românticas.
Vale torcer para que a acustica esteja satisfatória (coisa rara), porque é um anti-climax esperar muito tempo para acompanhar uma performance como essa, enfrentar os já habituais congestionamentos do trânsito paulistano (a verdadeira Hora do Rush) e ainda não escutar nada.

Uma das versões do bom e velho Manual de Redação da Folha de S. Paulo dizia que jornal não é novela. Porém, o dia-a-dia do noticiário tem contariado essa diretriz. O que dizer do caso de Pedrinho, um bebê sequestrado há dezesseis anos e que hoje foi localizado pelos seus pais verdadeiros, num verdadeiro golde de sorte ocasionado pelo destino? Se a história se resumisse a isso, tudo bem. Teriamos um final feliz: um rapaz com duas famílias e muito amor para receber. Porém, e há sempre um porém nesse caso, um fato novo aparece a cada dia, dando contornos mais dramaticos à situação. Vilma Costa, a mãe adotiva, hoje é apontada pela polícia como a mulher que teria tomado Pedrinho de sua mãe biológica na maternidade. Pelo que eu vi no Jornal da Globo, ela teria sequestrado uma outra menina. Enfim, é uma história que nem mesmo nossa maior novelista, Janete Clair, poderia ter imaginado. Há de tudo, intrigas, mentiras, verdades, ódio entre pessoas do próprio sangue (o que poderia justificar as denúncias que partem da própria irmã de Vilma?) e, antes de mais nada, amor. Sim, apesar dos pesares, Pedrinho ama Vilma. Foi ela quem o criou nesse tempo todo e nem mesmo as acusações irão abalar os laços afetivos entre os dois. Pelo jeito, nem mesmo se for comprovada a culpa de Vilma, sua relação com Pedrinho mudará num primeiro momento. Afinal, como bem diz a sabedoria popular, mãe é aquela que cria mesmo. Os pais verdadeiros, vão ter que lutar muito não apenas para descobrir o que aconteceu naquela maternidade, mas para terem a confiança do filho. É um enredo e tanto para fazer frente a anódina "Esperança", exibida pela Globo.

segunda-feira, novembro 18, 2002

Blogs novos na lista aí do lado, o que me deixa cada vez mais contente. Nesta atualização, coloquei três de uma vez só: o lírico e sensível A Ostra e o Vento, da Ana Lira, uma das responsáveis pelo Rabisco, o blog da minha amiguinha Ket, o Bombastic Girl, como relato quase diário de sua vida como estudante intercambista na Cidade do México e o blog recém-nascido Rabiscos, que como seu próprio dono define, conta "A aventuras de um jornalista recém-formado, mas com dois anos de experiência, em busca de uma colocação profissional, neste mercado hostil onde o Q.I. [Quem Indica] é mais importante que qualquer capacidade ou experiência".

domingo, novembro 17, 2002

Enfim, na bola o Palmeiras caiu para a segunda divisão do campeonato brasileiro. Falam em virada de mesa ou não, mas isso só vai ser definido mesmo no ano que vem. Particularmente, acho que o Verdão deve voltar para a primeira divisão jogando futebol, nada de ragsar o regulamento. Resta saber se a minha humilde vontade será respeitada, assim como o bom-senso.
Há males que vem para bem, já dizia aquele velho deitado. Quem sabe esse fracasso da equipe possa gerar reflexos na forma como se adminstra o clube. O atual presidente, o senhor Mustafá Contursi provou que só é adminstrador na época das vacas gordas, quando a multinacional Parmalat patrocinou o Palmeiras. Contursi não se preparou para o período das vacas magras e os reflexos estão aí. Nada mais justo que ele dê espaço para outras lideranças políticas.
O Palmeiras grande das décadas de 70 e 90 é apenas uma lembrança na memória dos torcedores saudosos. A situação atual é de dar pena. O clube não forma jogadores, tem de busca-los no mercado e traz alguns de qualidade duvidosa. Diferente do que ocorre em clubes como São Paulo, Corinthians e Santos, que, coincidência ou não, estão na segunda fase do Brasileirão. Dizem que as condições do Centro de Treinamento não são satisfatórias. Essas e outras coisas só iriam dar no que deu. Era a crônica de uma tragédia anunciada.

Mais uma letra de música para compensar a falta de postagens por aqui. Essa veio da pena do genial Bob Dylan.

Well, the pressure's down, the boss ain't here,
He gone North, he ain't around,
They say that vanity got the best of him
But he sure left here after sundown.
By the way, that's a cute hat,
And that smile's so hard to resist
But what's a sweetheart like you doin' in a dump like this?

You know, I once knew a woman who looked like you,
She wanted a whole man, not just a half,
She used to call me sweet daddy when I was only a child,
You kind of remind me of her when you laugh.
In order to deal in this game, got to make the queen disappear,
It's done with a flick of the wrist.
What's a sweetheart like you doin' in a dump like this?

You know, a woman like you should be at home,
That's where you belong,
Watching out for someone who loves you true
Who would never do you wrong.
Just how much abuse will you be able to take?
Well, there's no way to tell by that first kiss.
What's a sweetheart like you doin' in a dump like this?

You know you can make a name for yourself,
You can hear them tires squeal,
You can be known as the most beautiful woman
Who ever crawled across cut glass to make a deal.

You know, news of you has come down the line
Even before ya came in the door.
They say in your father's house, there's many mansions
Each one of them got a fireproof floor.
Snap out of it, baby, people are jealous of you,
They smile to your face, but behind your back they hiss.
What's a sweetheart like you doin' in a dump like this?

Got to be an important person to be in here, honey,
Got to have done some evil deed,
Got to have your own harem when you come in the door,
Got to play your harp until your lips bleed.

They say that patriotism is the last refuge
To which a scoundrel clings.
Steal a little and they throw you in jail,
Steal a lot and they make you king.
There's only one step down from here, baby,
It's called the land of permanent bliss.
What's a sweetheart like you doin' in a dump like this?

Essa música se chama Sweetheart Like You e está no álbum Infidels, lançado em 1983. A conheci através do clipe que passava no Realce, programa exibido pela Gazeta. O Capivara, um de seus apresentadores era um boneco falante, um grande barato. Seu parceiro era o hoje produtor musical Mister Sam. Uma época bem bacana, sem dúvida alguma.
Sweetheart Like You nem está entre os grandes clássicos de Dylan, mas é um musicão e tanto.

sábado, novembro 16, 2002

Finalmente o blog Onzenet entrou na lista de links mais populares do Toplinks.

sexta-feira, novembro 15, 2002

Vistem o site não-oficial da banda Língua de Trapo, uma das mais representativas do chamado "rock engraçadinho" que apareceu ao mesmo tempo da explosão do rock nacional. Com mais de 20 anos de estrada, eles influenciaram um sem-número de outros grupos, entre os quais o que deu mais certo com toda a certeza foi o Mamonas Assassinas, sucesso de público na sua época até que um acidente abreviou a sua carreira. O Língua viveu seu grande momento em 1985, quando participou do Festival dos Festivais, da Rede Globo, com a impagável "Os Metaleiros Também Amam". Todos acharam que seria a decolagem para o sucesso, mas não foi o que aconteceu, por razões que um dia alguém há de explicar. No momento, a banda sobrevive fazendo shows em lugares como o Sesc Pompéia e a Sala Cecília Meirelles, da Funarte (SP). Laert Sarrumor é o único pop star que usa o transporte coletivo para se locomover. Com um pouco de sorte, você pode encontrá-lo em algum dos ônibus de São Paulo. O responsável pela página do Língua de Trapo (não-oficial, bem entendido) é meu chapa

Lendo as últimas notícias sobre o Prona, fico com a impressão de que o conceito de ordem contido na sigla do partido serve apenas para os outros e não para seus próprios filiados.

quarta-feira, novembro 13, 2002

Deu na Pensata (Folha On Line) de Lúcio Ribeiro:

O México deu um chapéu no Brasil e já tem sua edição nacional da "Rolling Stone".
A publicação, um eterno projeto que não sai da prancheta dos argentinos para as bancas brasileiras, ganhou nesta semana sua versão mexicana com uma tiragem de 120 mil exemplares.
Traz na capa o grupo local Jaguares e vem com duas entrevistas da "matriz" americana: Bruce Sprinsteen e o cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
* Quem sabe a "Rolling Stone" desencalacre seu projeto de dominação mundial e lance a edição brasileira de uma vez.


Certa vez, uma pessoa bem informada no meio me confidenciou algumas coisas sobre a Rolling Stone brasileira. Ela me disse que a Editora Conrad se interessou em lançar a versão nacional. Alguns de seus representantes procuraram a matriz para abrir negociações, mas mandaram negociar com os argentinos, que lançaram a edição local da revista. Isso fez com que a Conrad desistisse da negociação. A alegação foi mais ou menos a seguinte: "uma vez que negociamos os direitos dos mangás japoneses direto com quem tem os direitos, por que negociar com uma filial nesse caso?" Depois da desistência da Conrad, entrou na jogada o jornalista André Barcinski que não se importou em não falar diretamente com a matrz, mas pelo jeito a coisa embaçou de novo. E assim, o sonho de termos uma edição nacional da RS fica cada vez mais longe.

terça-feira, novembro 12, 2002

O fim do programa Garagem ainda dá o que falar. Vários posts de blogs e artigos de e-zines e revistas eletrônicas estão sendo dedicados ao assunto. Creio que ninguém iria imaginar a repercussão que o caso iria ter. Sei de gente que está planejando uma campanha de boicote à Rádio Brasil 2000 FM.
Esse episódio reforça uma tese minha que transformei em artigo há algum tempo. O rádio não é feito para nós, pobres ouvintes mortais, mas para o mercado (tanto faz que seja o publicitário ou o fonográfico).
Dentre os tantos textos que o fim do Garagem proporcionou, destaco aqui o que foi escrito pelo carinha que batizou de Ana Maria Broca a furadeira usada pelos apresentadores para furar os discos que eles achavam ruins (vou ficar devendo o nome dele por enquanto, ok?). Numa das fotos usada para ilustrar a reportagem, aquela que eles estão com o Ratinho, o Paulo Cesar Martin (o Paulão, apelido pelo qual é conhecido mesmo depois da lipo) ficou com a cara do Andre Abujamra, do Karnak...he he he. Eu já falei aqui da semelhança de André Barcinski com o misto de playboy e empresário Chiquinho Scarpa. Não é realmente uma dupla do barulho?

Este não é um blog "umbiguista"....errrr, quero dizer, não tanto quanto outros que existem por aí.

sábado, novembro 09, 2002

Dica de um blog divertido: Passaralho News Network que traz a inquietação bem-humorada dos funcionários de uma certa GrandeEmpresaNews.com, às voltas com as intermináveis listas com cortes de pessoal. Com um pouco de imaginação, dá para sacar quem é a tal grande empresa.

Saiba mais sobre o fim do Garagem lendo a coluna Pensata, da Folha On Line.
E o blog Rádio Base traz uma mensagem de Paulo Cesar Martin, um de seus apresentadores: "Muita coisa está sendo especulada à toa sobre o final do Garagem...Não tem nada de pressão de artistas da MPB, nem forças invisíveis" Então tá.
(Leia a íntegra da manifestação de Paulão no próprio blog).

sexta-feira, novembro 08, 2002

Fui comentar um post deste blog a respeito dos Smiths. Para quem não sabe, a história dessa importante banda vai ser contada atráves de um desenho animado, afinal daqui a alguns dias serão completados 20 anos do primeiro show deles, um marco importante.
Como eu dia dizendo, deixei um comentário a respeito do post. Achei que ficou bacana e decidi trazê-lo para cá. Acompanhem:
Eu fui um fã dos Smiths de primeira hora. Tinha uns 15 anos quando eles lançaram o The Queen is Dead e fui correndo compra-lo no Mappin que tinha perto da minha casa com meu primeiro salário que ganhei como office-boy. Naquela época eu me identificava e muito com aquele discurso meio loser do Morrissey, aquela coisa de amores que não dão certo, etc. Foi a trilha sonora na época certa. Hoje, aquelas músicas já não me dizem tanto. Valem mais como lembranças da adolescência. De qualquer forma, "Cemtry Gates" é a minha favorita, sei lá o porquê.


quinta-feira, novembro 07, 2002

O André Barcinski, em sua coluna no bol, fala um pouco mais sobre o fim do Garagem na Brasil 2000. É de intrigar o título "Garagem, descanse em paz".
Não há grandes detalhes sobre a motivação da emissora em tirar o programa do ar. "Semana passada, o chefe de programação da Rádio Brasil 2000 nos chamou para uma reunião e comunicou o fim do programa". Ainda no mesmo parágrafo, Barcinski sobe no muro, foge um pouco de suas carateristicas e acaba sendo um tanto político: "Não vou contar detalhes porque este é um assunto particular entre nós e a emissora, mas o fato é que o Garagem já não interessava mais à rádio". Ora, é claro que não é apenas mais um assunto particular. Trata-se da retirada do ar de um programa que, segundo informações dos próprios programadores, era a segunda maior audiência da casa. A atração tinha um público cativo que merece ser melhor informado sobre as circunstâncias que determinaram a sua saída da programação. Pelo modo como esse caso vem sendo tratado, fica no ar a impressão de que a coisa foi bem maior do que uma simples decisão de mudança na linha editorial, afinal, o Garagem mexia com vacas sagradas do jornalismo musical. Tomara que a versão mais próxima da verdade apareça um dia.

quarta-feira, novembro 06, 2002

Até tinha esquecido que eu tinha essa página com algumas entrevistas e artigos escritos em outras épocas.

O jornalista Ricardo Alexandre convida a todos para a festa de lançamento de seu livro, Dias de Luta no próximo dia 11 de novembro, a partir das 19h00 no Rock Bar Café. Segundo Alexandre, "planejamos uma mistura de noite de autógrafos com a oportunidade única de dançar ao som de delícias como “Mintchura” e “Como o Macaco Gosta de Banana” sem ser alvo de escárnio dos insensíveis". O livro, para quem ainda não sabe, refaz a trajetória do rock brasileiro a partir do começo da década de 80, uma verdadeira reportagem de fôlego. O Rock Bar Café fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 4531 (é no trecho novo, depois da Jucelino)

Não dá para desconhecer os méritos de Thee Butchers Orchestra ou Wry, por exemplo. Mas não se viram nos últimos quinze anos ninguém com cacife ou vocação para ser... os novos Mutantes... (não deu para resistir à piada. Mas e se não fosse uma piada? É por isso que é sintomática - e não mais que sintomática - a guinada lingüística dos ex-Maybees).
Esse é Alex Antunes provando que seus textos ainda não perderam o fio de corte. O trecho acima faz parte de uma análise sensacional sobre "underground, mainstream, traição e outros babados". É um texto de tirar o fôlego que faz parte do B*Scene, mais uma revista eletrônica sobre cultura pop que chega para somar a tantas outras de qualidade que estão na Internet. Outras coisas bacanas de se ler nesta primeira edição: uma radiografia sobre o pop japonês, geral nos festivais de música brasileiros e um perfil de Dalton Trevisan.

terça-feira, novembro 05, 2002

Grandes mudanças no misto de portal e provedor de acesso Universo On Line (UOL). O jornalista Caio Túlio Costa deixou a direção-geral da empresa e vai se dedicar a novos projetos, que ainda não se sabe quais são.
O currículo de Caio Túlio Costa é invejavel. Só na Folha de S. Paulo, onde passou a maior parte de sua carreira, foi editor da Ilustrada, secretário de redação, correspondente em Paris, diretor de revistas e o primeiro ombudsman do jornal. Muitos leitores devem se lembrar de sua polêmica com Paulo Francis, em 1989. O motivo foi o teor de um artigo de Francis analisando uma possível vitória de Lula na eleição presidencial daquele ano. Entre outras coisas, ele escrever que se o hoje presidente eleito vencesse naquela época, o Brasil viriaria um Sudão. Caio Túlio, ocupando o cargo de ombudsman, escreveu um artigo sobre isso. A discusssão que se seguiu depois nas páginas do jornal certamente deixou muita gente envergonhada.
Lembro de uma entrevista concedida por Caio Túlio dizendo que envelheceu cinquenta anos em cinco (entre 1982 e 1987), quando ocupou o cargo de secretário de redação da Folha. No UOL desde a sua fundação, em 1996, ele deve ter envelhecido mais sessenta anos enfrentando o mercado inconstante das empresas ponto com.

Pois é, se o meu texto sobre o Drugstore foi para o arquivo do site da Rádio Brasil 2000 FM, o Garagem, que era veículado toda segunda-feira foi para o saco. Apresentado por André Barcinski, Álvaro Pereira Jr. e Paulo Cesar Martin, o programa estava na grade de programação da emissora desde agosto de 1999. Durante a última audição, que aconteceu no último dia 4, a explicação dada foi que a rádio estava mudando a linha editorial e não havia espaço para o Garagem. Essa é a versão oficial, mas é claro que deve ter rolado alguma treta até pelo modo como o trio se portou no ar, com as já tradicionais ironias levadas às últimas consquencias. (os caras tiveram a manha de ligar no telefone da produtora do Carlinhos Brown para passar um trote). O que houve, de fato, vai aparecer em breve.
Em entrevista ao site Manivela, Paulo Cesar Martin falou, entre outras coisas, sobre a recente mudança de horário: "O programa começou a dar um retorno grande para rádio, tanto que hoje o programa é das dez à meia noite. Não porque todo mundo é bonzinho. Deu audiência. Dos programa da rádio só perde pro Na Geral (programa dedicado a esportes), em termos de audiência. O programa acabou abrangendo outro tipo de público que não só o segmento de rock alternativo. Tem gente que escuta o programa só para ouvir entrevista, para ouvir as bobagens que a gente fala". Mesmo com a boa receptividade, a nova direção da Brasil 2000 não ficou sensibilizada em manter a atração no ar. O Garagem era um dos últimos remanescentes da época em que Roberto Maia esteve no comando da Brasil 2000.
Numa entrevista concedida a este escriba, falando sobre o programa, Maia disse: "eu acho que eles são necessários, saudáveis e engraçados. Eu gostava mais de ouvir o falatório deles em vez das músicas que tocavam no programa".
O futuro do programa ainda é incerto. Difícil dizer se ainda há espaço para toda a sua irrevrência nesse terreno não muito caracterizado pela ousadia que são as nossas FMs. O grande mérito foi ter sobrevivido tanto tempo, quase três anos, mexendo com personalidades e temas caros à nossa indústria musical e a própria sobrevivência das rádios.

segunda-feira, novembro 04, 2002

A Coluna Vertebral, do site da Rádio Brasil 2000 já fui atualizada. O meu texto sobre o Drugstore continua no ar, mas agora ele foi para o arquivo.
Eu fiz duas entrevistas que estão prestes a ser publicadas no Ruídos. Só tou esperando o Fábio Carbone deixar a preguiça de lado e atualizar o site. Se você quiser saber quem são as personalidades entrevistadas por mim, entra lá e escreve um mail para o Fábio cobrando...he he he

sábado, novembro 02, 2002

Já falei aqui sobre a revista eletrônica Rabisco. Pois é, ela vai para sua sexta edição e digo que merece ser acompanhada com mais atenção. Os textos são agradáveis, nada afetados, com visões bastante interessantes sobre a cultura pop, além de outras coisas muito bacanas. Um de meus destaques é uma reportagem sobre o Mesa Redonda. Sim, aquele programa de debates futebolisticos dos domingos à noite na TV Gazeta que é cult para alguns e aborrecido para outros. Mas, concordando com o lead do texto, é um programa que até mesmo quem não gosta de futebol deve ver por causa da dialética dos apresentadores Roberto Avallone e Chico Lang. Eu confesso que nem gostava muito da Mesa, devido ao excesso de merchandising que interrompia os debates. Era comum ver Avallone interrompendo convidados do porte de um Telê Santana para fazer um testemunhal qualquer. De uns tempos para cá, ao que parece, disciplinaram um pouco as intervenções comerciais e o programa ficou mais agradável de se assitir.
O texto fala um pouco da característica de Roberto Avallone em permear suas falas com sinais gráficos. Sempre que faz uma pergunta, o jornalista faz questão de de completar a frase com um "interrogação", entre outros maneirismos do tipo. Para o Rabisco, ele diz que é "uma herança dos meus tempos de jornalista de meios impressos, quando tudo tinha que ficar bem claro". Porém, o antigo colunista social Ibrahim Sued já fazia algo semelhante quando teve um espaço na TV Globo, nos idos dos anos 70, usando os "dois pontos" na tv. Mas não é o caso de plágio até porque Avallone foi bem mais longe que Sued no uso de "interrogações", "vírgulas" e "dois pontos". Trata-se daquilo que os críticos musicais gostam de chamar de influência.
Mas o Rabisco não tem só a Mesa Redonda. Há textos sobre Almodóvar, Rolling Stones e Carlos Drummond de Andrade, que completaria 100 anos se estivesse vivo. Recomendo a leitura.

sexta-feira, novembro 01, 2002

Minha amguinha querida Ket está de blog novo. Tem sido bacana acompanhar o seu dia-a-dia como estudante intercambista na Cidade do México. Ela já vinha fazendo isso no seu Suicide Blond . Por motivos estratégicos (he he he), ela foi obrigada a mudar de endereço, mas sua vida mexicana continua sendo dividida com todos aqueles que se dispõem a ler sobre ela.

quinta-feira, outubro 31, 2002

Oba, o post abaixo sobre o PSTU rendeu comentários bem distintos, isso é bacana. Porém, quero me deter um pouco sobre o que a Mimi escreveu. Não vou entrar no mérito se o partido é fracassado ou não, até porque essa é uma outra análise que deve ser feita com um bom embasamento. Eu penso que o PSTU está certo ao não se coligar com outros partidos de esquerda, entre eles o PT, pelo menos nesse momento. O PSTU tem que, primeiramente, marcar presença junto ao eleitorado e isso só se consegue sozinho e não apenas sendo mais um partido dentro de uma coligação. Depois, porque há o risco de que o partido vire um PC do B da vida, que sobrevive apenas graças as composições históricas que faz com o PT. Queria ver como seria o seu desempenho, se não fosse possível ao partido compor chapa, fato que tem se repetido sistematicamente nos últimos anos. Por isso, julgo que o PSTU está agindo corretamente ao se lançar sozinho a cada eleição. É melhor que ele tenha um reconhecimento junto a uma parcela do eleitorado para, num futuro próximo, pensar em coligações.
(É bom deixar claro que não tenho nada contra o PC do B. Ele tem quadros muito competentes como o deputado federal Aldo Rebelo, entre outros. Só não posso deixar de falar dessa postura eleitoral que o partido vem tomando ao longo de sua história).

quarta-feira, outubro 30, 2002

Ahá, descobri agora qual a inspiração do PSTU para formular o slogan que marca suas campanhas eleitoriais na tv e no rádio desde 1996. Na última segunda-feira a Bandeirantes exibiu um especial sobre a trajetória de Lula. Num dos blocos, falou-se da sua participação na campanha eleitoral de 1982, concorrendo a governador do estado de São Paulo. Foi mostrado um tape de um debate que reuniu ele mais os outros candidatos, entre os quais Franco Montoro (que viria a ser eleito) e Janio Quadros. Em sua derradeira intervenção Lula disse: "vote 3 contra burguês" (o 13 só viria ser adotado tempos depois pelo TSE numa lógica que nunca foi muito bem explicada).
Nesses 20 anos, é claro que o discurso político de Lula mudou e muito. O PSTU, como atual representante da esquerda radical, achou que a frase dita por Lula tinha muito a ver com suas propostas e a pegou emprestada, fazendo, obviamente, uma certa adaptação. A tarefa até que não foi complicada. O 16, assim como o 3, rima bem com a palavra burguês. Daí temos o "Contra burguês, Vote 16".

terça-feira, outubro 29, 2002

Domingão próximo, dia 3, a MTV exibe o Lado B com a ilustre presença do Fellini tocando ao vivo. O Rodrigo Lariú, dono do selo mmrecords e responsável pela apresentação no programa da dupla Thomas Pappon e Cadão Volpato, ainda não informou quais serão as músicas tocadas e como será o formato dessa apresentação. Certamente, as canções deverão ser do álbum mais recente da banda, Amanhã é Tarde.
Falando em Thomas, ele já começou a gravar o novo álbum do The Gilbertos, o seu outro projeto musical. Lariú diz no site da mmrecords que não há prazo para ficar pronto.

segunda-feira, outubro 28, 2002

Lula lá e eu continuo aqui.

sábado, outubro 26, 2002

Querem um bom exemplo de como fazer média no jornalismo? Então leiam esse texto publicado no jornal As, um dos mais prestigiados da Espanha.

Por onde anda Miriam Cordeiro, ex-mulher de Lula e personagem importante da eleição presidencial em 1989?

Não sei se isso vai interessar a alguém, mas estarei votando nulo na eleição para presidente da República.

quinta-feira, outubro 24, 2002

Recebi de um amigo a notícia abaixo que foi publicada no Comunique-se. Estou reproduzindo os trechos mais relevantes.

Esquerda brasileira terá jornal
Após três meses de intensas articulações, que envolveram diretamente o líder João Pedro Stédile do MST e dezenas de movimentos populares de todo o Brasil, a Esquerda brasileira decidiu lançar seu próprio jornal, tendo por objetivos: expressar uma visão de esquerda sobre os fatos e a realidade brasileira e uma visão de solidariedade internacional entre os povos; ser plural nas idéias mas comprometido profundamente com os interesses de transformação social do povo brasileiro; servir de subsídio, com informação e reflexão para toda militância social do país; estimular as lutas sociais, os movimentos de massa e o engajamento político dos leitores; e promover permanentemente os valores humanistas e socialistas.
(...)
Será um jornal semanal de abrangência nacional, com 24 páginas, 100 mil exemplares e equipe própria e profissionalizada. Seguirá um modelo de gestão praticamente inédito em termos de Brasil: a redação vai se reportar a um Comitê Editorial integrado por até 12 pessoas, representando os movimentos e forças sociais que dão suporte ao projeto; este Comitê, por sua vez, seguirá a orientação de um Conselho Político mais abrangente, composto por aproximadamente 80 participantes dos mais diferentes setores e que se reunirá a cada três meses; e atuando como base do projeto os Comitês de Apoiadores que serão criados em todo o País, com a missão de fortalecer a obtenção de recursos, de estimular a participação de colaboradores e de viabilizar a distribuição local.
(...)
O nome já está escolhido - Brasil de Fato - e o editor-chefe também - José Arbex Jr (arbex@uol.com.br), colega com passagens por importantes veículos de comunicação do País, atualmente integrando a equipe de editores da revista Caros Amigos, e a quem caberá a montagem da equipe tanto de contratados quanto de colaboradores. Uma das editoras também já acertou com o jornal: Áurea Lopes (ex-DCI e Plano Editorial), que vinha participando também do planejamento do projeto. Serão, ao todo, quatro as editorias: Nacional (política brasileira e economia); Internacional (política e economia); Cultura e Esporte (nacional e internacional).
(...)


Depois de ler essa nota imaginei como seria um jornal nos mesmos moldes mas com tendências direitistas. Nesses meus delíros, já tenho formado até a equipe. Sandro Guidalli seria o editor-chefe, Olavo de Carvalho o seu publisher e Janer Cristaldo o editorialista principal.

Peguei isso aqui no blog da Cecília Giannetti, que revelou a farsa do modelo-ator que iria participar de um filme produzido por David Lynch. Para quem tem preguiça de clicar no link, eu explico. É um bannerzinho dedicado aos jornalistas profissionais que trabalham em prestigiosos orgãos de imprensa e que, de vez em quando, "pegam emprestado" algumas notas que lêem em blogs. Acho que vários blogueiros tem uma história de posts e notas que vão parar nas páginas de jornais, revistas e sites de informação sem o devido crédito. Eu tenho a minha, que já foi devidamente contada aqui. Se pintar alguma novidade volto a ela. Mas o recado está dado: muitos blogs têm servido de preciosa fonte de informação para profissionais da grande imprensa. Os bacanas das redações posam de heróis e os blogueiros ficam apenas com os calos das mãos.

quarta-feira, outubro 23, 2002

Um de meus orgulhos jornalisticos neste ano de 2002 foi ter apresentado as duas novas revistas de música e cultura pop, Frente e Zero, através de entrevistas publicadas no site Euqueromais com seus responsáveis. Através delas, muita gente pode conhecer melhor as propostas editoriais de cada uma, enquanto a imprensa tradicional fazia apenas uma superficial cobertura sobre seus lançamentos. Passada a expectativa da estréia, tanto a Frente como a Zero foram obrigadas a mudar de rota para continuar sobrevivendo. Leia mais a respeito neste texto publicado no Observatório da Imprensa e escrito por mim.

segunda-feira, outubro 21, 2002

E a farsa do modelo-ator que espalhou para metade dos nossos cadernos culturais da grande imprensa que iria participar de um filme produzido por David Lýnch continua a ser desmascarada. Agora foi a vez da Folha dar algo a respeito.
A Ciça deveria ganhar um prêmio Esso de Jornalismo por ter cantado essa bola antes.

Eu estava para falar do Tema Blog há algum tempo, mas sempre acabava esquecendo (falha minha!). É uma iniciativa do jornalista Raphael Perret em manter um banco de dados com links para artigos que falem de blogs. Visita obrigatória para quem se interessa pelo assunto.

sábado, outubro 19, 2002

O caso Regina Duarte ainda está rendendo. A atriz deu uma entrevista a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, e disse ter tocado "num nervo exposto". Ela se considera patrulhada por causa do tom das críticas que diz ter sofrido, mas não se mostra arrependida do que fez.
Essas declarações de Regina e mais a particpação de Beatriz Segall no horário eleitoral da últma sexta feira só reforçam a tese levantada aqui neste blog (ver post do dia 18/10) de que o PT, seu colaboradores e eleitores morderam a isca direitinho. A campanha de Serra, a partir de agora, irá fazer um belo carnaval em do fato de que seu adversário (e todos que estão com ele) não toleram críticas. A escolha de uma artiz que tem no currículo uma vilã bem marcante como Odete Roitman não foi por acaso.
Uma coisa que eu reparei através do Toplinks. Vários colegas blogueiros, ao abordar o caso Regina, se dedicaram apenas a dar links para textos contendo manfestações contra a artiz, outros que rebatem a sua tese e até mesmo um "site de ódio". Porém, até agora os coleguinhas não abriram links para textos mais sensatos, como o de Kenney Alencar, da Folha On Line.
Para quem ainda não sabe, o Toplinks é um serviço que mapeia links dados em blogs nacionais. É uma ótima maneira de saber quais são os assusntos do dia no mundo blogueiro.

sexta-feira, outubro 18, 2002

Ainda sobre a polêmica em torno da participação de Regina Duarte no horário eleitoral, o site Folha On Line traz um artigo do jornalista Kennedy Alencar. O único texto sensato que eu li até agora sobre o tema e que coincide com as idéias do blog Onzenet.

quinta-feira, outubro 17, 2002

Muito barulho por nada. É assim que posso definir essa celeuma em torno do texto escrito pelo Flea, baixista do Red Hot Chilli Peppers, sobre sua passagem por São Paulo. A cidade é suja mesmo, Flea nesse caso não mentiu. Basta dar um rolê pelas ruas e comprovar o que ele disse. Não duvido nada se os mesmos que se indgnaram com as opiniões sejam aqueles que, de quando em vez, jogam o seu lixinho no chão, discretamente. E só mesmo alguém muito ingênuo para acreditar que Flea viu de fato "uma garota com uma covinha, no fundo do estádio".

Regina Duarte e Marilia Pera. Ambas têm em comum o fato de serem grandes atrizes e possuirem uma carreira sólida no cinema, teatro e televisão. As eleições presidenciais estão unindo mais uma vez a trajetória das duas. Em 1989, Marilia Pera foi uma das poucas representantes da classe artistica que deu apoio irrestrito ao então candidato Fernando Collor de Melo. Treze anos depois, vemos Regina Duarte, a ex-namoradinha do Brasil, prestar seu apoio ao candidato José Serra até de forma mais veemente, gravando um polêmico testemunhal no horário gratuito. A coincidências não param por aí. Tanto em 1989 como agora, o candidato adversário é (e foi) Lula. Tem mais: Regina e Marilia viraram "inimgas públicas nº 1" desde que tornaram públicos seus apoios.
Fixando-se um pouco mais nesse pleito, as reações que tenho visto desde que as declarações de Regina Duarte foram veiculadas me faz crer que o PT e seus simpatizantes morderam a isca. Mais do que tentar "espalhar uma onda de terror nos eleitores", a idéia principal (e obviamente, não assumida) é mostrar aos indecisos que Lula, seus aliados, correligionarios e eleitores não toleram críticas. Numa lista de discussão via e-mail que eu assino, alguém repassou uma nota da CUT em represália ao que Regina disse. Até aí, tudo bem. O problema era o que estava escrito no subject. Algo do tipo: "ela merece é levar umas porradas". Isso não é tudo. "Terroristinha do Brasil" foi o comentário mais delicado que eu já li. Algumas pessoas estão até colocando em dúvida seu talento como atriz, só por conta desse episódio. Fica a grande pergunta no ar: e se ela apoiasse Lula, como seria?
Essa história envolvendo a atriz e o fato de Lula não participar do debate estão sendo os dois calcanhares-de-aquiles da campanha petista neste segundo turno. O primeiro até poderia ser evitado. Bastava ignorar o que foi dito por Regina. Afinal, ela já não tem o mesmo prestígio de outrora. A novela mais recente da qual participou não fez o sucesso esperado. Regina não é uma personalidade que influencie tanto a opinião pública atualmente. Mas a gritaria toda acabou dando destaque a algo que passaria despercebido em qualquer outra ocaisão.
Em tempo: leiam a coluna da jornalista Tereza Cruvinel sobre o assunto. Ela reproduz a carta do dramaturgo Jair Alves, mas chamo a atenção para a introdução feira pela colunista do site da Globo News.

Para quem estiver interessado, a emtrevista que eu fiz com o radialista Roberto Maia, ex-diretor artístico da Rádio Brasil 2000 FM (SP), pode ser lida nesse endereço: http://radiobase.blig.ig.com.br/

quarta-feira, outubro 16, 2002

Lembram daquela história do modelo-ator brasileiro que seria progatonista de um filme produzido por David Lynch? A imprensa cultural brasileira deu um generoso espaço ao assunto, comemorando o fato como se tivessemos conquistado uma Copa do Mundo. Por outro lado, alguns blogueiros, como a Ciça, acharam tudo muito estranho e começaram a fuçar um pouco mais a fundo. Eles descobriram que Lynch nada tem a ver com a produção. A mesma imprensa agora tenta colocar as coisas em pratos limpos, como nessa reportagem públicada n'O Dia.
Esse assunto vai render muito ainda. Do ponto de vista jornalístico, que interessa mais no momento, esse é um bom exemplo de como funcionam as coisas nas redações dos cadernos culturais de alguns jornais. Dá-se preferencia àquilo que já vem pronto das assessorias de imprensa. Foi o caso, aqui. O modelo-ator só teve espaço graças à eficência de seus assessores. Se um brasileiro vai trabalhar com um diretor já consagrado como Lynch o mínimo que deveria ser feito é ouvi-lo a respeito disso. É mais uma que entra para o o Febeapá da nossa grande imprensa. E mais uma lição de humlidade para nós.

Uma letra de música para compensar os dias sem atualização nesse blog. Mas não é uma letra qualquer, não. Foi escrita pela pena de ninguém mais, ninguém menos que Nick Cave, talvez o sujeito mais atormentado do show-biz mundial. Dúvidas existênciais, religião, fé, morte e amor são os temas preferidos deste cantor-compositor de nacionalidade australiana. Cave, inclusive, já passou uma temporada no Brasil e sua estada por aqui influenciou em seu trabalho, o que pode ser notado no álbum "The Good Son", de 1990. Numa das faixas, ele canta trechos do hino evangélico "Foi na Cruz" em bom português.
A letra reproduzida abaixo se chama "(Are You) The One That I've Been Waiting For?" e foi gravada no álbum "The Boatman's Call", de 1997. Aqui, Cave estava enfrentando um processo de separação. Sua esposa, a cantora de rock alternativo PJ Harvey, o havia deixado. E nada melhor que a música para fazer um inventário desse relacionamento.
(Aliás, um parêntese: relacionamentos entre rock stars - e, principalmente, o fim deles - acabam servindo como uma bela fonte de inspiração.Damon Albran, vocalista do Blur, fez um disco inteiro a partir do fim de seu casamento com Justine Frischmann, guirarrista e vocalista do Elastica. "To The End" é dessa leva.)
Antes de terminar, quero informar que o pessoal do zine ScreamYell é grande fã de Nick Cave. E para conhecer um pouco mais de seu trabalho, recomendo a leitura desse texto publicado no site que traz uma análise completa de sua discografia. Vale a pena ler.

I've felt you coming girl, as you drew near
I knew you'd find me, cause I longed you here
Are you my desitiny? Is this how you'll appear?
Wrapped in a coat with tears in your eyes?
Well take that coat babe, and throw it on the floor
Are you the one that I've been waiting for?

As you've been moving surely toward me
My soul has comforted and assured me
That in time my heart it will reward me
And that all will be revealed
So I've sat and I've watched an ice-age thaw
Are you the one that I've been waiting for?

Out of sorrow entire worlds have been built
Out of longing great wonders have been willed
They're only little tears, darling, let them spill
And lay your head upon my shoulder
Outside my window the world has gone to war
Are you the one that I've been waiting for?

O we will know, won't we?
The stars will explode in the sky
O but they don't, do they?
Stars have their moment and then they die

There's a man who spoke wonders though I've never met him
He said, "He who seeks finds and who knocks will be let in"
I think of you in motion and just how close you are getting
And how every little thing anticipates you
All down my veins my heart-strings call
Are you the one that I've been waiting for?

terça-feira, outubro 15, 2002

Estava vendo o Jornal Hoje e foi muito falada no noiticiário econômico uma palavrinha tenebrosa: recessão...

segunda-feira, outubro 14, 2002

Depois de vários atrasos, finalmente está para sair o livro que promete ser a radiografia definitiva do rock brasil dos anos 80. É "Dias de Luta", escrito pelo jornalista Ricardo Alexandre, um dos atuais editores da revista Frente. Na verdade, a obra é uma grande reportagem que nasceu da velha angustia daqueles que trabalham com o jornalismo diário. "Eu queria, precisava, escrever um livro, porque trabalhava num jornal atormentado por aquela história de que 'amanhã meus textos estarão embrulhando peixe na feira', que é um clichê, mas é verdade. Queria achar um assunto que fosse amplo o suficiente para tratar de tudo o que eu prezo em cultura pop e que acomodasse um texto que registrasse meu estilo de escrever. Não demorei muito para pensar que uma grande reportagem sobre a música pop e a cultura jovem dos anos 80 teria essas características", disse Ricardo.
"Dias de Luta" chega às livrarias no próximo dia 30 de outubro, mas já existe um site inteiramente dedicado ao livro. Através dele é possível desfrutar de uma promoção pré-venda: desconto de 15% mais um autógrafo do autor. O preço final é de R$ 33,50. Além disso, a página traz outros atrativos como linha-do-tempo, discoteca básica, entrevista, notícias, fotos, trechos etc. É bom ficar esperto: a promoção dura até o dia 28 de outubro. E as visitas ao site podem ser feitas clicando aqui.

Como torcedor, é claro que fiquei contente com o o título mundial obtido pela seleção brasileira de vôlei. Méritos totais para Bernardo Rezende, que pegou uma seleção desacreditada e a colocou no topo. Depois, dizem que técnico não ganha jogo. É claro que ajuda a ganhar, sim. É um componente tão importante quanto quem está dentro de campo ou da quadra.
A minha única preocupação é que esse título não muda a atual situação do esporte no país. O vôlei no Brasil em termos de clubes é sustentado pelas empresas, que se associam com pequenos clubes ou prefeituras e colocam suas marcas em evidência. O ritimo dos investimentos varia com a situação do país. Cansei de ver um Bradesco, uma Pirelli ou uma Sadia cortando patrocínio ou dissolvendo seus times para cortar gastos devido à crise. E tem mais. Das grandes empresas que investem no vôlei, poucas direcionam o dinheiro para as categorias de base. Preferem montar times com grandes estrelas para chegar às finais e dar maior visibilidade as suas marcas, mas não se preocupam em revelar novos talentos. Quem será que substiuirá grandes jogadores como Nalbert, Maurício e Giba daqui a alguns anos?
O pior de tudo é que os atuais comandantes da CBV tratam as coisas no país como se vivessemos uma ilha de excelência. A atual presidência tem como único objetivo manter no poder o mesmo grupo político que está no topo há muitos anos. E ai daqueles que procuram tentar debater a atual situação, como o grande técnico Bebeto de Freitas, que poderia muito bem estar colaborando com a atual comissão técnica. Em qualquer outro país do mundo, qualquer confederação se preocuparia em ter junto de si alguém com sua experiência e talento. Mas aqui no Brasil, é diferente. Pelo simples fato de não concordar com uma série de coisas, Bebeto foi colocado à margem pela atual adminstração da CBV.
E antes de terminar, é necessário fazer uma homenagem ao locutor esportivo Luciano do Valle. Afinal, foi ele quem ajudou a popularizar o esporte no país. Há 20 anos, ele teve uma sacada genial. Ele percebeu que tinhamos uma geração competitiva de jogadores na seleção brasileria e passou a mostrar as partidas deles na televisão. Isso ajudou a popularizar o vôlei no país. O resultado está aí: o esporte foi massificado e a partir daí foi possível formar pelo menos mais duas gerações de atletas. Uma delas foi medalha de ouro na Olimpíada de Barcelona, em 1992. A outra é essa que vimos ganhar o campeonato mundial, na Argentina.

Está no ar a minha partícipação mensal na seção Coluna Vertebral, do site da Rádio Brasil 2000 FM. Desta vez, eu fiz um perfil sobre a banda Drugstore, de grande prestígio na Inglaterra, que tem a brasileira Isabel Monteiro nos vocais e escrevendo as letras. Confira. O texto fica no ar por uma semana, depois vai para o arquivo.

sábado, outubro 12, 2002

Uma advogada de São José dos Campos, no vale do Paraíba, entrou hoje com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral. Ela pede a impugnação de um dos candidatos a deputado federal eleito pelo Prona. Está no site do telejornal SPTV, da Globo. Vanderlei Assis, eleito com 275 votos trabalha como diretor num hospital...da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. O endereço que consta na sua declaração de bens é de uma casa da zona oeste na qual não mora, mas sim um casal de amigos. A advogada Tania Nogueira entrou com uma ação solicitando a impugnação da candidatura de Vanderlei Assis. Começa muito mal a história do Prona na Câmara dos Deputados...

Terminado o primeiro turno das eleições, hora de contabilizar os vencedores e derrotados. Entre aqueles que foram "barrados no baile", dois candidatos chamam um pouco mais a atenção. São eles: Levy Fidélix (PRTB) e José Maria Eymael (PSDC). O primeiro é conhecido por tentar introduzir o Aerotrem, uma versão brazuca do trem-bala japonês, em São Paulo. Numa outra época, uma de suas plataformas de campanha era aterrar o rio Tietê. Desta vez, Fidélix aspirou ao governo do estado. Teve pouco mais de 8.500 votos. Já, Eymael, surgiu no cenário político em 1985, disputando à prefeitura de São Paulo. Em 1998, tentou voar mais alto, candidatando-se à presidência da República. Seu slogan era confiante, ao menos: "Só Eymael pode derrotar Fernando Henrique". Nessas eleições, tentou voltar à Câmara dos Deputados (já esteve lá cumprindo um mandato em 1990) na coligação de partidos que apoiou Paulo Maluf ao governo do Estado, sem sucesso.
Os dois politicos citados certamente tem perifis politicamente distintos, mas o que os une é a persistência. Não importa o tamanho do fracasso da eleição anterior, eles sempre estão de volta no pleito seguinte. Com o fim do primeiro turno, Fidélix e Eymael voltam ao seus habituais ostracismos, mas daqui a dois anos, quando teremos eleição para prefeito, seum dúvida eles estarão de volta. Fica no ar uma série de perguntas: o que eles fazem nesse intervalo de tempo? Como subexistem? A política seria um fim ou um meio de sobrevivência para esses dois personagens? Será que na carteira profissional de cada um está escrito "candidato profissional" no item reservado à ocupação atual?
É claro exemplos como os de Levy Fidélix e José Maria Eymael existem aos montes espalhados pelo país. A insistência de ambos, porém, acaba por transformá-los em personagens emblemáticos.

quarta-feira, outubro 09, 2002

Meio que na surdina, o jornalista André Barcinski, conhecido pelo programa Garagem, está mantendo desde agosto uma coluna no BOL sobre música. Nas primeiras, ele falou da sua temporada de férias na Europa, onde acompanhou alguns shows. Na mais recente, Barcinski fala de sua experiência ao entrevistar o The Calling. Até agora, não demonstou a afetação que é comum a muitos de seus textos. Outro dia o vi na TV concendendo uma entrevista à Marília Gabriela. Foi possível notar que ele está cada vez mais parecido com o misto de playboy e empresário Chiquinho Scarpa. Incrível!

terça-feira, outubro 08, 2002

E por falar em Partido Verde (leia post abaixo), a mãe-natureza parece que está com raiva de mim. Ontem fui picado por uma abelha num ponto de ônibus. O pior é que fui atingindo bem no dedo indicador direito, que inchou desde então. Fui medicado num PS da prefeitura (o atendimento demorou umas duas horas; os médicos da sutura - para onde fui encaminhado - estavam operando). Tomei duas injeções, uma de Bezetacil e outra anti-tetânica, mas o inchaço continua, já atingindo parte da mão. É claro que deve estar colaborando para isso o fato de eu estar aqui escrevendo. Deveria era estar com o braço para cima, a fim de facilitar a circulação sanguinea. Se a situação não melhorar até amanhã, vou para outro PS e ver o que se pode fazer.

A boa notícia dstas emeições fica por conta do crescimento do Partido Verde. Na Assembléia Legislativa de São Paulo, a bancada passa de um para cinco deputados, segundo projeções da Rede Globo. Ainda segundo a emissora, os verdes paulistas (!?) terão dois representantes na Câmara dos Deuputados. É um ótimo resultado para quem investiu mais na legenda durante o horário eleitoral. Ao contrário do Prona, de Eneás Carneiro, o PV não teve uma figura carismática para puxar votos.
Aliás, a melhor coisa da campanha na TV foram as vinhetas do Partido Verde exibidas logo nos primeiros dias. Está de parabéns quem as produziu. Cabe aos eleitores, a partir de agora, fiscalizar o desempenho dos deputados eleitos.

Tava ouvindo o Garagem, programa da Rádio Brasil 2000 FM e deram a dica desse site, o Manivela, uma nova revista eletrônica que está no ar. Um dos destaques é justamente a entrevista com o Paulo Cesar Martin, conhecido como Paulão (isso antes da lipo que fez), um dos apresentadores do programa.
Como é tradição neste blog, vamos destacar um trecho do papo. Paulão aqui fala sobre a trajetória do Garagem em sua atual emissora : "(...)a Brasil topou no esquema que é até hoje. O programa tem três anos no ar. A gente não paga nada pelo horário. Eles não pagam nada para a gente. O programa começou a dar um retorno grande para rádio, tanto que hoje o programa é das dez à meia noite. Não porque todo mundo é bonzinho. Deu audiência. Dos programas da rádio só perde pro Na Geral (programa dedicado a esportes), em termos de audiência."
Fica no ar apenas uma dúvida. Existe uma pesquisa que afere audiência das emissoras de rádio na parte da noite/madrugada?

segunda-feira, outubro 07, 2002

Um linkzinho para quem deseja conhecer um pouco mais da história das rádios livres no Brasil:
http://www.geocities.com/onzenet/radioslivres.html

Está para nascer o cientista político que vai analisar de uma forma fiel, sem chutes ou teorias furadas, a histórica votação do candidato Enéas Carneiro a deputado federal. Será que existem 1,5 de eleitores que pensam igual a ele? Ou foi um voto de zoeira, como se estivessem votando no Cacareco, Macaco Tião ou Sey Creysson para protestar contra o atual quadro político do país? Seja lá como for, Enéas conseguiu o que queria. Com uma boa bancada de deputados federais, ele poderá ter um tempo maior no horário eleitoral gratuíto daqui a quatro anos. Quem sabe, um espaço maior no rádio e na tv seja suficiente para que muitos de seus atuais eleitores o conheçam mais a fundo. Para quem ainda não percebeu, Enéas tem idéias facistas. Não é à toa que o nome de seu partido fala em "ordem".

Tava para fazer esse registro há algum tempo, mas só agora foi possível. Tem blog novo na lista de links, o Tupiniquimbrazilis, com uma proposta interessante: analisar como a mídia estrangeira vê o Brasil. Nada mais oportuno nessa época de eleição.
O Onzenet orgulhosamente é um de seus "blogs pais", ao lado de outros bem bacanas. Fico feliz esse feito.

Baixa no mundo dos blogs. O Charles Brito deixa de lado o seu Nonstop. Uma pena.

Essa música inédita do Nirvana, engavetada desde 1994, que as rádios brasileiras estão tocando a partir de hoje é fraquinha. Se entende o porquê de nunca ter sido lançada nos álbuns oficiais da banda.

sábado, outubro 05, 2002

Mais infomações sobre todo o problema envolvendo a tentativa de fechamendo da Rádio Muda, a rádio livre dos alunos da Unicamp, pode ser acompanhado aqui nesta reportagem do Correio Popular.
Em um determinado trecho, foi dada a palavra a um representante do orgão encarregado da fiscalização e fechamento das rádios clandestinas, a Anatel. Seu nome é Nélson Souza Aguiar: "Segundo o assessor de Imprensa, para a Anatel, não importa qual a importância que uma rádio clandestina tem na comunidade. 'A rádio é ilegal. Não tem autorização outorgada para o uso da rádio freqüência. O papel da Anatel é fiscalizar se a lei está sendo cumprida', disse."

quinta-feira, outubro 03, 2002

Stop Crying Your Heart Out - Oasis

Hold up
Hold on
Don't be scared
You'll never change what's been and gone

May your smile (may your smile)
Shine on (shine on)
Don't be scared (don't be scared)
Your destiny may keep you warm

Cos all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Get up (get up)
Come on (come on)
Why're you scared? (I'm not scared)
You'll never change what's been and gone

Cos all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Cos all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

We're all of us stars
We're fading away
Just try not to worry
You'll see us some day
Just take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out
Stop crying your heart out
Stop crying your heart out

Para mim, essa é a música do ano internacional. A nacional é "Amanhã é Tarde", do Fellini.
Confira a sua tradução aqui

terça-feira, outubro 01, 2002

um ano depois, eles voltaram...

Nos últimos meses foram lacradas inumeras rádios, livres e comunitárias em todo país. Dentre elas algumas das mais significativas no movimento pela democratização dos meios de comunicação : Rádio Restinga de Porto Alegre, Bicuda do Rio de Janeiro, Rádio Comunitária Santa Cruz (RS), Rádio Comunitária de Sorocaba. Na Grande Belo Horizonte foram fechadas nos últimos meses mais de 50 rádios.

Hoje, por volta das 15h recebemos a visita de dois agentes que, em carro com placa de Brasilia-DF, mesmo sem se identificarem, afirmaram estar de posse de um mandado de busca e apreensão para o lacramento da Rádio Muda FM, que há mais de 12 anos funciona abertamente na praça central da Universidade Estadual de Campinas. É autogerida por um coletivo composto por estudantes e funcionários da Universidade e moradores da região.

Apesar de não ser concessionada pelo Ministério das Comunicações, a rádio transmite sem fins lucrativos, prestando um grande serviço à comunidade. Seu fim principal é a liberdade de expressão.

Ano passado já houve uma tentativa de fechamento sem sucesso. A rádio continuou operando a despeito dos riscos de uma nova investida da Policia Federal e da ANATEL, que argumentam a ilegalidade da rádio. No entando, no entender de dezenas de juizes federais brasileiros, a iniciativa é legal do ponto de vista da Constituição Brasileira, artigo quinto, e do pacto de San Jose da Costa Rica, 1969, e da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. Todos os dispositovos contrários à Carta Magna, nossa Constituição, como a lei 4117/62 que dispõe sobre crimes de telecomunicações estão revogados. Seu valor jurídico atual é nenhum. A atividade de radiodifusão não pode ser tipificada por si só como crime. A desobediência civil, então, se faz necessária.

O objetivo dessa mensagem é alertar mais uma vez à sociedade para a fragilidade da democracia na qual vivemos.

Continuaremos transmitindo!!! Rádio Muda 2 x 0 ANATEL

ass: Coletivo Rádio Muda

De novo, não custa lembrar: a Rádio Planeta 90 FM, de propriedade do "padre" Chico continua em pleno funcionamento. Se existe uma lei (com a qual não concordo, mas aí é outra historia), ela tem que servir para todos.
Leia mais sobre a tentativa de fechamento da Rádio Muda nesta nota da Folha On Line.

Um dos sites mais bacanas sobre cultura pop acabou. É o ScreamYell, que começou como um zine de papel e foi para a rede. Talvez fosse um dos maiores em termos de conteúdo. Contribuiu para isso a proposta inicial de colocar todo dia um texto novo. Um dos grandes méritos na parte musical era tratar da mesma forma artistas independentes ou mainstream. No entanto, o SY não ficava apenas focado na música. Textos sobre filmes, livros e de ficção também eram oferecidos ao público, numa mistura muito bem temperada. O site termina sua trajetória, mas os textos não serão tirados do ar que certamente irão servir de fonte de pesquisa. Onde mais encontrar artigos dissecando a carreira de um artista como Nick Cave? Para saber mais detalhes, leia esse editorial escrito por Marcelo Costa, um de seus idealizadores.

E finalmente a Folha de S. Paulo entrou no caso das fotos tiradas na festa da FGV. É um típico caso de "tardou, mas falhou". A reportagem traz apenas como novidade a abertura de um inquérito policial para apurar o que aconteceu naquela noite. O parágrafo final é de impressionar. Diz que: "Sites oportunistas, que nem sequer comentam o episódio, estão usando expressões como "fotos-festa-FGV" para aumentar seu número de acessos via mecanismos de busca". O texto não informa, porém, a relação de causa-efeito nessa história. Primeiramente, houve uma busca frenética nos sites de busca para que depois alguns engraçadinhos colocassem em seus sites as palavras-chave.
A imprensa teve sua chance de tentar esclarecer, mas não conseguiu. Vamos ver se a polícia tem mais sorte, uma vez que o instrumental ela tem.
Antes de terminar, quero dizer que tenho dois temores com tudo isso que está acontecendo. Um é a de que volte aquele papo idiota de controle da Internet. Podem aguardar, que em breve vão voltar a falar disso por conta da história das fotos. O outro é de que os blogs também paguem o pato. Alguns divulgaram com links as páginas onde as imagens foram publicadas. Isso é um prato cheio para advogados com ânsia de arrancar dinheiro a título de indenização por danos morais.

segunda-feira, setembro 30, 2002

O vestibular está chegando aí e acho que o momento é oportuno para desencavar um artigo que eu fiz para o Euqueromais analisando um pouco mais desse fantasma que tira o sono dos adolescentes (e de muito marmanjo por aí). Leia a íntegra a seguir

Alguns palpites sobre o vestibular

Antes de começar esse artigo, é interessante dar uma explicação. O vestibular pode e deve ser dividido em dois tipos: o exame de admissão das universidades públicas e o exame de admissão das universidades particulares. Feita essa explicação, dá para começar a falar dessa instituição controvertida, objeto de amplos debates.

O que tira o sono mesmo de pais e alunos é o vestibular das universidades públicas. Afinal, quem não sonha em entrar para uma Usp, Unesp ou Unicamp, só para citar algumas? O ensino é bom (o Provão está aí para não me deixar desmentir) e, o mais importante, gratuito. E como dinheiro não dá em árvores mesmo, todos, sem distinção de classes sócio-econômicas, concentram suas energias no ingresso a uma vaga numa universidade gratuita. Começam aí os problemas que todos já conhecem: pressão dos pais, da família, dos amigos, da sociedade, da namorada, do cachorro, a autopressão...Quem conseguir lidar melhor com elas, consegue sucesso no exame. Já quem não consegue... Uma frase de um professor de cursinho dizia que o vestibular não é para os inteligentes, mas para os espertos. E ele tem razão. O diferencial não é apenas se preparar bem, se matar de estudar, perder dias e noites decorando datas e fórmulas. É estar relaxado o suficiente para na hora da prova não pintar o famoso branco na cabeça. Eu, você, enfim todos nós, temos casos de amigos que são perfeitos CDFs, sabem tudo a respeito das matérias mais complicadas, mas sempre colecionam insucessos nos vestibulares por causa de uma má preparação mental.

Bom, mas nem tudo está perdido. Existe uma saída para aqueles que fracassam ao tentar entrar numa universidade pública...sim, elas mesmas, as universidades particulares!!! Tem uma em cada quarteirão, sempre disposta a acolher com muito carinho os alunos não aprovados pelas Usps, Unesps e Unicamps da vida. Mas não se impressione com isso...elas estão unicamente é de olho no bolso dos pais desses coitadinhos. Assim como os cursinhos pré-vestibulares, uma verdadeira mina de ouro na mão de certos educadores, mas essa é uma outra (e longa) história. Por essas e outras que o vestibular não vai acabar tão cedo. Claro que o ideal seria que as universidades admitissem os alunos através do seu desempenho no chamado ensino médio, mas é complicado. O vestibular é uma indústria que movimenta milhões de reais, oferece empregos e gera impostos (é nisso que o governo está de olho).

Entrar numa universidade, pública ou não, é legal, satisfaz o próprio ego (e principalmente dos pais), mas não resolve tudo na vida. O diploma em si no final do curso universitário não garante colocação no mercado de trabalho. A qualificação que uma faculdade oferece é importante, mas para se conseguir um emprego vale na hora H muito mais o QI (quem indica). É a velha história: sair do caldeirão (o vestibular) para cair no fogo (a falta de perspectiva de se arrumar um emprego na área escolhida).

Tá, é uma visão pessimista demais? É, mas alguém tem que falar isso, afinal a vida não é um mar de rosas. No mais, desejo meu boa sorte a você vestibulando.


É claro que esse artigo não chega aos pés de uma crônica escrita por Luis Fernando Veríssimo. Chama-se "O Flagelo do Vestibular". É, ao meu ver, o texto definitivo sobre o assunto.

 
www.e-referrer.com